quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ponte ou parede de separação?

Porque guardaste a palavra da Minha perseverança, também Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro. Apocalipse 3:10

Em nossa infância, eu e meus irmãos tivemos vários amigos de outras religiões, especialmente judeus, católicos, metodistas e luteranos.

De um modo geral, todos respeitávamos as crenças alheias.

Lembro-me, entretanto, de um incidente que mudou nosso relacionamento com os metodistas da cidade de Cachoeira do Sul, RS. Um garoto metodista, nosso amigo, costumava ir ao salão de jovens da igreja adventista local para jogar pingue-pongue.

Um dia, o pastor adventista o abordou dizendo: “Fulano, já que você vem sempre aqui para jogar, por que não se torna logo adventista?” E em seguida começou a dar-lhe estudos bíblicos, mostrando os pontos doutrinários em que os adventistas divergem dos metodistas.

O menino foi para casa e contou tudo aos pais, os quais ficaram furiosos e convocaram o pastor adventista à sua casa para um debate com o pastor metodista.

O encontro, que deveria ser amigável, degenerou em bate-boca e quase acabou na polícia. O garoto continuou nosso amigo, mas os pais adquiriram antipatia, não só pelo nosso pastor, mas também pela igreja adventista. E quando duas de nossas irmãs apareceram em sua loja para recoltar, foram postas a correr de lá.

Este incidente teve ainda um desdobramento secundário: alguns irmãos adventistas apoiaram a atitude do nosso pastor, dizendo que ele estava certo em “chamar o pecado pelo seu nome exato”, e que não deveria mesmo haver aproximação com outras igrejas, pois não aceitamos o ecumenismo. E que, se a perseguição tiver que vir, que venha logo.

Outros, porém, entenderam que o pastor criou um antagonismo desnecessário com uma igreja cujos membros eram cidadãos amáveis e educados.

Jesus, em Seu sermão profético, disse aos discípulos que eles seriam entregues aos tribunais e às sinagogas, e açoitados e odiados por causa de Seu nome (Mc 13:9, 13). “Advertiu-os, porém, a que não se expusessem desnecessariamente à perseguição” (O Desejado de Todas as Nações, p. 355).

A perseguição virá. Mas não nos compete antecipá-la. Agora é o tempo de construir pontes de acesso ao evangelho e não paredes de separação, muitas vezes erigidas por orgulho, preconceito e exclusivismo.

Nenhum comentário: