quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lições espirituais da natureza

Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. Romanos 8:22

Quando Deus criou Adão e Eva, não lhes deu um palácio para morar, mas um belo jardim, para que o santo par fosse parte integrante da natureza e pudesse apreciar de perto as maravilhosas obras de Deus e seu coração se voltasse continuamente para o Grande Artista.

Essa integração entre o ser humano, as plantas e os animais era perfeita e harmoniosa até o dia em que o pecado entrou em nosso planeta e estragou tudo. A partir de então surgiram os espinhos e cardos.

Dentes e garras passaram a fazer parte do mundo animal, e apareceram pragas que nos molestam até hoje. (Às vezes me pergunto por que é que Noé não deu uma chinelada naquele casal de mosquitos que entrou na arca.) Por causa de uma desobediência aparentemente pequena e inconsequente, “toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”.

Apesar de tudo, a natureza, que o pecado e o homem ainda não conseguiram destruir, revela resquícios daquela beleza original que um dia será restaurada e talvez superada.

Ao viver entre nós, Jesus demonstrou interesse no mundo natural e extraía preciosas lições espirituais de pessoas, animais e plantas. Como preparativo para Seu ministério, retirou-Se para o deserto, a fim de meditar e orar, e então passou a ensinar as multidões à beira-mar ou no alto dos montes.

Cristo nos convida a observar a natureza, em busca de conforto e enlevo espiritual, ao dizer: “Observai os lírios” (Lc 12:27); “observai os corvos” (Lc 12:24); “vai ter com a formiga” (Pv 6:6); “pergunta agora às alimárias [...] e às aves dos céus [...] ou fala com a terra [...] até os peixes do mar to contarão” (Jó 12:7, 8). Também nos adverte: “Eis que Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10:16).

Quando Jesus voltar, dando início ao Seu reino de glória, toda a criação será restaurada à sua perfeição original. Então voltará a haver perfeita integração entre o homem e os reinos animal e vegetal.

O profeta Isaías assim descreve essa nova era em que não haverá mais qualquer vestígio do pecado: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi [...] Não se fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte, diz o Senhor” (Is 65:25).

Então, homens, mulheres, crianças e animais substituirão os gemidos por louvores a Deus. Aguardemos com fé e esperança esses dias melhores e sem fim.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Qualidades do bom pescador

Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Mateus 4:18

A pesca é uma das atividades mais antigas que existem. E ao longo do tempo o pescador se tornou conhecido por suas histórias, nem sempre muito dignas de crédito.

O povo de Israel praticava a pesca no Egito, onde comia peixe “de graça” (Nm 11:5). Em Israel, pescava-se especialmente no mar da Galileia e em alguns poucos rios. “O fato de que uma das portas de Jerusalém era chamada de Porta do Peixe, indica que havia um mercado de peixe na cidade” (SDABD, v. 8, p. 352).

Como sabemos, vários discípulos de Jesus eram pescadores. Eles estavam ocupados em seu ofício, lançando redes, quando Cristo os chamou, oferecendo-lhes uma promoção – em vez de apanhar peixes eles se tornariam agora pescadores de homens. Sem dúvida, uma tarefa mais difícil, mas bem mais compensadora.

Barclay afirma que para alguém se tornar um bom pescador de homens deve possuir as seguintes qualidades de um pescador:

1. Paciência. Ele espera pacientemente que o peixe apanhe a isca. O mesmo ocorre com o pescador de homens. Tanto na pregação como no ensino é raro haver resultados imediatos. É preciso aprender a esperar.

2. Perseverança. Ele não se abate quando não tem êxito, mas sempre tenta de novo. O bom pregador e mestre não deve desanimar quando nada parece acontecer. Ele precisa insistir e tentar outra vez.

3. Coragem. Ele deve estar disposto a enfrentar a fúria do mar e do vento. O bom pregador e mestre precisa estar consciente de que é sempre perigoso dizer a verdade às pessoas. Talvez ele tenha de enfrentar a fúria de Satanás.

4. Saber o momento certo. O pescador experiente sabe que há ocasiões em que é inútil pescar. O bom pescador de homens sabe escolher o momento. Ele sabe que há tempo de falar e tempo de ficar em silêncio.

5. Adaptar a isca ao peixe. Um peixe é atraído por determinado tipo de isca, e outro não. O pregador inteligente sabe que o mesmo método não pode ser aplicado a todas as pessoas.

6. Não se mostrar. Ainda que ele mostre apenas sua sombra, o peixe certamente não morderá a isca. O pregador sábio sempre procurará apresentar Cristo, não a si mesmo. Seu objetivo é fazer com que as pessoas olhem para Jesus.

Hoje é o Dia do Pescador. Lance o seu pão sobre as águas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Deus quer que os bandidos se convertam

Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Ezequiel 33:11

O que você sente quando fica sabendo que um bandido, que cometeu vários crimes hediondos, foi morto pela polícia?

Nossa reação natural, como seres humanos, é exclamar: “Bem feito. Teve o que merecia!” Em seu tempo, Salomão já dizia que “há gritos de alegria quando morre um homem mau” (Pv 11:10, NTLH).

Davi chegou a expressar, em oração, o desejo de que os ímpios recebessem aqui mesmo o castigo por seus maus atos: “Ó Deus, quebra-lhes os dentes na boca; arranca, Senhor, os queixais aos leõezinhos” (Sl 58:6). “Caiam sobre eles brasas vivas, sejam atirados ao fogo, lançados em abismos para que não mais se levantem” (Sl 140:10).

Deus, porém, não é assim. Ele ama até mesmo os piores criminosos e quer que eles abandonem sua vida de crimes e pecados e se salvem.

Ainda hoje há religiões cristãs que aceitam a ideia de que as pessoas foram predestinadas para a salvação ou para a perdição. E que alguém que foi predestinado para a salvação não poderá se perder. A Bíblia, porém, ensina que é possível mudar de lado enquanto houver vida: o justo pode apostatar e o pecador se converter. Paulo diz: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10:12).

Quem aceitou Jesus Cristo como seu Salvador, mas desistiu, terá o seu nome apagado do Livro da Vida (Ap 3:5). A salvação somente é assegurada àquele que perseverar até o fim (Mt 24:13), a quem for fiel até a morte (Ap 2:10).

Por outro lado, se não houvesse esperança para o pecador, a morte de Cristo teria sido em vão. A Palavra de Deus está repleta de promessas, mostrando que Jesus veio buscar e salvar o perdido (Lc 19:10), que Deus é longânimo, “não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).

Da mesma maneira como uma vida reta no passado não justifica a impiedade presente, assim também a impiedade passada não exclui o pecador da graça presente, não importa quão longe tenha ido. Deus deixa claro que o Seu maior desejo é que o pecador se converta dos seus maus caminhos e viva, em vez de sofrer agora ou no porvir, as trágicas consequências de uma vida perversa.

domingo, 27 de junho de 2010

O ano mais difícil de minha vida – 2

Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31:3

Débora orou e leu os profetas durante o verão. Artur corria três quilômetros por dia e até mesmo levou os dois filhos gêmeos para fazer trilha. Mas quando suas costas doíam ou ele se sentia cansado, ele e a esposa sabiam o que cada um estava pensando.

Então Artur ficou muito doente. Os médicos fizeram uma cirurgia para desbloquear os intestinos. E quando o resultado da biópsia deu positivo, Débora teve a certeza de que o homem que a havia acompanhado durante a metade de sua vida, era agora um paciente terminal.

Nesta hora difícil, ela precisava de Deus mais do que nunca. Ela abriu a Bíblia e leu: “Tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza” (Jr 31:13). Essa promessa parecia muito distante. Mas assim mesmo, ela se sentiu abraçada por Deus.

Artur foi piorando e precisou de mais uma cirurgia. Débora não queria que ele morresse no hospital, e duas semanas depois o trouxe para casa. Os dias em casa eram uma alternância de momentos de ternura, muito trabalho e exaustão.

Artur agora não mais se movia nem falava. Ela queria orar, mas o que deveria pedir? Então clamou: “Senhor, onde está a Tua misericórdia?”

Deus lhe respondeu na mente: “A Minha misericórdia nem sempre é o caminho mais fácil.”

Ela ficou irada com essa resposta e retrucou: “É essa a resposta que Tu me dás enquanto eu vejo morrer a pessoa que mais amo nesta vida?”

