terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonhos e visões

E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos. Atos 2:17
As Escrituras Sagradas fornecem inúmeros exemplos de que Deus Se comunica com os homens através de sonhos e visões (Nm 12:6). Entretanto, a Bíblia ensina claramente que nem todos os sonhos são de origem divina e Deus deu instruções específicas para que os falsos sonhos sejam descobertos e os falsos sonhadores desmascarados (Dt 13:1-5). Nos tempos de Moisés, o falso profeta ou sonhador que induzisse o povo à idolatria devia ser morto (v. 5).

O simples cumprimento de um sonho não deve ser aceito como prova exclusiva de que ele procede de Deus. É absolutamente necessário que ele esteja em harmonia com as verdades previamente reveladas (Is 8:19, 20). Ellen White cita o seguinte exemplo:

“Em um lugar, quatro pessoas de uma família pretendiam ter comunicações do Senhor, reprovando o erro, e prediziam coisas que na verdade aconteceram. Isso inspirou confiança neles. Mas as coisas que não aconteceram foram conservadas em trevas, ou tratadas como algo misterioso, que seria compreendido posteriormente. De onde recebiam esses sua inspiração? – De instrumentos satânicos, que são muitos” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 76, 77).

Ellen White também descreve como Satanás muitas vezes tentou enganá-la e a seu marido com falsas mensagens: ”Falsos caminhos têm-nos sido tantas vezes indicados [...] Temos tido de exercitar intensamente toda faculdade mental, confiando na sabedoria de Deus [...] a fim de não sermos enganados nem enganarmos outros” (ibid., p. 75).

Deus prometeu derramar Seu Espírito abundantemente sobre todos, homens e mulheres, jovens e velhos, antes da vinda de Cristo. É a chamada “Chuva Serôdia”, que será muito mais copiosa do que a Chuva Temporã, derramada no Pentecostes. Mas é preciso estar atento, pois Satanás também operará com toda a sua força e influência através de “milagres inacreditáveis, tais como fazer cair fogo do céu diante dos olhos de todo o mundo” (Ap 13:13, BV).

Com sinais e maravilhas de Deus de um lado e prodígios de Satanás de outro, cada pessoa precisará decidir em quem acreditar. Aqueles que estiverem bem fundamentados na Palavra de Deus não serão enganados.












segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vítima de abuso emocional

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4:18

Amália foi vítima de abuso por parte do marido – um membro respeitado da igreja. Mesmo depois que seu casamento terminou, a tortura emocional continuou, afetando profundamente sua própria identidade.

O que ela não sabia é que os maridos que abusam da esposa nem sempre são grosseiros, sem educação ou descorteses. Externamente eles podem até parecer “espirituais”, dedicados, amistosos e afetivos. Enfim, aquele tipo que Jesus chamou de “sepulcros caiados” (Mt 23:27). Isto torna extremamente difícil que a vítima de abuso seja levada a sério ao se queixar.

O marido de Amália não recorria à violência física, mas tinha controle total sobre ela. Eis seu desabafo: “Respondia perguntas dirigidas a mim, vigiava meus telefonemas, selecionava os amigos e membros aceitáveis de minha família, decidia como gastar o meu salário e escondia as chaves do meu carro, de modo que eu só podia dirigir quando ele permitisse. Ele me tornou totalmente dependente dele.”

Finalmente, Amália adquiriu coragem para falar com o seu pastor. E quando a situação chega a esse ponto é porque o abuso já se tornou crônico. Mas como o seu marido era membro ativo da igreja, e ela estava fazendo tratamento para depressão, a conclusão “óbvia” a que todos chegavam é que ela é quem não conseguia manter um relacionamento conjugal saudável. Ao perceber que não teria auxílio dos membros da igreja, e que muitos líderes tomaram o partido do marido, ela procurou e encontrou apoio em outros amigos e nas palavras de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos.”

Amália conclui seu relato dizendo: “Jesus está gradualmente completando esta obra em minha vida. É uma jornada profundamente pessoal, do cativeiro de espírito para a liberdade. Preciso constantemente examinar meu coração e aprender a perdoar sem que me peçam perdão ou admitam que erraram. Mas Deus me deu alegria e forças” (Ministry, novembro de 2008, p. 20, 21).










domingo, 28 de novembro de 2010

Desvendando o mistério de Romanos 8:28

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. Romanos 8:28

Ao explorar atentamente Romanos 8:28, Jeris Bragan entendeu que havia três itens a serem abordados: (1) Eu me enquadro nos planos de Deus? (2) Eu realmente amo a Deus? (3) Haveria algo de “bom” em minha situação?

Embora não soubesse os detalhes dos planos de Deus para sua vida, ele estava disposto a se enquadrar. Em segundo lugar, ele tinha tanta certeza de que amava a Deus como à sua própria família.

O terceiro item é que era o problema. Ele reconhecia que Deus havia abençoado sua vida de várias maneiras. Mas isso era tudo? Ele sentia que havia algo mais, mas não conseguia descobrir o que era.

Vários meses se passaram até que ele pudesse se debruçar sobre os problemas filosóficos e teológicos que Romanos 8:28 lhe apresentavam. Mas o mistério só começou a ser solucionado quando ele ligou o verso 28 com o 29: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”

Ele leu o texto dezenas de vezes antes que o seu significado finalmente quebrasse suas ideias preconcebidas sobre como Deus faria as coisas cooperarem para o seu bem. Ele queria que esse “bem” fosse do seu jeito. O bem seria sua libertação da prisão, a recuperação do seu nome, o direito de estar com a família e os amigos, a oportunidade de trabalhar e escrever num ambiente sem estresse. Esse seria o bem máximo.

“Mas Deus vê o nosso bem maior em termos radicalmente diferentes. Parafraseando o texto, seria assim: ‘Todas as coisas – o bom, o mau e o feio – cooperam, pela graça de Deus, para o propósito supremo de nos tornar semelhantes a Jesus’” (Advent Review, 12/08/1993, p. 10).

Ser semelhante a Jesus pode significar participar de Seus sofrimentos (Rm 8:17), e é muito mais fácil falar sobre isso do que viver a experiência. Jeris Bragan afirma que “as pessoas mais semelhantes a Cristo que ele conheceu foram as que sofreram profundamente. Elas são testemunhas vivas da bondade de Deus, mesmo em meio à fornalha da adversidade”.

sábado, 27 de novembro de 2010

Todas as coisas cooperam para o bem?

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito. Romanos 8:28

Em 1977 um detetive adventista chamado Jeris Bragan, foi condenado a 99 anos de prisão, no Estado do Tennessee, EUA, acusado de homicídio qualificado. Devido às muitas irregularidades que houve no processo, ele foi libertado após cumprir 15 anos. Durante seu aprisionamento ele testemunhou os “casos mais absurdos de selvageria humana naquele zoológico humano, inclusive 29 assassinatos”.

Embora não acreditasse que Deus fosse interferir no abuso que as pessoas cometem umas contra as outras, ele tinha esperança de que Deus ouvisse suas orações para ser libertado, pois se considerava inocente das acusações. Ao caminhar pelo pátio da prisão, um texto bíblico aflorou à sua mente com insistência: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. Muitas vezes ele havia confortado amigos que estavam passando por dificuldades, citando essa promessa. Mas agora essa promessa tinha um sabor amargo para ele. Ele não conseguia compreender como, em todas as coisas, Deus estava operando para o seu bem.

Ele pensou: “É em tempos de intenso sofrimento que as nossas brilhantes ideias religiosas são postas à prova. É nessas ocasiões que nos lembramos dos sermões que ouvimos sobre como Deus ouve as orações. Sentados confortavelmente nos bancos da igreja, vemos com clareza como “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.

