Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Mateus 5:42
Um dia, ao esgueirar-me por entre os mendigos que infestavam o centro de São Paulo, lembrei-me das palavras de Cristo: “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.” Então pensei: “Se eu seguir esse conselho à risca irei à falência, e logo estarei entre eles, mendigando também!”
Antes de analisarmos o sentido das palavras de Cristo, examinemos a condição de alguns mendigos. Um deles “trabalhava” regularmente das 6 às 10 horas e das 17 às 19 horas. No intervalo perambulava pela ruas e ia ao cinema.
Outro pedinte costumava expor à compaixão dos passantes a perna, com um curativo horrível. A atadura estava suja de sangue e moscas pousavam e voejavam em volta da ferida. Um dia a polícia prendeu o homem, pois descobriu tratar-se de um falso mendigo. Não havia ferida alguma na perna. Ele apenas havia feito um emplastro com um pedaço de carne de terceira, a fim de iludir as pessoas sensíveis.
Como estes, há centenas que adotaram a “profissão” de mendigo, a fim de se aproveitar da boa fé das pessoas para viver na ociosidade. Se Cristo viesse a uma das nossas grandes cidades hoje, e a cada mendigo que encontrasse fizesse a mesma pergunta que fez ao paralítico de Betesda: “Queres ficar são?”, provavelmente receberia um “não” como resposta. Para que sarar se as chagas dão lucro?
Ellen White nos adverte: “Não é sábio dar indiscriminadamente a todo aquele que solicite nosso auxílio, porque podemos assim encorajar a ociosidade, a intemperança e a extravagância. Mas se alguém chegar à vossa porta dizendo que está com fome, não o despeçais vazio. Dai-lhe algo a comer, do que tendes” (Conselhos Sobre Mordomia, p. 163).
O dever do cristão para com os menos afortunados envolve um relacionamento pessoal, através de um trabalho contínuo em favor deles. Quem dá uma esmola parece estar querendo ver-se livre do pedinte, como a dizer: “Tome aí. E agora deixe-me em paz.” Em vez de atirar-lhe uma moeda, se pudermos ensiná-lo a ganhar o sustento, estaremos ajudando-o de modo muito mais eficaz. Em vez de dar-lhe peixe, devemos ensiná-lo a pescar.
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