sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim da jornada

Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. 1 Pedro 4:7

É bom chegar ao fim: ao fim de uma semana, ao fim do mês, ao fim do ano. É bom concluir um projeto, como a construção de uma casa, chegar ao fim de um livro e ver como termina a história. É bom chegar ao fim de uma longa viagem.

Em 1968 empreendi longa viagem para a Austrália. Permaneci lá por dois anos e meio e então voltei para o Brasil, em outra longa viagem que durou exatamente um ano. Que alegria regressar à pátria e rever parentes e amigos!

O livro do Apocalipse conta a história de como começou o conflito entre o bem e o mal e de como esse conflito terminará. No capítulo 12, o profeta descreve a luta de Miguel e os Seus anjos contra o rebelde Satanás e seus anjos, os quais foram derrotados e atirados para a Terra. E os últimos capítulos falam da destruição do mal e do júbilo eterno daqueles que amaram a Deus.

Você já deve ter recebido um convite de casamento em que, após o anúncio da recepção, estavam as letras R.S.V.P., que são as iniciais, em francês, de répondez s’il vous plaît (responda, por favor). E no final do Apocalipse está um convite de casamento com as seguintes palavras: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22:17).

Os noivos o estão convidando a beber a água da vida e esperam ansiosamente por sua resposta. Eles desejam desfrutar a eternidade em sua companhia. Se você responder “sim”, sua jornada terrena terá um final feliz.

Não posso descrever como serão o novo céu e a nova terra que Deus está preparando. Mas os dois últimos capítulos do Apocalipse nos dão um vislumbre desse lugar maravilhoso. Valerá a pena fazer qualquer sacrifício para estar lá.

Gosto de histórias com final feliz. Por que não dar imediatamente a Jesus a resposta que Ele tanto espera: “Sim, sim, sim”?

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Dias piores virão. Dias melhores também

A terra cambaleará como um bêbado e balanceará como rede de dormir; a sua transgressão pesa sobre ela, ela cairá e jamais se levantará. Isaías 24:20

Não sabemos o que o novo ano nos trará. A vida pode mudar num abrir e fechar de olhos, através de um acidente, doença, perda de um ente querido, perda do emprego ou mesmo da liberdade. A vida neste mundo é muito frágil.

Todos gostaríamos que as coisas melhorassem. Que tivéssemos mais recursos, mais tempo, mais saúde, mais lazer, mais paz. Mas se cremos na Palavra profética, não há como ser otimista quanto ao futuro neste mundo. Relembremos algumas declarações:

“Está-se formando uma tempestade, prestes a irromper sobre a Terra; e, quando Deus ordenar a Seus anjos que soltem os ventos, haverá uma cena de lutas que nenhuma pena poderá descrever” (Educação, p. 180).

“Os juízos de Deus estão na Terra. As guerras e rumores de guerra, as destruições pelo fogo e inundações, dizem claramente que o tempo de angústia, que aumentará até o fim, está às portas” (Beneficência Social, p. 136).

Quando os discípulos se aproximaram de Jesus e Lhe perguntaram que sinal haveria da Sua vinda e da consumação do século (Mt 24:3), Jesus procurou prepará-los para as tribulações vindouras (Lc 21:7-12). Mas explicou o motivo de Deus permitir tais sofrimentos, dizendo: “E isto vos acontecerá para que deis testemunho” (v. 13). Ele não ocultou que os tempos seriam difíceis, mas deu significado às provações. Quando os discípulos fossem levados perante as autoridades, eles teriam a oportunidade única de testemunhar perante reis e governadores e apresentar-lhes a razão de sua esperança. Deus não impediria que sofressem, mas usaria suas experiências para levar aos outros a mesma esperança de salvação que eles possuíam.

Deus está guiando Seu povo, e Ele tem um propósito para nós, mesmo nas provações. Ele pode transformar o mal em bem e as tragédias em triunfos. A certeza que Ele nos dá é que “não se perderá um só fio de cabelo [de nossa] cabeça” (Lc 21:18), isto é, ainda que nos lancem na prisão e matem alguns de nós, o nosso bem-estar eterno não será prejudicado.

Dias piores virão. Dias melhores também: no reino que Ele nos foi preparar.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mansão sobre o monte

Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. João 14:2

Quando meus filhos eram pequenos, muitas vezes cantamos juntos no culto familiar o hino nº 501 do Hinário Adventista, “Mansão Sobre o Monte”, cujo coro diz: “Terei u’a casa, no alto do monte, com flores lindas por todo o jardim; aves cantando nas copas frondosas, rejubilando, na vida sem fim.” Lembro-me com emoção desses dias.

O ministério de Jesus havia chegado ao fim e os discípulos estavam desanimados porque haviam percebido que o reino que Ele viera estabelecer não seria uma estrutura política terrestre. Embora eles ainda não houvessem compreendido bem o que aconteceria com Jesus, seus planos desmoronaram de vez quando Ele lhes anunciou que Se retiraria da presença deles. Então Cristo procurou confortá-los, elevando os pensamentos deles para aquele mundo melhor, que será a habitação eterna dos remidos, dizendo: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas, e é para lá que estou indo, a fim de vos preparar lugar.”

Jesus sabia que os discípulos levariam uma vida de peregrinação, viajando de um país para outro para pregar o evangelho. E para homens em constante mudança de lugar, o que mais precisavam era a promessa de um verdadeiro lugar de descanso.

Ao dizer que “na casa de Meu Pai há muitas moradas” Jesus podia ter em mente uma casa espaçosa e ampla, com acomodações para todos os seus moradores. Os discípulos, portanto, não precisariam se preocupar com a falta de lugares. Mas Jesus não está agora administrando a construção de moradias para nós, no Céu, como eu pensava quando criança, pois Ele mesmo disse que o reino dos Céus já está preparado para nós “desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).

No simbolismo de Suas palavras sobre o preparo de um lugar para o povo de Deus podemos compreender a Sua obra intercessória no Santuário Celestial, pois como nosso “Precursor” (Hb 6:20), que penetrou no Lugar Santíssimo. Ele foi à nossa frente, preparando esse lugar para que nós possamos estar ali também.

Assim como a Terra estava pronta para receber os seres humanos quando foi criada, o Céu também estará pronto quando lá chegarmos. Não haverá improvisação, pois Deus é um Deus de ordem, e planeja tudo com antecedência.

Em breve teremos uma casa, no alto do monte Sião. Preparemo-nos para morar lá.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Apostasia – um perigo constante

Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. 1 Coríntios 10:12

Toda pessoa é livre para escolher servir a Cristo, e é igualmente livre para virar-Lhe as costas. Uma pessoa pode estar firme em Cristo pela manhã e rejeitá-Lo ao entardecer. Ninguém, nesta vida, atingirá um nível espiritual do qual não possa cair. Daí a importância de manter-se vigilante.

Cristo declarou que havia descrentes entre os Seus próprios discípulos (Jo 6:64), tanto é que muitos deles “O abandonaram e já não andavam com Ele” (v. 66). Alguns perceberam que não seria possível desafiar as autoridades de seu tempo sem sofrer as consequências. Estavam dispostos a seguir a Jesus com “céu de brigadeiro”, mas não sob tempestade. E estava se armando uma tormenta sobre Jesus e Seus seguidores. Outros haviam vindo a Jesus por interesse, e quando sentiram que o discipulado envolveria não apenas receber, mas também dar de si, caíram fora.

A Bíblia está repleta de apóstatas, a partir de Caim. Mas quero me concentrar hoje no caso de Demas, cujo nome é mencionado apenas três vezes. A primeira está em Filemom, onde Paulo chama a Demas e Lucas de “meus cooperadores” (v. 24). Podemos ver aí a grande estima em que Demas era tido: seu nome é mencionado antes do de Lucas, e Paulo o considera um “cooperador”. Na segunda menção a Demas, Paulo diz: “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas” (Cl 4:14). Parece que algo mudou aí, pois Paulo agora menciona Lucas em primeiro lugar, com uma palavra de apreço, e se limita a citar Demas depois, apenas pelo nome. Aparentemente, Demas havia começado a se afastar. Mais tarde, Paulo diz: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou” (2Tm 4:10). Aqui temos, em poucas palavras, a história da vida de um homem. Ele não apostatou de um dia para o outro. A chama da sua fé foi se extinguindo lentamente.

A mesma condição existe hoje na igreja. Dificilmente alguém acorda um dia e declara: “A partir de hoje não serei mais cristão. Vou abandonar a Deus, deixar de ler a Bíblia, e sair da igreja.” A pessoa vai se afastando aos poucos, negligenciando a oração, o estudo da Bíblia, a devoção para com Deus, a frequência aos cultos.

Prevenir a apostasia é melhor do que remediar. Continuemos cultivando nossa fé como se cultiva uma planta no jardim. É necessário cuidado constante.

Quando Jesus perguntou aos doze: “Quereis também vós outros retirar-vos?”, a resposta de Pedro deve ser também a nossa: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6:67, 68).

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um salmo para cada emoção

Instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. Colossenses 3:16

A poesia e o canto são dons que Deus nos deu para expressarmos nossas emoções mais profundas. E expressamos cada emoção com um cântico correspondente.

Assim, a mãe canta uma canção de ninar para o seu bebê. O jovem apaixonado e cheio de pensamentos românticos faz uma serenata junto à janela de sua namorada. O soldado a caminho da guerra canta um cântico marcial para elevar o espírito e apressar o passo. Os cânticos fúnebres são reservados para os momentos de dor e morte.

A experiência religiosa é enriquecida com cânticos apropriados a cada ocasião. Cantamos canções natalinas ao celebrar o nascimento de Jesus. Por ocasião da Páscoa cantamos sobre a cruz e a ressurreição. Invocamos a presença de Deus com um hino e cantamos também para encerrar o serviço religioso. Nossos momentos de adoração seriam apáticos se não fossem vivificados pelo cântico congregacional.

A poesia também é encontrada na Bíblia. Embora haja exemplos de poesia em quase todos os seus livros, é nos Salmos que a expressão poética bíblica se acha concentrada. “Há salmos para cada emoção, para cada necessidade: salmos para os desapontados, para os desanimados, para os velhos, para os desesperançados, para os doentes, para os pecadores; e salmos para os jovens, para os fortes, para os esperançosos, para os fiéis, para o filho de Deus, para o santo triunfante” (SDABC, v. 3, p. 620).

Os Salmos constituem a leitura predileta daqueles que desejam desfrutar de um bom relacionamento com Deus. A vida nem sempre é fácil. Inclui momentos de gozo, mas também de perplexidade. Há ocasiões em que reconhecemos as bênçãos de Deus e outras nas quais nos sentimos abandonados.

Jesus citou os Salmos mais do que qualquer outro livro. Seus ensinos, no Sermão da Montanha, estão repletos dos princípios encontrados nos Salmos. Ele e Seus discípulos cantaram um salmo ao terminar a última Ceia (Mc 14:26). Na cruz Jesus exclamou: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Sl 22:1).

Muitas vezes nos sentimos sozinhos em nossa experiência, como se não houvesse ninguém no Universo que nos compreenda. E são nesses momentos que podemos encontrar consolo nos Salmos, ao percebermos que alguns homens de Deus se sentiram da mesma maneira que nós, mas venceram seus períodos de depressão expressando sua confiança em Deus.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Trabalho ingrato

Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. João 10:2, 3

Uma família estava desfrutando um dia ensolarado na praia. Algumas crianças nadavam, enquanto outras faziam castelos na areia. Ao longe, apareceu uma mulher idosa, baixa, com os cabelos grisalhos esvoaçando. Suas roupas estavam sujas e rasgadas. Ela resmungava, enquanto se abaixava para apanhar objetos da praia, colocando-os dentro de um saco. Os pais chamaram as crianças para junto de si e lhes disseram que se mantivessem longe daquela mulher.

Ao passar, abaixando-se aqui e ali para apanhar algo, ela sorriu para a família, mas não foi correspondida. Algumas semanas mais tarde eles ficaram sabendo que aquela senhora se empenhava em apanhar cacos de vidro da praia, para que as crianças não se cortassem.

Um trabalho ingrato, não remunerado e, muitas vezes, não reconhecido. Há muita gente ocupada em trabalhos ingratos, e mudariam de profissão se tão somente tivessem oportunidade.

Pastorear ovelhas é uma profissão assim, talvez pouco conhecida dos habitantes da cidade. Jacó, ao fugir de seu tio Labão e ser por ele alcançado, lhe deu um retrato das asperezas desse ofício: “Vinte anos estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não comi os carneiros de teu rebanho. Nem te apresentei o que era despedaçado pelas feras; sofri o dano; da minha mão o requerias, tanto o furtado de dia como de noite. De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos” (Gn 31:38-40).

Não é fácil lidar dia e noite com ovelhas mudas, malcheirosas, conduzindo-as às pastagens, protegendo-as de animais selvagens e de ladrões, sofrendo calor de dia, frio à noite, e não podendo dormir. O pastor nunca tem folga. Está sempre vigilante. É um trabalho ingrato, mal remunerado e mal reconhecido.

Pois é exatamente assim que Cristo Se descreve – como um bom pastor, que é capaz de dar a vida pelas ovelhas. Ele conhece cada uma delas pelo nome. Napoleão sabia o nome de milhares de seus soldados. Cristo sabe os nomes de todos os Seus milhões de fiéis. Conhece também cada uma de nossas fraquezas e Se compadece de nós, porque foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança.

Como ovelhas do Seu aprisco, ouçamos-Lhe a voz e nos acheguemos confiantemente a Ele.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Salvação para os pastores

E, ausentando-se deles os anjos para o Céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. Lucas 2:15

O Natal nos traz à mente vários elementos que caracterizam o nascimento de Jesus: estrebaria, vacas, manjedoura, Maria olhando para um nenê envolto em panos. Também pensamos em três magos montados em camelos e nos pastores que cuidavam de seus rebanhos à noite, assustados com o anjo que lhes apareceu.

Geralmente consideramos os pastores como indivíduos protetores, destemidos, capazes de enfrentar animais selvagens em defesa do seu rebanho. Sem dúvida, temos boas razões para isso, pois a história de Israel se estende através de uma linhagem de pastores, desde Davi, o pastor que defendia suas ovelhas de leões e ursos, até Abraão, Isaque e Jacó, os pais da nação israelita e, retrocendendo, até Abel, o primeiro pastor. O ofício de pastor, junto com o de agricultor, é o mais antigo do mundo.

No Novo Testamento, Jesus comparou o amor de Deus por Seus filhos extraviados com o de um pastor que sai em busca da ovelha perdida. Em João 10:11, Jesus Se compara ao bom pastor, que dá a vida pelas ovelhas.

Tudo isso sugere que os pastores do tempo de Jesus eram profissionais respeitados, dignos, portanto, de serem os receptores das boas-novas que os anjos lhes anunciaram. Entretanto, o escritor Joaquim Jeremias, que estudou as condições sociais existentes na Palestina nos tempos do Novo Testamento, afirma que os pastores não gozavam de boa reputação, pois eram quase sempre desonestos. Os líderes espirituais de Israel diziam que um pai não devia ensinar essa profissão aos filhos, pois era um “ofício de ladrões”, e equiparavam os pastores aos coletores de impostos e publicanos, tidos como “pecadores”.

Se é assim, por que os anjos anunciaram o nascimento de Jesus a essa classe desprezada, e não a pessoas de prestígio social? A resposta é dada por Jesus, em Lucas 5:31, 32: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.”

E esta é uma boa notícia para nós ainda hoje, pois Deus continua chamando pecadores para o Seu reino.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Inimigos no altar

O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas 2:10, 11

Era véspera de Natal, em 1942. Alemães e aliados haviam feito uma trégua, mas a cidade de Warrington, na Inglaterra, estava às escuras, como se esperasse um ataque aéreo naquela noite fria.

O padre Richard Rochford deveria rezar a missa da meia-noite na Igreja de Saint Mary, e soldados e civis tatearam pelas ruas escuras até chegarem à igreja. Às 23h30 havia lugar apenas nas três primeiras fileiras, que estavam reservadas.

Dez minutos antes de começar o serviço, as portas da frente se abriram e uma fila de prisioneiros alemães e italianos, escoltados por guardas americanos e ingleses armados, marchou pelos corredores e ocupou os assentos vazios.

Pouco antes da meia-noite o padre Rochford ocupou o púlpito e com a voz embargada explicou que, infelizmente, não haveria música de Natal desta vez, pois o organista havia ficado doente. Um suspiro de desapontamento se ouviu na congregação, e então todos ficaram em silêncio.

Nisso, houve certa agitação entre os prisioneiros alemães, e a congregação ficou alerta para ver o que aconteceria. Um prisioneiro se ergueu e falou com um guarda. Então, escoltado pelo guarda, o prisioneiro caminhou até o altar, inclinou-se perante o padre e assentou-se ao órgão.

Um ar de expectativa encheu a congregação. Será que aquele prisioneiro sabia tocar? Ou pretendia criar confusão e mostrar desrespeito?

Mas logo os maviosos acordes do hino “Noite de Paz” encheram o ambiente, deixando os presentes enternecidos. Eles nunca haviam ouvido alguém tocar essa música com tanto sentimento. Era como se o espírito de Cristo estivesse fluindo dos dedos do organista naquela noite, penetrando no coração dos ouvintes.

O organista continuou tocando os belos e tradicionais cânticos de Natal, levando a multidão às lágrimas. E durante todo o tempo, o guarda permaneceu ao seu lado, com o rifle apontado para o seu coração. Não se poderia imaginar uma cena mais contraditória num momento tão solene.

Ele finalmente parou de tocar e voltou para junto dos demais prisioneiros. O padre então se ergueu e disse: “Este jovem prisioneiro de uma nação inimiga demonstrou, hoje à noite, que os verdadeiros laços de amor, que exemplificam o espírito do Natal, são superiores aos conflitos humanos” (H. N. Ferguson).

