quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Jesus, o Caminho

Vocês conhecem o caminho para onde vou. João 14:4

Muito tempo atrás, no sexto século antes de Cristo, um menino nasceu numa família real na região que hoje chamamos de Nepal. A lenda diz que o pai protegeu o príncipe, herdeiro de seu reino, das tristezas e misérias comuns aos seres humanos. O menino conheceu apenas prazer, alegria e diversão, e aprendeu muitas coisas.

Mas um dia tudo mudou. O jovem encontrou-se inesperadamente com um homem doente, cujo rosto se contorcia de dor. Pela primeira vez em sua vida, ele viu o sofrimento causado pela doença. Então ele encontrou um homem idoso, com o corpo curvado, se arrastando pela estrada – o sofrimento causado pela idade avançada. Depois disso, ele encontrou um cortejo fúnebre, viu o corpo inerte, ouviu o lamento – o sofrimento causado pela morte.

O príncipe Gautama ficou profundamente comovido. Deixando sua esposa e o filho pequeno, ele renunciou ao trono e se tornou um monge itinerante, em busca de respostas para o sofrimento da humanidade. Posteriormente ele as encontrou e dali em diante passou a se chamar Buda, o iluminado.

Na análise de Buda sobre o mistério da vida, toda a existência se resume em sofrimento. A causa do sofrimento é o desejo; quando o desejo cessa, o sofrimento também cessa. Assim, Buda indicou o caminho para dominar o desejo.

Os ensinamentos de Buda, nobres como pareçam, contrastam radicalmente com os de Jesus de Nazaré. Gautama tinha a pretensão de mostrar às pessoas o caminho; Jesus alegava ser o caminho. Buda não atraiu a atenção para si mesmo ou procurou ser adorado; Jesus disse que era o eterno EU SOU. Buda viu a humanidade caída no poço do pecado e lhe disse como sair dele. Jesus desceu até o poço e carregou os seres humanos em Seus ombros.

Quando Jesus disse aos Seus discípulos que era o caminho, Ele estava para deixá-los. Ele tinha falado sobre ir para o Pai, para preparar um lugar para eles. Suas palavras deixaram os discípulos preocupados. Jesus indo embora? Jesus deixando-os­­­ sozinhos para enfrentar o mundo? Não, disse Jesus, “vocês conhecem o caminho para onde vou” (Jo 14:4). Tomé falou por todos nós: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” Então Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por Mim” (v. 5, 6).

Hoje podemos não saber que caminho seguir, como lidar com as preocupações e pressões da vida – casa, filhos, trabalho, igreja. Jesus é o caminho. Ele não apenas nos mostra o caminho; Ele é o caminho.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Quarto Homem

E o rei exclamou: “Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses.” Daniel 3:25

De todas as histórias extraordinárias do século passado, nenhuma é mais fascinante do que a expedição de Sir Ernest Shackleton à Antártica. Essa é mais do que uma história de grande coragem. Um ser divino esteve presente.

Há um século, a Antártica atraía a atenção de exploradores. Depois de Roald Amundsen vencer a corrida ao polo sul, restava um grande objetivo: cruzar o continente de mar a mar. Em 1914, logo após o início da Primeira Guerra Mundial, Shackleton partiu a fim de atingir esse objetivo.

No início de 1915, sua embarcação Endurance estava a 129 quilômetros do continente. O gelo fechou-se ao redor do navio, prendendo a embarcação. Eles flutuaram por nove meses e, na ocasião em que o navio afundou, tinham chegado à faixa desolada de terra conhecida como Ilha Elefante.

Em seguida, Shackleton e mais cinco homens partiram para a estação baleeira da Geórgia, a 1.287 quilômetros de distância, num bote aberto de sete metros de comprimento. Mais de duas semanas depois, atracaram em terra firme. Não apenas haviam enfrentado ondas gigantes, como também um furacão que causou o naufrágio de um navio a vapor de 500 toneladas.

Eles, porém, atracaram no lado oposto da ilha em que estava localizada a estação baleeira mais próxima. Com montanhas de 1.500 a 3.000 metros de altitude, abismos e geleiras, a Geórgia do Sul nunca havia sido cruzada antes. Outro recorde, mais um ato heroico: após 36 horas terríveis sem descansar, Shackleton e mais dois homens chegaram à estação Stromness.

Essa é mais do que uma história incrível sobre coragem. Shackleton mais tarde afirmou: “Quando me lembro daqueles dias, não tenho a menor dúvida de que a Providência nos guiou, não apenas pelos campos de neve, mas também pelo mar tempestuoso que separa a Ilha Elefante do local em que atracamos na Geórgia do Sul. Sei que, durante a longa e terrível jornada de 36 horas sobre as montanhas e geleiras sem nome da Geórgia do Sul, eu tinha sempre a impressão de que éramos quatro, não três.”

Quatro, não três. Assim como os três jovens hebreus que tiveram a companhia de um quarto Homem na fornalha ardente.

Você já sentiu essa presença? Você conhece a aparência do quarto Homem?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quando a Vida Oferece Limões

Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos. Hebreus 12:15

O que você faz quando a vida lhe oferece limões? Você fica azedo, culpando a “sorte” ou culpando Deus? Ou você permite que a graça de Deus o conforte e sustenha a despeito do grau de dificuldade da situação?

Há algum tempo, a Associated Press [agência norte-americana de notícias] publicou a linda história de uma garotinha que não se deixou abater pelo infortúnio. Um pouco antes de seu primeiro aniversário, Alexandra Scott foi diagnosticada com neuroblastoma. Esse tipo de câncer, que ceifa a vida de cerca de 700 crianças nos Estados Unidos por ano, possui uma porcentagem de sobrevivência de apenas 40%.

Alexandra estava com oito anos na ocasião em que sua história correu na imprensa. Fazia sete anos que se submetia à quimioterapia e radioterapia. Mas Alexandra era uma garotinha muito corajosa que lutou com todas as forças e criou um plano para arrecadar um milhão de dólares para financiar pesquisas sobre o câncer.

Aos quatro anos, montou uma banquinha para vender limonada. Arrecadou dois mil dólares em apenas um dia. Depois disso, a cada ano, mais “Banquinhas de Limonada da Alex” surgiram, administradas por amigos e voluntários. Essas bancas de limonada já arrecadaram mais de 40 milhões de dólares.

Em 2004, ano em que a história foi publicada, todos os 50 estados dos Estados Unidos possuíam uma banquinha em funcionamento. Uma rede de supermercados montou bancas em seus estabelecimentos. Na cidade de Minneapolis, em Minnesota, uma família cujo filho tinha o mesmo tipo de câncer de Alexandra abriu banquinhas no estádio de beisebol. Um grupo de mendigos de Houston, no Texas, financiou uma banquinha, assim como uma escola de ensino fundamental da cidade de Milwaukee, Wisconsin.

Mesmo cansada e debilitada devido ao tratamento, Alexandra sempre se recusou a afastar-se de suas atividades. Fez questão de participar do programa de televisão Today Show para anunciar ao público o quinto dia anual da Banquinha de Limonada da Alex.

Todo dinheiro arrecadado por essa criança maravilhosa foi destinado às pesquisas sobre o câncer. Ela doou 150.000 dólares ao Hospital Infantil de Filadélfia, onde foi tratada. O restante foi doado a outros centros de pesquisa.

A vida ofereceu limões muito cedo para Alexandra Scott. Mas ela pegou os limões e fez limonada.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Cristo Afetuoso

O Mestre, Deus, deu-me uma língua bem-educada, assim sei como encorajar o cansado. Ele me acorda de manhã, desperta-me, abre os meus ouvidos para ouvir como alguém pronto para receber ordens. Isaías 50:4, The Message

Quantas vezes as nossas palavras atrapalham o plano de Deus! A réplica afiada, o sarcasmo que alfineta, a indireta maldosa – caímos, e caímos de novo. Não é de admirar que o apóstolo Tiago tenha dito que, se alguém não tropeça em palavras, essa pessoa é perfeita (Tg 3:2).

“Ao soltarem pipa, os meninos puxam de volta seus pássaros de papel. Não podemos fazer o mesmo ao soltar palavras”, escreveu Will Carleton. Nossas palavras saem de nossa boca e, por mais que queiramos puxá-las de volta para dentro, não podemos. Mesmo que nos desculpemos, tentemos corrigir o mal, ferimos alguém – quem sabe alguém que amamos profundamente – e as cicatrizes permanecem mesmo depois de a ferida ter sarado.

