sexta-feira, 30 de abril de 2010

Você já matou alguém?

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Mateus 5:21

Quando Deus escreveu, com o Seu próprio dedo, o sexto mandamento do Decálogo, nas tábuas de pedra, não davam muito valor à vida humana. E nos dias atuais a situação não é muito diferente. Quem não ouviu falar de Isabela, a menina que teria sido jogada do sexto andar de um prédio pelo próprio pai? E da garota que, junto com o namorado, planejou a morte dos próprios pais? O mandamento, portanto, continua mais atual do que nunca. A vida é um dom de Deus, e o ser humano não tem o direito de tirar o que ele não pode repor.

O mandamento tem por objetivo proteger a vida em todas as suas formas, mas sua aplicação primordial é quanto à vida humana. Tanto esta quanto a vida animal são mantidas pela vida vegetal, que precisa morrer para que as formas superiores de vida continuem a existir. Em nosso mundo de pecado, mata-se animais e plantas para a sobrevivência de animais irracionais e do ser humano. Se o sexto mandamento proibisse matar todo e qualquer tipo de vida, sua estrita obediência resultaria em morte por inanição.

Ellen White, em seu tempo, já dizia: “A Terra foi amaldiçoada devido ao pecado, e nestes últimos dias multiplicar-se-ão insetos de toda espécie. Essas pragas precisam ser mortas, senão elas irão incomodar-nos e afligir-nos, e até matar-nos, e destruir a obra de nossas mãos e o fruto de nossa terra. [...] As árvores frutíferas precisam ser pulverizadas, para que sejam mortos os insetos que estragariam as frutas” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 329).

Entretanto, é preciso ter em mente que as práticas danosas à saúde, e que provoquem morte prematura, também são uma transgressão do sexto mandamento.

Jesus ampliou ainda mais a lei, mostrando que a transgressão já começa com as intenções (Mt 5:21, 22). Insultos e expressões de ódio, os quais contêm o espírito e as sementes do homicídio, são violações da Lei, tornando o transgressor um homicida em potencial. Diante disso, quantos poderiam dizer, em sã consciência, que nunca quebraram o sexto mandamento? Isto seria afirmar que nunca usaram violência verbal contra alguém, nunca sentiram ódio, e nunca desejaram mal a ninguém.

Se formos culpados, não é de mais esforço que necessitamos. Precisamos é de uma entrega sem reservas a Cristo, para que Ele, ao habitar em nós, nos ajude a cumprir, não só o sexto, mas todos os outros nove mandamentos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A pombinha do coração de Cristo

Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada, de sua mãe, a única, a predileta daquela que a deu à luz. Cantares 6:9

Nos países ocidentais o casamento se centraliza na noiva. Ninguém se importa muito com o pobre do noivo, que já está na igreja há tempo, torcendo as mãos de angústia, sem saber como encarar o tradicional atraso da noiva. Será que ela desistiu na última hora? Mas estava tudo certo!

Finalmente um sussurro percorre a multidão: “A noiva chegou!” O noivo suspira aliviado. Ela veio. E como está bonita! E se ele antes tremia de preocupação pelo atraso dela, agora treme de medo pelo que terá de enfrentar.

Chegou o grande momento. A pianista executa os primeiros acordes da Marcha Nupcial e a cerimônia tem início. Assim são os casamentos nos países ocidentais.

Mas nos países orientais, onde a Bíblia foi escrita, não é assim. Lá a grande atração num casamento é o noivo! A noiva fica em casa aguardando a chegada do seu amado. Lá é ela quem fica torcendo as mãos de aflição e olhando a todo instante pela janela para ver se o seu noivo ainda não despontou na curva da estrada.

Finalmente, alguém dá o aviso, tal e qual se acha registrado na parábola das dez virgens: “Eis o noivo! Saí ao seu encontro!” (Mt 25:6).

O livro Cantares de Salomão (ou Cântico dos Cânticos) apresenta, de modo poético, essa situação de expectativa da noiva, que aguarda ansiosa a chegada do amado. E quando ele vier, os dois se unirão para sempre. Não haverá mais separação.

Temos aqui uma figura da vinda de Cristo. A igreja, o povo de Deus, é essa noiva, que aguarda ansiosa a breve vinda do noivo – Jesus Cristo. E quando Ele vier, eles não mais se separarão.

O livro de Cantares foi escrito por Salomão quando este ainda era jovem. O rei declara possuir 60 rainhas e 80 concubinas (Ct 6:8, 9). Mas só você é a minha pombinha, diz o apaixonado Salomão. Só você é a dona do meu coração!

Temos aqui outra bela figura de Cristo, o qual possui muitos outros súditos, em mundos não caídos. Mas o interesse de Cristo se centraliza nos santos da Terra. A igreja é Sua favorita. É a pombinha do Seu coração.

Quem é essa jovem, a quem é dedicado esse poema? Provavelmente uma camponesa. Mas um rei casar-se com uma camponesa? Uma tal união só poderia ser por amor. E isso ilustra a relação entre Cristo e Sua noiva, que pertence a uma classe inferior à de Seu noivo. E se o Rei dos reis está disposto a desposar a igreja, fraca e cheia de defeitos como possa ser, essa união só pode ser motivada pelo mais puro e desinteressado amor.

Retribuiremos a Cristo tão grande amor?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sogras e noras

Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Mateus 10:35

O livro de Juízes narra a história de Jefté, o qual fez um voto prometendo a Deus que, se Ele ajudasse Israel a vencer os amonitas, o primeiro que saísse de casa ao seu encontro, seria oferecido em holocausto (Jz 11:30, 31). Voltando vitorioso da peleja para casa, Jefté ficou angustiado quando sua filha única saiu para lhe dar as boas-vindas. Há quem pense que Jefté esperasse ser recepcionado pela sogra.

Com efeito, ao longo da história, o conceito que se formou a respeito das sogras não tem sido muito positivo, especialmente no que tange ao seu relacionamento com as noras. O problema parece residir no fato de que as duas se acham unidas pelo amor ao mesmo homem. Mas, como ambas vêm de famílias diferentes, tanto uma como a outra possuem valores, hábitos e crenças diferentes, que podem ser incompatíveis e gerar competição. E se vivem debaixo do mesmo teto, o relacionamento entre elas (e mesmo entre o casal) tende a se deteriorar.

O conflito pode ser superado se elas crescerem emocionalmente e entenderem que cada uma deve ter o seu próprio espaço. Para haver uma boa convivência é indispensável haver tolerância, aceitação e respeito. Só assim serão preservados os laços amorosos que deverão unir o filho à mãe e o marido à esposa.

A Bíblia menciona o caso de Rebeca, que se sentia desgostosa por ter como noras as filhas de Hete (casadas com Esaú), que eram idólatras (ver Gn 27:46). Mas também narra o belo exemplo deixado por Noemi e Rute. Quando Noemi decidiu retornar à sua terra natal, “Rute se apegou a ela” e lhe fez uma comovente declaração de lealdade: “Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem Lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (Rt 1:14, 16, 17).

A lealdade de Rute a Noemi e ao Deus de sua sogra foi, portanto, maior do que o apego aos próprios parentes e aos seus deuses. O exemplo de Noemi havia permitido a operação do Espírito Santo no coração de Rute, levando-a a adorar o verdadeiro Deus.

Hoje é o Dia da Sogra. Em vez de lhe mandar uma vassoura, envie-lhe flores, ou um cartão. Você vai ver que um gesto de carinho pode realizar milagres.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Por quem os sinos dobram

Tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza. Jeremias 31:13

Hoje o meu amigo Heber Pintos estaria completando 68 anos de idade. Mas ele não está mais entre nós para comemorarmos o seu aniversário. Ele dormiu em Cristo em janeiro de 2008 e, desde então, está descansando nos braços do Pai, aguardando o momento de despertar.

Quem morre em Cristo tem uma vantagem sobre os vivos: já passou por este vale de lágrimas e agora está fora de perigo, aguardando a ressurreição. Neste sentido, portanto, a morte é como uma cidade de refúgio. Quem está ali está seguro, sob a proteção do Doador da vida. O inimigo não pode mais arrebatá-lo.

Em minha cidade natal há algumas igrejas católicas e uma luterana. Quando criança, ouvi muitas vezes o sino dessas igrejas badalando de forma cadenciada e solene, anunciando a morte de alguém. E pela direção de onde partiam aqueles sons plangentes a população sabia se o morto era católico ou luterano.

O poeta John Donne escreveu: “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria. Sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”

O Heber, como tantos outros, era um torrão que foi arrastado para o mar, diminuindo o continente da humanidade. Sua morte me diminui, porque sua vida fazia parte da minha. Eu poderia acrescentar aqui uma lista de nomes de pessoas que também fizeram parte de minha vida, e já se foram, deixando em meu coração um vazio imenso: meus pais, tios, avós e tantos outros parentes e amigos. Você também tem entes queridos que já descansam. São torrões que foram arrastados para o mar, diminuindo aqueles a quem amaram. Estão todos mortos. Mas Cristo vive. E porque Ele vive quebrará em breve os grilhões das sepulturas e trará os Seus amados de volta, da terra do inimigo.