“Mas quando você é demitido de seu emprego, não recebe a promoção que merecia, sofre com falsos boatos, é traído por seu cônjuge, vê seu filho enveredar pelo caminho das drogas, você continua confiante de que todas as coisas estão cooperando para o seu bem? Estas são perguntas difíceis que provam nossa fé em Deus.”

Em tais momentos de perplexidade é bom estudar “a história de José e de Daniel. O Senhor não impediu as armadilhas dos homens que procuravam fazer-lhes mal; mas conduziu todos os planos para o bem de Seus servos, que no meio de provas e lutas mantiveram sua fé e lealdade” (A Ciência do Bom Viver, p. 487).

Jeris não sabia quais eram as respostas para as suas perguntas, mas estava decidido a desvendar o mistério de Romanos 8:28.

Leia, amanhã, o que ele conseguiu descobrir.














sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Responsável ou fiscal?

Então o Senhor perguntou a Caim:“Onde está seu irmão Abel?” Respondeu ele: “Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?” Gênesis 4:9, NVI

Um dia, um pastor abordou um membro da igreja dizendo que precisava conversar com ele e a esposa, juntos. A visita foi marcada e, num domingo de manhã, o pastor compareceu à casa deles.

Sem muitos rodeios, o pastor foi logo dizendo que havia visto a senhora no centro da cidade, e que, segundo seu critério, ela não estava vestida de maneira apropriada, e pedia sua colaboração. A irmã, indignada com o que lhe pareceu uma intromissão em sua vida particular, se retirou da sala, deixando o marido e o pastor falando sozinhos. Esse episódio somou-se a outros fatores, e, finalmente, ela deixou a igreja.

Somos nós, tanto pastores como membros, responsáveis por nosso irmão? Sem dúvida. Mas, ser guardador, tutor ou responsável é uma coisa. Ser fiscal é outra bem diferente. No entanto, há pessoas na igreja tão preocupadas em fiscalizar a vida dos irmãos, com a justificativa de “preservar o bom nome da igreja”, que acabam interferindo na liberdade de consciência que Deus deu a cada um.

No tempo de Cristo esse controle social já existia, e Ele próprio foi vítima dos “zelosos da lei”, mas não tão zelosos no amor, que O acusaram de ser “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7:34). E quando Cristo curou um paralítico no sábado, os fiscais, zelosos das normas, imediatamente advertiram o que fora curado, dizendo-lhe: “Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito” (Jo 5:10).

Em outro sábado, os discípulos, com fome, entraram numa seara, colheram espigas e as comeram. Novamente, os “representantes da lei” reclamaram para Jesus que os Seus discípulos faziam “o que não é lícito fazer em dia de sábado” (Mt 12:2). Além disso, eles foram também acusados de não lavar as mãos quando comiam (Mt 15:2). Acontece que aqueles acusadores eram réus de coisas muito piores, como Cristo deixou claro nos versículos seguintes.

A igreja tem normas a seguir? É claro que sim. Mas “em questões de consciência, a alma deve ser deixada livre. Ninguém deve controlar o espírito de outro, julgar por outro, ou prescrever-lhe o dever. Deus dá a toda alma liberdade de pensar, e seguir suas próprias convicções” (O Desejado de Todas as Nações, p. 550).

“Cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12). Por isso, ninguém deve se intrometer naquilo que tem que ver com a consciência alheia.














quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Gratidão pelas pulgas

Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1 Tessalonicenses 5:18

Corrie ten Boom foi uma holandesa que ajudou a salvar a vida de muitos judeus escondendo-os dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Sua família, porém, foi denunciada por um informante holandês e presa no dia 28 de fevereiro de 1944. O pai de Corrie morreu dez dias após a prisão.

Ela e a irmã Betsie foram enviadas a Ravensbrück, o campo de extermínio de mulheres, na Alemanha. Elas conseguiram levar uma Bíblia escondida para o alojamento nº 28, que estava cheio de pulgas. Ficaram admiradas pelo fato de gozarem maior liberdade ali do que em outros alojamentos, e por isso realizavam cultos com outras prisioneiras sem serem incomodadas. Um dia, ao lerem o verso acima, Betsie disse: “Corrie, precisamos dar graças pelas pulgas também, pois esse texto não diz que devemos dar graças só nas situações agradáveis. As pulgas fazem parte deste lugar em que Deus nos colocou.”

Relutantemente a irmã deu graças por aqueles insetos incômodos, certa de que Betsie desta vez exagerara na dose. Mas um dia elas entenderam por que podiam ficar mais à vontade no alojamento nº 28: é que os guardas e as supervisoras não entravam ali por causa das pulgas! O que parecia ser uma maldição se tornara uma bênção para elas. Portanto, devemos dar graças até pelas aparentes desgraças.

A gratidão é uma das mais nobres virtudes que caracterizam a vida cristã. Entretanto, são poucos os que a cultivam. A maioria é capaz de, por anos a fio, lembrar-se de uma pequena ofensa. Mas se esquece de um favor muito facilmente.

O Dr. Samuel Leibowitz, famoso advogado criminalista nos Estados Unidos, salvou 78 homens da cadeira elétrica. Quantos desses homens voltaram para lhe agradecer ou, ao menos, se deram ao trabalho de enviar-lhe um cartão de Natal? Nenhum!

Certa vez, Jesus curou dez leprosos. Apenas um voltou para agradecer-Lhe. Cristo, então, Se voltou para ele e perguntou: “Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?” (Lc 17:17).

A gratidão requer grandeza de alma, e essa é uma virtude que poucos possuem. Temos muito a agradecer ao Pai celeste. Vamos cultivar essa virtude não só hoje, que é Dia de Ação de Graças, mas todos os dias.














quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Idolatrar a si mesmo

Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. 1 João 5:21

Parece não haver dúvida de que o apóstolo João escreveu sua primeira epístola da cidade de Éfeso, por volta do ano 90 d.C. Éfeso era famosa por seus ídolos. Ali estava o templo da deusa Diana, que era uma das maravilhas do mundo e cuja fabricação de imagens movimentava a economia local. Mas acima da idolatria popular, havia muitos que praticavam artes mágicas. Além disso, alí o gnosticismo e o dualismo desfrutavam de prestígio, e era ensinada a doutrina dos nicolaítas (Ap 2:6).

Cercados por semelhante ambiente, os “filhinhos” de João não podiam viver em Éfeso sem estar em constante contato com a idolatria em suas várias formas, bem como com doutrinas espúrias. Assim, a interpretação literal desses ídolos aos quais o apóstolo João se refere tem o seu lugar.

Mas, com certeza, a aplicação da advertência de João vai muito além disso, pois a essência da idolatria é dar a outro o amor, reverência e devoção que devem ser dedicados exclusivamente a Deus. Muitos fazem das riquezas o seu deus. E Paulo diz que a avareza é idolatria (Cl 3:5). Outros vivem para o prazer, ou idolatram o poder, a honra, a fama.

Não é muito difícil abster-se de adorar deuses mortos, mas é preciso cuidar para não adorar deuses vivos, como um parente, amigo, a esposa, o marido ou filho. E o pior de tudo é quando alguém faz de si mesmo um ídolo. Este é um pecado que desonra e insulta a Deus de modo especial, pois Deus diz: “A Minha glória, pois, não a darei a outrem” (Is 42:8).

Ao que tudo indica, esta era a principal preocupação do apóstolo João, ao pedir que nos guardássemos dos ídolos. A maioria dos intérpretes dessa primeira epístola de João acredita que ela foi escrita a uma igreja dividida em torno da natureza de Cristo e normas eclesiásticas. A disputa foi tão séria que alguns membros saíram da igreja (1Jo 2:19; 4:5).

“Aparentemente o apóstolo concluiu que os indivíduos que abandonaram sua congregação haviam se tornado seus próprios ídolos. O individualismo sem a comunidade se torna um ídolo!” (Niels-Erik Andreasen).

