Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um. Marcos 4:8
Na famosa parábola de Jesus, um semeador saiu a semear. Algumas sementes caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, mas queimaram e secaram ao calor do Sol. Ainda outras caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram os brotos. Mas algumas sementes caíram em terra fértil e germinaram e deram uma colheita abundante.
Sempre entendi que essa parábola falava a respeito dos vários ouvintes do evangelho. Apesar de ser chamada de a parábola do semeador, essa é, na verdade, a parábola dos solos. A compreensão usual dessa parábola, sem dúvida, aponta para a verdade, mas perde de vista alguns aspectos importantes – e o mais importante de todos.
Um estudo dos métodos antigos de agricultura nos ajuda a compreender o significado por trás das palavras de Jesus. Ao contrário da agricultura moderna em que primeiro o solo é preparado para depois ser semeado, o método antigo consistia em lançar as sementes e depois lavrá-lo. Essa é a razão de as sementes na parábola aparentemente terem ido parar em vários lugares.
As sementes à beira do caminho, no terreno pedregoso e entre os espinhos caíram ali por acidente, não por ação proposital. A maior parte das sementes caiu no local planejado – em solo fértil. Se nos concentrarmos nos três solos inférteis, deduziremos que o trabalho do semeador foi em grande parte (75%) perdido; mas não foi assim.
Pelo contrário, o trabalho do semeador resultou numa colheita abundante. Na verdade, a colheita ultrapassou todas as expectativas. “Estudos sobre a produção dos campos agrícolas da Palestina, em que métodos agrícolas eram seguidos, revelam que uma colheita em que se colhia dez vezes mais do que foi plantado era sinônimo de uma boa produção, pois a média era de aproximadamente sete e meio. Isso significa que todos os três números da colheita (30, 60 e 100 por um) foram mencionados para descrever uma colheita anormal, uma colheita milagrosamente abundante” (Larry W. Hurtado, Mark [1983], p. 58).
Do ponto de vista humano, a colheita da parábola era impossível. Mas o evangelho não fala sobre o poder humano, e sim a respeito do reino de Deus, do trabalho de Deus.
A abundância da graça ultrapassa os limites de nossa imaginação.
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