Isso não acontecia com Jesus. Suas palavras traziam esperança e cura. Elas levavam o ouvinte a olhar para cima; nunca impunham medo. Palavras encorajadoras. Palavras inspiradoras. Palavras motivadoras.

“O Salvador nunca suprimiu a verdade, mas disse-a sempre com amor”, escreveu Ellen White. “Em Suas relações com outros, exercia o máximo tato, e era sempre bondoso e cheio de cuidado. Nunca foi rude, nunca proferiu desnecessariamente uma palavra severa, não ocasionou jamais uma dor desnecessária a uma pessoa sensível. Não censurava a fraqueza humana. Denunciava destemidamente a hipocrisia, a incredulidade e a iniquidade, mas havia lágrimas em Sua voz ao proferir Suas esmagadoras repreensões. Nunca tornava a verdade cruel, porém manifestava profunda ternura pela humanidade. Toda pessoa era preciosa aos Seus olhos. Conduzia-Se com divina dignidade; inclinava-Se, todavia, com a mais terna compaixão e respeito para todo membro da família de Deus. Via em todos pessoas a quem tinha a missão de salvar” (Obreiros Evangélicos, p. 117).

Como Jesus conseguiu manter tamanha ternura e compaixão em meio às terríveis pressões de Sua missão? Isaías nos diz: toda manhã Jesus acordava pronto a ouvir as ordens vindas do Pai. Ia ao encontro de Deus e Se afastava do “eu”. Saía fortalecido pelo tato divino para enfrentar cada dia.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cegueira Divina

Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O Senhor, o seu Deus, está com eles; o brado de aclamação do Rei está no meio deles. Números 23:21

Essas palavras são extraordinárias por dois motivos: a pessoa que as proferiu e o conteúdo aparentemente contraditório.

Quem as proferiu foi Balaão, filho de Beor, o profeta ganancioso, do alto do monte Pisga enquanto observava parte das tribos de Israel. O rei moabita, Balaque, preocupado com a aproximação dos israelitas, contratou Balaão para amaldiçoá-los. Balaão, desejoso de receber as recompensas prometidas por Balaque, se dispôs a atender ao pedido, mas Deus não permitiu! Balaque, porém, continuou insistindo e, finalmente, Deus deixou Balaão fazer o que seu coração queria.

Balaão estava ao lado de sete altares que mandou Balaque construir no topo da montanha. Ele ofereceu um touro e um carneiro em cada altar. Em seguida, ele esperou uma palavra do Senhor.

E a palavra veio. Que mensagem maravilhosa! Em vez da maldição que Balaque tanto almejava (a maldição que tornaria Balaão rico), Deus colocou palavras na boca do profeta que ele certamente preferiria não ter pronunciado. Assim, uma bênção sublime foi proferida sobre Israel por meio da fonte mais improvável de todas.

“Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel”, declarou Balaão. Inacreditável! Será que Deus estava cego? Tratando-se de um bando de revoltados, prontos a criticar e a reclamar, que vagou pelo deserto por 40 anos por causa de sua falta de fé e desobediência, como pôde o Senhor ter colocado palavras como essas na boca de Balaão?

Deus amava “cegamente” Seu povo. “Ele o protegeu e dele cuidou; guardou-o como a menina dos Seus olhos” (Dt 32:10), escreveu Moisés a respeito de Israel. Apesar de todos os defeitos e falhas, Deus considerava Israel um povo precioso. Ao olhar para Israel, não enxergava sua iniquidade, mas a Sua própria imagem.

Que bela ilustração da graça! É exatamente assim que o Senhor olha para você e para mim hoje, querido amigo. Ao olhar para nós, não Se lembra de nossas promessas não cumpridas ou nossa vida bagunçada. Ele vê a Si mesmo – vê Jesus.

Acredite: você é a menina de Seus olhos. Assim como eu também. Então, saia para este novo dia com a cabeça erguida e com leveza nos pés. Você é alguém. Sim, um filho de Deus!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Graça é um Reino

O sermão profetizado por Isaías ganhou vida na Galileia no momento em que Jesus começou a pregar. Ele começou onde João parou: “Mudem de vida. O reino de Deus está aqui.” Mateus 4:17, The Message

Algumas pessoas desejam que Deus apresente um mostruário de opções para os Seus seguidores. Selecionamos o que queremos e rejeitamos o resto. Mas Jesus declarou que havia chegado um reino, não um mostruário.

Algumas pessoas querem que Deus siga a vontade da maioria. Um modelo democrático lhes serviria muito bem. Mas Jesus falou de um reino, não de democracia.

Algumas pessoas querem que Deus governe baseado no consenso geral. Todos nós nos reunimos com Ele, discutimos as questões e decidimos o que fazer. Mas Jesus disse: “Não tentem mudar Deus. Mudem a sua vida. O reino de Deus está aqui.”

De acordo com os Evangelhos, Jesus falou sobre “o reino” não menos do que 50 vezes. Em metade de Suas referências ao “reino” utilizou a expressão “reino do Céu” e no restante, “reino de Deus”. Parece impossível traçar qualquer diferença significativa entre as duas expressões; são praticamente a mesma. A questão que realmente importa é a frequência com que o assunto sobre “o reino” caiu-Lhe dos lábios.

A maioria das pessoas hoje, inclusive os cristãos, não se importa com a ideia de reino. Após alguns séculos de democracia, acham essa ideia arcaica e até mesmo desagradável. Mesmo nas nações em que reis e rainhas ainda governam, não possuem poder real. São monarcas sem reino, meramente figurativos.

Algumas das afirmações mais impressionantes de Jesus começam com a expressão: “O reino do Céu é como...” Com essa introdução, contou histórias maravilhosas, histórias que colocam a ordem social de ponta cabeça, histórias que terminam de maneira surpreendente. Trabalhadores que trabalham por apenas uma hora, mas recebem o salário de um dia inteiro. Uma grande festa para receber o filho errante. O mendigo que foi para o Céu em vez do homem rico.

Isso não é democracia, muito menos um mostruário ou um governo baseado no consenso geral. Isso é algo além da realidade deste mundo.

Esse é o reino de Deus, em que Ele, unicamente Ele, governa. Em vez de força, política, esquemas e tramoias, a graça impera aqui. A graça é um reino.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Graça é Como um Jardim

Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Isaías 58:11

A história revelada na Bíblia ocorre entre dois jardins. No primeiro – um jardim perfeito sem ervas daninhas, pragas ou mosquitos, onde não havia tristeza nem morte – nossos primeiros pais caíram. Eles deram as costas para o plano de vida e felicidade criado por Deus e cederam à tentação do maligno.

A noite caiu sobre o jardim. A morte e a degradação chegaram trazendo consigo o pranto. Com muita tristeza, eles saíram do jardim para enfrentar uma vida de trabalho pesado e sofrimento.

Tudo o que perderam, no entanto, foi conquistado novamente em outro jardim. Numa quinta-feira à noite, sob o luar, um Homem lutava com Seu destino. O peso da iniquidade do mundo inteiro, acumulada desde a queda no primeiro jardim, caiu-Lhe sobre os ombros.
Em profunda angústia, Ele orou três vezes para que o Pai O livrasse daquela terrível provação: “Meu Pai, se for possível, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja como Eu quero, mas sim com Tu queres” (Mt 26:39). A agonia que sentia era tão intensa que Seu suor se transformou em grandes gotas de sangue que caíram ao chão (Lc 22:44). Enquanto isso, os discípulos dormiam.

Aquela noite, no Jardim do Getsêmani, o amor venceu. Jesus tomou o cálice amargo e, assim, plantou um novo jardim, o jardim da graça.

Minha mãe tinha “dedos verdes”. O jardim que cultivava era seu lugar favorito. Não era grande, mas muito bonito, com uma sucessão de plantas anuais e perenes à medida que o ano seguia seu curso; um gramado bem formado e bem aparado; arbustos, samambaias e trepadeiras; flores que amavam a luz e outras que preferiam a sombra.

Depois de muitos anos, comecei a receber a mesma bênção através do cultivo de meu próprio jardim. Sempre esteve lá, na Bíblia, como também nos escritos de Ellen White, mas de alguma forma nunca levei a sério. Trabalhar o solo; plantar, aguar e semear; observar as sementes brotarem e os botões florescerem – que satisfação! Que terapia para os músculos e a mente! Que volta à simplicidade!