Podemos ser filhos de Deus quando colocamos o eu acima de tudo? Deus é nosso Pai e Ele deseja que vivamos em comunhão, nada fazendo “por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Beijo ou aperto de mão?

Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Romanos 16:16

Quando estive na igreja adventista de Valença, no sul da França, notei muito calor humano à saída. Todos se cumprimentavam, ou com um aperto de mão ou com abraços e beijos – mulheres com mulheres, homens com homens e também entre homens e mulheres. Ninguém é ignorado.

O Brasil é o país do “beijinho beijinho”, antes praticado apenas entre as mulheres, e agora generalizado entre homens e mulheres também. Muitas de nossas igrejas já o adotaram também, embora não seja uma prática oficial, pois é preciso respeitar sempre as variações culturais de cada lugar. O “beijo santo” da igreja apostólica, com o passar do tempo foi substituído pelo abraço, pelo sorriso e por um caloroso aperto de mão.

O pastor George Knight conta que estava cumprimentando os irmãos à saída da igreja, quando uma senhora o agarrou e lhe deu um beijo nos lábios. Ele considerou esse beijo uma perversão do ósculo santo, que “devia ser dado na face, ou na testa, ou na barba, ou nas mãos, ou nos pés, mas nunca nos lábios” (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 818).

O ósculo era uma maneira comum de saudação no oriente (ver Gn 29:11, 33:4), e ao que tudo indica era também um sinal de homenagem entre os israelitas (1Sm 10:1), muito antes de existir o cristianismo. Esse costume passou à igreja primitiva, não só como saudação, mas também como parte da liturgia. Justino Mártir relata que o ósculo santo era usado nas despedidas e também na celebração da Ceia do Senhor. Na Igreja Ortodoxa Grega essa prática é preservada até hoje, nas festividades religiosas.

É interessante notar como a expressão “ósculo santo” aparece nas várias versões bíblicas. A Nova Versão Internacional utiliza a expressão “beijo santo”. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje usa “beijo de irmão”. E a Bíblia Viva não traduz, mas adapta a expressão para “apertos de mão”.

Em nossas igrejas, seja qual for o tipo de saudação – abraço, beijo ou aperto de mão – o importante é cumprimentar os irmãos. Não há nada pior do que entrar e sair de uma igreja e não ser saudado por ninguém, o que denota frieza e indiferença. Quem é tratado assim não se sente encorajado a retornar.












segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O amigo do peito de Jesus

Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos Seus discípulos, aquele a quem Ele amava. João 13:23

O discípulo a quem Jesus amava não é identificado pelo nome. Por isso, alguns pensam que se tratasse de Lázaro, pois é dito que Jesus o amava (Jo 11:36). Outros imaginam que fosse o jovem rico, porque Marcos afirma que Jesus o amou (Mc 10:21). E há quem pense se tratar de algum discípulo desconhecido, que era tão chegado a Jesus como um filho. Mas é opinião generalizada de que esse discípulo amado não era outro senão João.

Estar “conchegado” a Jesus significa literalmente estar reclinado sobre Seu peito, pois os judeus não se assentavam à mesa – eles se reclinavam à mesa, que era “um bloco sólido e baixo com almofadas ao seu redor e tinha o formato de um U. O lugar de honra estava no centro. Os hóspedes se reclinavam com o cotovelo esquerdo sobre a mesa, ficando com a mão direita livre para manusear o alimento. Sentados dessa maneira, a cabeça de um homem ficava literalmente sobre o peito daquele que estava à sua esquerda. Jesus estava sentado ao centro. O discípulo a quem Ele amava devia estar à Sua direita, com o cotovelo esquerdo apoiado na mesa e a cabeça junto ao peito de Jesus” (William Barclay, The Gospel of John, v. 2, p. 168).

Por que é que João se refere a si mesmo de maneira indireta? Seria por modéstia? Ou ao se declarar “o discípulo amado” (Jo 19:26) ele estaria justamente se demonstrando imodesto? Por que não se identifica dizendo: “Eu sou João, filho de Zebedeu e Salomé”? Por que não diz: “Eu sou um discípulo, apóstolo, evangelista, autor de um dos evangelhos”, e sim, “eu sou o discípulo amado”, ou “aquele a quem Ele ama”? Se você se identificasse como “o filho predileto dos seus pais”, ou como “o funcionário de quem o gerente mais gosta”, isso pareceria modéstia ou arrogância? Soa mais como arrogância, não é mesmo?

João, porém, tinha certeza de sua intimidade com o Mestre. Jesus o apreciava desde o tempo em que o chamara de “filho do trovão” (Mc 3:17). E agora o amava ainda mais, visto que esse discípulo havia crescido e que a imagem divina resplandecia em seu caráter.

Cada um de nós pode reclinar-se ao peito de Jesus, confiar-Lhe seus segredos e dizer com sinceridade: “Eu sou amigo do peito de Jesus”. Isso não é imodéstia ou orgulho, mas certeza de ser amigo íntimo do Salvador.

domingo, 21 de novembro de 2010

Ellen White em seu contexto

Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali. Isaías 28:10

Há certas declarações da Sra. White que, se forem tiradas de seu contexto histórico, negligenciando-se o tempo e as circunstâncias em que foram escritas, trarão dificuldades aos leitores atuais. Um exemplo deste fato é o seguinte:

“Quando eu estava na Suíça, veio-me de Battle Creek, a notícia de que se elaborara um plano segundo o qual ninguém que trabalhasse no escritório ganhasse mais de doze dólares por semana. Disse eu: Isto não vai dar certo; alguns terão necessidade de receber mais do que isso. Mas o dobro desta importância não deve ser dada a homem algum que trabalhe no escritório” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 192).

Imaginem aplicar essa declaração literalmente aos tempos de hoje. Todos os que trabalham nos escritórios teriam de viver com menos de 48 dólares por mês!

Em 1893 a Sra. White enviou a seguinte mensagem à sessão da Associação Geral, que estava tendo lugar: “Nem um entre vinte dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para finalizar sua história terrestre” (Serviço Cristão, p. 41).

De vez em quando, um pregador bem intencionado cita esse texto, na tentativa de levar a igreja ao reavivamento pelo caminho do temor. Entretanto, “esta declaração precisa ser entendida como sendo aplicável à situação em 1893, na ocasião em que a mensagem foi apresentada. Foi dada para despertar a igreja e levar a uma mudança de condições, de modo que uma porcentagem maior de pessoas estivesse preparada para encontrar-se com o Senhor. A aplicação desta declaração em rigoroso detalhe hoje, seria entender mal o objetivo por que os Testemunhos foram dados” (Compreehensive Index to the Writings of Ellen G. White, v. 3, p. 3215).

Além disso, é preciso levar em consideração que Ellen White muitas vezes usava números redondos, hiperbólicos. Ela utiliza pelos menos cinco vezes a proporção 1 para 20, e pelo menos vinte e uma vezes a expressão 1 para 100.

A condenação aos casamentos mistos, bicicletas, o uso de aliança, calças compridas para mulheres, consumo de queijo, ovos, carne, estudo de psicologia, uso de drogas, perucas, cosméticos, seguros de vida e outros assuntos devem também ser considerados respeitando-se o tempo e as circunstâncias.

O excessivo apego à letra se revela pernicioso à igreja quando não se distingue uma norma de um princípio.

sábado, 20 de novembro de 2010

Ainda precisamos do dom profético?

Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis. 2 Crônicas 20:20

O cânon bíblico foi encerrado há quase dois mil anos. Nada mais pode ser acrescentado nem retirado. E os adventistas do sétimo dia apoiam o princípio dos reformadores de que a Bíblia, e somente a Bíblia, é a nossa única regra de fé e prática. Nesse caso, que lugar ocupa o dom profético manifestado no ministério de Ellen G. White? Seria ele um acréscimo ao cânon sagrado?

