Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos Seus discípulos, aquele a quem Ele amava. João 13:23
O discípulo a quem Jesus amava não é identificado pelo nome. Por isso, alguns pensam que se tratasse de Lázaro, pois é dito que Jesus o amava (Jo 11:36). Outros imaginam que fosse o jovem rico, porque Marcos afirma que Jesus o amou (Mc 10:21). E há quem pense se tratar de algum discípulo desconhecido, que era tão chegado a Jesus como um filho. Mas é opinião generalizada de que esse discípulo amado não era outro senão João.
Estar “conchegado” a Jesus significa literalmente estar reclinado sobre Seu peito, pois os judeus não se assentavam à mesa – eles se reclinavam à mesa, que era “um bloco sólido e baixo com almofadas ao seu redor e tinha o formato de um U. O lugar de honra estava no centro. Os hóspedes se reclinavam com o cotovelo esquerdo sobre a mesa, ficando com a mão direita livre para manusear o alimento. Sentados dessa maneira, a cabeça de um homem ficava literalmente sobre o peito daquele que estava à sua esquerda. Jesus estava sentado ao centro. O discípulo a quem Ele amava devia estar à Sua direita, com o cotovelo esquerdo apoiado na mesa e a cabeça junto ao peito de Jesus” (William Barclay, The Gospel of John, v. 2, p. 168).
Por que é que João se refere a si mesmo de maneira indireta? Seria por modéstia? Ou ao se declarar “o discípulo amado” (Jo 19:26) ele estaria justamente se demonstrando imodesto? Por que não se identifica dizendo: “Eu sou João, filho de Zebedeu e Salomé”? Por que não diz: “Eu sou um discípulo, apóstolo, evangelista, autor de um dos evangelhos”, e sim, “eu sou o discípulo amado”, ou “aquele a quem Ele ama”? Se você se identificasse como “o filho predileto dos seus pais”, ou como “o funcionário de quem o gerente mais gosta”, isso pareceria modéstia ou arrogância? Soa mais como arrogância, não é mesmo?
João, porém, tinha certeza de sua intimidade com o Mestre. Jesus o apreciava desde o tempo em que o chamara de “filho do trovão” (Mc 3:17). E agora o amava ainda mais, visto que esse discípulo havia crescido e que a imagem divina resplandecia em seu caráter.
Cada um de nós pode reclinar-se ao peito de Jesus, confiar-Lhe seus segredos e dizer com sinceridade: “Eu sou amigo do peito de Jesus”. Isso não é imodéstia ou orgulho, mas certeza de ser amigo íntimo do Salvador.
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