Os sinos continuam dobrando por mim e por ti, anunciando nossas perdas. Mas a promessa divina, a se cumprir em breve, é: “Tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza” (Jr 31:13).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Morte por afogamento

Assim, o Senhor livrou Israel, naquele dia, da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar. Êxodo 14:30

Bem cedo, pela manhã, homens, mulheres e crianças viram centenas de corpos espalhados na praia do Mar Vermelho. Não houve um só sobrevivente. Os mortos pertenciam ao exército egípcio.

A Bíblia revela que aquela catástrofe não foi acidental. Antes que o povo de Israel atravessasse o mar, Deus disse a Moisés: “Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do Senhor que, hoje, vos fará; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver” (Êx 14:13). Portanto, os corpos dos soldados do Faraó foram jogados na praia devido a um plano premeditado de Deus. Ele avisou a Moisés que faria isso.

Mas esse não era o objetivo de Deus para aqueles egípcios. Através de Moisés Deus deu a Faraó a oportunidade de cooperar com Ele, e ajudá-lo a libertar Israel. E para lhe dar um vislumbre do Seu poder, começou a operar maravilhas pela mão de Moisés.

Não adiantou. Faraó não quis se deixar convencer. Então seguiu-se uma série de pragas, de gravidade progressiva, que devastaram o Egito. Através de rãs, piolhos, moscas, pestes, úlceras, saraiva, gafanhotos, trevas, Deus tentou afastar Faraó e seu exército do Mar Vermelho. Deus estava fazendo o possível para evitar que o exército de Faraó perecesse no mar.

Finalmente Deus fez um último esforço para convencer o Faraó a libertar os israelitas: obrigou-o a ajoelhar-se diante do caixão de seu filho mais velho. Junto à sepultura do príncipe herdeiro ele resolveu deixar o povo ir. E o povo de Israel saiu.

Mas, em seguida, ele voltou à sua incredulidade. Convocou o seu exército e mandou-o atrás do povo de Israel. Foi somente então, depois de Faraó ter desperdiçado todas as oportunidades divinas e ter pecado contra o Espírito Santo, que Deus fez com que os soldados desse governante se afogassem nas águas do Mar Vermelho. Deus não queria que houvessem essas mortes. Mas a dureza de coração do Faraó levou a essa perda de vidas.

O laudo do Instituto Médico Legal da época, sobre a morte dos soldados do Faraó, pode ter sido: Morte por Afogamento. Já o veredito divino sobre a conduta desse monarca foi: Persistente endurecimento do coração à voz do Espírito Santo.

“Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3:7, 8).

domingo, 25 de abril de 2010

Famílias em crise

Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Mateus 19:6

Em determinada cidade da Califórnia, uma professora da sexta série, de uma escola de classe média alta, ficou espantada com os resultados da redação que pedira aos alunos. O título era: “Eu gostaria...”

A professora imaginava que os meninos e meninas expressassem seus desejos de ganhar bicicletas, animais de estimação, videogames e viagens ao litoral. Mas, em vez disso, vinte dentre os trinta alunos, escreveram composições referindo-se às suas próprias famílias em desintegração. Algumas das frases escritas foram as seguintes:

“Eu gostaria que meus pais não brigassem, e quero que meu pai volte.”

“Eu gostaria que minha mãe não tivesse um namorado.”

“Gostaria de tirar boas notas, para que meu pai goste de mim.”

“Gostaria de ter um pai e uma mãe, para que os outros meninos não caçoassem de mim. Tenho três mães e três pais e isso estraga toda a minha vida.”

“Gostaria de ter um revólver para atirar nos que dão risada de mim” (James Dobson, O Amor Tem que Ser Firme, p. 8, 9).

Essa última frase me fez pensar que a delinquência infantil e juvenil está, muitas vezes, relacionada à falta de um lar estável, onde reine o amor. Milhões de crianças enfrentam o caos gerado pela desintegração familiar.

E por que ocorrem esses terremotos na vida das crianças? Porque seus pais se esqueceram de que, no dia de seu casamento, na presença de Deus e dos homens, prometeram amar, proteger e honrar o cônjuge, na doença e na saúde, na riqueza e na pobreza... até que a morte os separe. Infelizmente, muitos mudam de ideia em algum ponto do caminho.

Se você é casado e está enfrentando dificuldades, procure um conselheiro matrimonial. Não deixe a situação se deteriorar até não haver mais remédio.

Esteja disposto a mudar seu comportamento. O seu cônjuge, seja lá quais forem as circunstâncias, não é 100% culpado por todos os problemas do seu casamento.

Leia o que a Bíblia diz sobre o assunto em Mateus 5:31, 32; 19:3-9; Marcos 10:2-12; Lucas 16:18; Romanos 7:1-3; Malaquias 2:13-16; e 1 Coríntios 7:10-17. Leia também O Lar Adventista, capítulo 56; e Mensagens Escolhidas, v. 2, capítulo 41.

Ore a Deus pedindo orientação, paciência, sabedoria e coragem.

As famílias em crise devem procurar a ajuda de profissionais qualificados, aliada à ajuda divina. Deus, o Autor do casamento, tem todo interesse em ver as famílias unidas e felizes.

sábado, 24 de abril de 2010

Fiador de dívidas

Não estejas entre os que se comprometem e ficam por fiadores de dívidas, pois, se não tens com que pagar, por que arriscas perder a cama de debaixo de ti? Provérbios 22:26, 27

Rudi havia montado uma firma de oxigênio hospitalar. Para conseguir o financiamento bancário de que necessitava, pediu ao cunhado Eugênio que fosse seu fiador. Eugênio aceitou.
Aparentemente as coisas iam bem, e Rudi ostentava sinais de progresso: construíra uma mansão e estava sempre de carro novo. Eugênio não lhe perguntou se estava pagando o financiamento. Mas um dia chegou um oficial de justiça à sua casa, comunicando que Rudi não havia pago a dívida e que o Banco estava acionando o avalista.

Eugênio empalideceu. Precisou vender seus imóveis e o carro, e passou a morar em casa alugada. Um dia, transtornado com esse golpe, apanhou um revólver e saiu de casa decidido a matar Rudi. Mas, no caminho, pensou nos filhos, que não teriam onde morar e como sobreviver, se fosse preso. E isto o fez mudar de ideia. Decidiu lutar para se recuperar do prejuízo.

Rudi mora em sua mansão, com elevado padrão de vida. Continua aplicando golpes em outras pessoas. Tem um único filho, que é seu inimigo de morte e mau caráter também.

Eugênio continua morando em casa alugada. Mas, aos poucos, está se recuperando, pois os filhos, que já se formaram em medicina, o estão ajudando a se reerguer. Ele diz que aprendeu a lição e nunca mais será fiador de ninguém.

Não é sem razão que Salomão faz repetidas advertências a esse respeito. E Ellen White alerta especialmente contra ser fiadores de incrédulos: “Vi que Deus estava desgostoso com Seu povo por se tornarem fiadores de incrédulos. Minha atenção foi dirigida para estes textos: ‘Não estejas entre os que dão as mãos, e entre os que ficam por fiadores de dívidas’ (Pv 22:26). ‘De certo sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro’ (Pv 11:15). Mordomos infiéis! Empenham aquilo que pertence a outro – seu Pai celeste – e Satanás está a postos para ajudar seus filhos a arrebatá-lo de suas mãos. Os observadores do sábado não devem ser sócios dos incrédulos” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 200).

Aí estão os conselhos inspirados. Fiador de incrédulos, nunca. Fiador de irmãos na fé, talvez, após exame minucioso e tendo os necessários recursos financeiros.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Santos ou pecadores?

Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade. Daniel 7:18

Muitos cristãos não se consideram nem santos nem pecadores. Eles acham que estas são posições extremas. Para eles, o pecador é um indivíduo indesejável, que se deleita no seu mundanismo e recusa entregar-se a Deus.

Por outro lado, o santo é um “desmancha-prazeres”, que vive no mundo da Lua, procura se afastar dos pecadores e se esforça para ser salvo. É um indivíduo sem vida, que reprova os divertimentos e olha com desconfiança para quem é alegre demais.

O problema, porém, é que se você não é nem santo nem pecador, ou seja, nem frio nem quente, é morno – uma condição intermediária condenada na Bíblia, pois é melhor ser santo ou pecador do que tentar conciliar as duas coisas.

O que é um santo, segundo a Bíblia?

Moisés transmitiu ao povo de Israel as palavras divinas: “Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque Eu sou santo” (Lv 11:44). Davi fez a exortação: “Temei o Senhor, vós os Seus santos, pois nada falta aos que O temem” (Sl 34:9). Daniel afirmou que só os santos possuirão o reino de Deus (Dn 7:18, 22, 27).