A graça é como um jardim. Repleta de flores lindas e perfumadas, de cores encantadoras que atraem os beija-flores e as borboletas. Toda essa exibição exuberante apenas para o nosso contentamento. Infinitas variedades, infinitas maravilhas. Exatamente como a graça.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Abundância da Graça

Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um. Marcos 4:8

Na famosa parábola de Jesus, um semeador saiu a semear. Algumas sementes caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, mas queimaram e secaram ao calor do Sol. Ainda outras caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram os brotos. Mas algumas sementes caíram em terra fértil e germinaram e deram uma colheita abundante.

Sempre entendi que essa parábola falava a respeito dos vários ouvintes do evangelho. Apesar de ser chamada de a parábola do semeador, essa é, na verdade, a parábola dos solos. A compreensão usual dessa parábola, sem dúvida, aponta para a verdade, mas perde de vista alguns aspectos importantes – e o mais importante de todos.

Um estudo dos métodos antigos de agricultura nos ajuda a compreender o significado por trás das palavras de Jesus. Ao contrário da agricultura moderna em que primeiro o solo é preparado para depois ser semeado, o método antigo consistia em lançar as sementes e depois lavrá-lo. Essa é a razão de as sementes na parábola aparentemente terem ido parar em vários lugares.

As sementes à beira do caminho, no terreno pedregoso e entre os espinhos caíram ali por acidente, não por ação proposital. A maior parte das sementes caiu no local planejado – em solo fértil. Se nos concentrarmos nos três solos inférteis, deduziremos que o trabalho do semeador foi em grande parte (75%) perdido; mas não foi assim.

Pelo contrário, o trabalho do semeador resultou numa colheita abundante. Na verdade, a colheita ultrapassou todas as expectativas. “Estudos sobre a produção dos campos agrícolas da Palestina, em que métodos agrícolas eram seguidos, revelam que uma colheita em que se colhia dez vezes mais do que foi plantado era sinônimo de uma boa produção, pois a média era de aproximadamente sete e meio. Isso significa que todos os três números da colheita (30, 60 e 100 por um) foram mencionados para descrever uma colheita anormal, uma colheita milagrosamente abundante” (Larry W. Hurtado, Mark [1983], p. 58).

Do ponto de vista humano, a colheita da parábola era impossível. Mas o evangelho não fala sobre o poder humano, e sim a respeito do reino de Deus, do trabalho de Deus.

A abundância da graça ultrapassa os limites de nossa imaginação.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Pirâmide Invertida


Eis o Meu Servo, a quem sustento, o Meu escolhido, em quem tenho prazer. Porei nEle o meu Espírito, e Ele trará justiça às nações. Isaías 42:1

Eu estava sentado no banco da igreja, maravilhado com a inspiração da cerimônia. Deveria ter sido um evento deprimente, por se tratar do funeral de um homem, de apenas 44 anos de idade, que havia morrido de repente e de modo inesperado, deixando esposa e dois filhos.

Mesmo assim, o tom não foi de tragédia, mas de celebração de uma vida vivida para a glória de Deus. Victoriano Orion não conquistou a admiração do mundo e não recebeu honras, mas o testemunho daqueles que o conheceram e foram abençoados por ele revelou que sua vida foi vivida tendo em vista a eternidade e que os louros celestiais lhe estão garantidos.

Marido e pai devoto, Vic, como era chamado pelos amigos, encontrava tempo para ajudar outros em necessidade. Um amigo, surpreso e emocionado por ter sido chamado para falar durante a cerimônia fúnebre, revelou que devido à saúde debilitada ele não tinha condições de atender às necessidades da casa. Mas Vic, sozinho ou em companhia dos filhos, cuidou de tudo. Pintou a casa, consertou as goteiras, cuidou do jardim, consertou o carro. Ao longo de mais ou menos oito anos, Vic visitou aquela casa “talvez umas cem vezes”, ficando geralmente duas horas ou mais para ajudar e às vezes o dia inteiro.

James (Johnny) Johnson, ex-secretário assistente da Marinha dos Estados Unidos, contou como certo dia Vic deixou um livro cristão em seu escritório. Alguns dias mais tarde, voltou com outro livro e depois outro. Johnson e Vic se tornaram grandes amigos. Em nenhum momento Vic tentou persuadir Johnson a ir à igreja, mas a influência cativante de sua vida fiel e compassiva conquistou o coração de Johnson.

A vida de Vic não foi publicada na revista Time, na Newsweek ou no jornal Washington Post. Ela está registrada num lugar muito mais importante: o livro da vida do Cordeiro.

A vida de Victoriano Orion refletiu Aquele a quem amava e em quem confiava. Jesus, numa série de cenas impressionantes no livro de Isaías, é chamado “Meu Servo”, e a respeito dEle foi dito: “O Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:28).

A maioria das pessoas enxerga a vida como uma pirâmide com o objetivo de chegar ao topo. Mas Jesus inverte a pirâmide da vida. Em vez de pisar nos outros, nós os carregamos nos ombros, à semelhança de Jesus.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Seus Ouvidos Estão Abertos?

O Soberano, o Senhor, abriu os meus ouvidos, e eu não tenho sido rebelde; eu não me afastei. Isaías 50:5

Essa profecia maravilhosa a respeito da obediência de Jesus à vontade de Deus está enraizada nas instruções dadas pelo Senhor a Moisés. Quando a Bíblia diz que os ouvidos de Jesus se abriram – o verbo “abrir” está no passado, não no presente – significa mais do que a prontidão em ouvir e seguir a liderança de Deus.

No livro de Êxodo, no capítulo 21, encontramos o contexto dessas palavras. Nessa passagem, em primeiro lugar encontramos a provisão benevolente de Deus para evitar que Seus filhos fossem mantidos como escravos por toda a vida: “Se você comprar um escravo hebreu, ele o servirá por seis anos. Mas no sétimo ano será liberto, sem precisar pagar nada” (Êx 21:2). Deus ama a liberdade e quer que Seu povo seja livre. Assim, se essa lei fosse obedecida, nenhum hebreu poderia ser mantido como servo por mais de seis anos.

Mas Deus também acrescentou outra provisão: “Se, porém, o escravo declarar: ‘Eu amo o meu senhor, a minha mulher e os meus filhos, e não quero sair livre’, o seu senhor o levará perante os juízes. Terá que levá-lo à porta ou à lateral da porta e furar a sua orelha. Assim, ele será seu escravo por toda a vida” (v. 5, 6).

Aqui se encontra uma pessoa que escolheu voluntariamente ser escrava por toda a vida. Sua orelha testemunha a todos que, por amor ao seu mestre, escolheu servi-lo para sempre. Esse é um homem cujos ouvidos foram abertos.

Até mesmo o Senhor Jesus, o Criador do Céu e da Terra, Se humilhou. Ele “esvaziou-Se a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-Se semelhante aos homens” (Fp 2:7). Nenhuma força externa O levou a fazer isso, apenas a força que tinha dentro de Si, a força do amor.
Ao longo de cada estágio de Sua jornada, a cada passo de Sua missão, Jesus colocou Deus em primeiro lugar. Seus ouvidos não foram abertos literalmente, mas sim os ouvidos do Seu coração. Enquanto aqui viveu, serviu em perfeita obediência.

Prezado amigo, os seus ouvidos estão abertos? Você ama o seu Senhor de tal maneira que está preparado para dizer: “Desejo ser Seu servo por toda a vida. Quero ser semelhante a Jesus, pronto para ir ou ficar, falar ou permanecer em silêncio, ser e fazer apenas aquilo que o Senhor planejou para mim”?

Que essa seja a sua e a minha oração neste novo dia!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Bondade de Jesus

Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que leve à vitória a justiça. Mateus 12:20

Uma das maiores características de Jesus, cheio de graça, é a Sua bondade. Enquanto esteve na Terra, tratou com carinho cada pessoa que se achegou a Ele, considerou todas elas preciosas e procurou um modo de atingir seu coração para que o evangelho ali fizesse morada.

Ao jovem rico, Jesus falou sobre as posses. À mulher junto ao poço, com o jarro d’água em mãos, Jesus falou sobre a água da vida. Ao mestre da lei, Jesus falou sobre o grande mandamento. À mulher apanhada em adultério, culpada diante de todos e de si mesma, não falou nada.

Depois de resumir em seu evangelho o ministério de Jesus em favor dos enfermos, Mateus citou Isaías 42:1-4, a passagem maravilhosa do “Servo”, que descreve o trabalho do Messias. Sem grosserias. Sem severidade. Sem violência. Apenas bondade, compaixão, sensibilidade e preocupação pelo próximo.

Esse é Jesus. Que Salvador! Que Amigo!

Bondade não é sinônimo de fraqueza. Jesus foi bondoso, não fraco. No momento certo, demonstrou-Se forte e firme, derrubando as mesas e cadeiras e colocando os mercadores e cambistas para correr diante do chicote de cordas que confeccionou.

