terça-feira, 17 de abril de 2012

O Guerreiro Celestial

Então disse o homem: “Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel porque você lutou com Deus e com homens e venceu.” Gênesis 32:28

Você já notou a maneira peculiar com que a Bíblia chama o povo escolhido de Deus, os judeus, no Antigo Testamento? Seu famoso ancestral foi Abraão, homem de muita fé (e mais algumas fraquezas humanas). Não seria estranho se o povo escolhido fosse chamado de “filhos de Abraão”, mas em vez disso são chamados “filhos de Israel”.

Israel? Esse é o outro nome de Jacó, o grande enganador do Antigo Testamento. Ele enganou o pai idoso e cego; enganou o irmão, Esaú, e enganou o tio, Labão. Como Deus foi capaz de colocar o nome desse personagem dúbio em Seu povo?

A resposta é graça! Deus fez por Jacó o que fez por muitos enganadores e pessoas de mau caráter ao longo dos séculos, e o que Ele ainda faz hoje: concede-lhes uma segunda chance, e uma terceira, depois uma quarta. Deus continua amando essas pessoas, convidando-as para voltar, guiando-as pelo mesmo caminho que caíram tantas vezes, ensinando-as até o dia em que acordam e Lhe permitem ser o Senhor de sua vida. A partir de então, elas se tornam diferentes, transformadas, novos homens e mulheres. Jacó se torna Israel.

Deus trabalhou com Jacó por muito, muito tempo. Quem sabe Jacó estava começando a acordar, mas o ponto crucial ocorreu numa noite específica. Jacó estava retornando para Canaã, regressando como um homem rico com duas esposas, onze filhos e uma filha e um vasto rebanho. Foi nessa ocasião que recebeu uma mensagem que o deixou apavorado: Esaú estava indo ao seu encontro acompanhado de 400 homens! Jacó enviou as mulheres, as crianças e os animais para a outra margem do rio Jaboque e planejou passar aquela noite terrível em oração.

De repente, foi atacado. Um homem o agarrou e lutou com ele. Jacó lutou para salvar a vida. Mas, à medida que a luta prosseguia, começou a perceber que não estava lutando com um guerreiro qualquer. De forma alguma! Era Jesus, que ainda hoje vem a nós, que luta para nos trazer a vida nova que Ele oferece.

Jacó encontrou vida nova, e um novo nome, Israel, que significa “aquele que luta com Deus”.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Porta do Céu

Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, se não a casa de Deus; esta é a porta dos Céus.” Gênesis 28:17

Aqui está Jacó, tão esperto, apanhado pela própria armadilha. Ele está fugindo do irmão mais velho, Esaú, por ter obtido a bênção da primogenitura ao enganar o próprio pai. Esaú está irado e mal pode esperar chegar o dia em que poderá se vingar do irmão. Mas ainda não, não enquanto o pai já idoso, Isaque, estiver vivo.

Jacó foge. Ele vai para o norte a caminho de Harã, lugar em que o tio Labão mora. O plano de Jacó não parece mais tão perfeito. A noite vem e ele está totalmente solitário. Sem jantar em família esta noite. Sem cama confortável para encostar o corpo cansado. Ele terá que se virar de alguma forma. De repente, sua vida se tornou uma questão de sobrevivência selvagem.

Jacó procura um lugar para descansar e passar a noite. Nada de cobertor, lençol ou travesseiro nesta noite. Ele pega uma pedra para reclinar a cabeça.

Você já tentou dormir num travesseiro de pedra? Eu já e posso afirmar que não é divertido. Se você estiver muito cansado, acabará caindo no sono, mas não por muito tempo. E, ao acordar, parecerá que quebrou o pescoço.

Ali está Jacó, deitado sozinho ao relento, com a cabeça reclinada sobre uma pedra. Nunca tinha se sentido tão longe de casa, tão longe do Deus de Isaque e de Abraão.

Finalmente, pega no sono. Então, algo maravilhoso acontece. Deus lhe concede um lindo sonho. Naquele lugar ermo e hostil, seria normal ter pesadelos. Mas, em vez disso, Jacó vê uma escada ligando a Terra ao Céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela. O Senhor está no alto da escada proclamando: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. [...] Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e Eu o trarei de volta a esta terra” (Gn 28:13, 15).

Ao acordar, Jacó pensa consigo: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia! [...] Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus” (v. 16, 17).