Que esse espírito reine em seu coração hoje e sempre.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O melhor presente de Natal

Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos. Tito 3:14

Durante a Segunda Guerra Mundial, quatro soldados americanos que haviam estado na frente de batalha por algum tempo, foram enviados a um pequeno vilarejo francês para um breve descanso. Quando eles chegaram à vila, descobriram que era véspera de Natal. Então começaram a discutir como deveriam comemorar essa data. Um dos soldados disse: “Quando estávamos vindo para cá, hoje de manhã, notei um orfanato não muito longe daqui. Por que não vamos até lá pela manhã e levamos alguns presentes de Natal para aquelas crianças?”

Os outros gostaram da idéia, e quanto mais falavam sobre isso mais entusiasmados ficavam. Então compraram vários tipos de brinquedos, bombons, roupas, alimentos, livros e joguinhos, e na manhã seguinte apareceram em frente ao orfanato com maravilhosos presentes para todas as crianças.

O diretor da instituição ficou contente e todas as crianças se deliciaram ao abrir os presentes. Todas, menos uma menininha, que ficou quieta num canto. Ela parecia ter uns cinco ou seis anos de idade e seu rostinho parecia muito triste. Um dos soldados percebeu que ela não estava participando da alegria geral e perguntou ao diretor quem era a garota.

“Oh, coitadinha”, disse ele. “Ela está aqui há apenas uma semana. Seus pais morreram num acidente de carro e não havia ninguém que a amparasse, de modo que a trouxemos para cá.”

O soldado aproximou-se da garotinha e gentilmente lhe perguntou: “Hoje é dia de Natal e temos aqui lindos presentes: brinquedos, roupas, bombons, alimentos, livros e joguinhos. O que você mais gostaria de ganhar?”

A menininha respondeu: “Eu quero que alguém me abrace!”

Talvez este seja o melhor de todos os presentes de Natal: que alguém nos dê um abraço. E, com certeza, o Pai Celestial está de braços abertos para cada um de nós, desejando que aceitemos Seu amor e o partilhemos com outras pessoas.

“As festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar” (O Lar Adventista, p. 482).

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Você tem medo da perseguição?

Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. 1 Coríntios 10:13

Tadeu era um garotinho de seis anos e estava brincando no quintal com seus primos, quando sentiu sede. Correu para dentro de casa e pediu um copo d’água à tia. Ela abriu a torneira e encheu o copo, mas a água saiu suja de barro. “Não a beba”, disse ela. E deu-lhe um copo de suco. “Às vezes acontece isso no verão”.

O pai dele então disse brincando: “Vai ver que as sete pragas já começaram, e a água se tornou em sangue.” Os outros adultos acharam graça, mas o pequeno Tadeu ficou preocupado. “Será que vai acontecer isso?”

“É o que diz a Bíblia”, respondeu alguém. “Mas só bem perto do fim.”

Tadeu voltou preocupado para o quintal. Ele já ouvira falar do tempo de angústia e da perseguição, e agora pensava na possibilidade de abrir a torneira e sair sangue em vez de água. E, ao crescer, ele continuou a associar o fim dos tempos com pragas terríveis e perseguição.

Um dia, ele assistiu no salão da igreja um filme sobre João Huss e se perguntou: “E se eu for queimado numa fogueira? Será que eu abandonaria a fé ao sentir as chamas me lambendo os pés? E se for torturado e me arrancarem as unhas? E se me apontarem um revólver dando-me a escolha: ou você nega a Jesus ou morre. Será que eu resistiria?” O tempo do fim e a perseguição lhe inspiravam terror.

Então ele se voltou para a Bíblia e encontrou paz e segurança em relação aos eventos finais. Ele encontrou o verso que diz: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10:13).

Jesus disse aos discípulos que eles sofreriam perseguição, mas não deviam preocupar-se com o que deveriam falar, pois o Espírito Santo lhes colocaria na boca as palavras (Mt 10:18-20). Portanto, preocupar-se agora com a perseguição é perda de tempo.

O que temos a fazer é confiar em Deus e desenvolver um relacionamento de amor com Ele, certos de que quando passarmos pela provação Ele estará conosco e nos dará forças para suportá-la (Signs of the Times, março de 2008, p. 58-61 (adaptado).

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Encruzilhadas da vida

Se quiserdes e Me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada. Isaías 1:19, 20

Hoje desejo chamar sua atenção para uma pequena palavra com grandes implicações. Trata-se da conjunção “se”, que pode exprimir dúvida, incerteza: “Veja se o pedreiro já foi”, ou condição: “Se você estudar, aprenderá.”

Dois homens esbarraram um no outro numa estação ferroviária na Áustria. Um deles era alcoólatra, e estava pedindo dinheiro para comprar uma garrafa de vinho. O outro lhe perguntou como ele havia chegado a essa situação, vivendo embriagado. O pedinte respondeu que desde o começo, a vida lhe havia sido cruel. Sua mãe havia morrido quando ele era criança; seu pai espancava sem piedade a ele e a seus irmãos. Então veio a Primeira Guerra Mundial, e a família se separou. “Veja”, disse ele, “eu nunca tive escolha. Se tivesse crescido como eu, você também estaria nesta condição.”

O outro homem respondeu: “Isto é muito estranho. Minha infância foi muito semelhante à sua. Eu também perdi minha mãe quando era criança. Meu pai era um homem brutal, e batia sem piedade em mim e em meus irmãos. A guerra também me separou de minha família. Entretanto, eu achei que devia superar essas circunstâncias em vez de ser derrotado por elas.”

Os dois homens continuaram conversando e fizeram uma descoberta extraordinária: eram irmãos carnais, há muitos anos separados pela guerra! Procediam de circunstâncias idênticas, mas um deles se tornou bem sucedido, enquanto o outro tornou-se um fracassado.

Deus nos deu o poder de escolha para todas as situações da vida, e isto inclui escolher Cristo ou rejeitá-Lo. A Bíblia está repleta de exemplos de encruzilhadas na vida de seus personagens, os quais tiveram de optar quanto ao caminho a seguir. Elias disse ao povo: “Até quando vocês vão ficar em dúvida sobre o que vão fazer? Se o Senhor é Deus, adorem o Senhor; mas, se Baal é Deus, adorem Baal!” (1Rs 18:21, NTLH). Josué expôs claramente as duas opções que Israel tinha diante de si, bem como suas respectivas consequências: “Se guardares o mandamento que hoje te ordeno, [...] então, viverás e te multiplicarás [...]. Porém, se o teu coração se desviar, [...] certamente perecerás” (Dt 30:16-18). Jesus advertiu: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13:5).

Quando você chegar a uma encruzilhada na estrada da vida, opte por aquela que o conduzirá a Deus e aos portais eternos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O último presente


Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã. Salmo 30:5

Estela sabia que seu marido não viveria até o Natal. Em janeiro daquele ano os médicos haviam diagnosticado câncer terminal nele, e seu mundo havia desmoronado. Durante os meses que se seguiram Davi havia colocado seus negócios em ordem e dera instruções a Estela sobre como conduzir tudo. A única coisa que ele não lhe ensinara foi como viver sem ele.

E agora ele se fora, deixando nela um grande vazio. A solidão pesava sobre ela roubando-lhe energia e capacidade para desfrutar a vida, mesmo às vésperas do Natal. Chovia forte. Ela olhou pela janela e soluçou: “Oh, Davi, que saudade eu tenho de você!”

Lágrimas corriam-lhe pela face quando a campainha tocou. Quem poderia ser em meio a essa chuvarada? Ela enxugou os olhos e foi atender. Junto ao alpendre estava um jovem com uma caixa de papelão.

– Dona Estela? Tenho uma encomenda para a senhora.

Ela abriu a porta e ele entrou, depositando a caixa no chão. Então lhe entregou um envelope. Nesse momento um latido veio de dentro da caixa. Era um cãozinho Labrador dourado. O jovem então lhe disse:

– É seu. Ele está com seis semanas e é totalmente caseiro. Devíamos entregá-lo na véspera do Natal, mas os funcionários do canil vão entrar em férias amanhã. Espero que a senhora não se oponha a um presente adiantado.

Enquanto Estela gaguejava querendo explicações, o jovem disse que o marido dela o havia comprado e o deixara no canil. Era o seu último presente para ela. Em seguida foi até o carro e trouxe mais uma caixa, contendo ração, correia e um folheto intitulado “Como cuidar do seu cão Labrador”.

Estela abriu o envelope e leu a carta, escrita pelo marido três semanas antes de falecer:

“Querida Estela,

De todas as cartas que já lhe escrevi, esta é a mais difícil. Como poderei traduzir em palavras tudo o que sinto por você? Você foi a melhor esposa que um homem poderia ter. Sei como o meu câncer foi difícil para você. Não sei de onde você tirou forças para cuidar de mim, nunca reclamando de nada. Você é uma mulher forte. Quando estiver lendo esta carta eu já terei partido. Mas não será para sempre. Um dia estaremos juntos novamente. Para você não se sentir tão sozinha estou lhe mandando este filhote de Labrador. Espero que ele seja um bom companheiro. Com todo o amor, Davi.”

Estela abraçou o cãozinho e este lambeu-lhe a face. Ela então sentiu uma paz imensa invadir-lhe o ser, como se o Pai celeste a estivesse abraçando.