Na Bíblia, um santo é tudo menos um “desmancha-prazeres”. É antes uma pessoa que deixa Deus dirigir completamente sua vida. E uma tal pessoa está longe de ser alguém deprimido ou sem vida. Cristo disse que o cristão deve se regozijar até mesmo quando é perseguido: “Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no Céu” (Lc 6:23).

Além disso, Cristo deixou claro que um santo não deve evitar contato com os pecadores, pois Ele mesmo comia com os publicanos e pecadores e Se hospedava na casa deles (Mt 9:11, Jo 4:10-26, 40).

Quando Paulo escreveu aos coríntios, ficou perturbado com a condição daquela igreja. Havia divisão entre os membros, casos de adultério, confusão sobre doutrinas e outros problemas. No entanto, como Paulo os considerou? Santos! (1Co 1:2).

O santo, portanto, pode ou não ser um cristão maduro. Quando o indivíduo se arrepende dos seus pecados, ele ingressa na família de Deus, sendo então investido com os atributos de Deus.

Se já aceitou a Jesus Cristo como seu Salvador, você é um dos Seus santos. Tenha certeza disso.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A fé dos nossos pais

Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas. Hebreus 11:13

Minha avó paterna, a “Vó Elisa”, dizia ao meu pai, quando este era criança, que ele não se tornaria adulto, nem se casaria, nem teria filhos, porque Jesus voltaria antes.

A convicção da Vó Elisa refletia o pensamento da Igreja nas décadas de 1920 e 1930. E também na década de 1940, quando a Segunda Guerra Mundial foi interpretada como o Armagedom e o prenúncio do fim.

Nossos antepassados viviam a expectativa do breve advento de Jesus, sem fazer grandes planos para esta vida e, muitas vezes, desestimulando os próprios filhos a entrar para uma faculdade, simplesmente porque não haveria tempo de se formarem. Jesus voltaria antes, e o tempo a ser gasto com preparo acadêmico poderia ser melhor empregado no preparo espiritual e trabalho em favor dos perdidos.

Ellen White, na década de 1870, manifestava um senso de urgência ainda mais aguçado: “Visto que o tempo é breve, devemos labutar com diligência e redobrada energia. Nossos filhos talvez não ingressem numa escola superior” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 159).

“Na realidade não é prudente ter filhos agora. O tempo é curto, os perigos dos últimos dias estão sobre nós, e as criancinhas, em grande parte, serão levadas antes disso” (Eventos Finais, p. 36).

Entretanto, devido à “imprudência” de nossos ancestrais em ter filhos é que estamos aqui hoje. Nossa permanência neste mundo está se prolongando bem mais do que se poderia imaginar.

Se recuarmos nossos pensamentos até a igreja apostólica, notaremos um senso de urgência ainda maior com relação à volta de Cristo. Esta parecia tão iminente, que os discípulos e demais conversos “perseveravam unânimes em oração”, “vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”, e iam diariamente ao templo (ver At 1:14; 2:45).

Exatamente o contrário do que estamos fazendo hoje: adquirindo propriedades e deixando de ir à igreja! Pregamos e cantamos que Jesus em breve virá, mas vivemos como quem crê que “meu Senhor tarde virá”. Parece que, quanto mais nos aproximamos do dia final, menos nos preocupamos com ele. Os primeiros cristãos esperavam Jesus para muito breve, nossos pais para breve, e nós para algum tempo no futuro.

Nossos pais morreram sem ter visto o cumprimento das promessas. Mas talvez elas se cumpram em nosso tempo. Não podemos esmorecer. Cristo vem!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Crescimento espiritual

Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 2 Pedro 3:18

Mais de trinta anos após a morte de Cristo, o autor da Epístola aos Hebreus escreveu a cristãos judeus, que estavam se dasanimando na fé, a ponto de pensar em uma volta ao judaísmo.

O autor não escondeu sua frustração ao dizer que, pelo tempo decorrido, esses crentes já deviam ser mestres na Palavra e no conhecimento de Jesus Cristo. No entanto, eles haviam retrocedido a um estágio espiritual infantil, estando ainda “necessitados de leite e não de alimento sólido” (Hb 5:12).

Anos depois de sua conversão, eles sabiam muito pouco sobre Cristo, e agora corriam o perigo de apostatar e voltar às suas antigas práticas. Mensagem semelhante foi enviada por Paulo aos coríntios, referindo-se à sua primeira visita: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais” (1Co 3:1, 2).

Infelizmente, esta é a realidade de muitas igrejas e membros, que continuam se alimentando dos rudimentos da doutrina, sem poderem suportar o alimento sólido, que representa os ensinamentos mais profundos. E é importante notar que a falta de progresso intelectual e espiritual conduz, não à estagnação, mas ao retrocesso e apostasia.

A conversão é representada pela figura do novo nascimento, em que o indivíduo permite a operação do Espírito Santo em sua vida, tornando-o nova criatura em Cristo. A partir daí ele passa a viver em “novidade de vida” (Rm 6:4), crescendo espiritualmente, tendo sempre como alvo a perfeição de Cristo.

Alguém comparou a caminhada cristã a um navegador que, para não perder o rumo, mantém a proa da embarcação na direção de uma estrela. Agindo dessa maneira, se manterá na direção certa. Assim também nós, se mantivermos os olhos fixos em Jesus, nos manteremos no rumo certo até a Sua vinda, quando “seremos transformados” e revestidos “da incorruptibilidade” (1Co 15:52, 53).

terça-feira, 20 de abril de 2010

Dependência de Deus

Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para Si. Gênesis 5:24

Um marido, cansado de problemas familiares, desabafou para a esposa: “É incrível! Sempre temos um problema familiar pelo qual orar. Parece que isso não acaba nunca!” A esposa ponderou: “E o que você queria? Ser independente de Deus?”

A vida cristã é isto – dependência diária de Deus, tanto na paz como na tempestade.

Nos escritos inspirados encontramos revelações muito francas sobre os defeitos de grandes homens de Deus, como Abraão, Isaque, Jacó, Davi, Moisés e outros. Mas sobre Enoque não encontramos nenhuma referência desabonadora, embora, como ser humano, ele tivesse “intuição de sua própria fraqueza e imperfeição” (Patriarcas e Profetas, p. 85).

Um dos aspectos que se salientam na vida desse gigante da fé, o primeiro a ser trasladado para o Céu sem ver a morte, é o fato de que, em meio a uma geração perversa, “andou Enoque com Deus” (Gn 5:22, 24). E não foi por pouco tempo – ele andou com Deus durante trezentos anos! Estava tão próximo à Cidade Celestial, que um dia Deus lhe abriu as portas e o convidou a entrar.

Como é que Enoque atingiu essa grandeza espiritual? Ellen White responde: “O andar de Enoque com Deus não foi em arrebatamento de sentidos ou visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou um eremita, excluindo-se inteiramente do mundo, pois que tinha uma obra a fazer para Deus no mundo. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e como pai, como amigo, cidadão, foi ele um servo do Senhor, constante e inabalável [...] Enoque [...] passava muito tempo na solidão, entregando-se à meditação e oração” (ibid.).

A vida de Enoque é, sem dúvida, um exemplo para os crentes de todas as épocas. Nosso andar com Deus não deve ser alcançado através de experiências místicas ou afastamento da sociedade, “mas em todos os deveres da vida diária”. Em meio à correria desenfreada da vida moderna, precisamos encontrar tempo para ficar a sós com Deus, entregando-nos à meditação e oração e, então, voltar ao convívio social, refletindo a imagem divina obtida nesses momentos de comunhão.

Quem experimenta o novo nascimento, precisa crescer na graça e no conhecimento de Cristo, o que não ocorre da noite para o dia, mas é obra de uma vida inteira. Basta entregar-se diariamente à Fonte dessa transformação.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Contendas entre irmãos

Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Romanos 12:18

Um jovem, recém-formado em teologia, foi chamado para trabalhar em um Campo, e para lá dirigiu-se a fim de iniciar o seu pastorado. Chegou à sede do distrito num domingo à tarde. No domingo à noite foi conhecer aquela que seria sua primeira igreja. Apresentou-se ao ancião, dizendo: “Eu sou o novo pastor!” “Ah, pois não! Então o senhor vai pregar hoje à noite.”

O pastor pregou seu primeiro sermão e, ao terminar, foi para a porta a fim de cumprimentar os irmãos. Mas apenas uns poucos saíram. Os demais ficaram lá dentro, divididos em dois ou três grupos.

Estranhando o fato, o pastor perguntou ao ancião: “O que está acontecendo? Por que o povo não sai?”

O ancião aproximou-se mais do pastor, e lhe disse em voz baixa: “O senhor está vendo aquele irmão ali, com um curativo na testa? Pois é, aquele é o chefe dos diáconos, e alguns dias atrás os jovens quiseram usar o salão de jovens da igreja para jogar pingue-pongue, mas ele não deixou. Os jovens, irritados, bateram nele, machucando-o. E agora a igreja está dividida, como o senhor vê. Eles estão aí, esperando que o senhor vá fazer a reconciliação.”