Ainda é verdade. O Senhor está neste lugar. Não importa o quão solitário ou abandonado este lugar pareça, Deus não o abandonou, Ele não nos abandonou. Os anjos de Deus sobem e descem pela escada celestial ao lado de nosso travesseiro de pedra enquanto o Senhor diz: “Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá.”

domingo, 15 de abril de 2012

A Verdadeira Graça

Com a ajuda de Silvano, a quem considero irmão fiel, eu lhes escrevi resumidamente, encorajando-os e testemunhando que esta é a verdadeira graça de Deus. Mantenham-se firmes na graça de Deus. 1 Pedro 5:12

Assusta-me a expressão “verdadeira graça” usada por Pedro, que aparece apenas nessa passagem. Estaria ele sugerindo que existe uma graça falsa, algo disfarçado de graça que não tem nada a ver com ela? Em outra passagem, Pedro menciona que algumas pessoas torceram o significado das cartas de Paulo (2Pe 3:16). Paulo foi um intérprete preeminente da graça. Fico imaginando se a deturpação a que Pedro se referiu poderia estar relacionada à torção da mensagem de Paulo sobre a graça.

Seja qual for o contexto, Pedro não tinha medo da graça. Ele concluiu sua primeira carta com uma saudação semelhante à de Paulo: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18).

Na primeira carta de Pedro, em que se encontra a expressão “verdadeira graça”, o conceito da graça permeia o livro como um fio dourado. Pedro estava escrevendo para os cristãos que haviam sofrido por causa de sua fé e que enfrentavam a ameaça de novas provações. As passagens a seguir deixam isso bem claro: “Se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus” (1Pe 2:20). “Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes” (1Pe 3:14). “Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar. [...] Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo. [...] Se sofre[m] como cristão[s], não se envergonhe[m]” (1Pe 4:12-16).

A verdadeira graça não é um sentimento passageiro e superficial. Ela capacita homens e mulheres a permanecer fiéis ao lado de Deus por mais forte que o vento da provação venha a soprar. A verdadeira graça solidifica a determinação, fortalece o falar e aguça os olhos da fé.

Para todos os que pregam um evangelho diluído e destituído de sua força total, o pastor Dietrich Bonhoeffer, que pereceu nas mãos de Hitler, falou de forma enfática e decisiva: “A graça barata é a pregação do perdão sem o arrependimento, do batismo sem a disciplina da igreja, da comunhão sem a confissão, da remissão sem a confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e personificado.” O que, afinal, não é graça.

sábado, 14 de abril de 2012

Construindo pela Graça

Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina; porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: “Haja graça e graça para ela!” Zacarias 4:7, ARA

Como seguidores de Cristo, todos nós somos construtores. Cada um de nós está construindo a própria vida, e estamos construindo Seu templo na Terra, a igreja. De que forma devemos construir? A resposta para as duas situações é a mesma: pela graça, somente pela graça.

Nenhuma discussão sobre construção seria completa sem analisar o trabalho dos judeus que retornaram do cativeiro babilônico para reconstruir Jerusalém e o Templo. Na verdade, esse projeto foi registrado em quatro livros da Bíblia: Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias. Podemos aprender muito sobre construção com esses livros. Esdras e Neemias narram a história.

O pequeno grupo de otimistas deixou Babilônia e deu início à árdua tarefa. As dificuldades eram imensas. Eram poucos em número, a tarefa era enorme e os adversários procuravam impedir seu progresso. Para piorar a situação, surgiu oposição em seu próprio meio. Alguns judeus estavam secretamente aliados aos inimigos.

O trabalhou progredia a passos lentos e finalmente foi paralisado. Desanimado, o povo parou de pensar na reconstrução do Templo e começou a cuidar de seus próprios problemas. O projeto parecia ter ido por água abaixo.

Mas não! Deus levantou dois profetas. Um deles era Ageu, homem idoso que trazia uma mensagem simples e direta do Senhor: “Levantem e construam agora!” O outro era Zacarias, um jovem que também foi enviado para animar o povo a prosseguir com o projeto, revelando as várias visões impressionantes que o Senhor lhe concedera.

Uma das visões concedidas a Zacarias, focalizando o candelabro de ouro e as duas oliveiras, retratou de maneira franca e sincera a enormidade da tarefa que os judeus enfrentavam, liderados pelo governador Zorobabel. Realmente se tratava de uma “montanha majestosa”. Mas a Palavra do Senhor dos exércitos diz: “‘Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito.’ [...] Quem você pensa que é, ó montanha majestosa? [...] Você se tornará uma planície’” (v. 6, 7).