Ele quer abraçar você também e trazer-lhe conforto.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Uma luz nas trevas

O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. Mateus 4:16

O piloto decolou em seu pequeno avião e rumou para uma cidade do interior. O Sol já se punha atrás de uma montanha, quando ele avistou o campo de aviação ao longe. Ao manobrar a aeronave, colocando-a em posição para aterrissar, a noite já havia caído. Não conseguia mais enxergar a pista. O avião não possuía faróis, e não havia ninguém de plantão no aeroporto. A pista estava totalmente às escuras. Não possuindo instrumentos de comunicação, o piloto não teve outra alternativa senão continuar voando em círculos sobre o aeroporto.

À medida que o combustível ia se esgotando, crescia o pânico. O piloto sabia que se espatifaria no solo quando a última gota de gasolina fosse consumida. Por duas horas sobrevoou o aeroporto em trevas, aguardando o desfecho final.

Foi então que o milagre aconteceu. Um homem, lá embaixo, ouviu o ronco persistente do motor do avião e compreendeu o drama. Rapidamente tirou seu carro da garagem e dirigiu-se para o aeroporto. Com os faróis acesos começou a andar pela pista de uma ponta a outra, ida e volta, muitas vezes, a fim de mostrar ao piloto o local e a direção em que devia pousar.

Finalmente, parou o carro na cabeceira da pista com os faróis acesos, iluminando-a. E o avião condenado desceu em segurança.

O mundo está cheio de pessoas andando em círculos, tateando em meio às trevas. Não têm esperança de salvação. Aguardam apenas o momento final do desenlace. Ou que alguém lhes ilumine o caminho.

Desde a entrada do pecado no mundo as pessoas tinham vivido “na região e sombra da morte”. Mas, vindo a plenitude dos tempos, “o povo que jazia em trevas viu grande luz”. Essa luz era e é Jesus Cristo. É Ele próprio quem afirma: “Eu sou a luz do mundo; quem Me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo 8:12).

O povo de Deus tem o sagrado dever de levar a luz de Cristo às multidões que andam dispersas como ovelhas que não têm pastor, para que as portas do reino de Deus também se abram para elas.

E essa responsabilidade é minha e sua.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Descanso não é luxo

Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. Salmo 23:2

As palavras do salmista dizem o mesmo que é revelado na história da criação, isto é, que a vida humana tem necessidade de repouso e restauração, pois Deus nos criou para uma alternância de trabalho e repouso. Muitos de nós sabemos o que é ficar exaustos a ponto de o corpo e a mente clamarem por descanso.

O escritor Gordon MacDonald escreveu: “Descanso não é luxo, mas uma necessidade para todos aqueles que quiserem obter crescimento e maturidade.” “É impressionante o número de sintomas de enfermidades que ocultamos quando mergulhamos na atividade comercial, até explodirmos em virtude das pressões que deixamos crescer dentro de nós. Homens e mulheres nunca planejam ter um colapso nervoso, mas é isso o que acontece quando não descansamos.”

O Dr. Charles Allen, pastor emérito da maior igreja metodista dos Estados Unidos, localizada em Houston, Texas, com cerca de 15.000 membros, conta a experiência dolorosa pela qual passou:

“Uma manhã, enquanto me vestia apressadamente para iniciar um dia cheio de compromissos, senti uma dor nas costas. Contei isso para minha esposa, certo de que a dor logo iria passar. Como não passou, ela insistiu em que eu fosse ao médico, e ele me internou no hospital.

“Fiquei infeliz. Eu não tinha tempo a perder numa cama. Minha agenda estava cheia. Mas o médico me mandou cancelar todos os compromissos por um mês, pelo menos. Então um colega de pastorado veio me visitar. Ele sentou-se do lado da cama e me disse:

Charles, tenho apenas uma coisa a dizer-lhe: ‘Ele me faz repousar.’ Depois que ele saiu fiquei pensando nessas palavras do salmista.
“O Pastor sabe que Suas ovelhas precisam de descanso e, por isso, as faz repousar. Esse salmo continha uma lição para mim. Estude a vida das pessoas fiéis e você verá que todas elas se retiravam da correria da vida para descansar e refletir.

“Os grandes poemas não são escritos em ruas apinhadas de gente, as belas canções não são criadas em meio ao barulho e confusão. Só podemos nos encontrar com Deus quando paramos, olhamos e escutamos. Por isso o salmista diz: ‘Ele me faz repousar’ [Sl 23:2]. ‘Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus’ [Sl 46:10].”

Após um ano de atividades, aproveite as festas de fim de ano para descansar e refazer as energias.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A dinamite de Deus

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Romanos 1:16

Quando Paulo escreveu estas palavras, o evangelho de Jesus Cristo não era num um pouco popular. Na verdade, os cristãos eram então considerados o “lixo do mundo, escória de todos” (1Co 4:13). O próprio apóstolo Paulo era considerado um apóstata pelos judeus.

Ele, portanto, estava ciente de que pregar o Cristo crucificado era um “escândalo para os judeus, e loucura para os gentios” (1Co 1:23). Mas como o apóstolo estava totalmente convencido da verdade do evangelho, e havia experimentado sua bênção e poder, ele não apenas não sentia vergonha do evangelho, mas até mesmo se gloriava na cruz de Cristo.

Podemos imaginar o que significava, naquele tempo, afirmar que um Homem crucificado como criminoso era o fundador da sua religião? A crucifixão era a forma de execução mais vergonhosa, e os romanos a reservavam apenas para os piores criminosos. Hoje falamos abertamente da cruz, e até a usamos como símbolo honroso em nossas igrejas. Mas, no tempo de Paulo, ela era considerada uma desonra. E, mesmo assim, Paulo não se envergonhava dela.

Paulo era um erudito, instruído aos pés de Gamaliel. Era capaz de discutir filosofia, história e literatura com as maiores mentalidades de seu tempo. Contudo, não se envergonhava de identificar-se com a cruz e com os ensinos do humilde Carpinteiro de Nazaré. Por quê? Porque Paulo via no evangelho de Cristo o poder de Deus para a salvação. Ele próprio havia experimentado seu poder salvador. De inimigo de Cristo, o evangelho o transformara em alguém tão dedicado a Ele, que se achava disposto a depor a vida por seu Mestre. Na estrada de Damasco o poder de Deus veio sobre ele, fazendo-o mudar de direção.

Realmente, há poder no evangelho de Jesus. E é interessante notar que a palavra poder tem em grego a mesma raiz da palavra dinamite. Assim, o que Paulo está realmente dizendo é que o evangelho funciona como dinamite em nossa vida, quando permitimos a entrada de Deus, quando Lhe damos autorização para reformar nossa vida, tornando-a semelhante à de Jesus.

Deus não interfere em nós simplesmente podando este ou aquele problema. Ele está interessado em chegar à raiz do problema, destruí-lo com uma explosão e então recriar nossa vida, tornando-a muito mais bela. E se nós permitirmos, a dinamite de Deus operará em nós uma completa transformação.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Por que tanto sangue?

Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão. Hebreus 9:22

Certa vez, um homem disse a um pastor adventista: “Há muitas coisas na Bíblia que aprecio, mas eu jamais poderia ser um cristão, pois há sangue demais no cristianismo. Noto que até os hinos que vocês cantam estão repletos de sangue”: “Jesus me remiu por Seu sangue” (Hinário Adventista, nº 209); “Oh! Fronte ensangüentada, em sofrimento e dor” (65); “Meu sangue ali verti, provando amarga dor” (172); “Seu sangue tem poder” (206). Outros hinos falam na morte de Jesus na cruz, na Sua mão ferida, no Seu sacrifício, na Sua angústia e dor.

No Antigo Testamento lemos a respeito de muitos sacrifícios sangrentos. Por ocasião da dedicação do Templo de Salomão foram mortos 22.000 bois e 120.000 ovelhas (1Rs 8:63). Na Bíblia são abundantes as expressões “sangue de cabritos, sangue de bodes e de bezerros, sangue dos sacrifícios, sangue da aliança, sangue do Cordeiro, e muitas outras. “Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:22).

Por que isso é necessário? É Deus uma divindade sedenta de sangue?

A verdade é que Deus jamais pretendeu que houvesse derramamento de sangue. Se Adão e Eva não tivessem pecado, nenhuma gota de sangue teria sido derramada. Mas, por causa do pecado, foi estabelecido o sistema sacrifical, para ensinar aos pecadores que o salário do pecado é a morte, e que o próprio Deus Se ofereceria em sacrifício a fim de tornar possível a salvação dos pecadores.

Além disso, ao derramar o sangue de um animal inocente, o pecador deveria sentir pesar porque um animal inocente estava pagando a culpa de um pecador, e esse animal representava o Filho de Deus, que derramaria Seu sangue para salvar a humanidade.

Nos tempos do Antigo Testamento Deus enviou profetas ao Seu povo, com a mensagem: “De que Me serve a Mim a multidão de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não Me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes” (Is 1:11).

Deus não é uma divindade sedenta de sangue, exigindo constantes sacrifícios. Teria sido menos penoso para Ele se houvesse outra maneira de salvar o pecador a não ser através do sangue derramado de Seu Filho, tipificado pelos sacrifícios de animais no Antigo Testamento.

