quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Doença é castigo?

Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os Seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? João 9:1, 2

O rabino Harold S. Kushner conta que conheceu um garoto de 11 anos que se submeteu a um exame de vista na escola. Foi constatado um grau de miopia suficiente para o uso de óculos. Ninguém ficou chocado com isso, pois tanto seus pais como sua irmã mais velha usavam óculos. “Mas o garoto ficou profundamente transtornado com o fato, não se abrindo, porém, com ninguém. Finalmente, certa noite, quando a mãe o colocava na cama, a verdade apareceu. Uma semana antes do exame de vista, o garoto e dois outros amigos mais velhos examinaram um monte de velharias que um vizinho colecionava e descobriram um exemplar da revista Playboy. Com o sentimento de que estavam fazendo algo perverso, eles passaram algum tempo olhando para as fotografias de mulheres nuas. Dias mais tarde, diante do resultado do exame de vista na escola, ele tirou a conclusão de que Deus iniciara o processo de puni-lo com a cegueira por ter olhado para aquelas fotografias” (Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas, p. 20).

Os judeus acreditavam que os sofrimentos desta vida eram castigos divinos pelo pecado. Os rabinos ensinavam ainda que Deus era muito cuidadoso, no sentido de punir cada pecado na medida exata. Sansão, por exemplo, cedeu ao desejo dos olhos, e como consequência, os filisteus lhe vazaram os olhos. Absalão se orgulhava de seu cabelo e por isso morreu pendurado pelos cabelos. E por aí afora.

Mas Cristo condenou esse raciocínio, dizendo: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:3). Uma tradução mais compreensível seria: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas como resultado de seu sofrimento, as obras de Deus serão manifestadas nele.” Jesus “não explicou a causa da aflição do homem, mas disse-lhes qual seria o resultado” (O Desejado de Todas as Nações, p. 471).

É verdade que os filhos muitas vezes colhem os resultados das transgressões dos pais. Mas não se deve confundir lei da causalidade com castigo divino. São duas coisas diferentes. O profeta Oseias já dizia: “Porque semeiam ventos e segarão tormentas” (Os 8:7). Isso é causa e efeito.

A punição pelo pecado, porém, não é aplicada agora. Será no dia do juízo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Começo humilde, final grandioso

Disse mais: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos? É como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra. Marcos 4:30, 31

Telêmaco era um eremita. Mas um dia algo lhe disse que ele devia ir a Roma. Ele saiu do deserto e foi. Embora Roma fosse uma cidade nominalmente cristã, havia jogos em que os gladiadores lutavam até que um deles morresse. A multidão vibrava, com sede de sangue.

Telêmaco foi assistir a uma dessas lutas. Oitenta mil pessoas estavam no estádio. Ele ficou horrorizado. Os gladiadores que estavam se matando também não eram filhos de Deus? Ele saltou da arquibancada para dentro da arena e se colocou entre os gladiadores. Foi empurrado para o lado, mas voltou. A multidão ficou irada e começou a apedrejá-lo. Mas ele continuou se interpondo entre os lutadores.
Então o prefeito de Roma emitiu uma ordem e uma espada resplandeceu ao Sol. Num instante, Telêmaco estava morto. Os espectadores silenciaram. De repente a multidão entendeu o que havia acontecido: um homem santo havia morrido. Algo extraordinário ocorreu naquele dia em Roma: as lutas entre gladiadores foram suspensas. Através de sua morte um homem deu início a um movimento que extirpou do império uma prática criminosa.

Grandes realizações começam com uma ideia. Uma reforma começa com um homem. A parábola do grão de mostarda nos ensina que o reino de Deus começa pequeno, mas terminará como uma árvore frondosa que abriga muitas nações. No Antigo Testamento, uma das figuras mais comuns para representar um grande império é a de uma grande árvore, e as nações súditas como aves que se aninham nos seus ramos (Ez 31:3, 6).

“Jesus não poderia ter escolhido uma figura melhor do que o insignificante grão de mostarda para ilustrar a maneira como o reino de Deus opera na mente de pessoas não regeneradas. Os líderes judaicos olhavam com desprezo para a multidão heterogênea que ouvia Jesus, especialmente os poucos pescadores e camponeses iletrados que se assentavam ao Seu lado. Eles concluíram que Jesus não podia ser o Messias, e que o ‘reino’ que Ele proclamava nunca daria em nada” (SDA Bible Commentary, v. 5, p. 409).

Mas eles se enganaram, pois o reino de Deus cresceu e continuará crescendo até atingir o mundo todo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Deus que vem

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir. Apocalipse 4:8

Temos pregado com ardor sobre a segunda vinda de Cristo. Mas praticamente não se fala que Deus o Pai acompanhará o Filho em Sua segunda vinda. Entretanto, há evidências bíblicas de que isto ocorrerá.

As Escrituras mostram Deus vindo à procura do homem (ver Lc 19:10, Jo 1:14, 11; 1Jo 4:10). Este último verso nos apresenta a razão por que Deus Se mobilizou em busca do homem perdido: Seu grande amor por nós. A salvação, portanto, é Deus vindo até nós movido pelo amor.

O Antigo Testamento faz várias referências a essa atitude divina, mostrando Deus vindo ao encontro do Seu povo (ver Êx 19:9; 20:24). Mas é no Novo Testamento que temos as principais referências de que o Pai acompanhará Jesus em Sua vinda à Terra.

Em Seu julgamento, Cristo dissera a Caifás: “Desde agora vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do Céu” (Mt 26:64). Notem que aqui são mencionadas duas Pessoas: o Filho do Homem, que é Jesus, e o Todo-Poderoso, que é um dos nomes atribuídos a Deus o Pai. Ambos virão sobre as nuvens do Céu.

No auge do sexto selo, os ímpios clamam às rochas e às montanhas: “Caí sobre nós e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono e da ira do Cordeiro” (Ap 6:16). Aqui novamente são mencionadas duas Pessoas: o Cordeiro, que é Jesus, e “Aquele que Se assenta no trono”. O Apocalipse não deixa dúvida de que Aquele que Se assenta no trono é Deus o Pai (ver Ap 5:6, 7; 7:9, 10).

Finalmente, lemos em Apocalipse 16:12: “Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol.”

Esta é uma referência à volta de Jesus, que é apresentado em Isaías como Rei do Oriente, através da figura do rei Ciro, um rei do Oriente. Mas o texto fala em reis, no plural. Deve ser mais de um, portanto. Mervyn Maxwell entende que se trata de Pai e Filho: O Filho do homem e o Todo-Poderoso, ou o Cordeiro e Aquele que Se assenta sobre o trono. Essa dupla divina vem ao lugar onde a terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, já Se encontra desde a ascensão de Cristo (Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse, p. 83, 84, 160, 161, 192, 193).

Pai e Filho vêm nos buscar, e junto com o Espírito Santo, que já está entre nós, os três Reis do Oriente retornam para o Seu reino, acompanhados de todos os santos anjos, e dos remidos, que somos nós. Que festa maravilhosa será essa! Façamos planos para estar lá.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Serendipidade

O reino dos Céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. Mateus 13:44

Serendipidade é uma palavra nova em português. É originária do inglês serendipity, e foi criada pelo escritor inglês Horace Walpole, em 1754, a partir do conto persa infantil Os Três Príncipes de Serendip (atual Sri Lanka), que viviam fazendo descobertas inesperadas.

A palavra foi aportuguesada justamente por não haver uma tradução exata.

O que significa? É a capacidade de fazer descobertas felizes ou úteis por acaso. Geralmente ocorre quando alguém está procurando uma coisa e acha outra. A descoberta da América, por exemplo, teria sido um caso de serendipidade, pois Cristóvão Colombo procurava um caminho para a Índia, quando descobriu a América.