Na maior parte do tempo, entretanto, Jesus foi o epítome da bondade. Com as crianças. Com as mães. Com os marginalizados pela sociedade. Com homens e mulheres enfermos física e espiritualmente.

O mundo aplaude o poder; nós aplaudimos o bondoso Jesus. O mundo aplaude estratagemas, inteligência e a capacidade de “fazer qualquer coisa para vencer”. Nós aplaudimos o bondoso Jesus.

Sua bondade é mais poderosa e realiza muito mais do que qualquer presidente, potentado ou político. Sua bondade transforma a vida das pessoas.

Sua bondade nos torna bondosos. “Nem buscamos reconhecimento humano, quer de vocês quer de outros. Embora, como apóstolos de Cristo, pudéssemos ter sido um peso, fomos bondosos quando estávamos entre vocês, como uma mãe que cuida dos próprios filhos” (1Ts 2:6, 7).

Bondoso Jesus, torna-nos semelhantes a Ti hoje.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Poço de Lágrimas

Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio de amargura, implorou ao pai: “Abençoe também a mim, meu pai!” Gênesis 27:34

O grito de amargura de Esaú ecoa pelos séculos. É o clamor de filhos e filhas que anseiam a aprovação paterna.

Ao que parece, o clamor de Esaú não faz sentido. Aparentemente, Esaú deve ter sido criado em uma família que adorava a Deus e manifestava amor. Seu pai, Isaque, homem temente a Deus, amava Rebeca, sua esposa (Gn 24:67). O casal esperou um longo período para ter filhos e finalmente tiveram apenas dois – gêmeos, Esaú e Jacó. Esse foi um lar em que os filhos foram desejados, recebidos com alegria e amados.

A imagem de Esaú extraída da Bíblia é a de um homem forte e autossuficiente. Ele “tornou-se caçador habilidoso e vivia percorrendo os campos” (Gn 25:27). Não esperamos ver um homem como esse abrir a boca a chorar.

Mas aquele lar estava longe do modelo que aparentava ser. Os pais tinham preferências. Isaque amava Esaú, Rebeca amava Jacó. É claro que os filhos sabiam disso.

Assim, Esaú, com toda a aparente coragem e indiferença às emoções, se sentia profundamente inseguro. Na ocasião em que Jacó enganou Isaque a fim de receber a bênção da primogenitura – bênção que Isaque pensou estar proferindo sobre o outro filho – Esaú irrompeu em lágrimas. Poucos dias antes, havia tratado a bênção de maneira arrogante, trocando-a por um prato de guisado de lentilhas; mas agora, ao ver seu irmão levar o prêmio, clamou para que fosse abençoado também.

O ato de educar os filhos é um aprendizado para os pais também. Ao ensinarmos, continuamente aprendemos mais a nosso respeito. Ficamos surpresos ao perceber como um filho é diferente do outro. Ao se tornarem adultos, ficamos admirados em saber como a opinião de cada um varia em relação à maneira com que foram criados.

Um poço de lágrimas começa a se formar logo cedo dentro de cada um de nós. Até mesmo a melhor família do mundo está manchada pelo pecado, e os filhos detectam (ou pensam que detectam) palavras ou ações que demonstram certa preferência pelo irmão. O poço de lágrimas continua a aumentar em segredo. No momento em que o poço explode na idade adulta, surpreende os pais e outros membros da família.

Mas a graça faz a diferença. A graça assegura aos pais que Deus nos ama, nos aceita e nos ajuda a demonstrar aprovação. Por meio de elogios, abraços, pequenas atenções, transmitimos uma bênção aos nossos filhos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quebrando o Ciclo do Abuso

Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou, e passou a louvar a Deus. Lucas 13:12, 13

Por 18 anos ficou encurvada, incapaz de ficar ereta. Por 18 anos arrastou-se pela vida, lutando para manter o equilíbrio, com os olhos forçadamente voltados para baixo. Nunca pôde contemplar o nascer do Sol, nunca acompanhou o voo de um pássaro ou o movimento das nuvens, pois era obrigada a fitar o chão.

Naquele sábado, caminhou com muita dificuldade até a sinagoga e encontrou um lugar na seção destinada às mulheres. Com os olhos voltados para baixo, ouviu o Mestre itinerante de Nazaré explicar as Escrituras. Extasiada, prestou atenção em cada palavra; mas o interesse se transformou num grande espanto ao ouvir Jesus chamá-la do meio da congregação pelo nome.

“Mulher, você está livre da sua doença”, disse, impondo-lhe as mãos. Imediatamente o poder curador inundou seu ser, libertando as juntas e fortalecendo os ossos. Ela ficou ereta – pela primeira vez em 18 anos!

Muitas pessoas hoje sofrem com uma enfermidade tão real quanto a enfermidade dessa mulher. Passam pela vida com os olhos voltados para baixo, dominadas por uma força que não podem vencer sozinhas. Conhecem apenas um modo de viver, aquele que seus pais – e avós – conheceram. Aquela que seus herdeiros estão fadados a perpetuar.

Refiro-me ao abuso familiar, que ocorre em ciclos satânicos. Crianças crescem sofrendo abusos por parte dos pais, que por sua vez também sofreram abusos, fazendo, assim, com que os filhos deem continuidade a essa atrocidade. Talvez o aspecto mais trágico do abuso seja o fato de ele exercer a sua força em famílias que professam ser cristãs. Já fui testemunha disso – vi isso acontecer entre pessoas que cresceram na igreja, que até mesmo tiveram a oportunidade de ter uma educação cristã. Apesar de todos os sermões e estudos, o ciclo do abuso continua, e tenho vontade de chorar.

Creio que Jesus pode quebrar o ciclo do abuso. Creio que a Sua graça é mais poderosa do que o peso acumulado das gerações. Creio que as pessoas podem mudar. Não temos que aceitar o abuso com sua degradação e falta de respeito próprio; não temos que submeter nossos filhos a abusos, mesmo que tenhamos sido vítimas dele.

Jesus nos chama à frente. Ele nos chama pelo nome e diz: “Você está livre da sua doença.” E pela primeira vez podemos nos endireitar e render louvores a Deus.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Sistema Solar Divino

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Efésios 2:8-10

Graça, fé e obras. Quanto se discutiu, e ainda se discute, a respeito desses termos. Somos salvos pela graça e pelas obras, ou apenas pela graça? Se for apenas pela graça, então onde ficam as obras? E que dizer da fé? É algo pelo qual podemos receber crédito?

Realmente é tentador pensar que a graça, a fé e as obras formam um triângulo – um triângulo com um lado (graça) mais longo dos que os outros, mas ainda assim um triângulo.

Tentador, mas errado. Num triângulo, a soma de dois lados será maior do que o lado restante. Mas isso não é verdade aqui. A combinação de fé e obras nem sequer se iguala à grandiosidade da graça.

Devemos pensar nessa questão como um sistema solar divino, sendo a graça o Sol e a fé e as obras planetas separados que giram em torno desse grande astro.

Há apenas um Sol, pois existe apenas um Sol da justiça (Ml 4:2). No universo da salvação não há espaço para a glória humana; a glória que não vem de Cristo não pode ser a glória refletida por Ele. Unicamente a Sua graça – ilimitada, imensurável, ampla e gratuita – nos concede a esperança da vida eterna. Recebemos a salvação como um presente, não por mérito pessoal. Para outra analogia, leia a linda declaração de Ellen White: “Este vestido [a veste da justiça de Cristo] fiado nos teares do Céu não tem um fio de origem humana” (Parábola de Jesus, p. 311).

Nenhum fio – nem um sequer! Não podemos nos gabar de absolutamente nada.

A fé é um planeta do sistema solar divino. A fé não vem de nós mesmos para que não sejamos tentados a nos orgulhar disso. A fé em si é um dom do Deus da graça, um dom que nos capacita a dizer sim à graça quando todos ao nosso redor escolhem dizer não.

No sistema solar divino também existe outro planeta – as obras. Assim como a fé, as obras provêm do Sol da graça, Jesus. Ao dizer sim para Ele, Sua luz brilha sobre nós e em nós, transformando-nos, renovando-nos, recriando-nos à Sua imagem. Ele reflete a glória de Deus; assim, ficamos cada vez mais semelhantes a Ele.