Que começo de ministério, não? Que recepção para um jovem ministro, cheio de ideais!

Nem todo pastor enfrenta o problema da contenda entre irmãos logo na primeira igreja. Mas, certamente, irá encontrá-lo no decorrer de sua carreira.

Recém-conversos, em geral, ficam decepcionados ao descobrir que na igreja de Deus também há controvérsias e discussões acaloradas, que eles julgavam fosse uma característica somente das pessoas mundanas, e que agora, ao pertencerem a uma comunidade cristã, amorosa, não veriam mais esse tipo de coisas.

Há igrejas onde existe permanente discórdia e tensão. Há irmãos que não conseguem viver em paz com os outros. Estão sempre brigando, o que é um mau sinal. Por outro lado, é muito sintomático que igrejas ou grupos passem anos a fio sem terem o menor desentendimento. Será que eles pararam de crescer ou pararam de pensar? Não é possível concordar em tudo, com todos, o tempo todo. Cada um tem suas opiniões sobre o regime alimentar, vestuário, usos e costumes, sobre as pessoas que devem ou não ocupar determinados cargos, e mil outras coisas.

As divergências são um indício de que a igreja pensa, cresce, tem vitalidade. A uniformidade passiva é um sinal de morte, de que ninguém se importa com nada.

Mas os cristãos devem aprender a divergir com amor, respeitando os pontos de vista alheios.

domingo, 18 de abril de 2010

Estudar causa enfado?

Não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. Eclesiastes 12:12

O passo mais importante para a popularização do livro e da cultura foi a invenção da imprensa. Até então os livros eram manuscritos, raros e caros. Ter livros e saber ler era privilégio de uma minoria elitista, alfabetizada, em uma sociedade de analfabetos.

Hoje a situação é outra. Não ter livros e não saber ler é uma condição estranha, minoritária, no seio de uma sociedade alfabetizada. A cultura não é mais privilégio de poucos, pois os livros estão aí, às pilhas, nas livrarias e bibliotecas, à disposição de quantos queiram manusear suas páginas e sorver seu conteúdo.

Cada ano são publicados milhões de livros, que são acrescentados a outros milhões já existentes no mundo. Numa existência inteira não conseguiríamos ler sequer seus títulos! Daí a importância de lermos apenas os melhores, e não tudo o que nos cair às mãos.

O sábio Salomão, que foi ávido leitor dos escritos de sua época, declarou: “Não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.” Talvez Salomão tenha lido todos os livros que lhe caíram às mãos, inclusive a vasta literatura cananeia e a chamada “sabedoria dos egípcios”, que abrangia as áreas de astronomia, medicina, arquitetura, matemática, música, pintura, embalsamamento, e filosofia mística.

É provável que Salomão também tenha lido livros sobre as práticas idólatras desses povos, suas artes mágicas e as especulações filosóficas de escritores pagãos. Como resultado, grande parte do estudo ao qual Salomão se dedicou, em vez de trazer-lhe deleite intelectual, lhe trouxe enfado. Isto é o que acontece quando o que se lê não merece ser lido, ou quando o estudo se torna um fim em si mesmo. O estudo só traz real prazer quando é um meio para se alcançar um fim mais elevado.

Até mesmo o estudo da Bíblia pode se tornar enfadonho se o leitor não tiver como motivação maior o aprender “as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3:15), e procurar saber qual é a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2). Tendo estes objetivos em mente, não nos cansaremos jamais de estudá-la.

Hoje é o “Dia do Livro”, no Brasil. Mas para o cristão, todo dia deve ser o dia do Livro que nos pode tornar sábios para a salvação.

sábado, 17 de abril de 2010

O pior pecado

Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Romanos 14:4

Apesar de haver falta de juízes para julgar os volumosos processos que se amontoam nos fóruns, o número de pessoas com vocação para a magistratura, mesmo dentro da igreja parece ser muito grande. Com que facilidade se julga um irmão pelo que come, bebe, veste ou faz! E isto não é novo, pois quase dois mil anos atrás o apóstolo Paulo já perguntava: “Quem és tu que julgas o servo alheio?”

Boa pergunta. Quem és tu? Um padrão de conduta, cujo exemplo todos deveriam seguir? Então, pelo menos uma coisa te falta: não julgar os outros, especialmente considerando o verso anterior: “Quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu” (Rm 14:3). Outra tradução diz: “Pois Deus o aceitou” (NVI). A conclusão é óbvia: Se Deus o aceitou, por que você não o aceitaria?

Paulo não está falando somente de dieta, neste passo. Está falando também de atitudes. A dieta aqui é apenas uma ilustração. Poderia ser vestuário, lazer, esportes, etc. Mas ele fala de dieta porque este sempre foi o principal motivo de polêmica e divisão dentro da igreja. Por isso ele insiste, neste mesmo capítulo: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17).

O que fica implícito naquele que julga é o seguinte: “Sou mais santo do que tu” (Is 65:5). E isto é arrogância. Julgar um irmão é o pior pecado, porque o juiz se coloca acima de Deus, o qual já o aceitou com todas as falhas e pecados que tem.

Nos primeiros cinco capítulos de Romanos, Paulo está tentando transmitir o fato de que somos todos pecadores e carentes da misericórdia de Deus (Rm 3:10, 12, 23). Consequentemente, ninguém tem moral para apontar o dedo para alguém.

Gosto do que Ellen White diz sobre este assunto: “Em questões de consciência, a alma deve ser deixada livre. Ninguém deve controlar o espírito de outro, julgar por outro, ou prescrever-lhe o dever. Deus dá a toda alma liberdade de pensar, e seguir suas próprias convicções. [...] No reino de Cristo não há nenhuma orgulhosa opressão, nenhuma obrigatoriedade de costumes” (O Desejado de Todas as Nações, p. 550, 551).

Creio que a mensageira do Senhor não poderia ter sido mais clara.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Beleza física não é tudo

Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. Gênesis 6:2

A beleza física é o atributo pessoal mais altamente valorizado em nossa e em outras culturas. E este fator acompanha o ser humano do nascimento à morte. Por essa razão, muitas mães ficam um tanto deprimidas, na maternidade, ao verem o filho recém-nascido. Elas esperavam dar à luz um verdadeiro “bebê Johnson”, com cabelos loiros, encaracolados, grandes olhos azuis, faces rechonchudas e coradas, e sorridente, mostrando já quatro dentinhos.

Em vez disso, trouxeram-lhes um pedaço de gente todo avermelhado, desdentado, careca, e berrando a plenos pulmões. A aparência é, em geral, decepcionante nos recém-nascidos.
Moisés, entretanto, parece ter sido uma exceção à regra, pois a Bíblia declara três vezes que ele era um bebê formoso: “E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses” (Êx 2:2; ver também At 7:20; Hb 11:23).

É claro que sua mãe, Joquebede, o teria amado fosse qual fosse sua condição, pois as mães, com frequência, devotam seu mais profundo amor a crianças fracas e doentias. Mas ela sentiu que as qualidades observadas no seu bebê eram um sinal de que Deus lhe estava reservando uma tarefa especial no futuro, e por isso decidiu salvá-lo, com risco da própria vida.

Em muitos casos, porém, quando a beleza física não esteve associada à beleza de caráter e à fé em Deus, ela contribuiu para a ruína de heróis da Bíblia, como aconteceu com Sansão. A beleza de Dalila, “que agradava aos seus olhos”, custou-lhe, literalmente, “os olhos da cara”. Davi, atraído pela beleza proibida da mulher de Urias, foi levado a cometer adultério e homicídio. Quando os filhos de Sete se uniram às filhas de Caim, atraídos unicamente por um rosto bonito e um corpo esbelto, o mundo antediluviano descambou para a corrupção generalizada que resultou no dilúvio.

Se você é bonito, não se orgulhe. Louve a Deus por isso, pois o mérito é dEle, não seu. Lúcifer orgulhou-se de sua formosura e caiu. Se não é bonito, lembre-se de que é dito que Cristo “não tinha aparência nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (Is 53:2).

“Aos olhos do mundo, não possuía beleza para que O desejassem; e não obstante era o encarnado Deus, a luz do Céu na Terra” (O Desejado de Todas as Nações, p. 23).

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Hábitos recebidos por herança

Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, [...] sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Gálatas 1:13, 14

Nos dias da Rússia imperial, o czar caminhava, uma tarde, pelos belos parques de seu palácio, quando viu uma sentinela montando guarda próximo a um canteiro de ervas daninhas. Surpreso por encontrar um guarda naquele lugar, ele perguntou:

– O que você está fazendo aí?

– Não sei exatamente – respondeu a sentinela. – Estou simplesmente obedecendo às ordens do capitão.

O czar então perguntou ao capitão:

– Por que você mantém uma sentinela junto àquele canteiro de tiriricas?