Definitivamente não. “Os escritos de Ellen White não constituem um substitutivo para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. [...] Ellen White considerava seus escritos como um guia para a compreensão mais clara da Bíblia” (Nisto Cremos, p. 305, 306).

O apóstolo Paulo declarou que o dom de profecia, bem como outros dons espirituais, surgiriam na igreja cristã “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4:13). Como a igreja ainda não alcançou essa experiência, a conclusão óbvia é a de que ainda precisamos desse dom. Os dons do Espírito, “incluindo o dom de profecia, continuarão a operar em benefício do povo de Deus até o retorno de Cristo” (ibid., p. 294).

Consequentemente, não se pode descartar o dom profético concedido à igreja remanescente com base no princípio Sola Scriptura (Só a Escritura), pois o surgimento desse dom nos últimos dias é justamente a confirmação do que dizem as Escrituras (ver Jl 2:28, 29; Rm 12:6-8; 1Co 12:7-11, 28; 14:1-4).

É graças a esse dom que a igreja adventista não se desintegrou durante os períodos de crise que enfrentou, como no debate sobre justificação pela fé, em 1888, quando os jovens A. T. Jones e E. J. Waggoner se opuseram aos poderosos líderes da igreja, G. I. Butler (presidente da Associação Geral) e Uriah Smith (secretário da Associação Geral e editor da Review and Herald). Se você fosse Ellen White, de que lado ficaria? Qual seria o lado mais conveniente?

Mas, graças a Deus, ela ficou do lado da verdade, e hoje os teólogos adventistas suspiram de alívio ao relembrar a posição que ela tomou. E assim tem sido, não só nos períodos de crise, mas durante os 70 anos de seu ministério profético, em que ela orientou a igreja em praticamente todos os assuntos que dizem respeito à vida cristã.

“Crede nos Seus profetas e prosperareis.” A prosperidade da igreja adventista, de um começo humilde a uma igreja mundial, é uma confirmação dessas palavras do rei Josafá.

Sejamos gratos por esse dom.
















sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Lobos no meio de ovelhas

Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:15, 16

Em todas as épocas houve falsos profetas. Já em seu tempo, Moisés advertia contra falsos profetas, estabelecendo a pena de morte para eles (Dt 13). Jeremias teve conflitos com essa classe, que anunciava paz em vez de guerra. Mas Deus disse a Jeremias: “Os profetas profetizam mentiras em Meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei” (Jr 14:14).

Jesus disse que esses falsos profetas se apresentavam disfarçados em ovelhas. Ao vigiar o rebanho, o pastor vestia uma pele de carneiro, com a pele do lado de fora e a lã por dentro. É claro, porém, que um homem podia se apresentar com roupagem de pastor mas não ser pastor. Os antigos profetas usavam uma roupagem convencional. Elias usava um manto (1Rs 19:13, 19), e foi descrito certa vez, como um “homem vestido de pelos, com os lombos cingidos de um cinto de couro” (2Rs 1:8). Esse manto de pele de carneiro, portanto, era o uniforme pelo qual os profetas eram conhecidos. Entretanto, havia homens que usavam manto de profeta, mas não viviam a vida de profeta.

Nos tempos da igreja primitiva havia também charlatães que se faziam passar por profetas, a fim de obter prestígio e viver em ociosidade, às custas da generosidade dos irmãos. Por isso a igreja criou, entre os anos 100 e 150 d.C., seu primeiro livro de praxes, chamado Didaquê, que contém instruções sobre esses profetas itinerantes: “A um verdadeiro profeta deve ser concedida a mais alta honra; ele deve ser bem-vindo e sua palavra não deve ser desprezada, nem sua liberdade cerceada; mas ele deve permanecer um dia, e se necessário, dois; se ficar três dias, é um falso profeta. Ele nunca deve pedir nada, a não ser comida. Se pedir dinheiro, é um falso profeta” (Didaquê, cap. 11, 12, citado em William Barclay, The Gospel of Matthew, v. 1, p. 287). Os italianos têm um provérbio parecido: “Hóspede é como peixe: após três dias começa a cheirar mal.”

Essas instruções parecem bastante válidas ainda hoje, para que a igreja não abrigue lobos com roupagem de ovelha em seu meio. Mas o julgamento definitivo para se distinguir os falsos profetas dos verdadeiros é o de Cristo: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A tentação do caminho mais fácil

Então, disse Jesus a Seus discípulos: Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por Minha causa achá-la-á. Mateus 16:24, 25

Um jovem, desejoso de alcançar o sucesso, foi conversar com um empresário milionário e lhe perguntou qual a principal razão do seu sucesso. O empresário respondeu sem hesitação: “Trabalho árduo.” O jovem ficou em silêncio por alguns momentos e então perguntou: “E qual é a segunda razão?”

Muitos de nós queremos alcançar o sucesso através de atalhos, ou se possível, até mesmo de braços cruzados. Assim, muitos sonham em ganhar na loteria ou pensam em criar algo que lhes traga dinheiro fácil e rápido. Mas já em seu tempo o rei Salomão advertia: “O dinheiro que vem facilmente vai-se embora depressa; o dinheiro ganho com o suor do rosto acaba rendendo juros” (Pv 13:11, BV).

O mesmo ocorre nas demais esferas da vida. Não se adquire conhecimento facilmente, e da noite para o dia. É preciso negar-se a si mesmo, estudar muito e ter perseverança até ver o esforço render os seus frutos.

Na vida familiar observa-se a mesma tendência. Os lares estão se desintegrando porque o pai ou a mãe não tem paciência para criar os filhos e simplesmente vão embora. Tudo na vida exige sacrifício. E a vida cristã não é exceção.

O jovem rico queria herdar a vida eterna, mas quando Jesus lhe disse o que fazer, ele se retirou triste, como que dizendo para si mesmo: “Eu pensei que fosse mais fácil. Mas esse preço é muito alto!” Um escriba se aproximou de Jesus e Lhe disse: “Mestre, seguir-Te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8:19, 20). Em outras palavras: “Pense bem no que você quer fazer. Não te ofereço conforto, dinheiro, nem posição. Quem quiser Me seguir precisa estar disposto a fazer sacrifício.”

“Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por Minha causa achá-la-á.” Ou seja: “Talvez um dia você seja tentado a salvar a vida abandonando a fé. Mas isso significa salvar esta vida e perder a vida eterna.”

É uma troca que não vale a pena.














quarta-feira, 17 de novembro de 2010

História de amor

Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o Seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dEle. 1 João 4:9

Moses Mendelssohn, avô do grande compositor alemão, era um homem baixo e corcunda. Um dia ele foi a Hamburgo para visitar um comerciante que tinha uma filha muito bonita. Embora Mendelssohn a admirasse muito, ela o evitava, aparentemente por causa daquela deformidade física.

No último dia de sua visita ele foi se despedir dela. O rosto da moça parecia brilhar de tanta beleza, mas quando ele entrou, ela baixou o olhar. O coração de Mendelssohn ardia de paixão por ela. Após dizer-lhe algumas palavras, ele encaminhou a conversa para o assunto que lhe transbordava da alma:

– Você acredita que os casamentos são decididos no Céu? – perguntou ele.

– Sim – respondeu ela. – E você?

– Sem dúvida – concordou Mendelssohn. – Eu acredito que quando uma criança nasce, Deus diz: “Esse garoto vai se casar com tal garota.” Mas no meu caso, Deus ainda acrescentou: “Mas sua esposa vai ter uma horrível corcunda.” Nesse momento eu disse: “Oh, Senhor, isto seria uma tragédia para ela. Por favor, deixe que eu seja corcunda e ela bonita.”

A história diz que a moça ficou tão tocada por estas palavras que tomou a mão de Mendelssohn e mais tarde se tornou sua amorosa e fiel esposa.

