sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Responsável ou fiscal?

Então o Senhor perguntou a Caim:“Onde está seu irmão Abel?” Respondeu ele: “Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?” Gênesis 4:9, NVI

Um dia, um pastor abordou um membro da igreja dizendo que precisava conversar com ele e a esposa, juntos. A visita foi marcada e, num domingo de manhã, o pastor compareceu à casa deles.

Sem muitos rodeios, o pastor foi logo dizendo que havia visto a senhora no centro da cidade, e que, segundo seu critério, ela não estava vestida de maneira apropriada, e pedia sua colaboração. A irmã, indignada com o que lhe pareceu uma intromissão em sua vida particular, se retirou da sala, deixando o marido e o pastor falando sozinhos. Esse episódio somou-se a outros fatores, e, finalmente, ela deixou a igreja.

Somos nós, tanto pastores como membros, responsáveis por nosso irmão? Sem dúvida. Mas, ser guardador, tutor ou responsável é uma coisa. Ser fiscal é outra bem diferente. No entanto, há pessoas na igreja tão preocupadas em fiscalizar a vida dos irmãos, com a justificativa de “preservar o bom nome da igreja”, que acabam interferindo na liberdade de consciência que Deus deu a cada um.

No tempo de Cristo esse controle social já existia, e Ele próprio foi vítima dos “zelosos da lei”, mas não tão zelosos no amor, que O acusaram de ser “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7:34). E quando Cristo curou um paralítico no sábado, os fiscais, zelosos das normas, imediatamente advertiram o que fora curado, dizendo-lhe: “Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito” (Jo 5:10).

Em outro sábado, os discípulos, com fome, entraram numa seara, colheram espigas e as comeram. Novamente, os “representantes da lei” reclamaram para Jesus que os Seus discípulos faziam “o que não é lícito fazer em dia de sábado” (Mt 12:2). Além disso, eles foram também acusados de não lavar as mãos quando comiam (Mt 15:2). Acontece que aqueles acusadores eram réus de coisas muito piores, como Cristo deixou claro nos versículos seguintes.

A igreja tem normas a seguir? É claro que sim. Mas “em questões de consciência, a alma deve ser deixada livre. Ninguém deve controlar o espírito de outro, julgar por outro, ou prescrever-lhe o dever. Deus dá a toda alma liberdade de pensar, e seguir suas próprias convicções” (O Desejado de Todas as Nações, p. 550).

“Cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12). Por isso, ninguém deve se intrometer naquilo que tem que ver com a consciência alheia.














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