– Porque esse sempre foi o regulamento – respondeu o capitão. – Mas eu não sei por quê.

Após investigar a questão, o czar descobriu que ninguém na corte sabia. Recorreu, então, aos arquivos e descobriu que cem anos antes, Catarina, a Grande havia plantado ali uma roseira e designara uma sentinela para cuidar dela. A planta já havia morrido fazia muito tempo, mas os guardas continuavam a proteger algo que não sabiam o que era.

Episódio semelhante ocorreu nos tempos de Napoleão Bonaparte. Os ingleses estavam com medo que Napoleão organizasse uma esquadra, atravessasse o Canal da Mancha e invadisse a Inglaterra. Para evitar que isso acontecesse, o governo criou um sistema de alarme que consistia em manter um homem de vigia na costa sul da Inglaterra, tendo a sua disposição um enorme sino.

Se esse vigilante solitário visse navios franceses no horizonte, deveria tocar o sino o mais alto que pudesse, alertando os habitantes das vilas próximas, os quais também badalariam os sinos de suas igrejas. Quando outras vilas do litoral ouvissem esses sinos elas também se apressariam a tocar seus sinos. E, assim, o alarme se espalharia de vila em vila, fazendo soar a advertência e permitindo que o exército se preparasse para enfrentar os invasores.

O mais curioso de tudo é que o governo britânico continuou mantendo uma sentinela no mesmo lugar e com a mesma atribuição até 1947, ou seja, 126 anos após Napoleão ter morrido!

Talvez você também tenha hábitos e crenças que recebeu por herança e mantém por tradição. Procure descobrir como se originaram e verifique se eles continuam fazendo sentido hoje. Precisamos conhecer as razões de nossa fé, e estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3:15).

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Passarinho solitário

Não durmo e sou como o passarinho solitário nos telhados. Salmo 102:7

Wolfgang Dircks morava em um apartamento alugado em Bonn, Alemanha. Em 1998, quando o banco deixou de descontar de sua conta o valor do aluguel, por falta de fundos, o dono entrou no apartamento para ver o que estava acontecendo.

Para sua surpresa e horror, ele encontrou apenas um esqueleto sobre uma cadeira, em frente à televisão. O aparelho de TV, embora quebrado, ainda estava ligado. Mais incrível ainda é que junto à cadeira estava um guia com a programação de TV para 5 de dezembro de 1993. Dircks provavelmente morrera naquele dia, e cinco anos depois, ninguém sentira sua falta!

Em Chicago, nas primeiras horas da manhã de seu último dia de vida, a Sra. Woodrum viu o porteiro do edifício onde morava trabalhando no apartamento em frente e o saudou com um cordial sorriso. Alguns segundos depois lançou-se do décimo andar daquele edifício, suicidando-se.

Sobre um móvel do seu apartamento a Sra. Woodrum havia deixado o seguinte bilhete: “Não posso mais tolerar esta terrível e enfadonha solidão. O telefone continua em silêncio. Não mais recebo cartas. Não tenho amigos.”

Episódios semelhantes têm acontecido em Sydney, Rio de Janeiro, Nova York, e em muitas outras cidades, grandes e pequenas. É com razão, portanto, que os especialistas classificam a solidão como sendo “a doença mais devastadora de nossa época”.

Davi enfrentou muitas vezes a dor da solidão no deserto, em cavernas e rochas, onde ia se refugiar para escapar de seus inimigos. Em sua solidão e abandono, o cantor de Israel exclamou: “Não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse” (Sl 142:4). “Volta-Te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito” (Sl 25:16).

Solidão é falta de amor. A pessoa solitária ou não ama, ou não é amada, ou ambas as coisas. E o vazio infinito que todo ser humano possui na alma só pode ser preenchido por algo também infinito: o amor de Deus.

Felizmente, existe remédio: “Muitos estão sofrendo muito mais de males da alma do que de enfermidades do corpo, e não encontrarão alívio enquanto não forem a Cristo, o manancial da vida. Os queixumes de fadiga, solidão e descontentamento cessarão então” (Conselhos Sobre Saúde, p. 241).

Quando solitários e aflitos, vivendo as tristezas próprias das manhãs nubladas ou as angústias das tardes escuras, podemos confiar na promessa de Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28:20).

Derrame sua alma em oração e sinta a presença e o amor desse Amigo “mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Música divina

Instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. Colossenses 3:16

Tiago White estava, certa vez, presidindo uma sessão da Associação Geral. A reunião não estava indo bem, pois havia um clima de pessimismo e desânimo. Repentinamente, ele interrompeu a reunião e convidou Ellen White para um dueto. Quando eles terminaram a primeira estrofe, todos os delegados se uniram ao casal White para cantar o coro. Daí em diante houve um outro espírito na reunião.

Além do poder para reanimar espíritos abatidos, renovar forças e produzir tantos outros efeitos terapêuticos, a música sacra tem também um extraordinário poder de conversão. Um exemplo disto é a música do maior compositor sacro que já existiu: Johann Sebastian Bach.

Segundo o autor Philip Yancey, Bach se tornou o “compositor mais identificado com a igreja. O propósito de sua música era dar glória a Deus e recrear a mente”.

A Paixão de Nosso Senhor Segundo São Mateus é considerada a maior obra para coral que ele escreveu, mas não causou muito impacto em seus dias e deixou de ser apresentada por mais de 100 anos. Então, em 1829, Félix Mendelssohn recebeu uma cópia desse manuscrito e começou a preparar essa obra para ser apresentada. Antes de terminá-la, o jovem Mendelssohn, de apenas 20 anos, havia se convertido à fé em Cristo. Ele se converteu sem um único estudo bíblico! Sua conversão foi devida à música inspiradora de Bach.

O objetivo da música para Bach é, coincidentemente, o mesmo objetivo dos adventistas do sétimo dia: louvar e glorificar a Deus e edificar o ser humano. Ela é um meio pelo qual Deus pode comunicar-Se com o homem e revelar alguns aspectos de Sua natureza divina. Como tal, pode ser usada para promover a saúde física, mental e emocional do indivíduo.

Jesus “exprimia frequentemente o contentamento que Lhe ia no coração, cantando salmos e hinos celestiais. Muitas vezes ouviam os moradores de Nazaré Sua voz erguer-se em louvor e ações de graças a Deus. Entretinha em cânticos comunhão com o Céu; e quando os companheiros se queixavam da fadiga do trabalho, eram animados pela doce melodia de Seus lábios” (O Desejado de Todas as Nações, p. 73).

Cantemos mais, e com entusiasmo, os hinos celestiais, para dissipar o desânimo e as sombras que possam estar envolvendo nossa vida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tudo ou nada

Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças. Eclesiastes 9:10

O Dr. Bowditch, famoso fisiologista de Boston, descobriu, há anos, que no mundo natural há uma lei, à qual chamou de “lei do tudo ou nada”. As funções de todos os seres vivos, tanto de plantas como de animais, obedecem a este princípio: ao serem estimuladas a agir, elas respondem com o melhor de sua capacidade. Ou simplesmente não reagem.

Ele demonstrou que, quando a fibra de um músculo cardíaco é estimulada por um impulso nervoso suficiente para provocar uma reação, ela se contrai o máximo que pode. A contração não poderia ser melhor. Em todo o mundo natural, os seres vivos reagem sempre a um estímulo com o nível máximo de desempenho. Só há uma exceção: o ser humano. Somos o único organismo biológico que tende a fazer as coisas com o coração dividido.

Daí a necessidade do conselho divino: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”. Os seres irracionais não precisam deste conselho, pois seguem o princípio. Mas o homem, que é o único ser dotado de livre-arbítrio, pode escolher transgredir a lei do “tudo ou nada”. Pode escolher fazer as coisas pela metade.

Assim, muitos não se entregam a Deus “com todas as forças”, porque há alguns “pecadinhos” que ainda tencionam cometer e algumas tentações das quais esperam ser vítimas logo que possível: um dinheirinho ganho rapidamente, sem muito esforço e... sem muita honestidade; uma mulher há anos desejada, sem sucesso; e tantos outros pecados acariciados que se acham em estado latente, aguardando apenas a oportunidade de consecução.

Por outro lado, o indivíduo de coração dividido – que a Bíblia chama de “morno” – não se entrega ao mundo com todas as forças porque não consegue abandonar de todo suas convicções religiosas. Em suma: não goza os prazeres deste mundo, devido ao seu vínculo com a igreja, mas também não desfruta as bênçãos da comunhão com Deus, devido ao vínculo com o mundo. E por isso não aproveitará nem este mundo nem o vindouro, já que ambos exigem dedicação integral.

