Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou, e passou a louvar a Deus. Lucas 13:12, 13
Por 18 anos ficou encurvada, incapaz de ficar ereta. Por 18 anos arrastou-se pela vida, lutando para manter o equilíbrio, com os olhos forçadamente voltados para baixo. Nunca pôde contemplar o nascer do Sol, nunca acompanhou o voo de um pássaro ou o movimento das nuvens, pois era obrigada a fitar o chão.
Naquele sábado, caminhou com muita dificuldade até a sinagoga e encontrou um lugar na seção destinada às mulheres. Com os olhos voltados para baixo, ouviu o Mestre itinerante de Nazaré explicar as Escrituras. Extasiada, prestou atenção em cada palavra; mas o interesse se transformou num grande espanto ao ouvir Jesus chamá-la do meio da congregação pelo nome.
“Mulher, você está livre da sua doença”, disse, impondo-lhe as mãos. Imediatamente o poder curador inundou seu ser, libertando as juntas e fortalecendo os ossos. Ela ficou ereta – pela primeira vez em 18 anos!
Muitas pessoas hoje sofrem com uma enfermidade tão real quanto a enfermidade dessa mulher. Passam pela vida com os olhos voltados para baixo, dominadas por uma força que não podem vencer sozinhas. Conhecem apenas um modo de viver, aquele que seus pais – e avós – conheceram. Aquela que seus herdeiros estão fadados a perpetuar.
Refiro-me ao abuso familiar, que ocorre em ciclos satânicos. Crianças crescem sofrendo abusos por parte dos pais, que por sua vez também sofreram abusos, fazendo, assim, com que os filhos deem continuidade a essa atrocidade. Talvez o aspecto mais trágico do abuso seja o fato de ele exercer a sua força em famílias que professam ser cristãs. Já fui testemunha disso – vi isso acontecer entre pessoas que cresceram na igreja, que até mesmo tiveram a oportunidade de ter uma educação cristã. Apesar de todos os sermões e estudos, o ciclo do abuso continua, e tenho vontade de chorar.
Creio que Jesus pode quebrar o ciclo do abuso. Creio que a Sua graça é mais poderosa do que o peso acumulado das gerações. Creio que as pessoas podem mudar. Não temos que aceitar o abuso com sua degradação e falta de respeito próprio; não temos que submeter nossos filhos a abusos, mesmo que tenhamos sido vítimas dele.
Jesus nos chama à frente. Ele nos chama pelo nome e diz: “Você está livre da sua doença.” E pela primeira vez podemos nos endireitar e render louvores a Deus.
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