Outro caso famoso foi o de Alexander Fleming, que descobriu a penicilina acidentalmente, ao verificar que algumas culturas de bactérias morriam quando um tipo de bolor se desenvolvia nessas culturas. Estudando os constituintes desse bolor, veio a isolar o primeiro antibiótico.

Conta-se que Newton formulou a Lei da Gravitação Universal graças à queda ocasional de uma maçã, numa tarde em que tomava chá no jardim. Os sucrilhos, ou corn-flakes, surgiram porque os irmãos Kellog, em 1898, esqueceram o milho em um forno aceso durante todo um dia. A borracha vulcanizada foi inventada quando Charles Goodyear, em 1844, deixou cair um pedaço de borracha escolar dentro de uma frigideira quente. A ciência moderna está repleta de serendipidades.

A ciência da salvação também. Uma pessoa se converteu ao achar o livro O Grande Conflito no lixo. Outro aceitou a Jesus através de um folheto trazido pela enxurrada. Você deve conhecer outros casos.

Existe serendipidade na Bíblia? A palavra não, mas o conceito sim. Salomão já dizia que “tudo depende do tempo e do acaso” (Ec 9:11). Na parábola do tesouro escondido, o homem que estava cavando a terra não estava procurando um tesouro. O que ele achou foi inesperado e por acaso – um exemplo de serendipidade bíblica.

Mas o caso mais espantoso é o do peixe que tinha na boca uma moeda, a qual seria usada para pagar o imposto do Templo (Mt 17:27). Serendipidade ou milagre?

domingo, 26 de setembro de 2010

O último dia de Ulício

Perece o justo, e não há quem se impressione com isso; e os homens piedosos são arrebatados sem que alguém considere nesse fato; pois o justo é levado antes que venha o mal. Isaías 57:1

Delcina Dias da Rocha é uma mulher sofrida. Dos quatro filhos que teve com seu marido Ulício, perdeu três. O primeiro nasceu morto; o segundo faleceu com dois meses e meio, vítima de infecção. E o terceiro morreu de acidente, aos 33 anos de idade. Agora só lhe resta a filha Adriana, pois Ulício também morreu de acidente aos 42 anos, em São Paulo.

Delcina conta que Ulício havia contraído um câncer de pele muito grave que, segundo os médicos, poderia se alastrar rapidamente pelo corpo todo. Ele passou por três cirurgias no Hospital do Câncer. Logo que pôde sair do seu quarto hospitalar, Ulício passou a visitar os demais pacientes e a pregar-lhes o evangelho, inclusive aos médicos e enfermeiras.

Daí foi para casa. Ao retornar para uma nova consulta, o médico constatou que ele havia sido curado. O próprio médico atribuiu a cura a um milagre divino. Ulício voltou para casa feliz e contou para a família o que havia acontecido.

No domingo seguinte ele foi dar um estudo bíblico a Márcio e sua esposa. No apelo que fez ao casal, perguntou-lhes se eles queriam ir para o Céu junto com ele. Eles responderam que sim. “Então vocês se preparem”, respondem Ulício, “porque se eu morrer hoje, tenho certeza de que estou preparado.”

Ele não sabia que realmente estava vivendo o último dia de sua vida. Voltou para casa, e à noite não pôde ir à igreja porque chovia muito. Sentou-se na cama e cantou vários hinos. Depois orou e deitou-se para dormir.

No dia seguinte, às 6 horas da manhã, ele apanhou o ônibus, e ao descer pouco adiante, foi atropelado, vindo a falecer. Delcina sofreu muito, emagreceu, mas nunca se revoltou contra Deus, porque sabia que Ulício estava com a salvação assegurada.

Cinco anos depois, ao ir à igreja adventista de São Mateus, em São Paulo, encontrou ali Márcio, a esposa e as filhas, e só então ficou sabendo da conversa que seu marido havia tido com eles em seu último dia de vida. E Márcio então diz: “Estou aqui porque quero me encontrar com o Ulício, quando Jesus voltar.”

A morte do justo é muitas vezes prematura porque Deus, em Sua misericórdia, o leva antes que seja afligido pelo mal. E isso é confortador.

sábado, 25 de setembro de 2010

Um rebanho e um pastor

Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. João 10:16

Um garoto estava apascentando as ovelhas de seu pai. Não muito longe dali, do outro lado de um pequeno vale, um outro garoto, vizinho, estava também apascentando as ovelhas do pai. Os rapazes eram bons amigos. Com frequência eles conversavam através do vale que os separava.

Um dia, uma forte tempestade caiu repentinamente, e os rapazes, com as ovelhas, se refugiaram embaixo da saliência de uma rocha. Quando a tormenta passou e chegou a hora de voltarem para casa, os garotos enfrentaram um problema: as ovelhas estavam misturadas e eles não sabiam como separá-las. Algumas eles conheciam, mas não tinham certeza quanto a outras.

Finalmente, desesperados e com medo de serem repreendidos, eles começaram a caminhar para casa, cada um por um caminho diferente. E então, o que aconteceu? As ovelhas se separaram, cada uma seguindo seu pastor!

Hoje, as ovelhas de Deus se acham misturadas e espalhadas por muitas nações, tribos e línguas, na Babilônia mística. E muitas se acham isoladas, sem terem laços com algum grupo organizado. Mas o Salvador conhece a todas e, quando chegar o momento de ir para casa, elas ouvirão Sua voz e O seguirão. O chamado de Cristo será: “Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Ap 18:4).

Deus sempre teve um povo em Babilônia. Homens e mulheres tementes a Deus às vezes vivem numa sociedade corrupta. Para que não se envolvam nos seus pecados, e consequentemente, no seu castigo, eles deverão deixar a companhia de gente perversa. Antes que a casa caia é melhor que seus moradores saiam dela para salvar a vida.

No passado remoto o povo de Deus ouviu o chamado divino para se retirar da Babilônia literal e retornar para Jerusalém (ver Is 48:20, Jr 50:8, 51:6, 45). Antes de se encerrar o tempo de graça o povo de Deus deverá também abandonar a Babilônia espiritual e se unir ao remanescente, aos “que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12).

Então haverá um rebanho, e um pastor, que é Cristo, e não o líder de alguma igreja.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cisternas rotas

Porque dois males cometeu o Meu povo: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. Jeremias 2:13



Dois viajantes, cansados ao extremo, estavam cruzando o deserto sob um sol abrasador. A água de seus cantis havia acabado. Eles estavam praticamente se arrastando e discutiam por quanto tempo ainda conseguiriam resistir antes de se abandonarem às areias escaldantes.



De repente viram no horizonte um pontinho verde. Seria uma miragem? Não, era real. À medida que avançavam lentamente, o pontinho verde crescia e ficava mais distinto. Algo estava crescendo ali. E fosse o que fosse, era sinal de que havia água por perto. Água! Esse pensamento lhes deu coragem para avançar. Deve ser um oásis!



Usando as últimas forças, eles chegaram lá. E nesse paraíso de sombra eles viram um poço. E ao lado, um balde de madeira! Apressadamente lançaram o balde lá dentro, mas ele chegou ao fundo com um baque surdo. O poço estava seco!



Isso era demais! Agora sim, eles iriam se deitar à sombra e admitir que o deserto havia sido vitorioso. Mas então eles viram uma tabuleta jogada ao chão, a alguns metros dali. Alguém, com um instrumento cortante havia entalhado na madeira as palavras: Água – 5 km a leste.