Ao meditarmos sobre o significado da cruz em que Cristo morreu, compreendemos que as marcas dos pregos nos Seus pés e mãos deveriam ser nossas. Mas Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o Seu Filho para tomar sobre Si nossas enfermidades e dores, e dar a vida para nos salvar.

Quando Cristo morreu, morreram também as esperanças dos Seus incrédulos discípulos. Mas quando Ele ressuscitou, aqueles discípulos temerosos e cheios de dúvidas se tornaram apóstolos de grande coragem, dispostos a morrer por Seu Mestre. Quando viram as marcas dos pregos em Suas mãos e pés, a vida deles adquiriu novo significado e objetivo.

Aqueles que viram as mãos e pés do Cristo ressurreto e têm a eternidade no coração, sempre têm um propósito na vida: contar aos outros a mais bela história de amor que o mundo já viu.


















terça-feira, 16 de novembro de 2010

Do que você sente vergonha?

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. 2 Timóteo 2:15

George aceitou Cristo aos 19 anos de idade. Porém, como os demais adolescentes, ele não queria ser diferente. Queria ser aceito pelo grupo. Mas agora se tornara cristão. Ele podia expressar facilmente suas novas convicções ao seu novo círculo de amigos cristãos, mas não sabia como dizer isto aos velhos amigos. Na verdade, ele achou mais fácil esconder seu novo “eu”. Assim, ele se sentiu espremido entre duas identidades: a nova e a velha. Em sua imaturidade espiritual, George não tinha certeza do que é que sentia orgulho e do que sentia vergonha.

Dois textos o impressionaram. O primeiro foi o de Marcos 8:38, no qual Jesus diz que quando voltar, Ele Se envergonhará daqueles que se envergonharam dEle. E o segundo foi Romanos 1:16, onde Paulo diz que não se envergonha do evangelho, porque é o poder de Deus para salvar aquele que crê. Estes textos lhe causaram impacto porque ele sentia dificuldade para abrir a boca e falar de sua nova fé para certas pessoas.

Você sente vergonha de sua fé? Você é daqueles que finge estar coçando um olho no restaurante ao fazer oração? Ao viajar por vários países do Oriente, muitos anos atrás, impressionei-me com a autenticidade dos muçulmanos. O ônibus no qual eu viajava, no Irã, teve um pneu furado. Imediatamente todos os muçulmanos que estavam a bordo saíram, inclinaram-se até encostar a testa no chão, à beira da estrada, e ali recitaram suas rezas. Vi isso acontecer várias vezes. Muitos cristãos não têm a mesma coragem de testemunhar publicamente de sua fé.

Alguns membros regulares da igreja, nesses tempos pervertidos em que vivemos, não conseguem se envergonhar de nada, exceto de sua fé. Têm mais facilidade em contar piadas obscenas do que partilhar sua fé com um colega de trabalho.

Um velho provérbio finlandês diz que mesmo uma pequena estrela brilha no escuro. Estamos vivendo em uma época de trevas morais e espirituais, e precisamos deixar nossa luz brilhar.

Do que é que você sente vergonha? Tomara que seja dos seus pecados, e não do evangelho de Cristo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando a vida nos puxa o tapete

Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer [...] Certamente, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si. Isaías 53:3, 4

O famoso cantor espanhol Julio Iglesias era um destacado goleiro do Real Madrid, e seu sonho era ser futebolista profissional. Mas aos 20 anos de idade, ao dirigir seu carro, sofreu um trágico acidente que o deixou semi-paralisado durante um ano e meio.

No hospital, Julio ouvia rádio e escrevia poemas e versos românticos. Uma jovem enfermeira que o tratava, ofereceu-lhe uma guitarra para ajudá-lo a passar o tempo. Ele começou a cantar por distração, para esquecer o tempo em que foi atleta. Aos poucos, foi melhorando na arte de tocar guitarra e compor músicas para seus poemas. Conseguiu recuperar-se do acidente e então começou sua carreira como cantor, tornando-se um sucesso internacional.

O que mudou sua vida foi um acidente de carro. Ele estava acabado para o futebol, mas não para a vida, pois foi exatamente essa tragédia que lhe permitiu mudar de rumo e obter um êxito ainda maior. Às vezes, portanto, o que parece ser um desastre, pode se transformar em bênção. Depende muito de nossa atitude. Se nos entregarmos ao desânimo e acharmos que está tudo acabado, isto acontecerá. Mas, se da fraqueza tirarmos forças, o sucesso baterá à nossa porta.

A Bíblia dedica muito espaço às dores, sofrimentos e frustrações de seus heróis. Moisés, depois de conduzir o povo de Israel pelo deserto durante 40 anos, apenas contemplou a Terra Prometida, mas não entrou nela. Ana chorava e não comia, porque não conseguia ter filhos e sua rival a provocava. Elias, temeroso por sua vida, fugiu para o deserto, sozinho e infeliz. A viúva de Naim certamente estava desesperada com a morte de seu único filho. O endemoninhado geraseno se feria com pedras. Uma mulher padeceu de hemorragia durante doze anos. O paralítico de Betesda estava enfermo havia 38 anos, e, logicamente, o sofrimento e o sacrifício de Cristo sobre a cruz. A lista de sofredores é enorme.

A vida pode nos puxar o tapete, através de uma doença, acidente, separação conjugal ou falência. O sofrimento é inevitável. E, às vezes, é até benéfico para nos despertar espiritualmente. Nessas horas difíceis, apeguemo-nos a Jesus, na certeza de que Ele levou nossas dores sobre Si. Ele sabe o que é o sofrimento, e pode nos socorrer.










domingo, 14 de novembro de 2010

O mito da grama mais verde

Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo. Êxodo 20:17

Cobiça não é admiração inofensiva daquilo que o vizinho possui. É o desejo veemente de possuir o que é dele, a ponto de incorrer em adultério, furto ou homicídio, dependendo do objeto cobiçado.

O rei Acabe, por exemplo, cobiçou a vinha de Nabote a ponto de permitir que Jezabel, sua mulher, planejasse a morte desse homem a fim de se apossar de sua propriedade (1Rs 21:1-16). Vejam o que diz Tiago: “Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:14, 15). Daí por que o décimo mandamento é diferente dos outros nove, porque enquanto eles se concentram no comportamento (Não terás, não farás, não tomarás, não furtarás, etc), este mandamento se dirige à raiz de todos os nossos problemas: os motivos.

A verdade é que somos responsáveis diante de Deus não só pelos nossos atos, mas também pelos pensamentos. Os pensamentos impróprios promovem desejos impróprios, que por sua vez geram ações incorretas: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15:19).

“Este mandamento revela a profunda verdade de que não somos escravos desamparados de nossos desejos naturais e paixões. Dentro de nós existe uma força de vontade que, sob o controle de Cristo, pode submergir todo desejo ilícito e paixão (Fp 2:13)” (SDA Bible Commentary, v. 1, p. 607, 608).

Quando cobiçamos algo, nos tornamos infelizes, porque passamos a comparar o que os outros têm com o que temos ou deixamos de ter: “Ah, se eu tivesse uma casa igual à dele!” “Ah, se minha mulher fosse assim tão carinhosa!” “Ah, se meu filho fosse tão estudioso quanto o seu!”

Qual o remédio para a cobiça? É o contentamento. “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes” (Hb 13:5). Se Jesus habita em nosso coração será mais fácil nos contentar com o que temos, pois o que realmente importa é ter a eternidade no coração.

Logo os bens terrenos passarão. Então veremos que o Céu é o único lugar onde a grama é, de fato, mais verde.














sábado, 13 de novembro de 2010

Qual o tamanho da sua fé?

Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã. Mateus 15:28

Uma mulher cananeia da região de Tiro e Sidom aproximou-se de Jesus pedindo-Lhe socorro, pois sua filha estava endemoninhada. De início, o Mestre, não lhe deu atenção, talvez para provar-lhe a fé. Os discípulos, movidos pelo preconceito religioso, pediram-Lhe que a mandasse embora. Mas essa mulher, embora fosse pagã, prostrou-se aos pés de Jesus e O adorou. E graças à sua insistência, humildade e fé, Ele atendeu-lhe o pedido, dizendo: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.”

Em nenhum momento essa mulher reivindicou seus direitos. Ela admitiu que os judeus tinham prioridade para receber as bênçãos divinas.

Os gentios ficariam com as migalhas, se sobrasse alguma coisa. Como igreja temos algo a aprender de sua humildade. Com frequência nos assentamos à cabeceira da mesa esperando ser servidos primeiro.

Em apenas uma outra ocasião Jesus elogiou alguém por sua fé. Desta vez foi um centurião romano residente em Cafarnaum. Jesus disse: “Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta” (Mt 8:10). Não há registro de que Jesus jamais tenha elogiado algum dos Seus discípulos, como Pedro, Tiago e João, dizendo-lhes: “Grande é a tua fé” (Mt 15:28). Muito pelo contrário: várias vezes Jesus Se referiu a eles como “homens de pequena fé” (Mt 8:26). Não é vergonhoso para os discípulos de Jesus terem menos fé do que os pagãos? Será que isto poderia acontecer hoje com os professos cristãos?

Jesus sempre valorizou as demonstrações de fé, independentemente de quem a manifestasse, fosse uma mulher pagã, um centurião romano ou algum dos escribas ou fariseus, pois para Ele a fé era mais importante do que a etnia da pessoa, sua posição social ou convicções religiosas.

Certamente que todos nós gostaríamos de ter estado no lugar daquela mulher cananeia. Afinal, quem não gostaria de ouvir dos lábios de Jesus: “Grande é a tua fé!?”

“Com fé, atirou-se a mulher fenícia contra as barreiras que se tinham elevado entre judeus e gentios. Apesar de não ser animada, a despeito das aparências que a poderiam ter levado a duvidar, confiou no amor do Salvador. É assim que Cristo deseja que nEle confiemos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 403).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Profecias condicionais

No momento em que Eu falar acerca de uma nação ou reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual Eu falei, também Eu Me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. Jeremias 18:7, 8

Muitas profecias, concertos, promessas e ameaças encontradas na Palavra de Deus são condicionais, quer a condição esteja explícita ou não. O seu cumprimento está condicionado à reação do homem às ordens divinas.

Assim, promessas de bênçãos podem não se cumprir para uma nação ou indivíduo desobedientes. E profecias de punição não são executadas contra os que se arrependem. Esse princípio se acha claramente enunciado em Jeremias 18:7-10.

A profecia condicional mais conhecida é contra Nínive. Jonas, depois de fazer uma viagem submarina que não estava em seus planos, finalmente chegou a Nínive.

E não chegou lá com uma mensagem de arrependimento, mas de condenação: Mais 40 dias e Nínive será destruída. Ele não ofereceu oportunidade de salvação. Não fez nenhum apelo ao arrependimento, porque pensava não haver mais escape para os ninivitas. Ele não pensou que, se Deus estivesse decidido a destruir a cidade de qualquer maneira, fosse qual fosse a reação do povo, não precisava ter enviado um profeta lá só para dizer isso. Deus simplesmente mandaria descer fogo do céu, como fez com Sodoma e Gomorra, e pronto! Se Ele mandou o profeta anunciar a destruição é porque desejava dar uma última oportunidade de arrependimento.

E nós sabemos o resultado: a cidade inteira se arrependeu. Como consequência, também “Deus Se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez” (Jn 3:10).

Outro exemplo de profecia não cumprida é a de que o rei Ezequias morreria em breve, vítima de sua doença. Ele voltou o rosto contra a parede, chorou muito, orou e então Deus mudou o que havia predito. Mandou o profeta Isaías de volta, para dizer ao rei que Deus ouvira sua oração, vira suas lágrimas, e que ele seria curado e viveria mais quinze anos (2Rs 20:1-6).

Estes são apenas alguns exemplos. Muitas promessas divinas são como um contrato entre Deus e o homem. Se o homem não cumpre sua parte, Deus fica desobrigado de cumprir a Sua. Vamos fazer o que nos compete, para que Ele cumpra Sua parte nas promessas feitas a nós, como indivíduos ou como igreja.














quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O grande erro dos judeus

Dessarte, não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Gálatas 3:28

Com a rejeição de Cristo, os judeus selaram seu destino como nação escolhida.

Na destruição de Jerusalém mais de um milhão deles pereceram. “Os sobreviventes foram levados como escravos, como tais vendidos, arrastados a Roma para abrilhantar a vitória do vencedor, lançados às feras nos anfiteatros, ou dispersos por toda a Terra, vagueando sem lar.

“Os judeus haviam forjado seus próprios grilhões; eles mesmos encheram a taça da vingança. Na destruição completa que lhes sobreveio como nação, e em todas as desgraças que os acompanharam depois de dispersos, não estavam senão recolhendo a colheita que suas próprias mãos semearam” (O Grande Conflito, p. 35).

Tragédia similar à do ano 70 d.C., só que em escala maior, foi a que ocorreu nos campos de concentração nazistas, onde morreram cerca de seis milhões de judeus. Tudo isto poderia ter sido evitado se Israel tivesse aceitado o glorioso plano divino e se tornado um instrumento de salvação para o mundo. O grande erro dos judeus foi pensar que a salvação era só para eles. O apóstolo Paulo deixa isso bem claro em Gálatas 3:28, 29.

O atual Estado de Israel, que se estabeleceu na Palestina em 1948, não está cumprindo o propósito divino de ser luz para as nações. Nada tem a ver com a evangelização do mundo. Não mais desempenha qualquer papel no cumprimento das profecias bíblicas no tocante ao plano de Deus para salvar os perdidos.

Entretanto, “apesar do fracasso de Israel em cumprir os termos de sua missão como nação escolhida, Deus em Sua sabedoria decidiu manter Suas promessas ao preservá-los como um povo separado. Ele não destruiria totalmente Israel, apesar de tudo que eles pudessem fazer (Lv 26:44, 45). Embora povos como os babilônios, amonitas, moabitas, assírios e hititas tivessem deixado de existir, os judeus continuam sendo um povo distinto e separado. Sua existência é um testemunho da veracidade de Deus” (Ernest W. Marter).

Mas antes de criticarmos com excessiva severidade o povo de Israel pela sua obstinação, lembremo-nos de que nós constituímos o Israel espiritual. A nós foi transferida a mesma responsabilidade.

Deus rejeitou Israel como nação. Mas os judeus como indivíduos têm a mesma oportunidade de salvação que qualquer outro povo. Em Cristo Jesus “não pode haver nem judeu nem grego” (nem qualquer outro povo). Somos todos um.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O plano de Deus para Israel

Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos; [...] vós Me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. Êxodo 19:5, 6

Após o dilúvio muitas nações se desenvolveram nas terras agora conhecidas como Oriente Médio. Deus estava dirigindo os eventos em direção ao cumprimento de Seu grande plano para a humanidade. Ele tinha um mundo a salvar e uma mensagem a ser proclamada.

Para cumprir essa missão salvadora, Deus escolheria uma nação, que se tornaria um instrumento de salvação para o mundo. Ela deveria ser “um reino de sacerdotes, uma nação santa”. E pai dessa nação seria Abraão. Deus o escolheu porque viu nele um caráter íntegro, sinceridade de propósitos e fidelidade irrestrita.

Disse então o Senhor a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Ao dar-lhe esta ordem Deus queria provar-lhe a fé e ao mesmo tempo isolá-lo da influência pagã de seus concidadãos, a fim de instruí-lo e prepará-lo para a gloriosa missão.