Um piloto, se quiser decolar, precisa acelerar seu avião a toda velocidade. É tudo ou nada. Não pode sair capengando, indeciso. E nós também não podemos “acender uma vela para Deus e outra para o diabo.” Ou decolamos para o Céu, ou ficamos por aqui mesmo. Ou nos salvamos ou nos perdemos. Não há meio-termo. É tudo ou nada.

domingo, 11 de abril de 2010

O grande ausente

Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. João 20:24

Jesus havia sido crucificado na sexta-feira. O sábado havia passado e, no domingo, ao entardecer, dez discípulos se reuniram a portas fechadas no cenáculo – o mesmo aposento onde já haviam se reunido alguns dias antes para celebrar a última ceia.

Duas cadeiras estavam vazias. Uma delas pertencera a Judas. Por isso, ele não estava sendo esperado. Todos sabiam que ele, após trair o Mestre, levando-O à morte de cruz, não resistira ao desespero e sentimento de culpa e, retirando-se, foi se enforcar. Judas nunca mais viria às reuniões.

A outra cadeira vazia pertencia a Tomé, chamado Dídimo. Os demais apóstolos o esperavam, pois ele era um dos doze. Mas Tomé não compareceu. Onde estava ele e por que não viera? Teria ele alguma coisa mais importante para fazer? Teria assumido algum outro compromisso?

Ali estavam dez apóstolos, confusos, frustrados e temerosos quanto ao futuro. Mas Jesus veio e infundiu-lhes ânimo. Foi uma pena que Tomé, justamente o mais triste e amargurado de todos, não estivesse presente.

Ele não foi porque havia perdido a esperança. Acreditava firmemente que Jesus estava morto e que a causa pela qual havia lutado estava perdida para sempre. Ele achava que o encontro com seus colegas não lhe faria bem . Por isso, preferiu ficar em casa.

Mas Tomé estava redondamente enganado, pois a reunião, em vez de ser um lamento pela glória do passado, foi uma ocasião de regozijo. Foi maravilhosa, porque Jesus esteve presente. E Ele promete estar presente ainda hoje, “onde estiverem dois ou três reunidos” em Seu nome (Mt 18:20). Onde quer que haja corações sedentos da Sua presença, ali Ele também está.

“Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas Suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no Seu lado, de modo algum acreditarei” (Jo 20:25).

E o que é que esse incrédulo fez, oito dias depois? Compareceu a uma nova reunião com os discípulos! Ele duvidava, mas procurava a resposta para suas dúvidas. Desta vez ele viu Jesus, apalpou-O, e creu. “Disse-lhe Jesus: Porque Me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:29).

Consideremo-nos bem-aventurados, porque não O vimos, mas cremos.

E estejamos presentes nas reuniões em que Cristo está presente.

sábado, 10 de abril de 2010

Boas notícias

Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação. Isaías 52:7

Nos dias finais em que vivemos, chegamos a ficar surpresos quando nos deparamos com uma boa notícia nos jornais ou na televisão. Só se ouve falar de acidentes, homicídios, sequestros, atentados terroristas, enchentes, desabrigados e toda sorte de calamidades, tanto em nosso país como no estrangeiro.

Em primeiro lugar, porque quase não há boas notícias a publicar, pois o mundo vai de mal a pior. Em segundo, porque para a imprensa secular, a má notícia é que é a boa. É a que faz manchete e vende. O povo de Deus, porém, não precisa se abeberar dessas cisternas rotas. Não precisa e não deve ouvir programas de rádio ou televisão em que homicídios, assaltos e outras ocorrências violentas são dramatizadas com sensacionalismo e até com ironia, procurando tornar a tragédia “engraçada”. Não precisa e não deve ler jornais que destilam sangue e exploram o que há de pior na sociedade.

O profeta Isaías, seis séculos antes de Cristo, disse: “O que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal, este habitará nas alturas” (Is 33:15, 16).

Há mais de cem anos, quando a situação do mundo era provavelmente cem vezes melhor do que a de hoje, Ellen White repetiu o mesmo conselho: “Quando os jornais chegam em casa, quase desejo escondê-los, para que as coisas ridículas e sensacionais não sejam vistas [...] Os que desejam ter a sabedoria que vem de Deus devem tornar-se néscios no pecaminoso conhecimento deste século, para serem sábios. Devem fechar os olhos, para não verem nem aprenderem o mal. Devem fechar os ouvidos, para que não ouçam o que é mau e não obtenham o conhecimento que lhes mancharia a pureza de pensamentos e de ação” (O Lar Adventista, p. 404).

Obviamente, a alienação ou a desinformação não despontam como respostas ideais. Entretanto, é muito mais alienatório o conhecimento dos problemas sem nada poder ou nada querer fazer para solucioná-los.

Ao cristão compete gerar boas notícias, pois o evangelho (que significa boas novas), se traduz em atos de amor e bondade para com os necessitados.

Hoje, ajude alguém, com o pão material e com as boas novas da salvação em Cristo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O orgulho precede a queda

O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça. Provérbios 16:18, NTLH

A Segunda Guerra Mundial havia acabado. Como Hitler era dado como morto, Heinrich Himmler, chefe da Gestapo, se tornou o líder nazista mais caçado pelos aliados.

Após a queda da Alemanha, ele e dois de seus assistentes fizeram o que puderam para sumir do mapa, disfarçando-se como membros da Polícia Secreta. O disfarce de Himmler era muito bom – ele rapou o bigode e usava um tapa-olho preto. Mas não admitiu usar o uniforme de um simples soldado, preferindo o de um sargento.

Ocorre que os aliados haviam recebido ordens para prender todos os membros da Polícia Secreta, de sargento para cima. Himmler poderia ter escapado se não fosse seu orgulho. Ele não aceitou ser soldado. Mas quando a vida está em jogo, que diferença faz se você é soldado ou sargento? Pessoas como Himmler, entretanto, podem perder tudo, mas não a pose.

O resultado final geralmente é trágico, como foi o de Himmler: reconhecido e capturado por uma unidade do exército britânico, em 22 de maio de 1945, foi marcada uma data para o seu julgamento, junto com outros criminosos de guerra. Mas antes do interrogatório ele engoliu uma cápsula de cianeto, suicidando-se. Seu orgulho, literalmente o levou à destruição.

“O orgulho de coração é um terrível traço de caráter. ‘A soberba precede a ruína’ (Pv 16:18). Isso é verdade na família, na igreja e na nação” (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 377).

A pessoa pode se orgulhar por uma infinidade de motivos: filhos, beleza física, inteligência, riqueza, habilidade, saúde e longevidade, esquecendo-se de que recebeu tudo isso das mãos de Deus: “Quem é que fez você superior aos outros? Por acaso não foi Deus quem lhe deu tudo o que você tem? Então por que é que você fica todo orgulhoso como se o que você tem não fosse dado por Deus?” (1Co 4:7, NTLH).

O cristão precisa se guardar contra o orgulho em todas as suas formas, especialmente de suas realizações espirituais. Somente Deus deve ser glorificado e exaltado, pois dEle procedem todos os nossos dons e a Ele devemos todas as nossas conquistas.

“Salomão nunca foi tão rico ou tão sábio ou tão verdadeiramente grande como quando confessou: ‘Não passo de uma criança, não sei como conduzir-me’ (1Rs 3:7)” (Profetas e Reis, p. 30).

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A insistência do espírito

Então, disse o Senhor: O Meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. Gênesis 6:3

Gakwandi nasceu em Ruanda, África, na virada do século 20. Em 1921, ouviu a mensagem adventista, juntamente com seus irmãos e irmãs, que logo se batizaram. Ele, porém, não se deixou tocar pela graça de Deus.

Em 1925, casou-se e, como resultado dessa união, nasceram 82 descendentes seus: 11 filhos, 40 netos e 31 bisnetos. Todos haviam se tornado adventistas, exceto Gakwandi e a esposa, que eram honestos, e não se opunham ao cristianismo, mas não haviam aceito a Jesus como seu Salvador pessoal.

Os anos foram passando, e parecia não haver esperança de que eles se convertessem. Mas dois irmãos de Gakwandi, pastores aposentados, não desistiram. Em 1987, o Pastor Mokotsi, um de seus irmãos, enviou-lhe uma carta dizendo: “Lamento que você vá morrer antes de aceitar a Deus, enquanto a família de nosso pai Rukundo aceitou a verdade.”

Gakwandi e a esposa sentiram que deviam tomar uma decisão. Embora gostasse muito de fumar o seu cachimbo, pela graça de Deus ele venceu o hábito, e foi batizado com a esposa, em 1987. Foi uma festa maravilhosa, parecida com um casamento. Todos os seus 82 descendentes compareceram, regozijando-se com este verdadeiro milagre de conversão, após 66 anos de resistência ao Espírito de Deus.

Que paciência Deus tem! O Seu Espírito intercedeu com os antediluvianos durante 120 anos, até se fechar a porta da arca. Intercedeu com os cananeus durante 400 anos, e somente após ter-lhes dado, em vão, todas as oportunidades possíveis de arrependimento, é que decretou a destruição deles.