Deus deixou que ela derramasse os seus sentimentos sobre Ele, e lhe disse: “E se Eu não estivesse aqui?”

“É verdade”, pensou ela. “Eu me sentiria terrivelmente sozinha”. Mas Débora não estava sozinha, pois a misericórdia de Deus estava sendo estendida a eles. Isto não mudaria sua dor, mas a ajudaria a suportá-la. Mais tarde ela leu Lamentações 3:22 e sublinhou esse texto: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim.”

Artur faleceu na manhã do dia 14 de fevereiro. Ela havia vivido o ano mais difícil de sua vida. E durante todo esse tempo Deus usou os profetas do Antigo Testamento para trazer-lhe conforto.

sábado, 26 de junho de 2010

O ano mais difícil de minha vida – 1

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos. Lamentações 3:22

Débora não tinha vontade de estudar os profetas do Antigo Testamento, pois os considerava de difícil compreensão. Durante 20 anos ela evitou ler essa parte das Escrituras. Mas foi justamente ali que ela encontrou auxílio, ao saber que seu marido Artur estava com câncer.

Após uma noite insone, em que sentiu muito medo, ela leu, pela manhã, o capítulo oito de Isaías. Enquanto lia, pensava:

“Será que Artur vai me deixar? E se ele morrer? Como poderei criar sozinha nossos quatro filhos?” Em meio a essa angústia ela leu a palavra temor, e se concentrou na leitura: “Ao Senhor dos Exércitos, a Ele santificai; seja Ele o vosso temor, seja Ele o vosso espanto. Ele vos será santuário” (Is 8:13, 14).


Ela pensou: “Deus mantém minha situação sob Seu controle, e Ele quer o meu temor, não um temor que produz insônia e lágrimas, mas confiança.”

Débora memorizou esse verso, pois precisava de algo que amenizasse seus temores. Então o médico lhe disse que a biópsia havia mostrado células cancerígenas nos tecidos e no sistema linfático. “Se o câncer retornar”, disse ele, “seu marido entrará em fase terminal.”

Ela continuou se agarrando desesperadamente a esse texto durante as seis semanas de radioterapia e uma cirurgia para corrigir lesões nervosas. Mas não conseguia orar pedindo que Deus curasse Artur.

O pensamento de perdê-lo doía tanto, que ela mal conseguia puxar o fôlego entre um soluço e outro. Então clamou a Deus: “Senhor, Tu sabes o quanto eu desejo que Artur viva, mas tenho medo de Te pedir que o cures, pois acho que não aceitaria um “não” como resposta. E se eu sentir amargura e ira para contigo, eu perderei não só Artur, mas a Ti também. Eu não quero que Artur morra, mas não sei como orar.”

E Deus novamente usou um profeta para ajudá-la. Desta vez foi Daniel. Ela leu a corajosa resposta que Sadraque, Mesaque e Abednego deram ao rei, a caminho da fornalha de fogo ardente: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (Dn 3:17, 18).

As palavras de Sadraque, Mesaque e Abednego lhe deram coragem para orar: “Senhor, por favor, cura o Artur. Tu tens poder para mudar as células. Mas não importa o que acontecer, eu quero Te servir.”

Amanhã veremos a resposta de Deus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Vou morrer livre

Quando amanheceu, os pretores enviaram oficiais de justiça, com a seguinte ordem: Põe aqueles homens em liberdade. Atos 16:35

O Pastor Humberto Noble Alexander foi um moderno herói da fé. Nasceu em Cuba, em 1934, e se tivesse vivido sua religião em silêncio, nada lhe teria acontecido. Mas o jovem pregador insistia em levar pessoas a Jesus, e por isso foi considerado um contrarrevolucionário.

Um dia, os policiais foram à sua casa e lhe disseram cortesmente:

– Você se importaria de nos acompanhar até à delegacia? Não vamos demorar nem cinco minutos.

Mas aqueles cinco minutos se tornaram 22 anos de sofrimentos indescritíveis. Ele foi acusado de tramar a morte de Fidel Castro e sentenciado à prisão de Isle de Pines, um dos mais desumanos e brutais sistemas penitenciários do mundo, criado para quebrar o moral dos seus 6.000 prisioneiros e aumentar a produtividade da ilha através do uso de mão-de-obra escrava.

Durante 42 dias ele foi torturado. Então o deixaram sem comer por seis semanas, exigindo que abandonasse sua fé em Cristo. E quando Alexander se recusou a trabalhar no sábado, ele e seus irmãos adventistas foram colocados dentro de uma fossa cheia de esgoto. Por quatro sábados seguidos eles louvaram a Deus, cantando hinos, com esgoto até o queixo. Finalmente os guardas os deixaram guardar o sábado em paz.

De algum modo, Noble Alexander conseguiu uma Bíblia e começou a realizar cultos. Todas as noites os prisioneiros – católicos, batistas, pentecostais e adventistas se reuniam, cantavam e oravam juntos, unidos por sua fé em Cristo. Apesar dos sofrimentos e mortes, em quatro anos, a pequena “igreja” cresceu até atingir 200 frequentadores. Em seu livro I Will Die Free (Vou Morrer Livre), Noble Alexander escreve que todas as noites os guardas vinham até onde eles estavam, selecionavam alguns prisioneiros e os levavam para fora, onde eram fuzilados.

Noble Alexander conseguiu sobreviver. Em 1984 Jesse Jackson, candidato a presidente dos Estados Unidos, negociou sua libertação e deportação para os Estados Unidos, onde viveu e morreu em liberdade, em 2002.

A liberdade é um bem precioso que só é devidamente apreciado quando se perde. Desfrutemos a liberdade que temos para conduzir pessoas a Jesus, o qual “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor” (Cl 1:13).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

As recusas de Cristo

Salva-Te a Ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! Mateus 27:40

Embora o ministério terreal de Cristo tenha sido rico em milagres, Ele começou dizendo “não”. Após 40 dias de jejum no deserto, Ele Se achava fisicamente debilitado. O inimigo, julgando ser este o momento ideal para tentá-Lo, aproximou-se e O desafiou a provar Sua divindade transformando pedras em pães.

Com o poder de que estava dotado, Ele podia ter feito isso com um estalar de dedos. Mas Jesus Se recusou a operar milagres em benefício próprio, não só desta vez, mas em outras oportunidades também. O poder que Deus Lhe dera deveria ser utilizado apenas em favor de outras pessoas. O Filho do Homem não havia vindo ao mundo “para ser servido, mas para servir” (Mt 20:28). Posteriormente Ele alimentaria miraculosamente 5.000 pessoas, mas não alimentou a Si mesmo através de um milagre. Ele salvou os outros, não a Si mesmo.

Em outra ocasião, Jesus Se recusou a atender um pedido aparentemente aceitável. Em Marcos 5 lemos a narrativa do endemoninhado geraseno. Quando os demônios rogaram a Jesus que os deixasse entrar na manada de porcos, Ele o permitiu. Quando os gerasenos, apavorados com o prejuízo financeiro causado pelo afogamento dos porcos, vieram pedir-Lhe que Se retirasse da terra deles, Jesus os atendeu. Mas quando o endemoninhado, agora curado, Lhe pediu para ficar com Ele, Jesus recusou o pedido e ordenou-lhe: “Vai para casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Mc 5:19).

Teria sido muito agradável ao ex-endemoninhado desfrutar a companhia do Mestre. Quem não gostaria? A recusa de Cristo talvez tivesse entristecido o homem. Mas ao despedi-lo, Cristo estava ensinando-o, e a todos nós, a grande verdade de que somos salvos para salvar, não para desfrutar egoisticamente a salvação. E os nossos familiares devem ser os primeiros a ser salvos.

Finalmente, na cruz, Jesus Se recusou a atender ao desafio dos sacerdotes, escribas, anciãos e demais pessoas, que Lhe diziam: “Salva-Te a Ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! Desça da cruz, e creremos nEle” (Mt 27:40, 42).

Felizmente, Cristo não os atendeu. E essa recusa salvou o mundo. Se você ainda não se deixou atrair pelos encantos de Cristo, talvez seja conquistado para Ele por Suas recusas.