Mas não havia outro plano. Era esse ou a morte eterna do pecador. Graças a Deus pelo Seu infinito amor por nós!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O pão nosso de cada dia

Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário. Provérbios 30:8

A menos que faça o seu próprio pão caseiro, hoje ou amanhã você irá ao supermercado ou à padaria para comprá-lo. E vai encontrar lá uma grande variedade: pão de trigo integral, de centeio, de glúten, de linhaça, pão doce, etc. Será uma compra rotineira, à qual você já está acostumado. Talvez você nem se lembre que algo tão comum como um pão, seja sinônimo de vida.

Somente quando tomamos conhecimento de que muitos não dispõem sequer de um pedaço de pão para comer é que podemos avaliar a importância do pão, não somente em nossos dias, mas também nos tempos bíblicos. Pense por um momento nos eventos significativos mencionados na Bíblia, que estão ligados a este elemento vital. Por que os israelitas foram para o Egito? Por causa da fome. E no Egito havia abundância de pão. Mais tarde, durante a jornada para a terra de Canaã, Deus os alimentou no deserto, fazendo chover pão do céu, na forma de maná.

Antes de Jesus iniciar Seu ministério Ele foi para o deserto. Após 40 dias de jejum, Ele olhou para aquelas pedras redondas e foi tentado pelo diabo a transformá-las em pães. Embora fisicamente debilitado, Jesus resistiu àquela tentação dizendo que o homem não vive só de pão, pois também é um ser espiritual, e deve viver segundo a vontade de Deus. “A resposta de Cristo ao diabo foi uma condenação da filosofia materialista da vida, seja qual for a forma em que apareça” (SDABC, v. 5, p. 312).

Um dia Jesus estava orando em um lugar, quando os discípulos se aproximaram e Lhe pediram: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11:1). Jesus atendeu-lhes o pedido e no meio dessa oração ensinou-os a pedir: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6:11; ver Lc 11:3). Essa petição mostra que devemos pedir o alimento necessário para o dia de hoje, vivendo um dia de cada vez, sem ansiedade pelo futuro. O maná, no deserto, devia ser recolhido cada dia. Se fosse guardado para o dia seguinte, se estragaria.

Nessa oração também está implícito o esforço humano, pois se um homem orar pedindo pão e ficar sentado esperando que o pão lhe caia nas mãos, vai passar fome. A oração e o trabalho andam de mãos dadas. A oração, tal qual a fé, sem as obras é morta.

“Quando fazemos essa oração reconhecemos duas verdades básicas: (1) sem Deus nada podemos fazer; (2) sem nosso esforço e cooperação Deus nada pode fazer por nós” (Barclay).

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quem é o seu herói?

Vendo os filisteus que era morto o seu herói, fugiram. 1 Samuel 17:51

Elvis Presley está morto. Ayrton Senna também. Pelé não joga mais. Quem é o seu herói agora? Tony Ramos? O Super-Homem? Ou o pica-pau?

O problema de endeusar alguém de carne e osso, tornando-o um herói, é que, cedo ou tarde, ele nos desapontará. Porque os heróis são humanos e adoecem e morrem como qualquer pessoa. Parece que, em nossos dias, as pessoas consideram heróis as celebridades do cinema, da televisão, dos esportes ou de algum conjunto musical. Mas, não é nada disso. Herói é aquele que se distingue por sua coragem extraordinária, suporta abnegadamente um infortúnio ou sofrimento extremo, ou arrisca a vida por alguém ou por uma causa.

O capítulo 11 de Hebreus contém uma lista de heróis da fé, entre os quais se acha Davi. Ele não suportou ver a afronta de Golias, que duas vezes por dia, durante 40 dias, desafiou os homens de Israel a designarem um guerreiro para pelejar contra ele. Enfrentando o gigante com apenas uma funda, atirou-lhe uma pedra na testa e o feriu e matou. “Vendo os filisteus que era morto o seu herói, fugiram.” Golias era agora um herói morto. E Davi era o verdadeiro herói, capaz de arrostar perigos por uma causa justa, em nome de Deus. Os heróis de Deus são pessoas de coragem.

Na galeria dos heróis da fé figuram também Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Raabe, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté e Samuel. E houve muitos outros, não mencionados na lista. Deus continua criando heróis da fé ainda hoje. E você pode ser um deles.

Esses heróis de Deus são exemplos de fé e coragem. A coragem é o recurso que Deus nos dá quando enfrentamos gigantes, como a perda de um ente querido, o fim de uma carreira ou da vida conjugal. Muitas pessoas de coragem jamais serão capa de revista. São pessoas quietas, modestas, mas que defendem o que é justo, não abandonam a fé em tempos de tribulação, e não desistem quando a maré está baixa. São pessoas heróicas em sua quietude e modéstia.

O que é mais extraordinário nos heróis da fé, em Hebreus 11, é sua semelhança conosco: eram todos seres humanos, com defeitos e fraquezas, como qualquer um de nós. Qual o seu segredo? “Da fraqueza tiraram força” (v. 34). ”Por meio da fé, subjugaram reinos,” “extinguiram a violência do fogo, [...] puseram em fuga exércitos de estrangeiros” (v. 33, 34).
Todos nós podemos ser heróis da fé em Cristo, o nosso Herói supremo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Os dois coroinhas

Não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes. 2 Tessalonicenses 3:9

Esta é a história de dois coroinhas (menino que acompanha e ajuda o sacerdote na celebração da missa). Um desses meninos nasceu em 1892, na Europa oriental. O outro nasceu apenas três anos mais tarde numa pequena cidade do Estado de Illinois, EUA. Embora vivessem em países diferentes, esses dois rapazes tiveram experiências quase idênticas.

Cada um dos meninos teve oportunidade de ajudar o sacerdote de sua paróquia na cerimônia da Santa Ceia. Ao segurarem a taça da comunhão, ambos acidentalmente derramaram um pouco de vinho sobre o tapete junto ao altar. A semelhança de sua história termina aqui.

O sacerdote da igreja européia, ao ver a mancha vermelha no tapete, deu um tapa no rosto do menino e gritou: “Seu imbecil desajeitado! Saia do altar!” O menino cresceu e se tornou ateu e comunista. Seu nome: Marechal Josip Tito, ditador da Iugoslávia durante 37 anos.

O sacerdote da igreja em Illinois, ao ver a mancha junto do altar, ajoelhou-se ao lado do garoto, olhou-o com ternura nos olhos e disse: “Está tudo bem, meu filho. Você se sairá melhor da próxima vez. Um dia você será um ótimo sacerdote.” O menino cresceu e se tornou o querido bispo Fulton J. Sheen.

É provável que Josip Tito tenha pensado: “O evangelho não conseguiu mudar o temperamento desse padre. Logo, o evangelho não tem poder e a religião é uma farsa.”

Fulton, por sua vez, ao ser tratado com tamanha bondade ao cometer uma falha involuntária, deixou-se atrair para a carreira sacerdotal através da conduta amorosa do padre de Illinois.

Não há dúvida de que Cristo é o nosso exemplo supremo. Mas muitas vezes apontamos para Ele como exemplo para desviar a atenção das pessoas de nosso mau testemunho. Nós também precisamos ser exemplo. Se o evangelho não fizer diferença em nosso trato, não conseguiremos convencer as pessoas de que vale a pena ser cristão.

“Cuidai de que pelo vosso exemplo não ponhais outras almas em perigo. Coisa terrível é perdermos nossa própria alma, mas seguir uma conduta que ocasione a perda de outras almas é ainda mais terrível. [...] Com que fervor, então, devemos guardar nossos pensamentos, nossas palavras, nossos hábitos, nossa disposição” (Testemunhos Para Ministros, p. 158)!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Milhares de vidas transformadas

A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo. Tiago 1:27

Milton Soldani Afonso nasceu pobre, em 12 de dezembro de 1921, mas se tornou um empresário de sucesso que lida com milhões de dólares. É o fundador da Golden Cross e proprietário da UNISA (Universidade de Santo Amaro), com mais de 20 mil alunos. Ele garante que, embora sua posição na vida tenha mudado muito, uma coisa que o dinheiro não mudou foi sua fé em Deus, a quem tudo deve.

Ele diz: “Quando comecei meus negócios, eu era um pobre coitado lá de Minas Gerais, e minha mãe trabalhava dia e noite para poder me mandar para o Colégio Adventista. Em 1936 (com 15 anos) eu ainda usava calças curtas. Nas férias tive que pedir dinheiro emprestado e também umas calças compridas para colportar na cidade de Bananal. Comecei a colportar ali e, em 15 dias, eu já estava com bastante dinheiro. Vim passar o restante das férias no Rio de Janeiro, e daí fiz um propósito: conforme eu fosse ganhando dinheiro, ajudaria outros jovens a estudar também. Houve um ano em que cheguei a ser campeão nacional de colportagem.”

Milton Afonso cumpriu esse propósito e ajudou cerca de 70 mil jovens a estudar. Houve uma época em que doava mais de dois milhões e meio de dólares por mês para custear os sete mil bolsistas da Golden Cross. Além disso, mantém vários orfanatos, e educa as crianças desamparadas “do berço à universidade”.