Assim, o trabalho avançou. Em meio a sangue, suor e lágrimas avançou até que foi concluído com exclamações de “haja graça e graça para ela!”

Essa é a maneira pela qual a construção hoje pode ser concluída, em nossa vida e na igreja. Sangue, suor e lágrimas – cobertos pela graça.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Refinamento da Graça

O nome do homem era Nabal (tolo), descendente de Calebe, e o nome de sua mulher era Abigail. A mulher era inteligente e bonita, mas o homem era rude e mau. 1 Samuel 25:3, The Message

Sinto-me incomodado quando os professos seguidores de Cristo estabelecem uma norma baixa para si mesmos. Na verdade, parece até que se orgulham de uma norma assim. “Estamos prontos”, dizem. Mas por que não refinados e prontos? Para mim, a religião de Cristo amplia nossa visão, motiva-nos a aprimorar nossas qualidades, a buscar aquilo que há de mais nobre e melhor em cada aspecto da vida.

Não estou falando de exibicionismo para impressionar os outros, não o refinamento falso, mas o real, semelhante a Cristo. Ele foi, afirmou Ellen White, “a personificação do refinamento” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 467). A mensageira de Deus estava incomodada com os cristãos que não apresentavam os frutos que a verdadeira graça de Cristo produz. Ao escrever para os pastores, ressaltou: “Alguns há que, enfadados com o falso verniz a que o mundo chama refinamento, têm passado ao extremo oposto, tão nocivo quanto o primeiro. Recusam-se a receber o polimento e refinamento que Cristo deseja que Seus filhos possuam. O pastor deve lembrar que é educador e, se nas maneiras e linguagem se mostra vulgar e sem polidez, os que possuem menos conhecimentos e experiência seguirão a mesma trilha” (Obreiros Evangélicos, p. 93).

Entre as histórias relacionadas a Davi, que se tornou o maior rei de Israel, encontramos uma história clássica que poderíamos intitular: “A Dama e o Tolo”. Nela lemos a respeito de Abigail, uma mulher bonita e inteligente.

Num casamento típico entre opostos, essa mulher fora de série se casou com um indivíduo rico, porém rude e mau. Seu nome era Nabal, que significa tolo – e, pelo que lemos, ele fazia jus ao nome que tinha. Ao fugir do insano rei Saul, Davi se desentendeu com o vil Nabal. Os homens de Davi haviam oferecido proteção aos empregados de Nabal, mas, quando chegou a vez do futuro rei de Israel receber algo, Nabal não quis retribuir o favor. “Quem é esse Davi? Quem é esse tal filho de Jessé?”, respondeu (1Sm 25:10, The Message).

Numa explosão de raiva, Davi reuniu seus homens para acabar com a vida de Nabal. Porém, a sábia e bela Abigail ficou sabendo da confusão, preparou presentes e abordou Davi com uma mensagem da graça. Davi mudou de ideia.

Essa história também tem um fim clássico. Na manhã seguinte, quando soube do ocorrido, Nabal sofreu um ataque do coração e faleceu alguns dias depois. E Abigail se tornou esposa de Davi.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Josué e o Anjo

O anjo disse aos que estavam diante dele: “Tirem as roupas impuras dele.” Depois disse a Josué: “Veja, eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres sobre você.” Zacarias 3:4

No livro de Zacarias (livro bíblico amplamente negligenciado por muitos) encontramos uma das descrições mais encantadoras da graça em toda Bíblia. O personagem central é Josué, o sumo sacerdote do povo judeu que fazia pouco tempo havia retornado do exílio babilônico e estava tentando reconstruir Jerusalém e o Templo.

Josué tinha um problema: vestia roupas impuras. As vestes do sumo sacerdote deveriam ser limpas, puras e belas, mas as de Josué não chegavam nem perto disso. Josué representava toda a nação. Isso quer dizer que todos estavam vestidos com roupas sujas, totalmente impuros diante do santo Deus.

Assim somos nós, todos nós. Até mesmo as coisas boas que fazemos (e fazemos várias de qualidade oposta) são como trapos de imundícia perante Deus (Is 64:6).