Pois Ele está a serviço de um mundo caído mesmo quando diz “não”.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Rico, famoso e solitário

E Me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo. João 16:32

Luís Palau escreveu que, seis semanas antes de morrer, Elvis Presley foi entrevistado por um repórter, o qual lhe perguntou:

– Elvis, ao começar sua carreira musical, você disse que queria três coisas na vida: ser rico, famoso e feliz. Você é feliz?

Elvis respondeu que se sentia solitário. Rico, famoso, mas solitário.

Talvez você também se sinta solitário, não importa sua condição financeira, e mesmo estando cercado por muitas pessoas. As pessoas mais solitárias do mundo moram em cidades grandes, com milhões de habitantes.

Algum tempo atrás o jornal Portland Oregon publicou a notícia de um conhecido psicólogo clínico que se suicidou. Ele havia deixado um bilhete, com a seguinte mensagem: “Esta noite eu me sinto cansado, sozinho e velho. Vocês só compreenderão completamente estes sentimentos quando também se sentirem cansados, sozinhos e velhos.”

Que ironia! Um homem preparado para ajudar pessoas a encontrar significado para a vida, não conseguiu descobrir sentido para a própria existência!

Esse vazio, comum a todos os seres humanos, não é simplesmente uma questão psicológica. É um problema espiritual, causado por nossa separação de Deus. As tentativas de abafar os sentimentos de solidão são infrutíferas, porque o vazio sempre retorna. Rejeitar a Deus causa isolamento e solidão.

A única maneira de derrotar esse tipo de solidão, que alguns chamam de “solidão cósmica”, é nos voltarmos para Deus em busca de companheirismo. Jesus Cristo prometeu: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5). Esta é uma promessa valiosa em períodos de depressão, e parece ser uma referência a Deuteronômio 31:6: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará.”

Deus fez esta mesma promessa a vários dos Seus antigos santos: Jacó (Gn 28:15), Josué (Js 1:5), Salomão (1Cr 28:20) e outros, e pode ser também apropriada pelos crentes modernos.

Jesus, em Sua hora de maior necessidade, foi abandonado pelos discípulos. Mas a ausência de auxílio humano foi contrabalançada pela presença constante do Pai celeste. E essa mesma presença é prometida a todos nós. Ele garante que jamais nos abandonará.

Creia nisso e sinta-se bem acompanhado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Galanteio à moda antiga

Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha. Cantares 1:9

A Bíblia é um livro oriental e sua linguagem está repleta de expressões que chocam a mente ocidental. Um exemplo desse fato está no texto de hoje, em que Salomão – um homem muito habilidoso no trato com as mulheres – compara a amada Sulamita às éguas dos carros de Faraó.

A Sulamita deve ter-se sentido lisonjeada com tais palavras. Entretanto, se um rapaz de nossa sociedade quisesse imitar Salomão e comparasse a namorada a uma égua, estaria cometendo uma grosseria que talvez lhe custasse um olho roxo.

Por que essa diferença de reação? Simplesmente porque os tempos, as circunstâncias e a cultura são outros. Mil anos antes de Cristo, na Palestina, comparar uma jovem às éguas dos carros do Faraó era considerado um elogio, pois as parelhas de tais carros eram animais de estirpe, luzidios, ricamente adornados com metais preciosos, laços e plumas, o que os tornavam realmente figuras elegantes e admiradas.

Por isso, o que naquela época, no Oriente, era elogio, hoje, no Ocidente, é grosseria. Aqui e agora rapazes e mocinhas se comparam com gatinhos e gatinhas. Entre nós a comparação com eqüinos é sempre ofensiva.

O tempo que nos separa de Moisés, o autor do Pentateuco, é de mais ou menos 3.500 anos. Nesse longo período não somente a linguagem, mas também a cultura e as circunstâncias mudaram muito. A falha em observar esses fatores tem levado as pessoas a praticar inúmeras distorções das verdades bíblicas.

Temos um desses exemplos no livro de Gênesis, capítulo 3, onde se acha o relato da queda do ser humano. E como uma das conseqüências do pecado, a mulher sofreria durante a gravidez, e “em meio de dores” daria à luz filhos (v. 16). Por causa dessa afirmação, há extremistas que se opõem a anestesia e qualquer outro método que alivie as dores do parto.

Outros lêem: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1:28), e se recusam a fazer qualquer planejamento familiar, entendendo que essa ordem divina pressupõe ter o maior número possível de filhos.

Qualquer método anticoncepcional seria, nesse caso, contrário à vontade de Deus.

A necessidade de se explicar a Escritura é indicada pelo episódio entre Filipe e o eunuco. Este último estava lendo o livro do profeta Isaías, quando Filipe se aproximou e perguntou-lhe: “Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar?” (At 8:30, 31).

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Removendo montanhas

Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível. Mateus 17:20

Uma senhora tinha de subir e descer um monte todos os dias, a fim de buscar água. Era muito cansativo. Então, ao ler essas palavras de Jesus, acreditou que, através de fervorosa oração, poderia remover aquele monte e tornar sua vida mais fácil. Todos os dias ela orava e, pela manhã bem cedo, a primeira coisa que fazia era olhar pela janela para ver se o monte havia se mudado dali. Mas ele continuava firme, no mesmo lugar, e deve estar lá até hoje, a menos que tratores o tenham removido.

Quando Cristo falou sobre remoção de montanhas, talvez tenha apontado para o monte onde havia ocorrido a Transfiguração. Ele não estava sugerindo aos discípulos utilizar a oração para realizar trabalhos de terraplenagem, removendo montes de um lado para outro. Em Seu tempo, “os judeus apelidavam qualquer rabino que se destacasse por sua grande inteligência, intuição ou caráter, de removedor de montanhas. Provavelmente Jesus tinha essa ideia em mente, quando Se referiu ao poder de remover montanhas” (Champlin).

Vemos aqui, mais uma vez, o problema de se interpretar literalmente o que é figurado. Jesus estava falando dos grandes obstáculos que Seus discípulos encontrariam ao se envolverem na pregação do evangelho. Em outras palavras, o que Ele queria dizer era: “Se vocês tiverem fé suficiente, todas as dificuldades serão resolvidas, e mesmo a tarefa mais difícil será cumprida.” Fé em Deus é o instrumento que capacita as pessoas a remover os obstáculos que bloqueiam o caminho delas.

Os discípulos haviam fracassado na tentativa de curar o jovem lunático, que, na verdade, era endemoninhado. “Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino” (Mt 17:18). Então os discípulos perguntaram a Jesus por que não haviam conseguido expulsá-lo. E a resposta foi: “Por causa da pequenez da vossa fé.”

Os discípulos não tinham, em si mesmos, tal poder. Precisaram fracassar para aprender a não se gloriar na própria força.

Muitas pessoas têm religiosidade, mas não fé. A fé surge quando colocamos em prática o que cremos.

Qual é o tamanho da sua fé?

domingo, 20 de junho de 2010

Antes que chegue o inverno

Apressa-te a vir antes do inverno. 2 Timóteo 4:21

Amanhã começa o inverno, e por isso achei apropriado utilizar alguns pensamentos do famoso sermão “Come Before Winter” (Venha Antes do Inverno), de Clarence Macartney.

Ao escrever a segunda carta a Timóteo, Paulo se achava aprisionado em Roma, aguardando o julgamento e possível condenação. Paulo sabia que a vida dele estava no fim. O imperador Nero jogara a culpa do incêndio de Roma sobre os cristãos. E Paulo, como líder deles, acabou sendo julgado, condenado e decapitado em Roma.

Geralmente um cristão era acusado de dois crimes: (1) Ateísmo (acredite se quiser), pelo fato de não aceitar que o imperador fosse um deus; (2) Canibalismo. Na Última Ceia Cristo disse: “Tomai, comei; isto é o Meu corpo” (Mt 26:26). A interpretação literal das palavras do Mestre servia de argumento para essas absurdas acusações contra os cristãos.

Paulo havia encarregado Timóteo de cuidar da igreja em Éfeso, e agora escreveu-lhe pedindo que viesse a Roma com urgência – antes do inverno. Por quê? Porque no inverno não havia navegação no Mediterrâneo, por ser muito perigosa.

Se Timóteo esperasse até o inverno, teria de esperar até a primavera. E Paulo achava que não estaria vivo até lá, pois escreveu: “O tempo da minha partida é chegado” (2Tm 4:6).