Água a cinco quilômetros! Será que eles conseguiriam? Sim. Quem se deitaria para morrer, sabendo que existe água a cinco quilômetros?
No Oriente, a água sempre foi um bem precioso. Quem tivesse uma propriedade com uma fonte de água seria tolo se a trocasse por uma cisterna rota. Mas foi exatamente isto que Israel fez: trocou o manancial de águas vivas por poços secos. Havia trocado o real pelo falso: “No Monte Sinai, onde o Senhor lhes deu a Lei, fizeram um bezerro e adoraram aquela imagem feita de metal. Trocaram o Deus glorioso pela imagem de um bezerro que come capim!” (Sl 106:19, 20, BV).



As pessoas continuam fazendo a mesma coisa hoje. Trocam o Deus do Céu e a paz de espírito, pela descrença e aflição de espírito. Trocam a verdade pela mentira, a certeza da salvação pela certeza da perdição.



A experiência de Israel foi escrita para nosso ensino, para que não imitemos o seu mau exemplo. Não vamos trocar a Água viva por cisternas rotas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A vigília da noite

A minha boca Te louva, no meu leito, quando de Ti me recordo e em Ti medito, durante a vigília da noite. Salmo 63:5, 6



O que você faz quando não consegue dormir, à noite? Toma um sonífero, liga a televisão, lê, ou caminha pela casa? Quase todos nós já passamos noites em claro, perturbados por algum problema, preocupação ou barulho. E isto não é exclusividade da vida moderna e agitada em que vivemos. O salmista Davi teve insônia em meio ao silêncio e solidão do deserto.



Podemos imaginá-lo à porta de sua tenda, olhando para o céu estrelado e para a imensidão vazia do deserto da Judeia, fracamente iluminado pelo luar. É um lugar desolado, ótimo para um fugitivo se esconder. Foi por isso que Davi foi para lá, ao fugir de Saul.



Ele estava solitário e triste, certamente pensando nos dias alegres que já vivera e se perguntando se viveria dias melhores no futuro. Agora temia por sua vida, pois sua cabeça estava a prêmio. O sono lhe fugira dos olhos. O que fazer, sem televisão, naquelas paragens? Voltar para a cama e meditar no que Deus havia feito por ele no passado! Foi o que fez. E expressou sua confiança nesse mesmo Deus dizendo: “Porque Tu me tens sido auxílio; à sombra das Tuas asas, eu canto jubiloso. A minha alma apega-se a Ti; a Tua destra me ampara. Porém os que me procuram a vida para a destruir abismar-se-ão nas profundezas da Terra” (Sl 63:7-9).



O que é que lhe tira o sono? Problemas financeiros? Problemas conjugais? O clima não é favorável para suas plantações? O médico lhe deu uma má notícia? Precisou reprovar um aluno? Está desempregado? Essas e outras preocupações, que incomodam durante o dia, têm o poder de tirar o sono à noite.



A lista de coisas que podem nos perturbar à noite é enorme. Talvez alguém nos tenha ofendido ou ameaçado. Pode ser também que o problema esteja dentro de nós, como remorso ou complexo de culpa. Seja lá o que for que o mantém desperto em hora de dormir, quando você se sentir solitário e com o coração opresso, quando nada parece ter sentido, quando a dor e o sofrimento parecem insuportáveis, e você não tem ideia de como enfrentar um novo dia, faça o que fez Davi – medite no amor de Deus e em Seu poder restaurador. Pense em como Ele o ajudou e protegeu no passado. Pense em Sua infinita capacidade de cuidar de você no futuro.



Lembre-se de que está a salvo debaixo de Suas asas. Deus o sustentará durante este dia. E durante a vigília da noite também.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Compromisso com a primavera

Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga? Eclesiastes 3:9

Em uma radiosa manhã primaveril o filósofo George Santayana interrompeu sua palestra no meio de uma frase. “Acho que essa frase jamais será terminada”, disse ele. “Tenho um compromisso com a primavera.” Ele juntou seus papéis, saiu do auditório e foi para uma região rural.

Santayana era um indivíduo excêntrico em muitos aspectos, e não seria aconselhável seguir seu exemplo em tudo. Mas ele nos deixou uma lição sobre o equilíbrio que deve haver entre trabalho e lazer.

Muitos de nós somos escravos do trabalho, e nos afadigamos durante todas as horas úteis do dia. Não temos tempo para relaxar e observar as coisas belas e simples da vida.

Deus certamente levou em conta essa tendência humana ao nos criar, e por isso nos deixou um exemplo a ser seguido: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gn 2:2, 3).

Trabalhar arduamente é bom, pois nos dá um senso de realização e utilidade e nos livra do tédio. Mas também pode nos manter ocupados demais para perceber que talvez estejamos correndo atrás do vento.

Nosso compromisso com a primavera pode não ser igual ao do filósofo Santayana, entre árvores, grama e flores. Mas seja onde for, é melhor não adiar esse compromisso até que seja tarde demais.

Guilherme vivia com a esposa Elisa no sopé de uma montanha. De sua casa se descortinava um panorama esplendoroso, com um lago no meio do vale, lá embaixo. Um dia Guilherme morreu em seu escritório, onde estava trabalhando até tarde, como era seu costume.

A viúva, Elisa, se conteve durante o funeral e mesmo durante a venda de suas muitas posses. Mas perdeu totalmente o controle quando o leiloeiro anunciou o leilão de um par de cadeiras de balanço. “Uma delas é novinha em folha”, disse ele com entusiasmo.

Guilherme havia comprado as cadeiras para ele e Elisa, no verão em que havia aumentado o alpendre da casa com sua bela vista para o vale. Mas não tirou tempo para usar a sua.

Ele perdeu o seu compromisso com a primavera.

P.S. A primavera começa hoje.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A conversão de Manassés

Então, reconheceu Manassés que o Senhor era Deus. 2 Crônicas 33:13

O sofrimento fez Manassés pensar. É um grande dia este em que Deus consegue nos fazer pensar. Ele deve ter se lembrado de seu piedoso pai. E lembrou-se também do Deus de seu pai. Sua experiência mostra como é difícil para um filho escapar da influência salvadora de um verdadeiro pai ou de uma boa mãe.

Manassés refletiu profundamente, arrependeu-se e caiu de joelhos. “Ele, angustiado, suplicou deveras ao Senhor, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais” (2Cr 33:12). E Deus o perdoou. E não apenas o perdoou, mas tornou a trazê-lo a Jerusalém, ao seu reino. O que havia sido cativo em uma terra estranha, voltou a usar a coroa. E durante todo o restante de sua vida ele foi um devoto seguidor do seu Deus. Sua conversão foi genuína e duradoura. Procurou desfazer os males que havia cometido anteriormente. Destruiu os altares que havia erigido aos falsos deuses. Tentou fazer com que o povo retornasse à verdadeira religião. E qual foi o resultado?

“Mas este arrependimento, notável embora, veio demasiado tarde para salvar o reino da influência corruptora de anos de prática idolátrica. Muitos haviam tropeçado e caído, não se levantando mais. Entre aqueles cuja experiência da vida tinha sido influenciada além da possibilidade de recuperação pela fatal apostaria de Manassés, estava seu próprio filho” (Profetas e Reis, p. 383).

Manassés fez uma constatação terrível: descobriu que havia sido mais fácil levar o povo à apostasia do que trazê-lo de volta às antigas veredas. Sentiu-se impotente para reerguer a nação, arruinada espiritualmente por sua culpa. Não foi sequer capaz de salvar o próprio filho, o qual se tornou idólatra até o fim de sua vida.

O arrependimento nos conduz à salvação. Mas há uma coisa que o arrependimento não faz: ele não nos salva das consequências temporais de nosso pecado. Podemos sair para o mundo e semear joio durante cinquenta anos. Se nos arrependermos, Deus nos perdoará. Mas há uma coisa que Deus não poderá fazer: transformar em trigo o joio que semeamos. Podemos lamentar profundamente nossa semeadura. Mas a respectiva colheita será obrigatória.