Um dia uma senhora foi com o marido fazer-lhe uma visita de agradecimento, e contou sua história: “Minha mãe era nortista, veio trabalhar no Rio, engravidou, e a patroa disse que ia mandá-la embora. Antes, porém, mandou-a comprar algo no supermercado. Como estava chorando muito, uma senhora idosa lhe perguntou: “Por que você está chorando?” “É porque vou me matar, pois estou grávida, a patroa vai me mandar embora, e eu não tenho para onde ir.” “Mas não faça isso”, disse a senhora. “Quando a criança nascer, pode dá-la para mim. Vou encontrar alguém que cuide dela e a eduque.” “Minha mãe fez isso, e aquela criança hoje sou eu, casada com um pastor.” Ela havia sido criada e educada num dos orfanatos mantidos pelo Dr. Milton Afonso.

Milhares de vidas foram transformadas porque um homem, cheio de gratidão a Deus, decidiu retribuir as bênçãos recebidas ajudando os menos favorecidos.

sábado, 11 de dezembro de 2010

A lógica divina é diferente da nossa

Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os Meus caminhos, diz o Senhor. Isaías 55:8

Jim Hohnberger, em seu livro Fuga Para Deus, narra diversos episódios em que Deus o impressionou a fazer certas coisas que lhe pareceram sem sentido e fora de lugar.

Ele conta, por exemplo, que Deus lhe disse para orar por um amigo com quem tivera um desentendimento. Nessa oração ele devia pedir a Deus uma oportunidade de fazer por esse amigo algo que lhe custasse tempo, talento ou dinheiro. Relutantemente ele fez a oração, e dentro de algumas semanas pôde ajudar esse amigo.

Então o amigo foi visitá-lo. Jim foi saudá-lo à porta, mas Deus lhe disse que ele devia primeiro estender no varal as roupas para a esposa. Jim achou que isso seria uma descortesia para com o amigo que o aguardava, mas obedeceu. O amigo ficou observando, fez-lhe perguntas, e os dois ficaram a manhã toda conversando sobre assuntos espirituais. O resultado foi que o amigo decidiu ter também uma experiência com Deus. Jim então conclui: “Deus sabe exatamente o que é necessário para cada pessoa ser alcançada” (Fuga Para Deus, p. 143).

Na Bíblia encontramos muitas ordens divinas que pareceram absurdas, na ocasião. A mais impressionante, foi sem dúvida a ordem de Deus a Abraão para sacrificar Isaque, o filho da promessa. Abraão ficou perplexo. O nascimento de Isaque, concebido na velhice, havia sido um milagre. Sacrificá-lo? O que pensariam os cananeus? Que o Deus de Abraão era igual ao deus Moloque, ao qual eles sacrificavam crianças! Abraão se dispôs a obedecer, mesmo sem entender. E, na hora H, um anjo segurou-lhe o braço que golpearia mortalmente o rapaz. Ufa! Era apenas uma prova de fé, e Abraão fora aprovado no teste.

Naamã achou absurdo banhar-se nas águas lamacentas do rio Jordão, quando em Damasco havia águas mais limpas. A mente moderna considera uma imprudência que Cristo, conhecendo o caráter desonesto de Judas, o tenha aceito como discípulo e o tenha tornado tesoureiro do grupo. João Batista considerou impróprio batizar o Filho de Deus. Simão achou uma incoerência Jesus permitir que uma mulher como Maria Lhe ungisse os pés.

Mas todas essas aparentes incoerências são entendidas quando se leva em conta a obra do Espírito Santo e o plano de Deus para alcançar e salvar os perdidos.

Se você ouvir a voz de Deus lhe falando ao coração, obedeça. Mesmo que não entenda.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ninguém deve se sentir sozinho

E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. 1 Coríntios 7:8

Após formar o homem do pó da terra e declarar que não seria bom ele ficar sozinho, Deus criou a mulher e instituiu o matrimônio. E abençoou-os dizendo: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1:28). A terra estava vazia e era preciso povoá-la. E isso devia ser realizado através do casamento. Após o pecado de Adão e Eva, Deus lhes retratou um quadro sombrio de suas consequências: dor, separação, sofrimento e morte. Mas lhes deu um raio de esperança: prometeu-lhes um Libertador.

Assim, em todo o Antigo Testamento, o matrimônio e o nascimento de filhos foram encarados como sendo muito mais do que a união amorosa entre um homem e uma mulher. Era como que dar as mãos aos antepassados e continuar essa corrente rumo ao futuro, rumo ao Grande Libertador, o Messias. Permanecer solteiro era quebrar a corrente, era excluir-se da possibilidade de gerar o Libertador, era negar a fé. O celibato, nesse contexto, era considerado uma tragédia.

O apóstolo Paulo, porém, escreve depois da vinda do Messias. E abre a possibilidade de a pessoa permanecer solteira. Embora o casamento seja um dom de Deus, o cristão tem a liberdade de escolher o celibato se o desejar. E ambas as condições são aceitáveis aos olhos de Deus. A prioridade agora não é povoar a terra, mas pregar uma mensagem. E sem as responsabilidades familiares, o indivíduo solteiro pode ter mais liberdade para servir a Deus.

As pessoas sozinhas – solteiros, divorciados e viúvos – representam uma parcela significativa da igreja, que em alguns lugares gira em torno de 30 por cento. Se o solteiro deseja se casar, os irmãos podem lhe dar uma “mãozinha”, apresentando-lhe um possível candidato. Aqueles que não o desejam, não devem ser tratados como se possuíssem alguma anomalia. A igreja deve ser uma espécie de oásis, onde todos – solteiros, casados, descasados, viúvos – se sintam bem-vindos e amados. Ninguém, em nosso meio, deve se sentir sozinho e olhado com desconfiança. Ninguém deve ser discriminado, pois todos nós somos “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”. “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:26, 28).

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

À sombra do Onipotente

O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Salmo 91:1, 2

Durante os 40 anos em que esteve em Midiã, no norte da Arábia, apascentando os rebanhos de seu sogro Jetro, e também durante os 40 anos em que conduziu o povo de Israel, do Egito até perto da terra de Canaã, Moisés aprendeu a importância de descansar à sombra protetora de Deus.

Após tantos anos de experiência no deserto, não é de admirar que Moisés, seu provável autor, comece este salmo falando em sombra. E o que um homem do deserto mais deseja, depois de suportar, por horas a fio, o sol escaldante do deserto? Sombra e água fresca!

E assim, Moisés começa esse salmo com a imagem da sombra protetora. Um oásis no deserto pode oferecer sombra e refrigério. Mas a melhor sombra protetora a que um viajor exausto pode aspirar é a sombra do Onipotente.

Na Arábia, Moisés havia visto, repetidas vezes, os perigos aos quais as ovelhas se achavam constantemente expostas: animais predadores, bandos de ladrões, calor abrasador do deserto, tempestades de areia, vento cortante no inverno, perigo de caírem de um barranco, de ficarem presas entre espinheiros, de machucar-se em rochas nos caminhos pedregosos. Tudo isso exigia que o pastor estivesse sempre alerta.

Por causa desses e de outros perigos, Moisés logo aprendeu a localizar esconderijos naquela vasta região. Sabia a localização das rochas, de moitas e matagais que pudessem oferecer sombra, proteção e esconderijo às ovelhas. Sabia também que a ovelha que se afastasse do pastor e do rebanho tinha mais possibilidade de se perder, ser arrebatada por ladrões ou devorada por animais ferozes.

Após pastorear durante 40 anos as ovelhas de seu sogro, Moisés pastoreou durante outros 40 anos o povo de Israel. E durante esse segundo período pastoral – muito mais difícil do que o anterior, pois pastorear pessoas é mais difícil do que pastorear ovelhas – ele sentiu, muitas vezes, como é bom habitar no esconderijo do Altíssimo e descansar à sombra do Onipotente. Em outras palavras: confiar em Deus.

E esta é a verdade central do Salmo 91: Deus é digno de confiança, mesmo quando o perigo ameaça. Quem vive à sombra do Todo-poderoso está inteiramente seguro.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pedras vivas

Vocês, também, como pedras vivas, deixem que Deus os use na construção de um templo espiritual onde vocês servirão como sacerdotes dedicados a Deus. 1 Pedro 2:5, NTLH

A Bíblia está cheia de pedras, do Gênesis ao Apocalipse. São 358 referências. Por que tanta pedra? Talvez porque o cenário da Bíblia é a Palestina, um lugar pedregoso por excelência.

Um agricultor, ao preparar a terra para o cultivo, precisava primeiramente limpá-la das pedras (Is. 5:2). Construíam-se muros de pedras para as vinhas (Pv 24:30, 31), colunas ou montões de pedras eram erigidos para comemorar acontecimentos importantes (Gn 28:18; 35:14), e para selar um tratado (Gn 31:46).

Além disso, usavam-se pedras para a construção de aquedutos, reservatórios e pontes. Um único bloco de pedra era utilizado para tapar a boca de um poço (Gn 29:2), para cobrir ou marcar sepulturas (Js 7:26; 2Sm 18:17), e como marcos indicadores ao longo das estradas. Salomão declarou que há tempo para tudo, inclusive de espalhar e de ajuntar pedras (Ec 3:5).