O sistema solar divino possui três elementos – o Sol da graça e os planetas da fé e das obras.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Crescimento na Graça

Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. 2 Pedro 3:18

Tiro o chapéu para Uceba Babson, de West Palm Beach, Flórida, Estados Unidos. Ao entrar vestindo o capelo e a beca na formatura do ensino médio, o auditório inteiro bateu palmas em pé e o governador do Estado enviou uma carta parabenizando-a.

Poucos meses antes da cerimônia de colação de grau, Uceba Babson havia completado 90 anos de idade!

Na época em que frequentou a escola na juventude, Uceba costumava caminhar quase dois quilômetros até o prédio escolar de apenas uma sala de aula. Em 1931, desistiu de estudar e se casou com um agricultor.

Após 70 anos sem pisar numa sala de aula, Uceba decidiu voltar a estudar. Uceba teve 81 netos e bisnetos e ficou viúva três vezes, mas ainda assim não deixou de acariciar o sonho de concluir o ensino médio.

Levantava-se às quatro da manhã todos os dias e dirigia seu automóvel ao centro de educação de adultos. As muitas horas de estudo de matemática, inglês, ciências e estudos sociais valeram a pena. E ela conseguiu! “Isso foi algo que prometi a mim mesma há muitos anos”, confessou após a formatura. “Foi um desafio, um desafio maravilhoso.”

Nós, seguidores de Jesus, somos alunos de Sua escola de aprendizado vitalício. As riquezas de Sua graça são tão abundantes que nunca chegaremos a seu pleno conhecimento. Deus deseja que estejamos sempre aprendendo, sempre crescendo em Jesus, em quem “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:3). Exploraremos novas profundezas de Sua graça inesgotável por toda a eternidade.

“É o desejo do Senhor que Seus seguidores cresçam em graça, que Seu amor seja mais e mais abundante, que eles sejam cheios dos frutos de justiça, por meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória de Deus” (Ellen G. White, Signs of the Times,
12 de junho de 1901). “A santificação não é obra de um momento, uma hora, ou um dia.

É um contínuo crescimento na graça” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 1, p. 114).

Que perspectiva – sempre aprendendo, sempre crescendo! Que futuro maravilhoso, hoje e eternamente!

Tiro o chapéu para Uceba Babson, que voltou a estudar após passar 70 anos fora da escola e se graduou aos 90. Esse é o espírito que o Senhor da graça quer nos conceder, seja aos 9 ou aos 90.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Se Eu Pudesse Voltar no Tempo

“Contenha o seu choro e as suas lágrimas, pois o seu sofrimento será recompensado”, declara o Senhor. “Eles voltarão da terra do inimigo. Por isso há esperança para o seu futuro”, declara o Senhor. “Seus filhos voltarão para a sua pátria.” Jeremias 31:16, 17

A paternidade talvez seja a função mais importante que nós possamos ser chamados a desempenhar, como também a mais difícil. Há livros aos montes, e uma quantidade infinita de manuais, escritos por indivíduos que têm certeza de que possuem todas as respostas – até nascerem os próprios filhos!

Certa vez, há muitos anos, Noelene e eu fomos convidados a realizar um seminário sobre família. Não temos treinamento profissional nessa área, mas aceitamos. Acho que o seminário foi considerado útil, pois depois disso recebemos vários convites para realizar o mesmo seminário em outros lugares. Atuamos nessa área por algum tempo, mas depois decidimos parar. Na época em que nossos filhos entraram na adolescência, descobrimos que nossas antigas respostas não funcionavam da maneira que deveriam.

Penso na maneira com que os cristãos tentam administrar o lar e criar os filhos. Penso na maneira com que Noelene e eu estabelecemos nosso lar e criamos nossa família. Olho ao redor e me recordo do passado. As únicas palavras que me veem à mente são: amor (claro), respeito, autoridade, obediência, recompensa e punição. Mas não me recordo muito da graça. Ah, a graça estava lá, mas não como o princípio áureo, aquele que rege todos os outros. Não era costume agirmos como Cristo agiu e ainda age conosco – certamente não da minha parte. Geralmente estávamos muito preocupados em ter uma família “boa” e “correta”; afinal, eu era pastor, Noelene era mulher de pastor, e Terry e Julie, filhos de pastor. Noelene e eu nos mantivemos fiéis um ao outro e nossos filhos se comportaram bem.

Tivemos uma família feliz, mas, se pudesse, eu gostaria de ter a oportunidade de fazer tudo de novo. Gostaria de servir mais em vez de ficar tão preocupado com as minhas próprias necessidades. Gostaria de ser mais generoso para que meus filhos pudessem entender melhor a generosidade infinita de Deus. Gostaria de jogar fora para sempre os sentimentos terrivelmente egoístas. Tentaria ajudar Terry e Julie a compreender, sem deixar a menor sombra de dúvida em sua mente, que a despeito de qualquer coisa que fizerem, qualquer lugar que frequentarem, nosso amor por eles jamais diminuirá, que sempre terão um lugar em nossa casa preparado para eles, dia e noite. E que temos orgulho deles, e assim sempre será.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

No Senhor

Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Efésios 6:1

Um lar em que os filhos honram, respeitam e obedecem aos pais: o ideal de todo cristão. Mas a questão é: Por quê? Por que os filhos fazem o que é certo? Por que se comportam segundo o desejo dos pais? Por que se dirigem de maneira respeitosa aos pais?

Talvez ajam assim por medo de agir de maneira contrária. Medo do que poderão sofrer se não fizerem assim. Medo do que lhes será negado. Isso não é “obediência”, mas uma conformidade externa que torna o futuro estritamente limitado. Ao serem removidas as restrições e as motivações externas, essa “obediência” se desvanece como um castelo de areia. Essa é a razão de “bons” filhos de “bons” lares cristãos geralmente rejeitarem todas as restrições no momento em que cortam os laços familiares.

Outro tipo de “bondade” vem do respeito ao padrão cristão do lar. Os filhos amam e respeitam os pais e se tornam “bons” filhos e “bons” adultos. Não se envolvem em confusão, nunca desonram o bom nome dos pais. Mas também sabem que são “bons” e não sentem a necessidade de um Salvador.

A única obediência que conta é a obediência que Paulo identificou no texto bíblico de hoje: “no Senhor”. A única bondade é a bondade que provém por meio de Sua graça. Ao percebermos a nossa iniquidade, aceitamos o sacrifício expiatório de Cristo em nosso favor e nos rendemos ao Seu amor.

Como podemos ajudar nossos filhos a ser obedientes “no Senhor”? Eu gostaria de saber a resposta. Parte da resposta certamente se encontra no modelo que oferecemos a eles como pais. O conceito que possuem de Deus será formado muito mais pelo que fazemos – a maneira pela qual nos relacionamos com eles e com os outros – do que pelo que dizemos.

Se formos dignos de confiança, aprenderão a confiar e terão facilidade em confiar em Deus, a quem não podem ver.

Se formos generosos, terão facilidade em aceitar o incrível dom da salvação.

Se demonstrarmos nosso amor por eles, terão facilidade em compreender que para Deus são infinitamente preciosos.

Se perdoarmos nossos filhos facilmente, talvez sejam capazes de aceitar o perdão infinito de Deus.

Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha função? Nenhum de nós; mas Deus prometeu suprir nossas imperfeições.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Vida Nova na Graça de Deus

O mesmo refere-se aos maridos: sejam bons maridos para as suas esposas. Honrem-nas, deleitem-se nelas. Pois as mulheres não possuem certas vantagens. Mas, na vida nova da graça de Deus, vocês são iguais. Tratem as esposas, portanto, de igual para igual para que as suas orações não sejam interrompidas. 1 Pedro 3:7, The Message

A graça transforma o relacionamento matrimonial. Ela eleva esse relacionamento, a ligação mais delicada e íntima entre os seres humanos, a um novo nível. Tudo o que é belo e precioso no amor entre um homem e uma mulher se torna enobrecido e puro.

A maravilha de se apaixonar é que o nosso mundo de repente se amplia além da visão centrada unicamente em nós mesmos. “Perdemo-nos” no outro: pensamos constantemente na pessoa amada, notamos os detalhes do seu jeito e aparência, analisamos como podemos fazer para agradá-la mais e mais. Tornamo-nos uma pessoa diferente e melhor.

Mas a atração inicial e o fascínio se desgastam. Somos criaturas egoístas por natureza, e o relacionamento que começou com um grau elevado de abnegação se degenera cada vez mais até se transformar em expectativas egoístas, exigentes e insatisfeitas.

Nenhum casamento é perfeito, pois nem o homem nem a mulher são perfeitos. Aquilo que começou de forma tão sublime e majestosa se degrada para algo em que os dois mal podem tolerar, levando-os a ficar juntos apenas para o bem-estar dos filhos, por medo do que os outros vão dizer ou até mesmo devido a ameaças.