Manassés foi salvo apesar de ter levado à perdição homens e mulheres, devido a sua influência pecaminosa que não pôde ser revertida. Que tipo de influência você está exercendo sobre os outros?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O rei que detonou sua nação

Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel. 2 Crônicas 33:9



Manassés tinha apenas doze anos de idade quando se tornou rei, e durante 55 anos reinou em Jerusalém. Ele era filho de Ezequias, um dos melhores reis que Judá teve. Infelizmente, Manassés não seguiu o bom exemplo de seu pai. Ao contrário, tornou-se mais ímpio do que todos os seus antecessores. Restabeleceu o paganismo e a idolatria, deixou florescer a tirania e “derramou muitíssimo sangue inocente, até encher Jerusalém de um ao outro extremo” (2Rs 21:16). Até mesmo “queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o Senhor (2Cr 33:6).



Mas embora tivesse voltado as costas para as coisas divinas, Deus não o abandonou. Enviou-lhe um mensageiro após o outro para convencê-lo de suas culpas e convidá-lo ao arrependimentol. Mas parece que, quanto mais ele era advertido, mais mergulhava no pecado.



Porém, a maior culpa de Manassés é que ele não pecou sozinho. Ao se afastar de Deus ele carregou toda a nação de Judá junto com ele. Isto faz lembrar o que aconteceu quando Charles II foi restaurado ao trono da Inglaterra. O palácio real se transformou num prostíbulo. Charles vivia abertamente em adultério e a podridão do trono levou à podridão do reino. Foi o que aconteceu com Manassés.



É uma grande verdade que ninguém peca sozinho. Talvez nossa influência não seja tão grande quanto à de Manassés, mas, por mais obscura que seja nossa vida, ela influenciará outros, em maior ou menor escala. A verdade é que, ao cometermos um ato, não podemos controlar seus efeitos.



Finalmente chegou o momento de Manassés pagar por seus pecados. Deus permitiu que ele fosse capturado por soldados assírios, os quais “o amarraram com cadeias, e o levaram a Babilônia” (2Cr 33:11), sua capital temporária.



O castigo pode demorar, mas virá. E causa reações opostas em diferentes tipos de caráter. Alguns se tornam ainda mais rebeldes. Outros se arrependem.



Veja, amanhã, qual foi a reação de Manassés.

domingo, 19 de setembro de 2010

O caráter perfumado de Abigail

Então, Davi recebeu da mão de Abigail o que esta lhe havia trazido e lhe disse: Sobe em paz à tua casa; bem vês que ouvi a tua petição e a ela atendi. 1 Samuel 25:35

Abigail não cedeu à tentação de livrar-se de um casamento infeliz, deixando que Davi passasse ao fio da espada Nabal e seus filhos. Chamou os seus servos e ordenou-lhes que carregassem os jumentos com presentes para Davi – pão, vinho, carne, trigo, passas e pastas de figo. Cavalgando um jumento, ela mostrou-lhes a direção a seguir.

E assim as duas caravanas – a caravana da ira e da vingança, e a caravana da paz e reconciliação – marcharam, uma em direção à outra. Quando se encontraram, Abigail desceu do jumento, prostrou-se diante de Davi e fez a magnífica súplica relatada nos versos 24 a 31.

Davi desistiu de matar a família de Nabal e bendisse a Deus por ter enviado Abigail ao seu encontro. Muitas vidas foram salvas naquele dia, graças à ação pronta desta mulher, que não nutria sentimentos de vingança para com o marido, embora este fosse um bruto.

Ao chegar em casa, ela encontrou Nabal bêbado. Como não havia condições de conversar com ele, ela esperou até a manhã seguinte para lhe contar tudo. E quando Nabal ouviu o que acontecera no dia anterior, ficou tão chocado ou irado, que teve um ataque e ficou paralisado, morrendo dez dias depois.

Mas a história não termina aí. Davi, ao saber da morte de Nabal, propôs à bela viúva tomá-la por mulher, o que ela aceitou.

A vida de Abigail encerra lições preciosas: ela não se deixou amargurar pelas adversidades, mas suportou-as com resignação. Além disso, em sua intercessão com Davi, ela lhe assegurou que a mão de Deus não se havia retirado dele, e que por mais ameaçador que fosse o presente, ele seria rei de Israel.

Que palavras animadoras! Haveria algo melhor que se pudesse dizer a alguém, senão lembrá-lo de que Deus tem um plano para a vida dele, e que se ele obedecer a Deus e nEle confiar, todas as coisas contribuirão para o seu bem?

Por fim, aprendemos dos lábios de Abigail que jamais nos arrependeremos do mal não cometido – uma palavra de ira contida a tempo, um ato de violência refreado no último momento. No registro de nossa vida há muita coisa que gostaríamos de apagar. Mas demos graças a Deus por aquilo que não está ali, porque, pela misericórdia divina, fomos impedidos, a tempo, de cometer.

sábado, 18 de setembro de 2010

A mulher que se casou com o homem errado

Esta era sensata e formosa, porém o homem era duro e maligno em todo o seu trato. 1 Samuel 25:3

Sócrates, o grande filósofo, e um dos homens mais sábios que já existiu, casou-se com aquele tipo de mulher que a Bíblia descreve como “rixosa” (Pv 21:19). John Wesley, um dos homens mais piedosos que já existiu, também não foi feliz em seu casamento. Mas parece que as mulheres que se casaram com o homem errado são mais numerosas, e sua experiência mais trágica.

No Antigo Testamento temos uma dessas histórias. Às vezes, vemos uma senhora graciosa, encantadora, de fino trato, casada com um homem grosseiro, rude e perverso, e nos perguntamos como isto terá acontecido. Mas nos tempos antigos isso não era de admirar, pois as mulheres não tinham a liberdade de escolha que têm hoje. Os pais decidiam o casamento dos filhos, sem perguntar se eles queriam ou não.

E isso deve ter acontecido com Abigail. Seu casamento foi arranjado com um homem rico. Como poderia ela objetar? Mas foi um casamento triste para ela, pois a riqueza em nada contribui para a felicidade quando uma mulher se casa com um homem como Nabal.

A notícia de que Nabal estava tosquiando suas três mil ovelhas chegou a Davi, que para fugir de Saul, se refugiara no sul do país, reunindo em torno de si cerca de 600 homens. E Davi se lembrou que havia encontrado os rebanhos de Nabal e os havia protegido dos ladrões. De acordo com o costume, na época da tosquia o proprietário das ovelhas distribuía presentes a todos como demonstração de gratidão a Deus e de boa vontade para com os vizinhos. Tendo isto em mente, Davi enviou alguns de seus homens para saudar a Nabal e receber dele o presente costumeiro.

Mas Nabal respondeu que não daria seu pão, sua água e a carne das suas reses a um bando de vagabundos. Davi ficou furioso e planejou matar todos os membros do sexo masculino da família de Nabal. Mas Abigail, ao saber dessa ofensa, entendeu o que estava para acontecer. E imediatamente tomou providências para salvar de morte certa não apenas os inocentes familiares de Nabal, mas a ele próprio.

Talvez uma vozinha lhe tivesse segredado ao ouvido: “Abigail, não seja boba! Esta é a sua chance de se livrar desse bruto que tanto a maltratou. Deixe que Davi execute sua vingança e você vai se tornar uma viúva rica e feliz!”