Imaginamos que quando Timóteo recebeu essa carta, ele largou tudo e viajou no mesmo dia, passando por Trôade, onde apanhou os livros e a capa de Paulo, na casa de Carpo. E após vários dias de viagem chegou a Roma a tempo de ver Paulo com vida.

Há certas coisas na vida que têm de ser feitas antes do inverno. Ou nunca. Uma palavra de gratidão, de amor, um gesto de carinho, um presente. Se não for hoje, amanhã poderá ser tarde.

Um velho rabino costumava dizer: “Arrependa-se um dia antes de morrer.” “Mas não sabemos o dia de nossa morte”, respondiam os ouvintes. “Então arrependa-se hoje”, concluía ele.

Há duas razões para essa urgência. A primeira é a incerteza da vida humana. Davi, em sua última entrevista com Jônatas, disse: “Tão certo como vive o Senhor, e tu vives, Jônatas, apenas há um passo entre mim e a morte” (1Sm 20:3). Isto se aplica a cada um de nós. Só há um passo entre nós e a morte.

A segunda razão é que amanhã nossa disposição poderá mudar. O coração, tal qual o solo, tem sua estação própria para receber a semente.

Quando o Espírito Santo convida alguém a vir a Cristo, Ele nunca diz “amanhã”, mas sempre “hoje”. Hoje é o dia da salvação. Hoje, se você ouvir a voz de Deus, não endureça o coração.

Amanhã começa o inverno. Venha a Cristo hoje.

sábado, 19 de junho de 2010

Literalismos e simbolismos

Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. João 6:54

A quantidade de religiões cristãs existente hoje se deve em grande parte a diferenças de interpretação do texto bíblico. E uma dessas dificuldades é saber quando o texto é simbólico e quando é literal. Contudo, esse não é um problema novo. Muitas pessoas que viveram na época em que o texto bíblico foi escrito ou em que certas expressões foram proferidas não entenderam o seu real significado.

Quando Cristo disse que seria capaz de reconstruir o templo em três dias, os judeus responderam: “Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e Tu, em três dias o levantarás? Ele, porém, Se referia ao santuário do Seu corpo” (Jo 2:19-21).

Quando Cristo disse a Nicodemos que “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3), Nicodemos emprestou sentido literal a essas palavras: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3:4).

Por ocasião da última Ceia, Cristo disse, ao repartir o pão e o vinho: “Tomai, comei; isto é o Meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o Meu sangue” (Mt 26:26-28). Jesus não estava ensinando, com estas palavras, que o pão se convertia em Seu corpo e o vinho em Seu sangue, como ensina a doutrina da transubstanciação.

Mas de todas as expressões de Cristo, a que mais chocou os judeus de Seu tempo, e os próprios discípulos, foi a seguinte: “Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:54).

Os literalistas ficaram horrorizados. Essa declaração de Cristo parecia canibalismo. Comer Sua carne e beber Seu sangue? Não, não. Não se pode entender e muito menos aceitar o que este Homem está dizendo.

A Lei mosaica proibia o uso de sangue como alimento. Mas se os judeus tivessem se lembrado que a razão dada para tal proibição é o fato de que “a vida está no sangue”, eles talvez tivessem compreendido que “comer a Sua carne e beber o Seu sangue” significa apropriar-se de Sua vida pela fé. Significa recebê-Lo como Salvador pessoal, crendo que Ele perdoa os nossos pecados.

Como saber se o texto bíblico deve ser interpretado literal ou simbolicamente? (1) Através da própria Bíblia, pois ela é o seu próprio intérprete (Is 28:10); (2) Com o auxílio do Espírito de Profecia; (3) Utilizando comentários bíblicos autorizados.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os absurdos de Cristo

Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Mateus 7:3

Creio que Cristo foi o inventor do método audiovisual, o qual envolve som e imagem. Como em Seu tempo não havia projetores de slides, DVDs e gravadores, Ele falava de tal modo que o povo, ao ouvir, criava na própria mente as imagens. E assim, as lições de Cristo se tornavam inesquecíveis.

Certa vez, um pai de família estava lendo o capítulo 7 de Mateus, no culto familiar, quando, sem razão aparente, o filho menor, de quatro anos, desatou a rir. O pai o repreendeu, dizendo-lhe que o culto era um momento sagrado e, portanto, não era hora de rir. Mas o menino, mal podendo se conter, explicou que achara engraçado o texto que o pai acabara de ler. O pai releu o texto e descobriu que, de fato, a passagem continha uma boa dose de humor, que ele jamais havia percebido: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?”

As crianças alegres reconhecem facilmente o caráter absurdo de qualquer coisa, e as coisas absurdas as fazem rir. E aí estava algo duplamente absurdo: um indivíduo com um poste atravessado no olho, procurando um cisco no olho de seu irmão. Com tal ilustração vívida, as multidões jamais se esqueceriam da lição que Cristo quis ensinar: ninguém deve julgar o outro. Só quem estiver sem pecado tem o direito de procurar faltas nos outros.

Outro absurdo explorado por Cristo: “Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram vejam a luz” (Lc 8:16).

Nesta passagem há também um duplo absurdo. O primeiro, é que um lampião debaixo de uma cama não ilumina a sala; e o segundo é que, pelo fato de ele ter uma chama viva, certamente queimaria o colchão.

Há, portanto, um toque de humor nesse exemplo, através do qual Cristo ensinou que nenhum mistério ou segredo importante para a salvação deve ser ocultado daqueles que se dispõem a ouvir.

Já dissemos que as crianças se divertem mais facilmente do que os adultos, pois são capazes de reconhecer mais prontamente o caráter absurdo de certas coisas. E se reconhecermos que Cristo era um homem bem humorado, descobriremos uma profundeza ainda maior em Sua afirmação de que “quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10:15).

Que Deus conserve em nós o espírito inocente de uma criança, que é um traço de todo herdeiro do reino.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Coando mosquitos e engolindo camelos

Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo! Mateus 23:24

Hipérbole é uma figura de linguagem que engrandece ou diminui exageradamente a verdade. Os latinos, por natureza, são hiperbólicos, e usam com frequência expressões como: “Já falei um milhão de vezes”, “há séculos espero por esta oportunidade”, “chorou rios de lágrimas”, “ele não corria, voava”.

Todos nós sabemos que essas expressões não podem ser interpretadas literalmente. Os orientais também usam amplamente essa figura em seu linguajar diário. Como Cristo falava a linguagem do povo, em várias ocasiões usou hipérboles, para ensinar de modo enfático Suas preciosas lições. E trabalhava muito em cima de coisas absurdas, que se tornavam engraçadas e inesquecíveis para o povo comum.

Certa vez, Cristo Se referiu à incoerência dos fariseus, que eram excessivamente minuciosos e exatos em dizimar suas hortaliças, mas faziam vista grossa para com os preceitos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fé. E Cristo denunciou tal incoerência, chamando-os de “guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!”

É interessante notar que a hipérbole está apenas na última parte do versículo, que se refere ao camelo. A primeira parte é literal, pois os fariseus, antes de beber água, literalmente coavam os mosquitinhos que caíam na água, provavelmente passando uma peneira ou pano fino para retirá-los, para não transgredir a lei mosaica, que os proibia de comer animais imundos (Lv 11:23).

A multidão, ao ouvir isto, deve ter-se divertido bastante, imaginando um fariseu tentando engolir um camelo. E qual a lição que Cristo queria ensinar com tal figura? Que eles eram incoerentes – por um lado tinham excessivo zelo em observar os mínimos detalhes da Lei, mas, por outro, negligenciavam os seus grandes e mais importantes preceitos. Eles não tinham senso de proporção das coisas.

O mesmo espírito existe ainda hoje, pois não há nada mais fácil do que observar as exterioridades da religião, mas ser totalmente irreligioso. Muitos crentes frequentam assiduamente os cultos da igreja, são exatos na doação dos dízimos, mas não conseguem controlar o temperamento, são desonestos no trabalho, ou maltratam o cônjuge e os filhos em casa.

Precisamos ter senso de proporção das coisas, para não confundir observâncias religiosas com a verdadeira devoção. E isto só será alcançado quando Cristo reinar supremo no coração.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Alegorias e parábolas

Então, se aproximaram os discípulos e Lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Mateus 13:10

Na Bíblia há vários sistemas literários, como alegorias, parábolas, metáforas, hipérboles, provérbios, poesias e outros mais. Vamos ver os dois primeiros hoje.