Mas a graça, que transforma todo o nosso viver, pode transformar o relacionamento matrimonial. A graça dá e perdoa. Como recebedores da graça, somos presenteados com o dom gratuito da salvação, um presente imerecido, e com o perdão que nos liberta do fardo dos erros do passado, do peso esmagador do presente e do medo do desconhecido.

Por termos recebido tanto sem merecer, desejamos da mesma forma conceder generosamente – a começar com o nosso cônjuge. Por termos sido perdoados por nossas transgressões, podemos perdoar mais prontamente as mágoas e os desentendimentos causados por nosso cônjuge.

Na nova vida na graça de Deus, declarou Pedro, somos todos iguais. Cada família encontra seu próprio caminho no que diz respeito às responsabilidades e deveres – controle das finanças, limpeza da casa, compras, etc. Mas no casamento cristão cada um desempenha suas tarefas, bem-vindas ou não, num espírito de ajuda mútua e com o desejo de agradar. Ninguém é chefe – apenas Jesus, que é o Senhor do lar e do relacionamento.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Graça na Família

Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda. Salmo 127:1

Neste mundo de relacionamentos destruídos, nenhuma outra instituição tem sofrido mais do que a família. O sagrado matrimônio muitas vezes se torna o desvairado pandemônio.

A seguir, partilho com você uma história que circula por aí.

Três homens recém-casados se reuniram e começaram a se gabar de como tinham sido bem-sucedidos em colocar as esposas na “linha”.

O primeiro se gabou de ter dito à esposa que ela era a responsável por lavar toda a louça e cuidar da limpeza da casa. Disse que levou dois dias, mas ao terceiro dia encontrou a casa limpa e a louça lavada.

O segundo homem se gabou de ter dado ordens à esposa para cuidar de toda a limpeza da casa, lavar a louça e cozinhar. Disse que não viu nenhum resultado no primeiro dia, mas no segundo já notou melhoras. No terceiro dia, encontrou a casa limpa, a louça lavada e um jantar caprichado sobre a mesa.

O terceiro homem se gabou de ter dito à mulher que seu dever consistia em limpar a casa, lavar a louça, aparar a grama, lavar a roupa e preparar todas as refeições. Disse que no primeiro dia não viu nada. No segundo dia também não, mas no terceiro o inchaço diminuiu e conseguiu enxergar um pouco com o olho esquerdo!

Ellen White tinha razão ao afirmar: “A graça de Cristo, e ela somente, pode tornar essa instituição [a família] o que Deus designou que fosse: um meio para a bênção e reerguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em sua união, paz e amor, podem representar a família do Céu” (O Maior Discurso de Cristo, p. 65).

Senhor Jesus, reina em minha família hoje! Faze com que ela seja um canal de bênçãos para o mundo e uma instituição para a Tua glória!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Uma Abordagem Nova e Radical

Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Efésios 5:21

A graça não é meramente um bom tema para sermões e hinos. Deus deseja que a graça permeie cada aspecto de nosso ser, transforme cada relacionamento e nos torne semelhantes a Cristo na totalidade da vida.

A graça introduz uma abordagem nova e radical à família. Não precisamos mais ficar preocupados em mostrar quem é o chefe. Em vez de autoridade, a essência é o serviço. O objetivo é servir, não mandar; ajudar, não comandar; assegurar, não dominar. Somos seguidores dAquele que disse aos Seus discípulos: “Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:26-28).

Nossos filhos – filhos cristãos – têm dificuldade em entender o plano da salvação porque aquilo que tentamos ensinar-lhes a partir dos 10 anos de idade está em desarmonia com a maneira pela qual os educamos. No período em que usavam fraldas, engatinhavam e davam os primeiros passos, ensinávamos por meio de recompensas e punições (desaprovação). Em seguida, de repente, tentamos ensinar-lhes que Deus lida conosco de forma totalmente contrária.

Ainda preciso encontrar um método de criar e educar crianças que leve a sério o princípio da graça. Vejo várias ideias e livros cristãos bem-intencionados baseados no princípio do controle, da autoridade, da disciplina, da liderança e assim por diante. Mas, à luz do ensinamento bíblico a respeito da graça, a abordagem nova e radical quanto à família, acho que eles perdem o objetivo de vista, infelizmente.

Os cristãos com razão levam a sério a função de pais. Entendem que, ao desempenharem a tarefa delicada de moldar valores e atitudes, representam Deus na vida dos pequenos. O problema é que não lidamos com nossos filhos da mesma maneira que Deus lida conosco. Somos rápidos em punir e lentos em perdoar. Até mesmo as canções sobre Jesus que ensinamos a eles muitas vezes transmitem, sutil ou diretamente, que Ele não nos ama quando fazemos algo de errado. O método de “recompensa e punição” que utilizamos para educá-los talvez permaneça com eles para o resto da vida, distorcendo permanentemente o conceito que têm de Deus.

Criar e educar filhos. Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha função? De alguma forma, apesar de nós mesmos, coisas boas acontecem, pois Deus é grande e ama nossos filhos muito mais do que o fazemos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Uma Canção em Meio à Noite

Conceda-me o Senhor o Seu fiel amor de dia; de noite esteja comigo a Sua canção. É a minha oração ao Deus que me dá vida. Salmo 42:8

Em 13 de outubro de 1944, um concerto muito incomum foi realizado na cidade-fortaleza de Terezin, na antiga Tchecoslováquia. Localizada entre as cidades de Praga e Dresden, Terezin, com apenas 5.000 habitantes, foi invadida pelo exército nazista e recebeu o nome alemão de Theresienstadt.

Theresienstadt abrigou uma prisão da Gestapo. Ela serviu de campo de concentração em que aproximadamente 74.000 judeus tchecos passaram a caminho de Auschwitz. Alguns dos prisioneiros, no entanto, permaneceram em Theresienstadt por anos. Entre eles, havia vários músicos e compositores. Viktor Ullmann foi um deles. As condições daquele campo de concentração eram bem menos rígidas do que em outros lugares, e os músicos tiveram a oportunidade de continuar sua obra criativa e até mesmo organizar uma orquestra. Ullmann compôs cerca de 20 peças musicais entre 1942 e 1944, incluindo uma ópera. Mesmo diante daquela terrível situação, Ullmann apresentou um espírito de criatividade, resistência e iniciativa.

Para os nazistas, as atividades do campo de concentração de Theresienstadt favoreciam a transmissão de uma falsa impressão. Eles convidaram os representantes da Cruz Vermelha Internacional para inspecionar o campo numa data predeterminada a fim de assistirem ao concerto, que incluía várias obras compostas em cativeiro. Os nazistas filmaram o evento e enviaram as imagens com o objetivo de se autopromoverem. Os músicos receberam ternos pretos para vestir na ocasião, e a plataforma construída para o maestro Karel Ancerl foi enfeitada com vasos de plantas para esconder os sapatos em péssimas condições que ele usava.

Três dias após o concerto, no entanto, todos os prisioneiros do campo, cerca de 2.500 homens, foram enviados para Auschwitz. Sua utilidade para os nazistas tinha chegado ao fim. Muitos foram assassinados ao chegarem ao destino. Viktor Ullmann estava entre eles.

Antes de Ullmann embarcar para Auschwitz, foi obrigado a deixar suas composições musicais em Theresienstadt. Alguns fragmentos foram preservados e hoje fazem parte do repertório de orquestras ao redor do mundo.

É impossível ouvir essas composições sem pensar no contexto histórico em que foram criadas. Musicais escritos não por lucro ou vaidade, mas por um poder maior do que a vida: a necessidade de sobrevivência. Trata-se de uma canção em meio à noite mais escura.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Contando os Fios de Cabelo

Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Lucas 12:7

Essas palavras de Jesus me deixam maravilhado. Deus Se importa tanto comigo que Ele sabe até mesmo quantos fios de cabelo tenho em minha cabeça?

Na atual era em que se mede tudo que existe debaixo do Sol, certamente alguém fez tal cálculo. Sem dúvida, em algum lugar você poderá encontrar a quantidade média de fios de cabelo na cabeça de uma mulher ou de um homem. Mas apenas isso – um cálculo médio. Jesus não estava falando sobre média. Ele queria que soubéssemos que o Pai celestial nos ama íntima, individual e pessoalmente.