Leia, amanhã, o fim desta história.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Deixando as sombras para trás

Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo. Filipenses 3:13, 14

Quando Alexandre, o Grande, tinha 19 anos, foi certa vez assistir a um rodeio com seu pai, Filipe II. E notou que ninguém conseguia montar um dos cavalos. Todos os cavaleiros eram jogados ao chão. Finalmente, Alexandre disse ao pai: “Gostaria de ter sua permissão para montar aquele cavalo. Acho que consigo.”

O pai, embora hesitante, deu-lhe permissão e Alexandre desceu à arena, colocou a mão sobre o elegante garanhão negro, virou-lhe a cabeça na direção do Sol e montou-o. Cavalgou nele em volta do estádio, parou, desmontou e o amarrou num poste. A multidão se pôs em pé para aplaudi-lo.

Quando Alexandre voltou para junto de seu pai, que estava na galeria real, Filipe lhe perguntou: “Filho, como é que você conseguiu fazer isso?” Alexandre respondeu: “Foi simples, pai. Eu apenas virei a cabeça do cavalo para o Sol, de modo que ele não ficasse assustado com minha sombra. Com a sombra atrás dele, o cavalo não ficou com medo de mim.”

Alexandre mais tarde relembrou que seu mestre, Aristóteles, lhe dissera: “Mantenha sempre sua sombra atrás de você, e conquistará o mundo.”

Paulo não era nenhum iniciante quando escreveu a epístola aos Filipenses. Já era idoso e havia alcançado uma experiência espiritual bem mais rica do que a maioria dos cristãos. Mas ainda assim ele reconhecia não ter alcançado a perfeição. E esquecendo-se das coisas passadas, ele mantinha os olhos fitos em seu alvo: Cristo.

Nós também não devemos nos culpar porque ainda não atingimos o alvo. Seremos culpados se não prosseguirmos e nos acomodarmos com as realizações passadas.

Algumas pessoas olham para o Oeste, lamentando o Sol poente. Outros contemplam o nascer do Sol, animados com os primeiros clarões da alvorada. É melhor olhar para a frente, para o caminho que precisamos trilhar, do que olhar para o caminho já percorrido.

Como cristãos, devemos manter as sombras e fracassos do passado atrás de nós e virar o rosto na direção do Sol da Justiça. Os olhos precisam preceder os pés. Se nosso olhar não estiver nEle, os pés se desviarão.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um cego ou dois?

Aconteceu que, ao aproximar-se Ele de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Lucas 18:35



Os Evangelhos foram escritos por homens que testemunharam o que Jesus fez e disse. E há pequenas discrepâncias nos seus relatos. Lucas, por exemplo, diz que quando Jesus Se aproximava de Jericó, um cego estava assentado à beira do caminho (Lc 18:35). Mateus, porém, diz que quando eles estavam saindo de Jericó, havia dois cegos à beira do caminho (Mt 20:30).



Marcos e Lucas falam de um endemoninhado geraseno (Mc 5:2; Lc 8:27), enquanto Mateus menciona dois (Mt 8:28). Marcos diz que antes que o galo cantasse duas vezes, Pedro negaria a Jesus três vezes (Mc 14:30). Mateus diz apenas “antes que o galo cante” (Mt 26:34). Os quatro evangelistas também divergem no tocante à inscrição sobre a cruz, acima da cabeça de Jesus (ver Mt 27:37, Mc 15:26, Lc 23:38, Jo 19:19).



Para os incrédulos essas divergências são uma prova de que esses relatos não são confiáveis e, consequentemente, não inspirados. Mas um exame meticuloso desses fatos atesta justamente o contrário, pois duas testemunhas do mesmo incidente, ao descreverem o que viram ou ouviram, dificilmente apresentarão versões coincidentes em todos os seus detalhes. Se isto acontecesse, haveria maior desconfiança de que ambas “fabricaram” a história de comum acordo do que se houvesse pequenas discrepâncias, pois a experiência demonstra que duas pessoas nunca enxergam o mesmo evento exatamente da mesma maneira.



As diferenças mostram que não houve conluio entre os autores, e que eles relataram, independentemente, o que mais impressionou a mente deles no tocante à vida e ensinos de Cristo. Os evangelistas escreveram em momentos diferentes, em lugares diferentes, os seus relatos ligeiramente diferentes. Além disso, Cristo falava aramaico, e os evangelhos foram escritos em grego. Dois tradutores, ao traduzirem o mesmo texto, se expressarão em linguagem diferente, segundo o seu estilo. No entanto, pode-se ver harmonia e unidade no que escreveram.



“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3:16). O seu poder transformador na vida de homens e mulheres atesta sua origem divina.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um estranho pedido

Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia. Josué 14:12



Há muitos pedidos na Bíblia. A mãe de Tiago e João aproximou-se de Jesus e Lhe pediu um “favorzinho”: “Manda que, no Teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita, e o outro à Tua esquerda” (Mt 20:21). Ela queria para os filhos os lugares de maior honra e autoridade. Mas se eles entendessem que Jesus, em vez de ser entronizado seria crucificado, certamente não teriam pedido à mãe para fazer esse pedido.



O cego Bartimeu, de Jericó, ao ouvir que Jesus estava passando, pôs-se a clamar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” “Perguntou-lhe Jesus: Que queres que Eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver” (Mc 10:51).



Um homem que estava no meio da multidão interrompeu o sermão de Jesus para pedir-Lhe que ordenasse a seu irmão que repartisse com ele a herança. Mas Jesus Se recusou a atender esse pedido porque refletia profundo egoísmo.



Salomão pediu sabedoria. Um outro pediu fé: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé” (Mc 9:24). Esta é uma oração que todos devemos fazer, na certeza de que seremos atendidos. Os pedidos refletem o caráter do solicitante.



Um dos pedidos mais estranhos foi feito por Calebe a Josué, e revela nobreza de caráter: “Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia.” Um homem de 85 anos estava pedindo um monte, cheio de gigantes e cidades fortificadas, que aterrorizaram o povo de Israel. Mas foi esse o lugar que Calebe quis ter como herança – uma montanha cheia de dificuldades, um obstáculo para ocupar a Terra Prometida.



Quando John Paton era jovem e estava estudando para se tornar missionário nas ilhas do sul do Pacífico, no começo do século 19, seu tio procurou desencorajá-lo dizendo: “John, se você for para essas ilhas será devorado pelos canibais.” John Paton contestou dizendo: “O senhor vai morrer logo e será comido pelos vermes. Para mim faz pouca diferença ser comido pelos vermes ou pelos canibais.” Paton trabalhou durante trinta anos nas ilhas do sul do Pacífico e não foi devorado pelos canibais, mas ganhou muitos deles para Cristo.



Paton e Calebe pertenciam àquela classe de homens dos quais a Bíblia diz que “da fraqueza tiraram força” (Hb 11:34). O mundo deve muito a eles.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Homens do deserto e da cidade

O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel. Lucas 1:80



João Batista nasceu em uma cidade da Judeia quando seus pais, Zacarias e Isabel, já eram avançados em idade (Lc 1:7, 39, 40). Eles provavelmente morreram quando João ainda era jovem, e ele então decidiu viver na região desértica próxima. Voltando as costas à solidão barulhenta da cidade, ele mergulhou na silenciosa solidão do deserto para ouvir a voz de Deus.



O deserto foi a grande escola para treinar líderes como Moisés, Amós e João Batista. A vida moderna não favorece a meditação na Palavra de Deus e, a menos que encontremos tempo para escapar da agitação do mundo, não ouviremos a suave voz de Deus nos falando ao coração.



Jesus, porém, era um homem da cidade. Nasceu e Se criou na cidade, trabalhou na cidade e amava o povo da cidade. As Escrituras dizem que “vendo Ele as multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36).