Alegoria é um modo de expressão que apresenta um objeto para dar ideia de outro. Um exemplo disto se encontra no Salmo 80, onde Israel é comparado a uma videira do Egito. Essa muda tenra foi transplantada e deitou raízes na Terra Prometida. Isto ilustra como Deus trouxe o Seu povo do cativeiro egípcio e os levou para a Palestina, onde eles prosperaram e se multiplicaram. Em João 15 Cristo usa uma alegoria semelhante – a da videira e os ramos.

A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual. As parábolas eram um dos sistemas de ensino preferidos por Cristo.

Em Mateus 13:10, 11, Jesus explicou aos discípulos por que falava por parábolas. O primeiro objetivo é revelar a verdade aos crentes. E o segundo é exatamente o oposto: ocultar a verdade daqueles que endurecem o coração contra ela. Vamos ver como as parábolas ajudam a compreender algumas verdades que Cristo queria que ficassem guardadas para sempre na memória.

Se Jesus tivesse dito: “Vocês devem ser persistentes em sua vida de oração”, Seus ouvintes esqueceriam disso cinco minutos depois. Em vez disso, contou-lhes uma parábola, de uma viúva, que continuou rogando a um juiz iníquo que a ajudasse, até que o juiz, por fim, resolveu atender aos pedidos dela e fazê-la parar com as queixas (Lc 18).

Cristo, então, fez a aplicação da parábola: se um juiz injusto, que pouco se importa com uma viúva, pode ser levado a agir mediante súplicas persistentes, quanto mais um amorável Pai celestial responderá aos que são constantes em orar a Ele.

De igual modo, Cristo poderia ter dito: “Sejam humildes quando orarem”. Em vez disso, contou-lhes a parábola do fariseu e do publicano, que subiram ao templo para orar (Lc 18:9-14). O orgulho ridículo do fariseu e a humildade do publicano ensinam a lição de Cristo de modo simples, mas inesquecível.

Através de Suas parábolas, Cristo tornou o reino de Deus compreensível aos humildes de coração. E delas emerge a grande verdade: se você se sente à vontade com o reino de Deus aqui e agora, também o sentirá durante a eternidade. E a recíproca é verdadeira.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Quem é Jesus para você?

Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Mateus 16:16

Analisemos, primeiramente, as respostas dos discípulos quanto à opinião do povo sobre a identidade de Jesus, o que não foi senão uma triste constatação de que, apesar das evidências, “os Seus” não O haviam reconhecido como o Messias anunciado nas profecias.

Uns diziam que Ele era João Batista, que havia ressuscitado dos mortos. Não era só Herodes que pensava assim (ver Mt 14:1, 2), mas muitos dentre o povo.

Outros diziam que Jesus era Elias. Ao considerá-Lo assim, o povo pensava estar enaltecendo Jesus, pois Elias era tido como o “príncipe dos profetas”. E isto significava também que O consideravam como o precursor do Messias. Barclay diz que até o dia de hoje os judeus esperam o retorno de Elias antes da vinda do Messias, e ao celebrarem a Páscoa, mantêm uma cadeira vazia, pois quando Elias vier, o Messias não irá demorar.

E outros, ainda, afirmavam que Jesus era Jeremias. Várias lendas circulavam acerca de Jeremias. Acreditava-se que, antes de o povo ser levado para o exílio, Jeremias havia escondido a arca do concerto e o altar do incenso numa caverna do Monte Nebo, e que, antes da vinda do Messias ele retornaria, mostraria a arca, e a glória de Deus voltaria ao povo de Deus novamente (2 Macabeus 2:1-12). Ao considerar Jesus como Jeremias, o povo Lhe estava atribuindo a elevada posição de precursor do Messias.

Todas essas opiniões, no entanto, eram inadequadas, pois Jesus era o próprio Messias, e não o Seu precursor. Mateus apresenta uma sequência progressiva na compreensão que os discípulos e as multidões tiveram de Jesus, passando da admiração à adoração: “E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar Lhe obedecem?” (Mt 8:27). “E as multidões se admiravam, dizendo:

Jamais se viu tal coisa em Israel” (9:33). “E toda a multidão se admirava e dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?” (12:23). “E chegando à Sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam: Donde Lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos?” (13:54). “E os que estavam no barco O adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!” (14:33).

“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16:16).

Admirar Jesus não é suficiente. É preciso adorá-Lo na beleza da Sua santidade. E reconhecê-Lo como “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20:28). Só assim estaremos no caminho da salvação.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quem diz o povo ser Jesus?

Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a Seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? Mateus 16:13

Jesus é, sem dúvida, a figura mais controversa da História. Se perguntássemos ao povo, hoje, “quem foi Jesus?”, obteríamos uma variedade de respostas: “Um celibatário”, “um pacifista”, “um líder guerrilheiro”, “um político ingênuo”, “um líder carismático”, “um mágico”, “um grande mestre”.

Ele realmente deve ter sido um homem notável, para ser visto de tantas maneiras diferentes. Mesmo em Seu tempo, as opiniões a Seu respeito divergiam muito. Quando Cristo perguntou aos discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem”, eles responderam: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas” (Mt 16:14). O próprio Cristo disse que alguns O consideravam “um glutão e bebedor de vinho” (Lc 7:34).

Jesus abriu a discussão a Seu respeito porque o Seu tempo estava se esgotando. Logo Ele deveria “seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mt 16:21). Será que eles haviam entendido quem Ele era e qual Sua missão? Estavam os doze preparados para continuar a obra após Sua morte? Se ninguém houvesse entendido essas questões, a fé cristã não sobreviveria à Sua ausência.

Se Ele fosse considerado apenas um “Mestre vindo da parte de Deus” (Jo 3:2), ou um dos profetas ressuscitado dos mortos, Sua morte não teria maior significado do que a de qualquer outro grande homem.

Para que alguém encontrasse salvação na cruz do Calvário seria preciso, primeiramente, reconhecer que Aquele que estava pendurado na cruz não era outro senão o Filho de Deus, o Salvador do mundo, o Messias, o Cristo.

“Jesus, obviamente, sabia muito bem o que o povo pensava dEle. A razão dessa pergunta feita aos discípulos foi a de preparar-lhes a mente para a pergunta seguinte: o que eles próprios pensavam dEle” (SDA Bible Commentary, v. 5, p. 429).

O que pensa você de Jesus? A resposta é essencial, porque dela depende seu destino eterno. Amanhã retomaremos este tema.

domingo, 13 de junho de 2010

Ande sempre armado

Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Efésios 6:17

O desespero era total. Desde o dia anterior, velhos, pessoas doentes, mulheres chorando, carregando crianças de colo, levando trouxas de roupas, comida e água para a viagem, tentavam fugir de qualquer maneira. Famílias inteiras lotavam os raros caminhões ou automóveis, que saíam em disparada rumo ao litoral. A ordem do prefeito era que quem estivesse desarmado deveria sair da cidade.

A estação ferroviária estava superlotada. Vagões de carga foram atrelados ao trem para que a multidão pudesse partir.

Retardatários, em lágrimas, imploravam um lugar para viajar. O movimento na estação durou a noite toda e só terminou na tarde do dia seguinte, quando foram ouvidos os primeiros tiros, dando início ao terrível combate. Mas a meta havia sido alcançada: a cidade estava deserta. Só haviam permanecido os homens encarregados da defesa.

Assim foi o dia 13 de junho de 1927, dia esse que ficaria para sempre registrado na história de Mossoró, no Rio Grande do Norte. E todo esse tumulto fora provocado por ninguém menos que o famigerado Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como “O Rei do Cangaço”, o qual havia enviado ao prefeito, o Coronel Rodolfo Fernandes de Oliveira, um bilhete exigindo a quantia de 400 contos de réis para não atacar a cidade.

O prefeito respondeu, dizendo que não tinha o dinheiro e que estava preparado para enfrentá-lo. Em seguida, mandou evacuar a cidade, e organizou a resistência. O bando de Lampião atacou Mossoró às quatro horas da tarde, do dia 13 de junho, e uma hora e meia depois, havia fugido, derrotado. Graças à coragem e ao preparo dos mossoroenses, muitas vidas foram salvas naquele dia.