Numa viagem à China, compreendi as palavras de Jesus. Tínhamos compromissos marcados em Xangai, mas foram desmarcados e ficamos com uma hora livre. O guia turístico nos disse que poderia nos levar a uma exposição perto dali. Fomos a um prédio grande, de bela arquitetura e vários andares. Visitamos a exposição de esculturas e artefatos interessantes do majestoso passado chinês. Em seguida, entramos numa sala em que a princípio pensei que fosse uma exposição de pinturas, mas os quadros estavam iluminados de uma maneira que eu nunca tinha visto antes. Ao olhar mais de perto, percebi que aquelas obras de arte não haviam sido feitas com pincel e tinta a óleo, mas tinham sido tecidas em seda.

Uma mulher vestida de preto sentada à mesa estava totalmente absorta no trabalho de tecelagem que realizava. Fios de várias cores pendiam da moldura. Através de um intérprete, ela me disse que havia aprendido aquela arte na infância; e agora estava com 62 anos.
Em cima da mesa estava uma fotografia. Ela informou que aquele era o proprietário da companhia. Ao lado estava a réplica da foto (de uma semelhança incrível, mais fiel do que uma fotocópia), uma imitação tridimensional que reproduzia a iluminação e chamava mais atenção do que o original.

Fiquei impressionado. Perguntei-lhe quanto tempo tinha levado para concluir aquela obra de arte.

– Oito meses – ela respondeu.

Teceu, centímetro por centímetro, fio a fio. Se ela quisesse, poderia ter contado cada fio à medida que tecia essa parte de sua criação.

Nosso Criador teceu centímetro por centímetro de nosso ser, fio a fio de cabelo. Com muito amor ficou absorto em Seu trabalho; e com muito amor ainda está ao nosso lado. “Você é muito precioso para Mim”, diz. “Sei tudo sobre você. Eu o criei! Você é Meu!”

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Triunfo da Luz

A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. João 1:5

Verdadeiro ou falso: O mundo é lindo. O mundo é feio.
Verdadeiro e verdadeiro também.
Verdadeiro ou falso: A vida é maravilhosa. A vida é terrível.
Novamente, verdadeiro nos dois casos.

Estamos num conflito, o grande conflito entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. Nunca conseguiram, nunca conseguirão. Glória a Deus por isso!

Em sua obra A Trilha Menos Percorrida (Nova Era, 2004), o psicoterapeuta M. Scott Peck narra a história inacreditável de um empresário de sucesso que conheceu. Fruto de uma relação ilegítima, passou por vários lares adotivos com total ausência de afeto. Aos 17 anos, foi preso por causa de um violento assalto. Após cumprir seis meses de prisão, foi admitido para trabalhar como auxiliar de almoxarifado numa pequena empresa. Para os assistentes sociais, seu futuro parecia tenebroso. Dentro de três anos, no entanto, ele se tornou o chefe de departamento mais jovem da história daquela empresa. Após cinco anos, ele se casou com uma executiva e abriu o próprio negócio. Na ocasião em que conheceu Peck, ele havia se tornado um pai amoroso e carinhoso, um intelectual autodidata, um líder na comunidade e um artista talentoso.

A história desse homem é apenas um dos vários exemplos registrados por Peck. Após ter a oportunidade de conhecer tais pessoas, Peck conclui que “há uma força, um mecanismo que não compreendemos plenamente”, que opera rotineiramente para promover nossa saúde mental e física. O mais impressionante, segundo Peck (que não era cristão na ocasião em que escreveu o livro), não é o fato de ficarmos doentes, mas o fato de não ficarmos doentes com mais frequência e nos recuperarmos quando deveríamos morrer.

O trecho mais impressionante do livro de Peck é a conclusão, capítulo em que o autor faz uma reflexão a respeito do que sua experiência como psicoterapeuta propõe. Ao esforçar-se para compreender a inclinação do Universo a nosso favor, recorre à única palavra que parece encaixar: graça!

O Dr. Peck descobriu que isso é verdade. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. Nunca conseguiram, nunca conseguirão!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Perfume da Graça

Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile de vitória de Cristo. Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas. 2 Coríntios 2:14, NTLH

Nessa passagem, Paulo relaciona a vida cristã ao “triunfo” romano, o grande desfile da vitória que tomava conta das ruas de Roma em comemoração ao sucesso de certo general. O desfile – despojos de guerra, animais exóticos, prisioneiros e, finalmente, o próprio general – acontecia numa atmosfera perfumada com incenso ou com grandes quantidades de pétalas.

O apóstolo Paulo afirmou que somos conduzidos como prisioneiros no desfile da vitória de Cristo. Ele é o Herói conquistador e nós, os prisioneiros voluntários, espalhamos o perfume de Sua graça à medida que passamos.

Você já notou como associamos aromas a lugares? Inalamos algum odor, a sugestão de alguma fragrância, e nossa mente se recorda de um evento que talvez tenha acontecido há muitos anos. Voltamos para aquele lugar e revivemos uma doce lembrança.

O mesmo acontece com as pessoas. Associamos alguém especial com seu perfume. Pode ser um cheiro ou uma fragrância. Toda vez que sentimos esse cheiro, pensamos naquela pessoa.

No período em que moramos na Índia, ficamos encantados com a dama-­da-noite, um arbusto com pequenas flores brancas que exalam seu perfume à noite. Acordávamos nas primeiras horas da manhã e apreciávamos a fragrância doce e suave entrando pela janela. Ao passearmos pelo campus do Spicer College à noite, cruzávamos com um pequeno rastro invisível de perfume e o seguíamos até encontrar a fonte, às vezes a muitos metros de distância, nas pequeninas flores brancas que floresciam discretamente, mas transformavam o ar noturno.

Apaixonei-me por aquela pequena flor. Se sentisse aquela fragrância neste instante, voltaria mentalmente para aquele lugar.

Amo flores; não ligo para flores artificiais. Algumas imitações parecem exatamente como as reais, mas é muito fácil reconhecê-las – cheirando-as. Apenas as flores de verdade são perfumadas.

Isso me leva a examinar meu coração. Sou real ou falso? Será que através de minha vida homens e mulheres, meninos e meninas têm sentido a doce fragrância de Cristo, o perfume da graça?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ame o Próximo

Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente. Tiago 2:8

Até começar a escrever este devocional, eu não tinha percebido o quanto a Bíblia tem a dizer sobre nosso relacionamento com o próximo. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o conceito de “próximo” aparece mais de 150 vezes.

Noelene e eu tínhamos um problema. Ali estávamos nós, na segunda casa de uma rua sem saída, e dois vizinhos pareciam absolutamente inacessíveis.

Bruce e Shirley moravam ao lado, na primeira casa. Parecia que não tínhamos nada em comum com aquele casal. Toda vez que os víamos, de dia ou à noite, seguravam um cigarro entre os dedos.

Aos poucos começamos a puxar conversa por cima da cerca. Então, tivemos uma ideia. No dia em que recebemos a visita de nosso filho, sua esposa e o bebê recém-nascido, decidimos convidar os vizinhos, juntamente com os amigos, para uma confraternização. Bruce e Shirley vieram. Foi a primeira vez que os vimos sem um cigarro na mão.

Em outra ocasião, fizemos questão de convidá-los para uma refeição descontraída ao ar livre em nosso jardim. Após uma investigação meticulosa a respeito de nossa dieta alimentar, retribuíram o convite.

Tornamo-nos bons amigos. No dia em que se aposentaram e mudaram de endereço, insistiram para que fizéssemos uma visita e lanchássemos juntos. Não perdemos a oportunidade. Com grande orgulho mostraram-nos seu novo lar, que estava sendo mantido longe da fumaça do cigarro.

A outra família “inacessível” morava em frente à nossa casa. Pareciam nunca estar em casa; nem mesmo sabíamos seu nome. De vez em quando víamos um carro estacionado na garagem, mas não víamos nenhum rosto.

Foi então que aquela terrível terça-feira chegou: 11 de setembro. Na sexta-feira à noite daquela mesma semana, no Dia Nacional de Oração, decidimos convidar os vizinhos para uma reunião em nossa casa na qual poderíamos passar simples momentos de reflexão, leitura, orações e tomar um suco. Nossos vizinhos da frente apareceram para dizer que aquela era uma ideia excelente, mas que infelizmente já tinham um compromisso marcado.