As pessoas do deserto e as da cidade podem viver em mundos diferentes, mas se estiverem sedentas pelas coisas de Deus, terão algo em comum. E essa era a característica, tanto de João como de Jesus. A paixão pelo reino de Deus os uniu num mesmo ministério. “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”, clamava João Batista no deserto (Mt 3:2). “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”, pregava Jesus nas cidades da Galileia (Mt 4:17).



“Raça de víboras”, bradava João aos fariseus e saduceus que vinham para serem batizados (Mt 3:7). “Serpentes, raça de víboras!” (Mt 23:33), ecoava Jesus na cidade. Os dois homens nunca trabalharam lado a lado, mas, na verdade, estavam trabalhando juntos o tempo todo. Sua identificação havia sido tão grande, que após a morte de João Batista, muitos, inclusive Herodes, acreditavam que Jesus era João Batista ressuscitado dos mortos (Mt 14:2; 16:14).



Isso indica que Deus pode usar tanto as pessoas do deserto como as da cidade, para pregar Sua Palavra. Alguns serão ganhos pela mensagem austera do deserto. Outros serão ganhos por pregadores da cidade, que comem e bebem com os pecadores.



O reino de Deus precisa de ambos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A galinha e seus pintinhos

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Mateus 23:37

Quando uma galinha chocou os seus ovos e teve uma linda ninhada de pintinhos listrados, Sharon ficou encantada.

Ela notou que a galinha passava apuros tentando fazer aqueles filhotes teimosos obedecer. Ela cacarejava para eles, trazia-os para debaixo de si para mantê-los aquecidos, mas logo surgiam suas cabecinhas espiando em todas as direções. Ela se acomodava novamente sobre eles, arrepiando-se toda, mas, num instante, os filhotes escapavam, achando que o mundo lá fora era mais interessante do que ficar protegidos embaixo das asas da mãe.

Os pintinhos tinham apenas alguns dias quando o Serviço de Meteorologia anunciou frio intenso. Ao entardecer as galinhas foram para os seus ninhos macios, no galinheiro. Mas os pintinhos curiosos não ficavam embaixo da mãe. Sharon foi para a cama pensando se a coitada da galinha não passaria a noite em claro, tentando proteger os 14 pequenos rebeldes.

Pela manhã a galinha cacarejava desesperadamente. Espalhados em volta dela estavam oito pintinhos congelados. Os outros seis estavam embaixo dela, aquecidos e salvos. Ela havia feito o que podia para protegê-los, mas alguns deles acharam que lá fora era melhor. E morreram congelados.

Jesus, o Bom Pastor, usou a analogia da galinha e seus pintinhos para ilustrar Seu amor e cuidado por Seu povo. Mas, com frequência, alguns de Seus filhos, atraídos por luzes ofuscantes, diversões e outros interesses, abandonam a segurança da família de Deus e se aventuram pelo mundo, até descobrirem que o seu amor pelas coisas espirituais se esfriou.

Então alguns dos seus irmãos se perguntam: “Terá sido falha nossa? E se lhes tivéssemos feito uma visita? Tirado suas dúvidas? Isso faria diferença?”
Quando alguém se perde pelos meandros do mundo, fazendo uso de seu livre-arbítrio, e atraído pelas seduções de Satanás, o inimigo aponta o dedo aos membros da igreja e acusa: “Foi culpa sua!”

Mas não podemos salvar a todos. Na verdade, não podemos salvar ninguém, nem mesmo nossos filhos (ver Ez 14:20). Jesus quis salvar Jerusalém e seus filhos, mas eles não quiseram. O seu sangue será sobre a cabeça deles.

Mas Cristo pode salvar totalmente os que, por Ele, se chegam a Deus (Hb 7:25).

domingo, 12 de setembro de 2010

Casa sem forro

O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. 1 João 1:3

Jonas e Maria moravam em um pequeno sítio, na zona rural de Mara Rosa, Goiás. Eles possuíam um antigo rádio à pilha para ouvir notícias e músicas regionais. Certa vez, Jonas sintonizou casualmente a Rádio Universo de Curitiba, PR, que operava em ondas curtas. Naquele momento estava sendo irradiado o programa A Voz da Profecia. O casal gostou tanto da mensagem que resolveu ouvir diariamente o programa. Como não tinha relógio em casa, Jonas criou uma espécie de relógio de Sol para não perder aquele horário. Fincou no solo uma estaca de madeira ao lado da casa e marcou o lugar exato onde a sombra era projetada na hora do programa.

Mais tarde o casal relatou: “Quando a sombra batia no lugar marcado, era só ligar o rádio e lá vinha o pastor Rabello com os trem bão de Deus para nós.” Com o tempo, Jonas e Maria resolveram se ajoelhar para ouvir as mensagens e dedicaram o rádio exclusivamente para A Voz da Profecia, que eles já consideravam sua igreja.

Alguns meses depois, os dirigentes do programa A Voz da Profecia anunciaram que o Quarteto Arautos do Rei faria uma série de palestras na cidade de Uruaçu, cerca de 60 km de onde Jonas e a esposa moravam. Como seus “compadres” residiam em Uruaçu, fizeram arranjos para se hospedar na casa deles durante as três semanas da série de conferências. O fato ocorreu em julho de 1972.

Nas duas primeiras noites os “compadres” acompanharam Jonas e a esposa, mas depois resolveram não ir mais às reuniões. Jonas ficou inconformado, pois achava que seus amigos não poderiam deixar de ouvir temas tão importantes. Então combinou com a esposa uma estratégia: cada noite, após voltarem das conferências, Jonas e a esposa comentavam em voz alta tudo o que haviam ouvido na palestra. Como a casa não possuía forro, o outro casal ficava acordado até tarde, tendo de ouvir a conversa dos visitantes. Após uma semana, o “compadre” chamou o amigo e fez uma proposta: “A partir de amanhã, vamos acompanhar vocês às reuniões, mas por favor, não fiquem repetindo a palestra até tarde da noite, pois temos que levantar cedo!”

Esse era exatamente o propósito de Jonas e da esposa, e certamente o plano de Deus para alcançar ambos os casais. O resultado foi que as duas famílias entregaram a vida a Jesus e foram batizados, tornando-se fiéis membros da igreja adventista. (Narrado por Wilson de Almeida, integrante do quarteto Arautos do Rei, na ocasião.)

sábado, 11 de setembro de 2010

O dia em que o mundo parou

Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. Mateus 24:2

Em 11 de setembro de 2001, num ataque terrorista sem precedentes na história dos Estados Unidos, dois aviões sequestrados atingiram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. O mundo parou para assistir ao vivo, diante das câmeras de televisão, os imponentes prédios desabarem ainda em chamas. Mais de três mil pessoas morreram.

Tal e qual a destruição do templo de Jerusalém, no ano 70, não ficou pedra sobre pedra. Essas ocorrências trágicas nos remetem à descrição dos flagelos que se abaterão sobre a Terra pouco antes da vinda de Cristo, quando cairão “as cidades das nações” (Ap 16:19), juntamente com as instituições políticas.

“Ora, ao começarem estas coisas a suceder”, advertiu Cristo, “exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima” (Lc 21:28). Em outras palavras, nessa ocasião o cristão experimentará sentimentos contraditórios: tristeza e perplexidade pela devastação física e perda de vidas humanas, e ao mesmo tempo exultação porque sua redenção se aproxima.

É interessante observar que as grandes tragédias provocam um efeito imediato nas pessoas, levando-as à reflexão espiritual. O Dr. Samuele Bacchiocchi escreveu que “as imagens chocantes das torres do WTC queimando-se e desmoronando como caixas de papelão, desafiaram muitos americanos complacentes, egocêntricos e autossuficientes a reconhecer sua finitude e desamparo, levando muitos a buscar a Deus após aquela malfadada data. Parece que os ateus desapareceram após o 11 de setembro. O comparecimento às igrejas e sinagogas quase dobrou do dia para a noite.