Fiel à ordem divina, lá se foi Abraão, através do deserto, marchando pela fé para uma terra desconhecida. O lugar para onde Deus o dirigia era o mais estratégico do mundo – a Palestina. Os estadistas do mundo inteiro reconhecem a extraordinária importância geográfica de Israel. Os líderes das nações lutam para obter a supremacia ali, sabendo que a potência que dominar aquela área possuirá um ponto favorável no jogo político mundial.

Sim, Deus plantaria Sua nação na encruzilhada de três continentes. Para que fim? Para se tornar uma potência militar? Longe disso. O plano de Deus é que Israel se tornasse uma potência espiritual, um centro de difusão do conhecimento do verdadeiro Deus. Assim, tanto as promessas territoriais como as promessas feitas a Israel como um povo, não eram um fim em si mesmas, mas parte do plano de Deus para salvar a humanidade. Como Israel não cumpriu sua parte do contrato, Deus ficou desobrigado de cumprir a Sua, e tomou de volta Sua herança (Jr 17:1-4; 15:13, 14).

Hoje, os seguidores de Cristo olham, como Abraão, além da Palestina, para a cidade celestial, construída numa pátria superior (Hb 11:10, 16).












terça-feira, 9 de novembro de 2010

O bisturi de Deus

Acaso, tenho Eu prazer na morte do perverso? – diz o Senhor Deus; não desejo Eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva? Ezequiel 18:23

A história e a arqueologia comprovam que os povos que habitavam as terras a leste do Mediterrâneo eram sumamente corruptos e depravados. Eles criaram para si uma religião sensual e idólatra. Praticavam a adoração de serpentes, sacrificavam crianças ao deus Moloque, e seus rituais eram cheios de imoralidade.

O capítulo 18 de Levítico apresenta um resumo da rebelião moral dos cananeus, contra a qual os israelitas deviam resguardar-se. O versículo 27 diz: “Porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra que nela estavam antes de vós; e a terra se contaminou.”

A imoralidade e a depravação dos cananeus havia descido tão baixo que Deus precisou destruí-los, a fim de evitar que corrompessem a moral e a religião dos israelitas, os quais Deus havia escolhido para dar ao mundo os mais elevados conceitos religiosos. Vamos ilustrar isso da seguinte maneira:

Digamos que um paciente tenha gangrena em uma perna. O médico, um homem bom, chega à conclusão de que há apenas duas alternativas: amputar a perna ou perder o paciente. Alguém que não saiba da gravidade do caso poderia pensar que o médico é uma pessoa cruel, ao vê-lo amputando a perna do paciente. Mas a amputação é um ato de misericórdia, e não de crueldade, pois é melhor, para o paciente, perder uma perna do que a vida.

Assim, poderíamos dizer que o povo de Israel foi o “bisturi” de Deus, amputando uma parte da humanidade para que a humanidade toda não se perdesse. A amputação foi um ato de amor para com a parte sadia do corpo. Por isso a destruição dos cananeus se tornou necessária: porque a gangrena da idolatria e da perversão ameaçavam destruir a religião de Israel. E se isso acontecesse, o mundo perderia totalmente o contato com Deus.

“A destruição das crianças juntamente com seus pais se justifica com base no fato de que a geração mais jovem seguirá exatamente o mesmo caminho que as gerações anteriores, isto é, que a tendência para a corrupção, rebelião e depravação estava profundamente arraigada, e dominava totalmente sua natureza, da mesma maneira como em seus pais. Destruir os pais e deixar vivos os jovens, seria apenas preservar as sementes da corrupção” (SDA Bible Commentary, v. 2, p. 201).

Quando os modernos cananeus tiverem enchido “a medida da iniquidade”, Deus intervirá a fim de salvar o Israel espiritual. Antes, porém, Ele espera que muitos se convertam dos seus caminhos e vivam.














segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Infanticídio ordenado por Deus

Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos. 1 Samuel 15:3

Inúmeras vezes, ao longo da história, as crianças têm sido vítimas da maldade humana. O faraó do Êxodo, ao tentar impedir o crescimento dos israelitas, mandou jogar no rio Nilo os recém-nascidos do sexo masculino. Os amonitas ofereciam crianças em sacrifício a Moloque. Herodes mandou matar os meninos de Belém e arredores, de dois anos para baixo. Em 1979, em um protesto de estudantes contra o governo numa escola primária, a guarda imperial do rei Bokassa metralhou 100 crianças. O mundo tem se horrorizado com essas barbáries.

Mas o que tem chocado muitos cristãos é que no passado o próprio Deus ordenou a matança completa dos inimigos de Israel, inclusive crianças de peito. Isso aconteceu tanto na destruição de Amaleque quanto da cidade de Jericó. Ninguém devia ser poupado. Não poderia Deus ter poupado as inocentes criancinhas? Não foi este um ato de crueldade? Como entender isso?

As crianças e os filhotes de animais atraem nossa afeição e piedade porque, além de serem bonitinhos são também indefesos. É lindo ver crianças brincando com animaizinhos domésticos. É divertido ver filhotes de gatos ou cães brincando entre si. Mas você já foi levado pela afeição a acariciar a cabecinha de um filhote de cascavel ou jararaca? Já fez cafuné no filhote de um escorpião?

Desculpem a comparação, mas os filhos dos cananeus a quem Deus mandou incluir no morticínio eram como filhotes de serpentes venenosas ou escorpiões. Deus sabia que, quando eles se tornassem adultos, seriam tão ímpios quanto seus pais. Preservar essas crianças seria preservar as sementes da maldade.

Deus esperou 400 anos para que os corruptos cananeus se convertessem de seus maus caminhos. Mas depois de todo esse tempo, para tristeza divina, os cananeus haviam ido tão longe em sua depravação, que uma reforma se tornou impossível. Eles haviam enchido a medida da injustiça. Haviam pecado contra o Espírito Santo, e seria inútil continuar a estender-lhes a misericórdia divina. Deus, então, ordenou a sua destruição.

Por incrível que pareça, este foi um ato de misericórdia da parte de Deus.

Veja por que, na leitura de amanhã.














domingo, 7 de novembro de 2010

O amor jamais acaba?

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, [...] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba. 1 Coríntios 13:4, 7, 8

Carol estava casada havia 25 anos e era feliz. De repente, seu marido Tom a deixou por uma mulher muito mais jovem. A traição a deixou emocionalmente devastada. O filho mais novo do casal planejava se casar dentro de um ano e Carol sonhava ficar em casa apenas com Tom, vendo nisso a chance de renovar o amor. Agora, se perguntava: Por que Tom a deixara, depois de sua dedicação a ele em todos aqueles anos?

Altair estava casado havia 34 anos e seus dois filhos também já haviam constituído seu lar. Aposentado, pensava em curtir seu tempo restante de vida com a esposa, viajando e se ocupando com atividades prazerosas a dois. Mas as coisas não aconteceram como ele planejara, pois a esposa o deixou por um homem muito mais jovem.

Tanto Carol como Altair ficaram se perguntando: Como é que o amor acaba dessa maneira? O apóstolo Paulo não diz que o amor jamais acaba?

Ocorre que Paulo, em 1 Coríntios 13, não está falando do amor conjugal, mas do amor como um princípio moral, que será perpetuado não apenas neste mundo de pecado, mas também na eternidade, pois Deus é amor, e tanto Ele como Seus atributos são eternos. Outros dons espirituais como profecias, a habilidade de falar em línguas, desaparecerão, pois foram concedidos para servir a um propósito temporário, como o andaime de um prédio.