De todos os personagens bíblicos, Cristo é o que está mais ligado ao elemento pedra, tanto em seu aspecto literal como simbólico. As manjedouras encontradas nos sítios das antigas cidades do Oriente eram feitas de blocos de pedra escavados como gamelas, onde se colocava alimento para os animais. É provável que a manjedoura em que Cristo foi colocado fosse de pedra.

Trinta anos depois encontramos Cristo no deserto, preparando-Se para iniciar Seu ministério. E lá o diabo apresentou-se a Jesus, tentando-O a transformar pedras em pães. Satanás quis usar as pedras do deserto como pedras de tropeço contra Cristo. Mas como Cristo não tropeçou, Satanás usou este mesmo elemento na segunda tentação. Levou-O ao pináculo do templo e desafiou-O a lançar-Se dali abaixo, argumentando que os anjos O tomariam pelas mãos para que Ele não tropeçasse em alguma pedra.

Cristo é o fundamento sobre o qual a Sua igreja está construída. Ele é a pedra espiritual da qual os israelitas bebiam (1Co 10:4).

Pedras são minerais, e portanto não têm vida. Mas Cristo, pelo Seu poder, pode não apenas transformar pedras em pães, se o quiser, mas também pedras brutas em pedras vivas. E é isso que Ele quer fazer conosco: transformar-nos em pedras vivas em Sua casa espiritual, da qual Ele é a principal pedra de esquina.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fim de festa no palácio

Como foi tomada Babilônia, e apanhada de surpresa, a glória de toda a terra! Como se tornou Babilônia objeto de espanto entre as nações! Jeremias 51:41

Imagine uma festa para mil convidados, num salão de 17 por 53 metros. Vinho à vontade, belas mulheres, música ruidosa, alegria e sensualismo. Todos os políticos importantes estavam presentes. Assim foi a festa que o rei Belsazar ofereceu a mil dos seus grandes, na noite de 12 de outubro do ano 539 a.C. Mal imaginava Belsazar que aquela seria sua última festa.

Sob a influência do álcool, Belsazar manda trazer os vasos de ouro e de prata que Nabucodonosor havia tirado do templo de Jerusalém, “e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas” (Dn 5:3). “O rei queria provar que nada era demasiado sagrado para que suas mãos tocassem” (Profetas e Reis, p. 524).

Foi a gota d’água que fez transbordar a taça da paciência divina. Belsazar, além de profanar os vasos do templo de Jerusalém, profanou também o templo de seu próprio corpo. Mas, de repente, a orgia cessou. Príncipes, estadistas, concubinas e servos viram, com horror, a mão misteriosa escrevendo na parede do palácio, em caracteres brilhantes, algumas palavras desconhecidas. O rei ficou pálido de medo, os joelhos bateram um no outro e suas pernas ficaram bambas. Foi o fim da festa.

Ante a incompetência dos sábios do reino para decifrar a escrita, o profeta Daniel foi chamado, às pressas. Depois de relembrar assuntos familiares da vida de Nabucodonosor, Daniel fez o que ninguém mais teria coragem de fazer: repreendeu o rei por sua impiedade, dizendo: “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias tudo isto” (Dn 5:22). Em seguida leu e interpretou a escrita na parede, que não era outra coisa senão um aviso de Deus de que seu reino estava acabado.

Belsazar ainda estava no salão de festas quando foi informado de que a cidade havia sido tomada pelo inimigo. Ele foi morto naquela mesma noite, e Dario, o medo, ocupou o trono.

Deus fez de tudo para poupar Babilônia. “Queríamos curar Babilônia, ela, porém, não sarou” (Jr 51:9). O reino caldeu havia enchido a medida da misericórdia divina e o Céu decretou sua ruína. Assim será também com a Babilônia espiritual e com os indivíduos que rejeitarem persistentemente o Espírito Santo de Deus.

Arrependa-se, antes que a mão de Deus escreva, com letras de fogo, ao lado do seu nome, as terríveis palavras: “Pesado na balança e achado em falta” (Dn 5:27).

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A arte de repreender com brandura

Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Lucas 17:3

Lucas não esclarece como se deve repreender um irmão. Porém o apóstolo Paulo nos dá essa orientação: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura” (Gl 6:1). Não é fácil corrigir com brandura, pois quem corrige geralmente está irritado com quem cometeu a falta, e se não tiver educação e domínio próprio poderá usar palavras ásperas e ofensivas, que talvez causem ressentimento por toda a vida.

São comuns as repreensões no âmbito do trabalho, no lar, nos esportes, e também na igreja. O conselho do apóstolo Paulo, de corrigir com espírito de brandura, se dirige, em primeiro plano, aos irmãos da igreja. Mas pode ser aplicado em qualquer esfera do relacionamento humano.

Cristo é nosso Modelo também quanto ao assunto da repreensão. Ele foi um grande repreensor: repreendeu fariseus, mercadores do Templo, Seus próprios discípulos, e até os demônios. Repreendeu o vento e o mar. Em alguns casos, Sua repreensão foi extremamente severa, como quando disse a Pedro: “Arreda, Satanás!” (Mt 16:23). Essas foram quase as mesmas palavras com que Cristo repeliu a Satanás no deserto (Mt 4:10). “As palavras de Cristo, no entanto, foram dirigidas não tanto ao discípulo, mas àquele que as havia instigado” (SDABC, v. 5, p. 434).

Repreender Satanás é diferente de repreender um irmão. Um irmão faltoso precisa ser corrigido com amor, visando sua restauração. Satanás não pode ser tratado com brandura, pois está além da possibilidade de recuperação.

Vejamos agora a maneira vigorosa como Cristo recusou o pedido da mãe de Tiago e João. Ela se aproximou de Jesus para pedir-Lhe um favor: “Manda que, no Teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à Tua direita, e o outro à Tua esquerda” (Mt 20:21). Jesus lhe disse que ela não sabia o que estava pedindo, e que não Lhe competia conceder tal coisa.

A mãe desses dois discípulos não ficou ressentida com essa recusa, pois Cristo sabia censurar alguém de tal maneira que Seu amor se irradiava através de Suas palavras. A prova de que ela não ficou ofendida é que, quando Cristo morreu, ela estava lá, junto à cruz, com as outras mulheres. Ela demonstrou humildade para aceitar uma repreensão feita com amor.

E este é o duplo recado que a Palavra de Deus nos deixa: corrigir com amor e aceitar a correção com humildade.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Atos de bondade

Porque tive fome, e Me destes de comer; tive sede, e Me destes de beber; era forasteiro, e Me hospedastes; estava nu, e Me vestistes; enfermo, e Me visitastes; preso, e fostes ver-Me. Mateus 25:35, 36

Um capelão do exército se aproximou de um soldado ferido no campo de batalha e lhe perguntou se ele gostaria de ouvir alguns versos da Bíblia. O ferido respondeu: “Não, estou com muita sede, e prefiro beber um pouco de água.” O capelão lhe deu de beber e então repetiu a pergunta. “Não, senhor, agora não. Mas poderia fazer-me o favor de colocar algo embaixo da minha cabeça?” O capelão atendeu ao pedido e novamente repetiu a mesma pergunta. “Não”, respondeu o soldado, “sinto frio. O senhor poderia me cobrir?”

O capelão tirou o casaco e cobriu o soldado. Receoso de fazer novamente a mesma pergunta, ele fez menção de ir embora, mas o soldado o chamou: “Senhor, se há alguma coisa nesse seu livro que leva uma pessoa a fazer pela outra o que o senhor fez por mim, eu gostaria de ouvir.”

É possível que muitos de nós estejamos ansiosos demais por testemunhar nossa fé, fazendo visitas missionárias, oferecendo estudos bíblicos, pregando e doutrinando. Mas antes de atender às necessidades espirituais é preciso atender às necessidades físicas. Lembro-me de um professor de teologia que dizia em suas aulas: “Ninguém aceita o evangelho de barriga vazia.”

Na parábola das ovelhas e dos bodes (Mt 25:31-46), Jesus ensinou que Deus nos julgará segundo nossa reação para com os necessitados. O julgamento de Deus não se baseará no conhecimento, na fama ou fortuna que tivermos adquirido, mas na ajuda que tivermos prestado.

É interessante notar que essa ajuda tem que ver com as coisas simples da vida, que estão ao alcance de todos – dar um prato de comida ao faminto, um copo d’água ao sedento, hospedar o estrangeiro, visitar o enfermo ou prisioneiro. Não se trata de doar uma fortuna e ter o nome registrado nos anais da história, mas de prestar uma ajuda simples a pessoas que encontramos no nosso dia a dia.

Há pessoas que só ajudarão se houver publicidade e reconhecimento. Mas essa atitude não provém de um coração generoso e desinteressado. É, antes, uma forma disfarçada de egoísmo. Cristo disse: “Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas” (Mt 6:2).

Os atos de bondade que Deus aprova são aqueles praticados pelo prazer de ajudar, e não para se obter algo em troca, nem mesmo para ser salvo.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sábado – dia de trabalho

Mas Ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também. João 5:17

Um pastor, administrador de uma instituição, disse certa vez: “Trabalhamos aqui cinco dias por semana, e no sábado, quando os irmãos descansam, o nosso trabalho dobra.” Ele estava se referindo às muitas atividades pastorais exercidas na igreja, durante o dia de sábado, e que às vezes são mais cansativas do que o trabalho diário.