O cristão também deve estar sempre preparado para enfrentar os inimigos visíveis e invisíveis. E a arma que ele deve empunhar e saber manejar com destreza é a Palavra de Deus, que é “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4:12).

“Não é hora de o povo de Deus mostrar fraqueza. Não podemos deixar de ficar alerta um momento sequer” (Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 42).

Ande sempre armado com a Palavra de Deus.

sábado, 12 de junho de 2010

O amor é belo

O amor [...] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1 Coríntios 13:4, 7

O jovem tenente John Blanchard foi uma tarde à biblioteca do exército, na Flórida, durante a Segunda Guerra Mundial.

Interessou-se por um livro, e ao folhear suas páginas, ficou impressionado, não com seu conteúdo, mas com as notas escritas a lápis e com caligrafia feminina em suas margens. Os comentários revelavam perspicácia, compreensão e também um pouco de ternura. Ele olhou a página de rosto e encontrou o nome da pessoa a quem o livro pertencera anteriormente: a Srta. Hollis Maynell.

O tenente descobriu o endereço dela em Nova York e lhe escreveu uma carta. Durante treze meses os dois se corresponderam e abriram o coração um ao outro. Ambos sentiram que estavam se amando. Ele lhe pediu que enviasse uma foto, mas ela recusou, dizendo que se ele realmente a amava, sua aparência não teria importância.

Finalmente chegou o dia em que eles se conheceriam pessoalmente. Marcaram encontro na Grande Estação Central de Nova Iorque, às 7 horas da noite. Ela lhe disse: “Você me reconhecerá pela rosa vermelha que estarei usando em minha lapela.”

Ele assim descreve o que aconteceu: “Uma jovem veio em minha direção. Era alta e elegante, tinha olhos azuis e seu cabelo loiro caía em cachos sobre seus delicados ouvidos. Estava com um vestido verde claro. Caminhei em sua direção e nem percebi que ela não estava com uma rosa vermelha. Dei mais um passo para perto dela, e então vi Hollis Maynell.

Ela estava atrás da jovem. Era uma mulher quarentona, com cabelos grisalhos enrolados embaixo de um chapéu velho. Era bem gorda, com tornozelos grossos e calçava sapatos de salto baixo.Mas tinha uma rosa vermelha na lapela de seu casaco. A jovem de vestido verde estava se afastando rapidamente.

Fiquei dividido. Era grande o meu desejo de segui-la, mas também era profunda a minha ansiedade de conhecer a mulher que me havia acompanhado e apoiado durante todo este tempo. Não hesitei. Talvez isto não fosse amor, mas um simples companheirismo.

Aproximei-me e lhe disse. ‘Sou o tenente John Blanchard e você deve ser a Srta. Maynell. Obrigado por ter vindo. Posso convidá-la para jantar?’

O rosto dela se abriu num sorriso. ‘Eu não sei do que se trata, filho’, disse ela, ‘mas a jovem de vestido verde me pediu que eu colocasse essa rosa na lapela. E disse que se você me convidasse para jantar, eu deveria responder que ela está esperando você no restaurante do outro lado da rua.’”

O amor humano é belo, e é apenas um pálido reflexo do amor divino.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O pregador que se julgava perdido – 2

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5:1

Vimos, ontem, que todo o esforço missionário e evangelístico do pastor Carlyle Haynes não lhe granjearam a paz com Deus que ele tanto ansiava obter. Então, ele fez o que todo cristão precisa fazer antes de mais nada. Leiamos a continuação do seu testemunho:

“Graças à misericórdia de Deus e à bênção do Espírito Santo, fui subitamente despertado para o fato de que, em toda a minha ligação com Deus e Sua obra, eu havia negligenciado a atitude simples e infantil de vir a Jesus por mim próprio, em primeiro lugar, e pela fé nEle, receber o perdão de meus pecados. Durante todos aqueles anos imaginei que meus pecados tivessem sido perdoados, mas nunca pude ter certeza disso.

“E após 15 anos de pregação, Deus me trouxe de volta aos pés da cruz. Então percebi que havia pregado o evangelho durante 15 anos, sem no entanto ser um homem convertido.

“Assim, fui a Cristo como se jamais O tivesse conhecido antes. Apresentei meus pecados a Jesus, e pela fé recebi Seu perdão. E agora não mais estou confuso acerca desse assunto.

“Mas notei que algo mais era necessário. Eu ainda possuía os mesmos velhos problemas: as mesmas paixões, apetites, concupiscências, desejos e inclinações. Achei necessário entregar todo o meu ser – minha vida, meu corpo, minha vontade, todos os meus planos e ambições – ao Senhor Jesus e recebê-Lo, não apenas como perdoador de meus pecados, mas como meu Senhor, minha justiça, e minha própria vida” (Ministry, 1986, p. 4-6).

Em outras palavras, Carlyle Haynes fez uma entrega total a Cristo, e a partir daquele momento, mudou completamente o seu ministério.

É possível que você também esteja se perguntando: “O que posso fazer para libertar-me de meu sentimento de culpa? O que devo fazer para endireitar as coisas com Deus? Como ter paz com Deus?”

A Bíblia nos oferece a resposta em Romanos 5:1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Confessando nossos pecados a Deus, aceitando pela fé o Seu perdão, e a Jesus como Senhor absoluto de nossa vida, conquistaremos a paz que excede todo entendimento.

E para manter essa paz, é preciso permanecer em contato com Cristo, através da oração pessoal e do estudo de Sua Palavra. Esse é o único esforço que precisamos despender. Os frutos, as boas obras, surgirão como consequência natural.

Sem tensão nem temores.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O pregador que se julgava perdido – 1

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Romanos 8:1

O Pastor Carlyle Haynes se aposentou em 1955, após trabalhar 50 anos como pastor, administrador e evangelista. Foi presidente da Divisão Sul-Americana, de 1926 a 1930. Escreveu 45 livros e centenas de artigos, que foram traduzidos para mais de 20 línguas. E ele teve a coragem de contar sua experiência, em um Concílio de Obreiros da Associação Geral, em 1926, que reproduzimos aqui, resumidamente:

“Durante os primeiros anos de meu ministério, minha experiência pessoal com Deus nunca me preocupou muito. Eu achava que tudo devia estar bem entre Deus e eu, pois estava fazendo Sua obra. Estava pregando Sua mensagem e levando pessoas a aceitá-la.

“Aqueles anos foram de muita atividade, e a atividade expulsava de minha mente toda e qualquer percepção de minha própria necessidade. Descobri que minha oratória era persuasiva e convencia os ouvintes. Parecia que Deus me aceitava, e que a vida eterna me estava garantida.

“Mas há oito ou dez anos comecei a me preocupar no tocante a minha experiência pessoal com Cristo. Daí fiquei em dúvida quanto a ser eu realmente aceito por Deus. Então, achei que o que eu devia fazer era lançar-me com toda a energia e com mais ardente esforço na pregação da mensagem. Além disso, tornei-me mais rigoroso em meu apego à fé.

Endireitei algumas coisas relacionadas com a observância do sábado e me tornei mais escrupuloso em minha obediência a Deus.

“Mas minhas atividades em nada me ajudaram, pois descobri que não tinha poder em minha vida para resistir às tentações do maligno, e que estava sendo derrotado vez após vez. Cheguei a duvidar que as três mensagens angélicas tivessem poder para levar uma pessoa a viver uma experiência vitoriosa.

“E então experimentei uma angústia indescritível. Defrontei-me face a face com a profunda convicção de que, embora fosse um pregador do evangelho havia 15 anos, eu estava perdido – completamente perdido!

“Eu não sabia o que fazer. Havia feito um esforço supremo para viver da maneira como eu entendia que Deus queria que eu vivesse. Não estava fazendo nada conscientemente errado. Mas, apesar disso, surgira em mim a convicção de que estava perdido aos olhos de Deus. E quase cheguei a pensar que não havia meio de salvação.”

Leia, amanhã, a solução que o Pastor Haynes encontrou, e que poderá ser a solução para você também.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Evitando riscos desnecessários

Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite. Neemias 4:9

A fé em Deus não elimina a ação humana. Deus é nosso refúgio e fortaleza, mas compete a cada pessoa fazer a parte que lhe cabe. Orar a Deus, pedindo-Lhe que nos proteja durante a noite, e então deixar propositadamente portas e janelas abertas, numa pretensa demonstração de fé é convidar o mal e arrostar perigos desnecessariamente. Pedir-Lhe que nos proteja numa viagem de carro, e então sair em alta velocidade, desrespeitando a sinalização, é atrair o desastre.