“Na semana seguinte a 11 de setembro, 400 casais na área de Boston retiraram seus papéis de divórcio e decidiram continuar juntos. Estes acontecimentos positivos sugerem que a tragédia de 11 de setembro desafiou as pessoas a reexaminarem sua vida, humilharem seu coração, e arrepender-se de seus pecados.”

Infelizmente, porém, à medida que a tragédia vai ficando distante, as pessoas vão voltando à velha vida. Há necessidade de um reavivamento permanente, não provocado por tragédias ou pelo medo, mas pelo desejo de viver uma nova vida em Cristo, tanto aqui como na Nova Terra.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O propósito da disciplina

Que o autor de tal infâmia seja [...] entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor. 1 Coríntios 5:3, 5

Paulo estava em Éfeso quando soube que na igreja de Corinto havia uma relação ilícita entre um jovem e a “mulher de seu pai”. Não se tratava de uma relação entre mãe e filho, mas provavelmente de madrasta e enteado. E não se sabe se o pai ainda era vivo ou não. De qualquer maneira, era uma relação ilícita, que nos tempos do Antigo Testamento era punida com a morte de ambos (Lv 20:11). A lei romana também proibia tal relação.

O mais assombroso nesse episódio é o fato de a igreja cristã fazer “vista grossa” a esse escândalo! Os crentes coríntios deviam ter tomado providências para remover o transgressor de seu meio. Com amor, com piedade, mas com a devida firmeza, pois Deus não pode abençoar uma igreja que tolera abertamente a imoralidade.

E então Paulo escreve à igreja de Corinto dizendo que esse homem devia ser “entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”. O que significa isso?

A explicação é que “há apenas dois reinos espirituais neste mundo: o reino de Deus e o reino de Satanás. Se uma pessoa deixa o reino de Deus, ela automaticamente entra no reino de Satanás. Esse pecador dissoluto havia, por sua conduta pecaminosa, se afastado do reino de Deus, e isto devia ser reconhecido através de sua expulsão oficial da igreja” (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 690).

“Ser entregue a Satanás”, portanto, significa “ser entregue ao mundo”, que é dominado pelo “príncipe deste mundo”. “Para a destruição da carne”. “As Escrituras qualificam as práticas imorais como ‘obras da carne’ (Gl 5:19).” Colossenses 3:5 diz: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva...”

“A ‘destruição da carne’, portanto, pode ser entendida como uma mortificação dos desejos carnais. E pode incluir também a ideia de sofrimento físico infligido por Satanás. Paulo chamava a sua própria aflição de ‘mensageiro de Satanás’ (2Co 12:7) (ibid.).

E finalmente, a expressão “a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”, deixa claro que o objetivo da disciplina eclesiástica é recuperar o transgressor. Era esse o objetivo de Paulo, quando entregou Himeneu e Alexandre a Satanás, a fim de que aprendessem a não mais blasfemar (1Tm 1:20).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Milagre no metrô – 2

Muitas graças darei ao Senhor com os meus lábios; louvá-Lo-ei no meio da multidão. Salmo 109:30

“Durante toda a conversa, parecia haver algo de familiar nesta história. Uma jovem senhora que eu conhecera recentemente na casa de amigos também era de Debrecen. Ela estivera em Auschwitz e de lá havia sido transferida para trabalhar em uma fábrica de munição.

Seus parentes morreram todos nas câmaras de gás. Mais tarde, foi liberta pelos americanos e veio aos Estados Unidos no primeiro navio de imigrantes, em 1946.

A história dela me comoveu tanto que resolvi anotar seu endereço e telefone, com o intuito de convidá-la para conhecer minha família, e assim ajudar a aliviar o terrível vazio de sua vida.

Parecia impossível haver qualquer conexão entre essas duas pessoas, mas, ao me aproximar de minha estação, folheei ansioso minha agenda de endereços. Então lhe perguntei se o nome de sua esposa era Marya.

Ele empalideceu. “Era! Como sabe?”

Agarrei-o pelo braço, descemos na estação seguinte e procuramos um telefone. Disquei o número dela, o telefone chamou várias vezes e, por fim, Marya Paskin atendeu.

Apresentei-me e lhe pedi para descrever seu marido. Ela o descreveu e quando lhe perguntei se já havia morado em Debrecen, ela me deu o endereço. Pedi-lhe que aguardasse na linha, me virei para Paskin e perguntei: “Você e sua esposa moravam em tal e tal rua?”

Ele tremia todo e disse que sim. “Tente se manter calmo, pois um milagre está para acontecer com você. Pegue o telefone e fale com sua esposa!”

Seus olhos brilhavam em lágrimas. Pegou o telefone, ouviu por um momento a voz da esposa, e então disse: “Aqui é o Bela! Aqui é o Bela!” e começou a balbuciar histérico.

Peguei o telefone de suas mãos e disse a Marya: “Fique onde está. Estou enviando seu marido a você.”

Bela chorava como um bebê e não parava de repetir: “É minha esposa. Vou ver minha esposa!” Pensei em acompanhá-lo, mas depois achei que não seria um momento próprio para a presença de um desconhecido. Coloquei-o num táxi, dei o endereço de Marya ao motorista, paguei a corrida e me despedi.

O encontro de Bela Paskin com a esposa foi um momento tão comovente que eles não conseguiam se lembrar do que aconteceu. Mais tarde, Marya me disse que quando desliguei o telefone, ela foi se olhar no espelho para ver se os seus cabelos já estavam grisalhos. E então um táxi parou à porta de sua casa e seu marido veio em sua direção.

Teria sido tudo isso uma incrível sucessão de acasos e coincidências, ou Deus interferiu para que esse casal se reencontrasse? (Paul Deutschman)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Milagre no metrô – 1

Rendam graças ao Senhor por Sua bondade e por Suas maravilhas para com os filhos dos homens! Salmo 107:15

Na manhã do dia 10 de janeiro de 1948 o húngaro Marcel Sternberger entrou no trem habitual das 9h09, em Long Island, Nova York. De repente, decidiu visitar Laszlo Victor, um amigo húngaro que morava no Brooklyn e estava doente. Assim, no Parque Ozone, Sternberger trocou de metrô para ir ao Brooklyn, foi à casa de seu amigo e ficou lá até o meio da tarde. Depois tomou o metrô para seu escritório na Quinta Avenida, em Manhattan. A seguir, a incrível história de Marcel.

“O vagão estava lotado e não parecia haver a menor chance de eu me sentar. Mas quando entrei, um senhor sentado perto da porta levantou-se subitamente para sair e eu tomei seu assento.

Os traços do homem à minha esquerda me chamaram a atenção. Ele provavelmente beirava os 40 anos, e quando levantou o olhar, parecia haver em seus olhos uma expressão de dor. Ele lia um jornal húngaro e algo me compeliu a dizer-lhe em húngaro: “Espero que não se importe se eu der uma olhada no seu jornal.”

O homem pareceu surpreso por alguém falar com ele em sua língua nativa. Mas apenas respondeu educadamente: “Pode lê-lo agora. Terei tempo mais tarde.”

Durante a meia hora que durou a viagem à cidade, conversamos muito. Ele se chamava Bela Paskin. Era estudante de direito quando começou a II Guerra Mundial, e então os alemães o enviaram à Ucrânia. Foi capturado pelos russos, que o forçaram a trabalhar enterrando alemães mortos. Depois da guerra, ele andou centenas de quilômetros a pé até chegar a sua casa em Debrecen, uma grande cidade no leste da Hungria.