Quando os fariseus criticaram a Jesus por permitir que Seus discípulos colhessem espigas no sábado, um dos argumentos que Jesus usou foi: “Não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?” (Mt 12:5). Ele estava Se referindo às atividades religiosas, executadas no templo, aos sábados, em que o trabalho do sacerdote também era dobrado: “No dia de sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação” (Nm 28:9). Durante a semana, no sacrifício diário, era oferecido apenas um animal, mas no sábado o sacrifício era duplicado, com o oferecimento de dois cordeiros.

Imagine o trabalho que esses sacrifícios envolviam: manter o fogo aceso (bem mais complicado do que fazer isso hoje), matar e preparar os animais, colocá-los sobre o altar e uma porção de outras tarefas. Qualquer desses atos, se cometido por uma pessoa comum, seria transgressão da lei. Mas para o sacerdote isso era lícito, pois tratava-se de um trabalho espiritual que precisava ser realizado no templo.

Nas curas que Jesus efetuou no sábado, Ele procurou ensinar que “é lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mt 12:12). Se uma ovelha cair numa cova no dia de sábado, é lícito tirá-la de lá. E a conclusão de Cristo era irrespondível: “Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha?”

Portanto, é lícito no dia de sábado praticar obras de caridade, que minorem a dor do próximo. É também um dia muito apropriado para se levar cura espiritual a alguém, dando-lhe estudos bíblicos, explicando-lhe as Escrituras e a vontade de Deus. É licito ainda visitar doentes, ir a asilos, orfanatos, ou a qualquer outro lugar em que possamos confortar alguém e partilhar a esperança da vida eterna.

A carpintaria de Jesus ficava fechada aos sábados. Mas Ele era visto nesse dia na sinagoga, lendo as Escrituras e interpretando-as. Também era visto nas ruas levando cura física e espiritual a quem delas precisasse. Por tais atos, Jesus demonstrou o verdadeiro espírito que deve permear a observância do sábado.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Chamado pelo nome

Não temas, porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és Meu. Isaías 43:1

“Presente!” é a palavra que o aluno deve responder ao ouvir seu nome chamado pelo professor, antes de começar a aula.
Lembro-me de um professor de teologia, o qual, após a oração, feita por um aluno, iniciava a chamada. Como alguns começassem a conversar, ele parava e dizia: “Vamos cultivar o hábito de não conversar após a oração, senão o inimigo tira proveito disso. Sei que não o fazem por má intenção, mas, como professor, preciso dar o som certo na buzina.” A classe então fazia silêncio e ele retomava a chamada.

Muitos anos atrás um grupo de cristãos norte-americanos foi visitar a Nicarágua, devastada pela guerra entre os sandinistas e os contras. Enquanto estavam lá, um jovem do grupo foi morto pelos contras. No domingo seguinte foi realizada uma Santa Ceia, durante a qual houve uma pausa. A congregação estava em silêncio. Então alguém pronunciou um nome em voz alta. Todos responderam: “Presente!” Durante a cerimônia pelo menos vinte nomes foram chamados e de cada vez houve a mesma resposta coletiva: “Presente!”

O pastor que liderava esse grupo de cristãos não entendeu o que estava acontecendo até que ouviu o nome de Oscar Romero. Então ele percebeu que todos esses nomes eram de pessoas que haviam morrido durante a guerra civil. Ao responderem “presente” aqueles irmãos estavam homenageando os falecidos e declarando que a presença e a influência deles ainda era sentida.

O coro do hino 434 do Hinário Adventista diz: “Quando for então chamado, aprovado hei de estar perante o Rei.”

Em algumas instituições, os indivíduos são chamados por um número. Mas ser chamado pelo nome é uma prova de consideração e respeito. A Bíblia diz que Deus chamou a Bezalel e a Moisés pelo nome (Êx 31:2; 33:12, 17) quando os escolheu para realizarem uma obra especial. “Jesus nos conhece individualmente, e comove-Se ante nossas fraquezas. Conhece-nos a todos por nome. Sabe até a casa em que moramos, o nome de cada um dos moradores. Tem, por vezes, dado instruções a Seus servos para irem a determinada rua, em certa cidade, a uma casa designada, a fim de encontrar uma de Suas ovelhas” (O Desejado de Todas as Nações, p. 479).

Deus nos remiu. Ele nos chamou pelo nome. Agora somos dEle. Não há o que temer.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um homem bom

E enviaram Barnabé até Antioquia. Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Atos 11:22, 24

Os homens mais valorizados por nossa sociedade, especialmente pelas empresas, são os homens dinâmicos, inteligentes, criativos, agressivos, competitivos, capazes de aniquilar os concorrentes. E se um homem tiver todas essas qualidades, especialmente a última, ele não poderá ser bom. Terá de ser impiedoso, porque este é geralmente o preço do sucesso. Ser bom, hoje em dia, é quase sinônimo de ser fraco. No reino de Deus, porém, os valores são outros.

Certo dia, um jovem rico aproximou-se de Cristo e, querendo agradá-Lo, ajoelhou-se e Lhe perguntou: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Respondeu-lhe Jesus: Por que Me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Mc 10:17, 18).

À primeira vista, pode-se ter a impressão de que Jesus não Se considerava bom. Mas não é isso, pois noutra ocasião Jesus afirmou ser “o bom pastor” (Jo 10:11, 14). É que esse tipo de saudação não era comum entre os judeus. A Mishnah (lei oral dos judeus) se refere a Deus como “Aquele que é bom e concede o que é bom”. Jesus, portanto, corrigiu o jovem como que lhe dizendo: “Cuidado com os elogios. Não chame de bom a qualquer um, indiscriminadamente.”

Mas Lucas, autor do livro de Atos, diz que Barnabé “era homem bom”. Por quê? O que é que ele tinha de bom? Não foi esse mesmo Barnabé que algum tempo depois teve uma tal desavença com Paulo, que vieram a separar-se? (At 15:39). Será que ele era bom mesmo? Vejamos os fatos:

Barnabé era dono de um campo e “vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4:37). Ele, portanto, tinha desprendimento, acreditava na mensagem de Cristo, e estava disposto a utilizar seus recursos para promover o reino de Deus na terra.

Ele entrou novamente em cena quando o apóstolo Paulo visitou Jerusalém três anos após sua conversão e procurou juntar-se aos discípulos, mas eles ficaram com medo. Então Barnabé interferiu e o levou aos apóstolos, narrando a conversão dele no caminho de Damasco. Ele acreditou que Paulo era agora um homem convertido. Quem é bom acredita nas pessoas.

Barnabé era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Você não gostaria de ser conhecido por essas qualidades?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A última chance do governador

Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, ficou Félix amedrontado e disse: Por agora, podes retirar-te, e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei. Atos 24:25

O apóstolo Paulo havia sido preso em Jerusalém e enviado a Cesaréia, onde ficava o centro do governo romano da Judéia, presidido por Félix. Um dia o governador e sua esposa Drusila o mandaram chamar para poderem ouvi-lo “a respeito da fé em Cristo Jesus” (v. 24).

E assim Paulo compareceu diante de Félix, um homem ambicioso, cruel e sensual. A seu lado estava a bela judia Drusila, que se casara anteriormente com um gentio, que, para agradá-la, havia se tornado judeu.

O sermão de Paulo versou sobre três temas: justiça, domínio próprio e juízo vindouro. Ao ouvir Paulo pregar sobre a justiça, Félix deve ter pensado nos subornos que havia pago e recebido e em todas as injustiças que cometera.

Félix e Drusila ainda não haviam se recuperado de seu assombro, quando Paulo aborda o tema do domínio próprio. Os dois empalideceram, ao sentir a consciência apontar-lhes o dedo, como a dizer: “Isto é para vocês!” Drusila devia estar pensando no marido que abandonara, e em sua união ilícita com Félix.

Paulo chegou então ao ponto culminante de seu sermão: o juízo vindouro. E afirmou ao orgulhoso casal que esta vida não é tudo. Que embora um homem possua ricas vestes, mulheres, vinhos, carruagens e residências elegantes, ele terá de comparecer um dia perante o tribunal de Cristo.

Paulo fez com que Félix vislumbrasse esse tribunal, e ao vê-lo, Félix tremeu, amedrontado. Que tremendo impacto causara essa pregação! Infelizmente, porém, este foi um sermão perdido, porque Félix tremeu, mas não se arrependeu. Antes, interrompeu o sermão de Paulo dizendo: “Agora pode ir. Quando eu puder, chamarei você de novo.” E assim Paulo voltou para a sua cela e Félix para sua vida de impiedade.

“Havia sido permitido que um raio de luz do Céu brilhasse sobre Félix, quando Paulo arrazoou com ele a respeito da justiça, temperança e juízo vindouro. Esta foi a oportunidade que o Céu lhe enviara para que visse seus pecados e os abandonasse. Mas dissera ao mensageiro de Deus: ‘Por agora vai-te [...]’ (At 24:25). Menosprezara a última oferta de misericórdia. Nunca mais deveria receber outro convite de Deus” (Atos dos Apóstolos, p. 427).

Félix foi uma vítima do amanhã. Dizer “amanhã” quando Deus diz “hoje” pode significar “adeus para sempre”.