Assim opera o Espírito de Deus ainda hoje. Sabendo que somos tardos para atender à Sua voz, Ele intercede conosco não uma só vez e vai embora, mas momento após momento, hora após hora, dia após dia, mês após mês, ano após ano, até que nos rendamos definitivamente aos Seus gemidos inexprimíveis, ou O rejeitemos também em caráter definitivo. Mas, para cansar o Espírito de Deus é preciso muito esforço, muita dureza de coração.

Deus esperou 400 anos pela conversão dos cananeus, 120 anos pela conversão dos antediluvianos, e 66 pela conversão de Gakwandi.

Quanto tempo ainda terá de esperar por você? (Se estiver em paz com Ele, desconsidere a pergunta.)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rasgando as vestes

Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Que necessidade temos de testemunhas? Mateus 26:65

Não me lembro de ter ouvido falar que alguém, ao receber uma péssima notícia, tenha rasgado a própria roupa em sinal de dor, perda ou indignação. Essa não é uma reação típica em nossos dias, mesmo porque o preço das roupas desestimula esse tipo de atitude. Em nossa sociedade a reação mais comum é a pessoa contristada ou contrariada levar as mãos à cabeça, esconder o rosto entre as mãos, dar murros na mesa, gritar, chorar ou se escabelar. Outros dizem palavrões, blasfemam, saem andando sem rumo ou vão a um bar afogar as mágoas na bebida. São poucos os que, em ocasiões de extremo pesar, ira ou dor conseguem se controlar sem demonstrar suas emoções publicamente.

Nos tempos bíblicos, porém, a primeira coisa que a pessoa fazia, em tais situações, era rasgar as vestes. Isso era a prática normal. Mas podia ir além, para demonstrar a intensidade de suas emoções: vestia-se de pano de saco (Is 37:1), rapava a cabeça (Jó 1:20), assentava-se sobre cinza (Jn 3:6), jogava pó sobre a cabeça (Js 7:6) e até mesmo arrancava os cabelos da cabeça e da barba (Ed 9:3).

O ato era muitas vezes espontâneo e podia, realmente, demonstrar uma emoção muito forte. Mas, com o tempo, foi se formalizando, como quando o sumo sacerdote Caifás se fingiu horrorizado ao ouvir a suposta blasfêmia de Jesus. Os demais membros do Sinédrio esperavam esse ato teatral de Caifás, e ficariam surpresos se ele não o fizesse. Havia leis regulamentando o rasgar das vestes, as quais estipulavam que “se deveria rasgar a roupa do pescoço para baixo, cerca de um palmo. As roupas íntimas e a túnica eram deixadas intactas” (R. N. Champlin).

Cristo nunca deu valor a demonstrações artificiais de qualquer espécie, fosse o rasgar das vestes, o jejuar ou dar esmolas em público para serem vistos pelos homens. Ele sempre condenou o exibicionismo, a hipocrisia e o orgulho.

Através do profeta Joel, Deus disse ao povo de Israel: “Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes” (Jl 2:13). Ele não estava proibindo aqui a demonstração externa de tristeza. Estava insistindo na coerência, na autenticidade.

Demonstrar tristeza pelo pecado, sem sentir essa tristeza no íntimo, pode enganar os homens, mas nunca a Deus. Porque Ele olha para o coração.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Anistia geral

Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e Te esqueces da transgressão do restante da Tua herança? Miqueias 7:18

Alguns soldados japoneses ainda se encontravam em uma ilha do Oceano Pacífico muito tempo depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Tendo ficado isolados de seu regimento e das comunicações exteriores, pouco antes de findar a guerra, não ouviram a notícia de que ela havia terminado.

Os soldados se esconderam por muitos anos, vivendo de modo bem primitivo. Quando as pessoas se aproximavam de seu esconderijo, eles atiravam nelas. Embora a guerra houvesse terminado havia bastante tempo, ainda estavam combatendo inimigos imaginários.

Quando foram informados de que a guerra tinha acabado, pensaram, a princípio, que a mensagem era uma armadilha para levá-los a se renderem. Acreditavam que, para ser leais ao imperador, precisavam continuar pelejando. Desconheciam o fato de que a guerra findara e que havia sido declarada anistia geral. Seus “crimes” como soldados não seriam punidos. Não seriam torturados ou executados. Pelo contrário, estavam livres para ir para casa e levar uma vida normal. Não havia mais necessidade de serem hostis.

Obviamente, a anistia ou perdão, não tem valor enquanto não for aceita. Nosso mundo é um lugar de pecado e sofrimento, de pequenas ofensas e também de grandes holocaustos. Se não houver perdão para o que fizemos e continuamos fazendo, não haverá esperança. Cristo veio nos revelar o poder do perdão divino e nos ensinar como ser perdoados e como perdoar.

Por meio da morte de Cristo na cruz, Deus transmitiu ao homem a mensagem de que a graça triunfara sobre o mal e de que Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo . Em outras palavras, declarava anistia geral – perdão para todos. Esta foi a parte que Deus fez para reconciliar consigo o ser humano.

Entretanto, para que esse perdão seja eficaz para nós, é preciso que façamos a nossa parte – reconhecer nossa condição pecaminosa, arrepender-nos, confessar os pecados, e aceitar o perdão oferecido gratuitamente por Deus.

Em Cristo, Deus anunciou o perdão para todos os povos. Os perdidos estarão realmente perdidos, não porque Deus deixou de lhe oferecer perdão, mas porque não aceitaram Seu oferecimento.

Se você se arrependeu, Deus já o perdoou. Aceite esse perdão e perdoe a si mesmo e aos outros também.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esperança para um povo desanimado

Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. Ezequiel 37:7

Para os israelitas exilados em Babilônia, estava tudo acabado e eles não tinham mais esperança. Jerusalém e o Templo tinham sido destruídos e os nobres deportados. Israel não mais existia como nação.

Sua desesperança e pessimismo quanto ao futuro pode ser medida pela exclamação: “Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados” (Ez 37:11).

Mas Deus não os havia abandonado. E comissionou o profeta Ezequiel, um dos cativos, a infundir-lhes ânimo através de uma visão semelhante a um filme de terror. Ele devia contemplar um vale de ossos secos, que havia sido o cenário de uma batalha, e profetizar, fazendo-os reviver. E o que se segue é uma cena inusitada: os ossos, espalhados por esse vale da morte, começam a se juntar, reconstituindo os esqueletos, e em seguida surgem tendões, músculos e pele sobre eles. Agora os corpos estão reconstituídos, mas ainda sem vida.

A primeira parte da profecia surte efeito. E então vem a segunda, mais importante: Ezequiel deveria profetizar para que a respiração entrasse nesses corpos através do sopro do Espírito de Deus. O profeta obedeceu, e eles reviveram, formando um exército numeroso.

Esta visão não deve ser interpretada de modo literal. Deus não planejava ressuscitar os mortos de Israel, e sim, restaurar a nação como um organismo vivo. Esta era apenas uma amostra do que Deus poderia fazer se fosse necessário. Mas não há dúvida de que esta visão de uma ressurreição simbólica deve ter plantado na mente de muitos daqueles cativos desesperançados a fé, não só na restauração de Israel, mas também na ressurreição literal dos mortos no fim dos tempos. Sem uma ressurreição final, nossa existência neste mundo não teria sentido.

Pela fé, porém, podemos contemplar o dia da volta de Cristo, quando, pela poderosa palavra do Espírito de Deus, os mortos ressuscitarão. Os ossos secos tornarão a viver. Todos nós, que aceitamos pela fé a salvação em Jesus, podemos ter a certeza de que, porque Ele vive, nós também viveremos.

domingo, 4 de abril de 2010

A tumba vazia

Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Mateus 28:6

Alguns anos atrás tive a oportunidade de visitar a Tumba do Jardim, em Jerusalém, a cem metros de um monte semelhante a uma caveira. Há hoje ali um jardim bem cuidado, reservado à meditação. O sepulcro fica ali dentro e foi escavado na encosta de um monte. Muitos acreditam que esse era o sepulcro de José de Arimateia, em que Cristo foi sepultado e de onde ressuscitou.

Quer seja esse o local exato onde Cristo foi sepultado, ou não, a inscrição na porta de madeira que lhe dá entrada, está correta: “Ele não está aqui; ressuscitou.”

Essas palavras, ditas pelo anjo às mulheres, no domingo de manhã, são importantíssimas para nós, porque declaram, de modo inequívoco, que o poder da morte foi para sempre quebrado por Aquele que tem as chaves da morte e do inferno. O império da morte foi derrotado por Aquele que mergulhou nas profundezas do abismo e de lá retornou vitorioso.

Os incrédulos de todas as épocas, entretanto, têm procurado achar outras explicações para a tumba vazia. A primeira delas foi dada pelos escribas e fariseus, que subornaram os soldados em guarda no sepulcro, para que divulgassem a notícia de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus, enquanto dormiam. Mas como poderiam os soldados saber isso se estavam dormindo?