Aquele casal foi a sétima e a última família que conhecemos na rua sem saída. Ao olharmos para trás, pensamos como fomos capazes de ficar tanto tempo escondidos em nosso pequeno casulo. Realmente é um lindo dia em nossa vizinhança.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Surpresa na Rua sem Saída

Porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo. 2 Coríntios 2:15

Por muito tempo, Noelene e eu não fomos bons vizinhos, e isso nos incomodava. Na ocasião em que nos mudamos para Silver Spring, Maryland, compramos a segunda de uma série de sete casas localizadas numa rua sem saída. Nenhum de nossos vizinhos era adventista. Mergulhamos no trabalho na sede da igreja mundial. Nós dois viajávamos; nosso lar se tornou um refúgio. Nossos vizinhos mal nos viam e, quando nos encontrávamos, simplesmente acenávamos ou nos cumprimentávamos com um breve “oi”. Não parecia certo. Pregávamos ao mundo sobre Jesus, mas não tínhamos tempo para as pessoas que moravam ao lado.

A vizinhança em geral estava mudando; as propriedades começaram a desvalorizar. Começamos a pensar que talvez fosse o momento de deixar aquele lugar e mudar para mais longe. Mas foi como se o Senhor nos dissesse: “Fiquem onde estão e procurem fazer amizade com os vizinhos. Tenho uma surpresa para vocês.” Assim, ficamos. E o Senhor começou a abrir nossos olhos.

O primeiro vizinho que se tornou nosso amigo foi Jimmy, que morava do outro lado da rua. Ele veio admirar os narcisos que floresceram cedo e aos montes em frente à nossa casa, que era voltada para o lado sul. Conversamos a respeito de jardinagem. Ele nos mostrou o quintal maravilhoso que tinha em sua casa e revelou o segredo – esterco.

Observamos a saúde de Jimmy decair. Foi obrigado a tirar folga e mais tarde a parar de trabalhar por completo. Ficou magro e abatido. A última vez que o vimos com vida foi em cima de uma cama. Sua estrutura grande e robusta minguou devido às terríveis consequências da Aids.

Enquanto isso, na porta ao lado, na terceira casa, o tempo estava prestes a cobrar seu preço. Certo dia, eu estava aparando a grama quando vi meu vizinho cair de repente. Corri para ajudá-lo a se levantar. Exames clínicos revelaram que estava muito doente: havia contraído a doença de Lou Gehrig. No fim daquele ano estava numa cadeira de rodas. Um pouco antes do Natal, fomos à casa dele cantar algumas canções natalinas. Seu rosto estava paralisado. Incapaz de sorrir, apenas os olhos brilharam. Em duas semanas ele deixou de existir.

Havia mais quatro casas. Fizemos amizade com os moradores de duas delas; os outros dois pareciam inacessíveis. Mas Deus, que já nos tinha surpreendido, ainda não tinha terminado a Sua obra naquela rua sem saída.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Dominando a Arte de Viver

Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dEle graças a Deus Pai. Colossenses 3:17

Um dos maiores erros que muitos cristãos cometem é dividir o tempo entre “sagrado” e “secular”. Pensam que durante o tempo sagrado Deus está próximo e o comportamento deles deve refletir a Sua presença. Durante o período secular, no entanto, de alguma forma, Deus é removido, e as ações deles assumem uma característica diferente.

Paulo, porém, disse que tudo o que fizermos – a qualquer hora, em qualquer lugar – deve ser feito em nome do Senhor Jesus Cristo, em atitude de gratidão. Ou seja, deve ser feito por meio de ações de graça.

O culto não é um compromisso que ocorre uma vez por semana. Ao dominarmos a arte de viver através do Espírito e em graça, nossa vida se torna um culto. Nosso trabalho se torna um culto. Se Jesus viesse à Terra novamente e quiséssemos levá-Lo à igreja, creio que Ele diria: “Não; leve-Me para o local em que você trabalha.”

Um amigo partilhou comigo a seguinte citação que, apesar de não mencionar o nome de Deus, expressa a sabedoria que eu tanto busco:

Um mestre na arte de viver
Faz pouca distinção
Entre o trabalho e o lazer,
Entre a mente e o corpo,
Entre a educação e a recreação,
Entre o amor e a religião.
Dificilmente sabe distinguir uma coisa da outra.
Almeja, simplesmente, a excelência em tudo que faz,
Deixando para aos demais
A tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo.
Ele acredita que está sempre
Fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.

Isso se tornará muito mais real se Deus estiver no centro de nossa vida! Quando vivemos na graça, a vida inteira é transformada, seja no trabalho ou no lazer.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Atleta Gentil

Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1 Coríntios 9:24

Olhando para trás sob a perspectiva da cultura moderna em que os atletas são altamente remunerados e cercados de técnicos, treinadores e agentes publicitários, a história a seguir parece quase irreal.

Na manhã de 6 de maio de 1954, o médico estagiário Roger Bannister deu plantão no Hospital St. Mary em Londres, Inglaterra. Em seguida, entrou a bordo do trem que dali a uma hora o deixaria em Oxford. Era uma tarde de quinta-feira e cerca de 1.000 pessoas se reuniram para realizar uma competição de corrida não divulgada ao público. Apenas uma câmera de televisão estava presente e alguns poucos repórteres que haviam sido informados com antecedência.

Roger Bannister era estudante de medicina. Mas nas horas de folga também treinava, sem alarde, corrida de distâncias médias. Corria no horário do almoço, à noite e nos fins de semana. Não tinha técnico, treinador e muito menos nutricionista. Corria em pistas de atletismo de má qualidade, em parques, em qualquer lugar disponível.

Em 1952, Bannister foi selecionado para representar seu país nas Olimpíadas de Helsinki, Finlândia. Mas saiu tudo errado. Em vez de conquistar a medalha de ouro na corrida de 1.500 metros, ele chegou em quarto lugar. Além de fracassar, desapontou Oxford, famosa por seus atletas, e a Inglaterra.

O tempo se esgotava para Bannister. Ele estava com 25 anos, e a carreira médica consumia cada vez mais seu tempo. Em vez de aguardar outra chance nos jogos de 1956, Bannister estabeleceu um alvo ainda mais ousado. No atletismo havia uma barreira aparentemente intransponível. Ninguém havia conseguido correr 1.500 metros em menos de quatro minutos.

Naquela tarde em Oxford, num dia de chuva e vento, Roger Bannister conseguiu. No fim de um percurso difícil, cruzou a linha de chegada aos 3 minutos e 59.4 segundos, caindo nos braços dos amigos. Após o evento, não houve um contrato multimilionário com alguma famosa marca esportiva. Em vez disso, Bannister prosseguiu os estudos e se tornou um notável neurologista.

Todos nós corremos a corrida da vida. Na Terra, a competição impera. Mas na corrida cristã, a corrida que se tornou possível pela graça, ajudamos um ao outro até a linha de chegada. Nessa corrida, todo aquele que completar o percurso ganhará o prêmio da vida eterna.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Legião de Perdedores

Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim.” João 5:7

Afligido física e espiritualmente, era alguém digno de dó. Cego, coxo, paralisado... Em meio à multidão de deficientes físicos, seu caso era o mais desesperador. A doença havia paralisado seu corpo e por 38 anos sufocado a esperança. Ficava deitado, dia após dia, à espera de um milagre.

A história relatada no quinto capítulo do Evangelho de João é uma das mais estranhas da Bíblia. Especialmente o verso 4, que diz: “De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitadas as águas, era curado de qualquer doença que tivesse.”

Algo não soa real aqui. Será que essa é a maneira que Deus opera, garantindo a cura para uma pessoa que, abrindo caminho às cotoveladas, entra no tanque primeiro? Esse conceito é totalmente contrário à graça.

Na verdade, os manuscritos mais antigos não contêm esse verso. Essa é a razão de ele não ser encontrado nas versões mais modernas da Bíblia. Ellen White, ao comentar sobre essa passagem, observou que “acreditava-se comumente” que um anjo descia e movia as águas (O Desejado de Todas as Nações, p. 201). Que as águas se moviam de tempos em tempos não há dúvida, mas esse fenômeno provavelmente ocorria devido a uma nascente subterrânea.

Quando Jesus viu o inválido deitado ao lado do tanque, perguntou:

– Você quer ser curado?

Em vez de responder “sim”, aquele perdedor de primeira categoria conseguiu apenas responder:

– Não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque. Outra pessoa sempre entra primeiro que eu.

Ele não pediu para ser curado. Não tinha fé. Nem mesmo sabia o nome de Jesus.

Mas Jesus o curou assim mesmo.

– Levante-se! Pegue a sua cama e ande.

Imediatamente aquele homem foi curado. Pegou sua cama e andou.

Jesus ama os perdedores. Graça significa que mesmo os casos mais perdidos – pessoas tão devastadas que não conseguem nem mesmo pedir ajuda – encontram vida nova.

O Céu estará repleto de uma legião de perdedores. Como você e eu.