Na cena descrita em Zacarias 3, Satanás permanece à direita de Josué para acusá-lo. A antiga serpente, “o acusador de nossos irmãos” (Ap 12:10), é especialista nisso. Ele aponta para os pecados de Josué e suas vestes impuras; aponta para os pecados do pequeno grupo de judeus e aponta para os nossos pecados também.

E ele tem razão.

Mas a história não para por aqui. Outro personagem aparece em cena: o Anjo do Senhor. O Anjo é o Mediador divino, o Intercessor, o nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor diz a Satanás: “O Senhor o repreenda, Satanás! O Senhor que escolheu Jerusalém o repreenda! Este homem não parece um tição tirado do fogo?” (v. 2).

Graças a Deus, Jesus defende nosso caso. Ele nos escolheu. Somos um tição tirado do fogo. Diante de Sua presença poderosa, o inimigo do homem, o especialista em apontar os pecados e os defeitos, se vê forçado a fugir.

A mesma ordem dada a Josué serve também para nós: “‘Tirem as roupas impuras dele.’ [...] ‘Veja, Eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres sobre você.’ [...] ‘Coloquem um turbante limpo em sua cabeça’” (v. 4, 5).

Sozinhos, não somos nada. Com Jesus, somos tudo. Nossa justiça é como trapos de imundícia. Sua justiça é como vestes nobres que nos cobrem e nos purificam.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Queijo Tipo Cottage

Assim como a mosca morta produz mau cheiro e estraga o perfume, também um pouco de insensatez pesa mais que a sabedoria e a honra. Eclesiastes 10:1

Na época em que trabalhei no Spicer Memorial College, uma instituição adventista de ensino na Índia, um casal de missionários chegou ao campus para administrar a fazenda do colégio. Não eram jovens; na verdade, não restava muito tempo para que se aposentassem. Aquele foi um passo de muita coragem do querido casal que deixou a terra natal, depois de muitos anos sem nunca ter trabalhado em terras estrangeiras, para tentar adaptar-se ao clima e à cultura totalmente diferentes daquele país. Eles permaneceram firmes em sua decisão e fizeram um bom trabalho.

Uma das coisas de que mais sentiam falta era o queijo tipo cottage, que tinham em abundância em seu país de origem. Era o alimento predileto do novo administrador da fazenda, e como ele almejava degustá-lo novamente! Na Índia não se encontrava nada parecido.

Certo dia, ao ir até o correio da cidade pegar a correspondência do colégio, senti um odor terrível. Vinha de um pacote engordurado rodeado de moscas endereçado ao administrador da fazenda. Adivinhe! Queijo tipo cottage! Alguém em sua terra natal ficou sabendo do desejo do administrador de saborear sua comida favorita e pensou em fazer-lhe uma surpresa. Com mais boa vontade do que raciocínio, foi ao supermercado, comprou um pote de queijo tipo cottage, o embrulhou e despachou para a Índia. Por alguma razão, não parou para pensar que não se envia queijo tipo cottage pelo correio nem mesmo do Canadá aos Estados Unidos, que dirá para a Índia e sob o calor escaldante!

Queijo tipo cottage é uma delícia – se estiver fresco. Fresco e gelado. Gosto muito desse queijo, mas também sei como pode se tornar repulsivo se for deixado por muito tempo na geladeira ou se não for refrigerado adequadamente.

Os cristãos são como o queijo tipo cottage. Quando permanecemos perto de Jesus e vivendo por Sua graça, maravilhamos todos aqueles que nos “experimentam”. Mas, quando nos afastamos de Cristo, incomodamos a vizinhança inteira com o mau odor que exalamos.

Ao longo dos séculos, o cristianismo manchou seu nome porque os professos seguidores de Cristo viviam de maneira totalmente oposta à do Mestre. Mas, antes de julgarmos, apontemos o dedo para nós mesmos. Façamos um exame de coração e hoje, neste dia, revistamo-nos da graça de Jesus. Somente assim nossa vida será tão deliciosa como um queijo tipo cottage fresco.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Ancião e o Ovo

Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem. 2 Coríntios 8:12

Justus Devadas, presidente da instituição adventista de ensino Spicer Memorial College, Índia, contou uma história que, em minha opinião, é repleta de graça.

Há muitos anos, Justus ajudou a fundar várias igrejas em vilarejos ao sul da Índia e, certo dia, decidiu visitá-las. Em uma determinada igreja encontrou apenas um pequeno grupo reunido com o pastor para o culto. Mas, para a surpresa de todos, o ancião não estava presente.

