Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:15, 16
Em todas as épocas houve falsos profetas. Já em seu tempo, Moisés advertia contra falsos profetas, estabelecendo a pena de morte para eles (Dt 13). Jeremias teve conflitos com essa classe, que anunciava paz em vez de guerra. Mas Deus disse a Jeremias: “Os profetas profetizam mentiras em Meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei” (Jr 14:14).
Jesus disse que esses falsos profetas se apresentavam disfarçados em ovelhas. Ao vigiar o rebanho, o pastor vestia uma pele de carneiro, com a pele do lado de fora e a lã por dentro. É claro, porém, que um homem podia se apresentar com roupagem de pastor mas não ser pastor. Os antigos profetas usavam uma roupagem convencional. Elias usava um manto (1Rs 19:13, 19), e foi descrito certa vez, como um “homem vestido de pelos, com os lombos cingidos de um cinto de couro” (2Rs 1:8). Esse manto de pele de carneiro, portanto, era o uniforme pelo qual os profetas eram conhecidos. Entretanto, havia homens que usavam manto de profeta, mas não viviam a vida de profeta.
Nos tempos da igreja primitiva havia também charlatães que se faziam passar por profetas, a fim de obter prestígio e viver em ociosidade, às custas da generosidade dos irmãos. Por isso a igreja criou, entre os anos 100 e 150 d.C., seu primeiro livro de praxes, chamado Didaquê, que contém instruções sobre esses profetas itinerantes: “A um verdadeiro profeta deve ser concedida a mais alta honra; ele deve ser bem-vindo e sua palavra não deve ser desprezada, nem sua liberdade cerceada; mas ele deve permanecer um dia, e se necessário, dois; se ficar três dias, é um falso profeta. Ele nunca deve pedir nada, a não ser comida. Se pedir dinheiro, é um falso profeta” (Didaquê, cap. 11, 12, citado em William Barclay, The Gospel of Matthew, v. 1, p. 287). Os italianos têm um provérbio parecido: “Hóspede é como peixe: após três dias começa a cheirar mal.”
Essas instruções parecem bastante válidas ainda hoje, para que a igreja não abrigue lobos com roupagem de ovelha em seu meio. Mas o julgamento definitivo para se distinguir os falsos profetas dos verdadeiros é o de Cristo: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16).
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