Um belo exemplo de ação combinada com oração nos vem de Neemias. Empenhado na reconstrução dos muros de Jerusalém, ele e seus colaboradores despertaram a ira dos inimigos do povo de Deus, que estavam decididos a impedir essa obra:

“Quando Sambalá, Tobias e os árabes, os amonitas e os asdoditas ouviram dizer que a obra continuava e que os buracos no muro estavam sendo tapados, ficaram furiosos. Tramaram levar um exército contra Jerusalém para provocar revolta e confusão” (Ne 4:7, 8, BV).

Diante dessa ameaça, Neemias tomou a atitude correta: orou, trabalhou e vigiou. Orar apenas e cruzar os braços, esperando que Deus faça Sua parte e também a nossa, é um convite ao fracasso. Por outro lado, confiar apenas na força e sabedoria humanas, dispensando o auxílio divino, é a maneira oposta de arriscar-se a ser derrotado.

A atitude certa é unir o esforço humano ao poder divino. “Cumpre-nos ser vigilantes. Ao passo que, como Neemias, recorremos à oração, levando todas as nossas perplexidades e fardos ao Senhor, não devemos sentir que nada mais temos a fazer. Precisamos vigiar da mesma maneira que orar” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 572).

Jesus tinha total confiança em Deus. Mas quando Satanás O levou ao pináculo do templo, e Lhe disse para atirar-Se dali abaixo, alegando que Deus O protegeria, Cristo recusou-Se a fazer essa exibição, respondendo: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4:7).

O que Jesus queria ensinar é que não devemos pôr Deus à prova, colocando-nos deliberadamente em situação de risco, descuidada e desnecessariamente, e então esperar que Ele nos livre. Isso seria antes uma demonstração de dúvida e não de fé.

Podemos correr riscos por amor a Deus e à Sua Palavra, e não para testar os limites da proteção divina.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em segundo lugar

A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas. 1 Coríntios 12:28

Roger Schoenhals conta que passou toda sua vida acadêmica à sombra da irmã mais velha, que havia estudado na mesma escola antes dele. Tanto no curso fundamental, como no médio e superior, os professores, ao verem seu sobrenome, lhe diziam: “Ah, sim, você é o irmão de Stephanie. Que ótima aluna era ela!” Os professores não economizavam elogios à irmã, e ele acabou se tornando mais conhecido como “o irmão de Stephanie”, do que pelo seu próprio nome.

Quando temos alguém na família que se tornou notório por alguma razão, as pessoas costumam ignorar nossa própria identidade e nos relacionar com aquele parente, dizendo: “Ah, você é o sobrinho de Fulano!” E passamos a ser conhecidos apenas como o parente de alguém mais importante do que nós.

Na Bíblia, as pessoas são geralmente identificadas por seu próprio nome e os nomes de seus antepassados, não dos seus irmãos, primos ou sobrinhos. No entanto, no caso de André, parece que foi exatamente isto que aconteceu. O seu nome aparece treze vezes no Novo Testamento, sendo que em seis delas ele é identificado como “o irmão de Pedro” (Mt 4:18; 10:2; Mc 1:16; Lc 6:14; Jo 1:40; 6:8). O único texto que menciona André sem fazer qualquer referência a seu irmão é João 12:22. Nessa ocasião, uns gregos se aproximaram de Filipe, dizendo que queriam ver Jesus. E Filipe transmitiu esse recado a André, o qual levou o assunto para Jesus decidir.

Assim, André, o irmão de Pedro, que desempenhava um papel secundário, ocupa um lugar de importância na Bíblia, pois além de levar seu irmão a Jesus, foi também considerado o primeiro missionário aos gentios.

Mas, pior mesmo é ocupar o segundo lugar na área afetiva, como foi o caso de Lia. Embora soubesse que Jacó amava sua irmã Raquel, ela participou do engano planejado por seu pai Labão, para casar-se com ele, mas nunca deixou de ser “a outra”, na vida de Jacó. Entretanto, Deus, vendo que Lia era desprezada, deu-lhe sete filhos, como prêmio de consolação por ser menos amada, enquanto Raquel teve apenas dois. E mais do que isso: Jesus era descendente de Judá, que era filho de Lia, não de Raquel.

Por Sua vida e ensinos, Jesus nos ensinou a ceder o lugar de honra a outros, “pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lc 14:11). “O maior dentre vós será vosso servo” (Mt 2311).

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O ninho vazio

Deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Mateus 19:5

Nasci e me criei em Cachoeira do Sul, RS, e me lembro bem de um dia terrível em minha infância. Meus pais me levaram à casa de meus avós, na mesma rua em que morávamos, e ali tivemos uma reunião de família, que na verdade foi uma reunião de despedida. Minha mãe, em prantos, exclamava: “Como é duro deixar um filho!”

Eu tinha apenas 13 anos, e estava de partida para o Colégio Adventista, em São Paulo. Naquele tempo a VARIG mantinha uma linha aérea que passava por Cachoeira e várias outras cidades do interior. Fomos ao aeroporto local, e logo um DC-3 aterrissou em meio a uma nuvem de poeira. E assim embarquei, sozinho, com o coração pesado, para Porto Alegre, onde faria o traslado para um Convair-440, que me levaria a São Paulo.

Soube, depois, que meu pai não conseguiu trabalhar naquele dia, tal foi sua angústia por me ver partir. Eu estava saindo de casa prematuramente, devido a dificuldades na escola, por causa de aulas e provas no sábado. Como não havia escola adventista na cidade, a solução que meus pais encontraram foi me mandar para o internato em São Paulo. Teria sido mais fácil ir para o colégio adventista em Taquara, a 260 km de distância, mas minha mãe não aceitou essa ideia por causa do rio dos Sinos, que passa junto ao Colégio. Ela tinha medo que eu fosse nadar no rio e morresse afogado.

Quarenta anos depois enfrentei a mesma situação que meu pai, naquele dia. Vi meus filhos se despedindo e saindo de nossa casa em Tatuí, SP, para estudar. O mais velho foi para Florianópolis, estudar Administração, e o mais moço para São Paulo, estudar música.

E a casa, antes buliçosa e alegre, com a presença deles e a dos amiguinhos, de repente ficou vazia e silenciosa. Quantas vezes, com o coração dolorido, fui ao quarto deles, agora vazio, e ali chorei de saudades. Meus meninos haviam crescido e batido asas, em busca do seu futuro.

Sei que esta experiência não é só minha. É a experiência de todo pai e de toda mãe, nesta vida cheia de despedidas. De repente, como aves migratórias, os filhos se vão.

O ninho ficou vazio. Mas nosso coração está cheio de alegria e gratidão a Deus, por ver que os meninos construíram seu próprio ninho e encontraram seu lugar ao sol.

Se você vive essa realidade, reúna forças e prepare-se para recomeçar. Encha sua agenda com mil projetos. A saída dos filhos dói, mas não é o fim. A vida continua.

domingo, 6 de junho de 2010

Segredo de estado

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. Mateus 24:36

A data do Dia D – 6 de junho de 1944 – quando os aliados invadiriam a Normandia, na Segunda Guerra Mundial, era um segredo de Estado conhecido apenas por um pequeno grupo de estrategistas empenhados na derrota de Hitler.

De Gaulle, comandante francês, figurava entre aqueles que souberam antecipadamente em que momento se daria o desembarque. Um de seus mais íntimos auxiliares não conteve a curiosidade e perguntou-lhe quando seria o “Dia D”.

– Você é capaz de guardar segredo? – indagou o comandante?

– Sem dúvida – jurou o subalterno.



– Eu também – encerrou De Gaulle.

Cristo adotou uma atitude semelhante, quando os Seus discípulos Lhe perguntaram: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela Sua exclusiva autoridade” (At 1:6, 7).

Ao longo da era cristã muita gente tem procurado descobrir uma data que Deus achou por bem não revelar a ninguém – o dia da volta de Cristo. E os adventistas não tem sido exceção à regra. Após o Desapontamento de 1844, José Bates, um dos nossos mais queridos pioneiros, começou a pregar que Jesus voltaria no outono de 1851.