Entretanto, o amor genuíno não murcha e morre como uma folha ou flor (Tg 1:11, 1Pe 1:24). “Quando uma flor produz a sua fragrância e beleza durante as horas ensolaradas do dia, ela serviu ao seu propósito, e o vento frio e a geada a fazem murchar e se desprender da planta. Mas com o amor não é assim. Tanto nos dias exaustivos e tensos, como quando tudo é alegria e descontração, o amor permanece o mesmo, espalhando ao redor seu aroma de confiança, esperança e fé. E é assim que deve ser, pois o amor é o próprio fundamento da lei de Deus, que é eterna. Todo crente deve cultivar esse fruto do Espírito e ter certeza de que não há experiência na vida para a qual o amor não tenha uma solução” (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 783).

sábado, 6 de novembro de 2010

Libertando os prisioneiros

O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4:18

As imagens dos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial retratam a que ponto a opressão e a maldade humana podem chegar. Elie Wiesel era um adolescente nessa época e testemunhou a morte de muitos familiares seus. Ele se lembra quando ele e os demais prisioneiros foram libertados de Auschwitz pelos aliados. Naquele dia soldados fortes e bem armados derrubaram as cercas de arame farpado do campo de concentração, e encontraram os sobreviventes esqueléticos do Holocausto.

Wiesel recorda que um soldado negro, alto e forte, ao ver o horror do sofrimento humano, se sentiu dominado pela tristeza. Ele caiu de joelhos soluçando de pesar. Os prisioneiros, agora livres, foram até o soldado, colocaram os braços em torno dele e o confortaram.

Quando Jesus iniciou Seu ministério, em Nazaré, Ele entrou num sábado, na sinagoga, olhou para os ouvintes, e contemplou as vítimas do mal. Então Se levantou e leu as palavras de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos.”

Então sentou-Se, o que nos dá a impressão de que havia terminado. Mas, na verdade, Ele estava para começar, pois o pregador falava sentado. Todos os olhares se voltaram para Ele. O que diria Jesus sobre essa grande profecia?

Para aqueles ouvintes, imersos na pobreza, ignorância e descontentamento, a única esperança de liberdade e prosperidade estava na vinda do Messias. Esta era a interpretação que os doutores da lei em Israel davam a essa profecia. E esta foi também a interpretação que Jesus lhe deu. Mas com uma diferença: Ele a aplicou a Si mesmo. Ele era o prometido Libertador. Isso significava também que eles eram os pobres, cativos, cegos e oprimidos. E não eram melhores do que os gentios.

Acostumados a ouvir coisas aprazíveis e profecias ilusórias (Is 30:10), eles ficaram furiosos e expulsaram Jesus da cidade com a intenção de matá-Lo. O povo de Nazaré não quis receber o grande Aliado que viera para libertá-los. Eles preferiram continuar pobres, cativos, cegos e oprimidos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Lugares altos

Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da Terra. Colossenses 3:2

Muitos povos antigos acreditavam que subir a um lugar alto os aproximava da divindade. Onde não havia montanhas ou colinas eram construídas elevações artificiais, para que os homens supostamente chegassem mais perto dos deuses, como era o caso dos zigurates – templos em forma de pirâmide, com terraços superpostos e uma escadaria externa que levava ao topo. Mais de vinte zigurates já foram encontrados.

Em setembro de 1971 tive a oportunidade de visitar o zigurate de Ur dos Caldeus, no sul do Iraque. Acompanhado por um policial, caminhamos dois quilômetros através do deserto, a partir da estação ferroviária de Ur. Aquele colosso se destacava no meio do deserto. Um árabe armado de espingarda nos mostrou o zigurate, tumbas de reis, inscrições e a suposta casa de Abraão, explicando tudo num inglês quebrado como as próprias ruínas ao redor.

Os povos antigos acreditavam que no topo dessa montanha artificial, que tinha um amplo terraço descoberto, “a divindade adorada descia para receber a veneração dos homens, mediante ritos especiais. E ali eram efetuados sacrifícios, juntamente com outras cerimônias”.

Quando Israel entrou na terra de Canaã, encontrou muitos desses lugares altos. “Pecados horrendos eram cometidos nesses lugares, incluindo sacrifícios de crianças, prostituição cultual e toda forma de adoração idólatra. Israel, pois, recebeu ordens para demolir tais lugares (Nm 33:52). Porém, após a destruição de Silo, e antes da construção do templo de Jerusalém, tais lugares se tornaram lugares das devoções religiosas de muitos israelitas. Samuel abençoou as oferendas que o povo fez em um lugar alto (1Sm 9:12-14). Um lugar alto importante era Gibeom (2Cr 1:2-6). Salomão sacrificou ali mil carneiros” (Champlin).

Os hebreus associavam esses lugares altos com o lugar onde Deus Se manifesta. Elias venceu os profetas de Baal no monte Carmelo. Deus deu a Moisés as tábuas da lei no monte Sinai. Jesus recebeu a bênção de Deus no monte da Transfiguração. E tornou possível a nossa salvação através do Seu sacrifício no monte Calvário.

Mas não é preciso subir a um lugar alto para se aproximar de Deus. Esteja onde estiver, você pode alçar o pensamento até o alto e sublime trono de Deus e sentir o coração dEle pulsando junto ao seu.












quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ame a vida

Quem é o homem que ama a vida e quer longevidade para ver o bem? Salmo 34:12

Em 1908, na cidade de Berlim, um jovem pianista polonês, de 21 anos, chamado Arthur Rubinstein, estava sozinho, faminto, endividado, e sua carreira estava num impasse. Ele pensou que nada mais lhe restava a não ser o suicídio. O problema era como se matar. Ele não tinha arma, nem veneno, e a ideia de saltar pela janela lhe era repugnante. “Se fizer isso, talvez eu tenha de continuar vivendo com os braços e as pernas quebradas”, explicou ele.

Então resolveu enforcar-se com o cinto de seu roupão. Foi ao banheiro, subiu numa cadeira e amarrou uma ponta do cinto num gancho acima de sua cabeça. Daí amarrou a outra ponta em volta do pescoço e derrubou a cadeira com os pés. Mas o cinto, um tanto gasto, se rompeu e Rubinstein caiu pesadamente ao chão. Por algum tempo ele ficou ali caído, chorando. Depois foi ao piano e derramou seu coração na música. Mais tarde, na rua, ele viu o mundo como se tivesse nascido de novo. O famoso pianista jamais se esqueceu do que aquela experiência lhe ensinou: “Ame a vida”, disse ele, “na felicidade ou na tristeza, sem fazer exigências.”

Haveria alguma coisa melhor do que ter uma segunda chance de viver? Pois foi exatamente isso que Jesus deu ao Seu amigo Lázaro: uma nova vida. Lázaro havia adoecido e morrera. Mas não ressuscitou doente. Ressurgiu do túmulo com saúde e cheio de energia para viver mais alguns anos.

O fato de estarmos em Cristo e sermos Seus amigos não nos tornará imunes à doença e à morte, enquanto estivermos deste lado da eternidade. De vez em quando, teremos que tomar alguns goles do cálice da amargura. É importante salientar isso, porque muitos de nós vivemos tão protegidos que temos a sensação de que nada realmente ruim poderá nos sobrevir. E quando isso acontece, ficamos chocados, desesperados, e alguns nunca conseguem se recuperar.

Parece que as gerações que nos antecederam estavam mais preparadas para enfrentar os reveses da vida. Eles sabiam, por experiência própria, que a vida era dura e, às vezes, cruel. Por isso, se preparavam psicológica e espiritualmente para as dificuldades que pudessem vir. Nós, por outro lado, esperamos que a vida seja sem dor. E não nos preparamos para ver nossos sonhos destruídos. Talvez seja por isso que sejamos mais propensos à depressão do que nossos antepassados.

O fato de estarmos em Cristo não é um atestado de imunidade ao sofrimento. Mas significa que o mesmo Jesus que ressuscitou Lázaro pode nos dar nova vida, não só naquele grande dia, mas aqui e agora.