Segundo a lei, os soldados que fossem encontrados adormecidos eram condenados à morte. Mas a história não diz que aqueles que falharam na guarda do sepulcro foram executados. Além disso, seria ridículo admitir que um grupo de pescadores amedrontados, sem armas, perplexos e confusos, ousassem surpreender os soldados romanos, violando a tumba de Jesus. E como violar a tumba, se uma pesada pedra havia sido colocada à sua entrada?

Se os discípulos tivessem roubado o corpo de Jesus, teríamos de acreditar em algo muito mais difícil do que a própria ressurreição, isto é, que o fenômeno moral do cristianismo e a pregação do evangelho pelos apóstolos brotou da fraude e da hipocrisia. Teríamos de crer que os apóstolos, tendo ocultado o corpo de Jesus em algum lugar, saíram com incontido entusiasmo e ousadia, prontos a sofrer perseguição e morte por amor do evangelho, pregando o Cristo ressurreto, sabendo que era tudo mentira.

Não. A única explicação aceitável para a tumba vazia é a ressurreição. E porque Ele ressuscitou, nossa esperança não é vã.

sábado, 3 de abril de 2010

A rejeição do amor

Ditas estas coisas, angustiou-Se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. João 13:21

A malhação do Judas, no sábado de Aleluia, é uma brincadeira através da qual os católicos se vingam de Judas por ter traído Jesus.

Quais teriam sido os motivos que impeliram Judas a trair o Mestre?

A primeira razão pode ter sido a ganância por dinheiro. Judas recebeu trinta moedas de prata dos sacerdotes para trair Jesus. Além disso, João deixa claro que Judas era ladrão (Jo 12:5, 6). Sendo tesoureiro do grupo, e tendo a chave do cofre, ele tirava dali o que não lhe pertencia. Assim, muito antes de trair Jesus, ele traía seus amigos.

Entretanto, seria ingenuidade pensar que Judas traiu Jesus só pelo dinheiro, pois após a traição, vendo que Jesus fora condenado, ele devolveu as 30 moedas aos sacerdotes.

E se nos lembrarmos de quanto os judeus odiavam o domínio romano, não precisaremos gastar tempo procurando um segundo motivo. Talvez Judas fosse um desses judeus nacionalistas, que queriam se libertar do jugo romano pela força, e que considerasse Jesus, com Seus poderes miraculosos, como sendo o líder ideal de que precisavam para liderar a grande rebelião. Mas Jesus viera libertar os homens do pecado.

Às vezes nos perguntamos por que Judas foi aceito como discípulo. É que Jesus viu nele certas qualidades que poderiam tê-lo conduzido à grandeza espiritual: convicções fortes, emoções ardentes, e disposição para agir. É verdade que as convicções de Judas o levaram à traição, e o seu remorso ao suicídio. Mas o domínio de tais traços levaram outros homens à grandeza.

Jesus sabia que Judas O trairia, mas não o rejeitou. Antes, o manteve ao Seu lado, procurando contrabalançar a influência negativa exercida pelo diabo na vida desse apóstolo. Assim, Jesus não apenas aceita aqueles que o diabo traz para a igreja, a fim de prejudicá-la, mas também faz o que pode para ganhar essas pessoas para Si. É assim que funciona o reino de Deus. E Jesus quase conquistou Judas!

Infelizmente, porém, chegou o momento decisivo e terrível em que Jesus teve de admitir que Seu amor por Judas havia sido rejeitado, ao dizer: “O que pretendes fazer, faze-o depressa” (Jo 13:27). A sorte estava lançada. Não havia mais razão para demora.

A tragédia de Judas é a tragédia de um homem que pensava saber melhor do que Deus. Ele queria mudar Jesus. Mas Jesus não pode ser mudado por nós. Nós é que precisamos ser transformados por Ele.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ele deu Sua vida

Por isso, o Pai Me ama, porque Eu dou a Minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de Mim; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou. João 10:17, 18

William Barclay conta que durante a Primeira Guerra Mundial um jovem soldado francês foi gravemente ferido. O seu braço foi despedaçado e teve de ser amputado.

Ele era um moço bonito, em pleno vigor de sua masculinidade, e o cirurgião lamentou que o jovem tivesse de viver o restante de seus dias mutilado. O médico esperou ao lado do leito, até que o moço recuperasse a consciência, a fim de lhe dar a má notícia. Quando o rapaz abriu os olhos, o cirurgião lhe disse:

– Lamento dizer-lhe que você perdeu o braço!

– Senhor – respondeu ele –, eu não o perdi. Eu dei meu braço pela França!

Jesus Cristo também não perdeu a vida como vítima impotente da maldade humana. Ninguém poderia tirar-Lhe a vida se Ele não o permitisse. Ele poderia ter chamado em Sua defesa “mais de doze legiões de anjos” (Mt 26:53), mas não o fez, porque voluntariamente aceitou o plano divino de “dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:28).

Ser maltratado e morto sem poder defender-se é uma coisa. Mas ser submetido aos maiores sofrimentos e humilhações tendo poder para libertar-se e destruir de uma só vez todos os agressores, e não o fazer, é outra bem diferente. Jesus poderia ter desistido, a qualquer momento, de morrer para nos salvar, mas cumpriu corajosamente Sua missão na Terra até o fim.

Por que Cristo precisou morrer para nos salvar? Porque “a rebelião de Adão resultou em pecado, condenação e morte para todos. Cristo inverteu a tendência descendente. Em Seu grande amor, submeteu-Se a Si próprio ao julgamento divino do pecado e tornou-Se o representante da humanidade. Sua morte substitutiva providenciou a libertação da penalidade do pecado e o dom da vida eterna para os pecadores arrependidos” (Nisto Cremos, p. 162).

Nosso Salvador tinha de ser plenamente Deus e plenamente homem – um mistério que escapa à nossa compreensão. Só Cristo poderia preencher essas condições. Como não podia morrer no Céu, onde tudo é vida, Ele veio à Terra, onde reina o “império da morte”. Para isso, “o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). Viveu aqui uma vida sem pecado, morreu e ressuscitou, estabelecendo para sempre uma ponte entre Deus e o ser humano. Devido à Sua vitória nós também podemos ser vencedores.

E esse sacrifício Ele o fez por amor, porque não deseja que ninguém se perca.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Verdades sobre a mentira

Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo. Levítico 19:11
Você tem certeza de que nunca mentiu? Nem mesmo para agradar à dona-de-casa, jurando que a sopa de jiló e a salada de berinjela estavam uma delícia? Ou afirmando a um doente terminal que a aparência dele está ótima e que ele logo vai ficar bom? Ou escondendo suas verdadeiras intenções?

Meias-verdades também são mentiras? E exagerar ou diminuir uma verdade? É lícito mentir para salvar a própria vida ou a de outra pessoa? E o que dizer da hipocrisia? Como se pode ver, a mentira tem muitas facetas, e as respostas nem sempre são fáceis. Vejamos alguns casos bíblicos.

Grandes homens de Deus, como Abraão, Isaque, Jacó, Davi, mentiram. E todos eles colheram nesta vida os seus frutos amargos. Ananias e Safira cometeram um delito mais grave, mentindo ao Espírito Santo. E “perderam esta vida e a futura” (Atos dos Apóstolos, p. 76).

Raabe, a meretriz de Jericó, mentiu para salvar os espias israelitas, e com isso salvou também a própria vida e a de seus familiares. Ela teve a honra de ser ancestral do Salvador do mundo, o seu nome figura na galeria da fé em Hebreus 11. No entanto, a Bíblia não a elogia porque mentiu; apenas relata o que aconteceu. Ela foi elogiada, não por sua mentira, mas por ter acolhido os espias israelitas, fazendo-os partir por outro caminho (Tg 2:25).

Um episódio curioso é o do profeta Samuel, que por ordem divina deveria ir a Belém com a missão primordial de ungir Davi como rei de Israel, enquanto Saul ainda era rei (1Sm 16). Samuel, entretanto, objetou, dizendo a Deus que Saul o mataria quando soubesse disso. Então Deus aliviou-lhe os temores, esclarecendo que a unção de Davi não seria pública, para não enraivecer Saul. Seria um ato doméstico, que não chamaria tanto a atenção. Para isso, Samuel deveria tomar um novilho para ser oferecido como sacrifício, mas sem revelar que, juntamente com o sacrifício, também ocorreria a unção de um novo rei. Não havia nada de errado em agir secretamente, pois Samuel não devia explicações a Saul, nem Deus lhe pediu que contasse a todos sobre a unção de Davi.

Jesus Cristo fez a mesma coisa com os discípulos ao recusar-Se a revelar tudo o que sabia: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16:12).

Podemos adotar aqui o seguinte princípio: “Mas, embora a verdade não possa ser dita inteiramente em todas as ocasiões, nunca é necessário nem justificável enganar” (A Ciência do Bom Viver, p. 245).

Hoje é o Dia da Mentira, um dia para não ser comemorado pelos que amam a verdade.