– Ele é tão fiel! – afirmou o pastor. – Nunca falta a nenhuma reunião.

Assim, esperaram e esperaram para começar o serviço de culto. E nada de ancião. Decidiram, então, começar sem ele.

Próximo ao fim da reunião, Devadas viu um senhor de idade entrar na igreja, um homem simples do vilarejo, vestido com trajes modestos.

– Sinto muito pelo atraso – ele disse ao pastor. – Gostaria muito de ter chegado aqui no horário, mas percebi que não tinha dinheiro para dar de oferta. Pensei em apenas uma forma de trazer uma oferta, minha galinha. Fiquei esperando ela botar um ovo. Quis apressá-la, mas ela nem se incomodou!

Com isso, o ancião enfiou a mão no bolso e retirou a oferta – um ovo cuidadosamente embrulhado.

Penso na abundância de coisas que possuo – tudo de que preciso e muito mais – e fico emocionado com a dedicação amorosa desse homem. As pessoas que levam suas ofertas de bom grado ao grande Doador, não para ganhar aprovação, mas com o coração repleto de gratidão – dessas é o reino do Céu.

No Antigo Testamento lemos a respeito de um erro cometido pelo rei Davi. Uma praga sobreveio ao povo. Muitas pessoas morreram desde Dã até Berseba, do norte ao sul. No momento em que o anjo destruidor estava prestes a assolar Jerusalém, o profeta Gade disse ao rei que construísse um altar na eira de Araúna, o jebuseu, local em que o anjo havia parado. Ao se encontrar com Davi, Araúna lhe ofereceu a eira e os bois para o sacrifício sem cobrar nada. Mas Davi respondeu: “Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada” (2Sm 24:24).

O rei e o ancião. Três mil anos entre eles, mas o mesmo espírito.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Recuperação do presidente

Não insistam em se vigarem, pois isso não compete a vocês. “Minha é a vingança”, diz Deus. “Eu cuidarei disso.” Romanos 12:19, The Message

Todos nós conhecemos a história de como Richard Nixon deixou a presidência dos Estados Unidos, mas quem conhece a história da recuperação de sua imagem?

Aconteceu na época do Natal de 1977. O senador norte-americano Hubert H. Humphrey havia retornado para sua casa em Minneapolis, Minnesota. Sua notável vida política estava quase chegando ao fim. Enfraquecido pelo câncer, Humphrey estava à beira da morte. Na rua atrás de sua casa, um grupo de repórteres já montava guarda para ser os primeiros a relatar sua morte.

Humphrey, o lutador de Minnesota, começou a ligar para os velhos amigos e conhecidos ao redor da nação e do mundo. Aparentemente estava ligando para desejar boas-festas, mas todo mundo sabia que na verdade estava se despedindo.

Ao ligar para o antigo adversário, Richard Nixon, na véspera do Natal, soube que Nixon estava doente, depressivo e solitário. Algo perturbou profundamente Humphrey durante a conversa com Nixon. Na manhã seguinte, ele decidiu ligar novamente para o ex-presidente, o homem que em 1968 havia sido o motivo de sua pior derrota. Ao ligar, Humphrey disse a Nixon que tinha um presente de despedida para ele.

Declarou que sabia que lhe restavam apenas alguns dias de vida e que já tinha feito os acertos para os eventos que seguiriam à sua própria morte: o velório no Capitólio em Washington, o funeral e o enterro em Minnesota. Humphrey convidou Nixon para participar da cerimônia que concluiria o velório em Washington. Disse-lhe que gostaria muito que ele estivesse presente e que ocupasse o lugar de honra digno de um ex-presidente.

Nixon havia deixado a presidência de forma vergonhosa apenas três anos antes e desde então não mais havia voltado para Washington. Sentindo a depressão profunda de Nixon, Humphrey criou espontaneamente uma desculpa a fim de fazer com que seu antigo rival retornasse à capital.

Humphrey faleceu três semanas mais tarde. Durante a conclusão da cerimônia em Washington, a multidão ficou quase sem fôlego ao ver Richard Nixon ser escoltado ao lugar de honra com os outros convidados, próximo ao esquife coberto com a bandeira norte-americana. Ali começou a recuperação da imagem de Nixon. Um presente da graça de um homem à beira da morte.