Quando foi ao apartamento onde antes moravam seus pais e irmãos, só encontrou estranhos morando lá. Foi então ao segundo andar, ao apartamento que antes era seu e de sua esposa. Também estava ocupado por estranhos. Ninguém ouvira falar de sua família. Ao sair, cheio de tristeza, um garoto correu até ele chamando: “Tio Paskin, tio Paskin!” A criança era filho de seus antigos vizinhos.

Ele foi à casa do garoto e conversou com seus pais, os quais lhe contaram que os nazistas haviam levado sua esposa e toda a família dele para Auschwitz, onde morreram. Paskin perdeu as esperanças.

Poucos dias mais tarde, triste demais para permanecer na Hungria, saiu novamente a pé, cruzando fronteira após fronteira até chegar a Paris. Conseguiu imigrar para os Estados Unidos apenas três meses antes de eu conhecê-lo.”

Leia o restante da história amanhã.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O sábado e a liberdade

Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado. Deuteronômio 5:15

Segundo a história oficial, D. Pedro I, em viagem de Santos para São Paulo, ao chegar às margens do riacho Ipiranga, recebeu uma carta com ordens de seu pai para voltar a Portugal. Vieram também outras duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava o imperador a romper com Portugal, e outra, da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro.

Impelido pelas circunstâncias, D. Pedro desembainhou a espada e pronunciou a famosa frase “Independência ou Morte”, rompendo os laços de união política com Portugal.

É interessante notar que o dia de nossa libertação política – 7 de setembro de 1822 – foi um sábado. Digo que é interessante porque o sábado é um dos maiores símbolos de liberdade que existe. Muitos adventistas hoje talvez se sintam inclinados a pensar o contrário – que ele restringe nossa liberdade, já que o maior problema que os adventistas enfrentam é o da guarda do sábado.

Mas a Bíblia nos diz que o sábado esteve por trás do primeiro grande movimento de libertação que a história registra – o Êxodo. Quando Israel esteve cativo no Egito, os capatazes egípcios tornaram impossível a guarda do sábado para eles. Faraó os chamou de preguiçosos. Acusou Moisés e Arão de interromper o povo no seu trabalho (Êx 5:4).

Então Deus instruiu Moisés a dizer a Faraó: “O Senhor, o Deus dos hebreus, me enviou a ti para te dizer: Deixa ir o Meu povo, para que Me sirva no deserto” (Êx 7:16). Parece claro, portanto, que o impedimento para se guardar o sábado contribuiu para deflagrar o Êxodo. Tanto é que após o Êxodo Deus estabeleceu o sábado entre o Seu povo como um sinal de sua libertação (ver Dt 5:15).

E para os que pensam que esse sinal foi dado só para os israelitas, basta ler Isaías 56:1-7 para ver que esta não é a realidade. Esse foi o manifesto de Deus a todos os povos, que não pertencem ao Israel segundo a carne. Esse sinal divino de liberdade não se restringe a nenhuma época específica e a nenhum povo. Os estrangeiros e os eunucos também estavam incluídos.

Nenhuma pessoa na face da Terra deve ser excluída desse concerto e dessa bênção. Todos podem se tornar participantes da história e da herança de Israel.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tristeza do coração

Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Neemias 2:2

Não é agradável conviver com alguém que está a maior parte do tempo com a testa franzida e a expressão carregada, denotando tristeza, preocupação ou mau humor. As pessoas percebem, é claro, que algo não vai bem e ficam se perguntando: “Será que é comigo? Fiz alguma coisa errada?” Em alguns casos é melhor perguntar à pessoa, para tirar a dúvida.

Foi o que fez o rei Artaxerxes, ao observar o rosto de Neemias. Ele lhe perguntou: “Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração.” Bom observador, esse rei. Num relance, ele percebeu que Neemias não estava bem e que seu problema não era físico, mas emocional.

Neemias ficou com medo, pois como copeiro real ele não podia se dar ao luxo de se apresentar diante do rei com a expressão facial abatida ou mal-humorada. “Um servo que mostrasse mau humor perante o rei poderia ser considerado um conspirador, ou um mau empregado. Uma fisionomia triste nunca era tolerada na presença real” (Champlin).

Por um momento Neemias pensou que perderia a cabeça, pois cabeças de servos não tinham muito valor na corte real, naquele tempo. Por isso, apressou-se a responder: “Viva o rei para sempre!” Ele queria que o rei soubesse que por trás de seu semblante triste não havia nenhum plano para envenená-lo. “Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?” (Ne 2:3)

Poucos monarcas se incomodariam com os problemas pessoais de seus servidores, e menos ainda em solucioná-los. Mas Artaxerxes era um homem sensível e bondoso, e perguntou a Neemias: “Que me pedes agora?” (v. 4).

Neemias então fez uma breve oração, pois temia a reação do rei à solicitação que iria fazer, o que implicaria uma mudança na política do império persa para com os judeus de Jerusalém. Ele pediu permissão para ir a Jerusalém, a fim de restaurar as muralhas da cidade. O rei concordou.

Foi a tristeza do rosto de Neemias que deu início a todo esse processo. Mas certamente foi a interferência divina na disposição do rei, como resposta à oração de Neemias, que resultou no sucesso da missão do servo do rei, pois tristeza e mau humor geralmente não resolvem dificuldades.

Seja qual for o problema que você está enfrentando, peça ajuda a Deus para colocar-lhe no rosto um sorriso. O resultado é que a vida também irá sorrir para você.

domingo, 5 de setembro de 2010

Vinte e um dias de luta

Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. Daniel 10:13



Daniel havia estado orando e jejuando durante três semanas, pedindo luz sobre visões anteriores que ele não havia entendido. Ao mesmo tempo, porém, ele intercedia por seu povo, para que o decreto de Ciro permitindo a reconstrução do Templo em Jerusalém, fosse mantido. Os samaritanos haviam enviado falsos relatórios a Ciro, tentando impedir a reconstrução e o monarca agora estava indeciso quanto ao que fazer.



É nesse contexto que devemos entender essa resistência do “príncipe da Pérsia” ao anjo Gabriel. Quem era esse “príncipe”, que ousou resistir a um anjo de Deus durante três semanas? Certamente não era Ciro, mas um anjo caído designado por Satanás para influenciar o governo da Pérsia.



Aqui nós temos um incidente bíblico e histórico que afasta a cortina dos acontecimentos visíveis e nos dá um vislumbre do que ocorre por trás dos bastidores, nessa luta entre as forças do bem e as do mal. “Durante três semanas Gabriel se empenhou em luta com os poderes das trevas, procurando conter as influências em operação na mente de Ciro; e antes que a contenda terminasse, o próprio Cristo veio em auxílio de Gabriel” (Profetas e Reis, p. 572).



A luta referida nesse relato bíblico foi no sentido de que cada anjo procurava convencer o rei a tomar uma decisão. Podemos imaginar o “príncipe da Pérsia” cochichando aos ouvidos de Ciro: “Esses judeus não são dignos de confiança. Eles vão acabar se rebelando como já fizeram antes e trazendo instabilidade ao seu reino. Impeça já a construção do seu Templo.” Por outro lado, o anjo de Deus procurava contrabalançar essa influência maléfica, dizendo: “Ciro, você é o Ungido de Deus, escolhido para libertar o Seu povo. Parabéns por sua decisão. Deixe que eles continuem a construção e Deus o abençoará.” Com a ajuda de Cristo, Ciro finalmente tomou uma decisão favorável ao povo de Deus.



Esse episódio mostra que há forças antagônicas agindo constantemente sobre nós e procurando nos induzir ao mal ou ao bem. Procuremos ouvir a voz de Deus nos falando ao coração.