A Sra. White se opôs a isto, escrevendo em 21 de junho de 1851: “O Senhor mostrou-me que a mensagem deve ir, e que não deve depender de tempo. Pois o tempo não será nunca mais uma prova” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 188).

Em 1892 ela repetiu a advertência: “Não sereis capazes de dizer que Ele virá dentro de um, dois ou cinco anos, nem deveis protelar Sua vinda declarando que talvez não ocorra dentro de dez ou vinte anos” (Eventos Finais, p. 30).

Mas não adiantou, pois novas datas continuaram sendo marcadas: 1928, 1964, 1994, 2000. Por que será que tantas pessoas têm, de diversas maneiras e cálculos, procurado descobrir aquilo que o Senhor não revelou? Será que é para saberem quanto tempo ainda têm para continuar negligentes e descuidados no tocante ao preparo para a Sua vinda?

Quem estiver preparado a cada instante não terá essa preocupação e não será tomado de surpresa.

Deus só revelará o dia e a hora da vinda de Jesus, ao povo remanescente, após a ressurreição especial (ver O Grande Conflito, p. 637, 640).

Até lá a palavra-chave é: Vigiai.

sábado, 5 de junho de 2010

Cidadania dupla

Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel. Atos 22:3

A Constituição Brasileira permite a obtenção de outras cidadanias, sem que isso implique a perda da nacionalidade brasileira. Assim sendo, muitos brasileiros descendentes de imigrantes europeus, de olho na possibilidade de se tornarem também cidadãos de um país desenvolvido, têm requerido passaporte expedido pelo país de origem de seus ancestrais, apoiados em seu “direito de sangue”.

A dupla cidadania oferece várias vantagens na Comunidade Europeia, inclusive a possibilidade de fixar residência sem precisar de visto, e estudar e trabalhar legalmente como qualquer cidadão europeu.

No tempo do apóstolo Paulo, a cidadania romana era também altamente valorizada, e se a pessoa não a possuísse por direito de nascimento, poderia adquiri-la por 500 dracmas, o que equivalia a quase dois anos de salário de um trabalhador comum. E oferecia os seguintes privilégios: um romano não poderia ser açoitado ou morto sem ter sido julgado e condenado; tinha o direito de votar, fazer contratos, casar-se legalmente, e era isento de impostos.

Paulo tinha cidadania dupla: era romano por nascimento, e judeu por “direito de sangue”. Reza a tradição que os pais de Paulo viviam originalmente na Galileia, e por volta do ano 4 a.C. teriam sido capturados e levados como escravos para Tarso, a principal cidade da Cilícia, na Ásia Menor, onde, posteriormente, recuperaram a liberdade, prosperaram e se tornaram cidadãos romanos. E ali nasceu Paulo. Tinha provavelmente 12 anos de idade quando foi enviado a Jerusalém para ser educado por Gamaliel (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 209). A dupla cidadania de Paulo o livrou de ser açoitado em pelo menos uma ocasião (ver At 22:25-29).

Quando Adão e Eva pecaram, Satanás preparou o discurso que faria para Deus: “Este lugar agora é meu. Seus habitantes me escolheram e Te rejeitaram. Não tens mais nada a ver com este mundo. Passe bem!”

Satanás pretendia expulsar Deus da Terra, dizendo que Ele não tinha o direito de intervir aqui. Deus concordou. Ele não forçaria a situação. Ele nasceria aqui e adquiriria a cidadania terrestre por direito de nascimento. E como homem, venceria a Satanás. Ninguém poderia dizer-Lhe: “Não Se intrometa. Você não é daqui.”

Jesus é daqui. Ele é nosso. Ele Se fez carne e habitou entre nós. Tornou-Se o Filho do homem para buscar e salvar o perdido. Adquiriu para Si e para o crente cidadania dupla: a terrestre e a celestial.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Devolvendo a cura

Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Mateus 24:24

Uma senhora adventista adquiriu grave enfermidade e, já enfraquecida, procurou seu médico, o qual detectou um câncer muito avançado, sem possibilidade de tratamento. O tumor estava grande em seu útero e já disseminado para outras partes do corpo. O médico explicou, consternado, a situação dela, dizendo que não havia mais o que fazer. Restavam-lhe poucos dias de vida.

Em desespero, ela ouviu uma amiga, que lhe falou de um pastor carismático em uma das igrejas que faz curas milagrosas. Ela decidiu ir. Chamada à frente, participou dos rituais. Imediatamente começou a sentir-se melhor. Após 15 dias, sentindo-se fisicamente bem, voltou ao ginecologista. Ao examiná-la, o médico foi tomado de grande espanto, pois não havia vestígio da doença. Estava totalmente curada.

Aliás, não totalmente, porque ela, antes alegre, ativa na igreja, emocionalmente estável, desde o momento da cura foi acometida de uma grande angústia e um estado depressivo incontrolável, que a levava a um único desejo: Suicidar-se. E foi exatamente o que procurou fazer alguns dias depois.

Ela foi encontrada semimorta e levada ao hospital, onde, com muito esforço, os médicos conseguiram recuperá-la. Mas revelou, em prantos, a uma amiga, que ainda pensava em morrer. Esta amiga, fiel e muito cristã, a convidou a falar com o pastor adventista. Este, percebendo a gravidade da situação, orou com ela e disse-lhe: “A única coisa que me ocorre é que, a irmã deverá voltar àquela igreja e devolver a cura.”

E foi o que ela fez. Todos, naquela igreja, se espantaram, pois as pessoas sempre vão lá em busca de curas milagrosas. Foram feitos os arranjos e os rituais, e “devolvida” a cura.

A irmã começou a sentir uma fraqueza progressiva, mas, sua alegria e paz de espírito voltaram. Sua fé ficou fortalecida, mas, fisicamente mais fraca, retornou ao médico 15 dias depois, o qual constatou: Lá estava o tumor exatamente como antes. Comunicou novamente à nossa irmã sua verdadeira situação. Mas desta vez ela reagiu de forma totalmente diferente, dizendo com muita segurança: “Doutor, sei que vou morrer, mas estou certa de que descansarei nos braços de Jesus” (Eduardo Clajus, Seminário de Enriquecimento Espiritual II, p. 75, 76).

Não vale a pena aventurar-se no terreno de Satanás. É melhor morrer em Cristo do que prolongar a vida por mais alguns anos, em sofrimento, e no fim, perder a vida eterna.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As tormentas são passageiras

Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação. 2 Coríntios 4:17

Noé estava dentro da arca com todo tipo de animais e também com sua família. Durante quarenta dias e quarenta noites a chuva caiu, fazendo as águas subirem, destruindo tudo que havia. Seus vizinhos não mais existiam. O mundo, como ele o conhecia, havia desaparecido. Ele teria de começar a vida de novo.

Isso acontece ainda hoje, com as pessoas. De repente, a terra foge debaixo de nossos pés, nosso mundo desaba, e precisamos começar tudo do zero outra vez.

Um homem de 53 anos foi demitido da firma em que trabalhava como gerente. Ele havia gasto a maior parte de sua vida adulta adquirindo conhecimentos e experiência que subitamente se tornaram obsoletos.

O mundo, como ele o conhecia, não mais existia. Ele precisou começar tudo de novo.

A vida nos puxa o tapete, às vezes. Mas as tormentas não duram para sempre. O luto passa e o tempo cura a dor. Muitas pessoas que perdem um emprego acabam conseguindo outro.

Herman Gockel perdeu a voz aos 32 anos. Uma experiência terrível para um jovem pregador. Demitiu-se de sua igreja e foi morar com a esposa e os dois filhos na casa de sua mãe viúva.

A esposa conseguiu trabalho como secretária. E ele ficou em casa com as crianças. Ao cuidar dos afazeres domésticos, um texto bíblico lhe veio à mente: “Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?” (Rm 8:32).

Herman teve um raio de esperança. Orou. Seis meses mais tarde conseguiu um trabalho respondendo cartas de um programa de rádio. E também passou a ajudar na expedição da Editora Concórdia.

Dois anos mais tarde Herman se tornou gerente da Concórdia. Então a esposa ficou gravemente enferma e foi hospitalizada 26 vezes. Seis vezes esteve à morte. Mas Herman continuou crendo em Romanos 8:32. Seus livros e artigos inspiraram milhões de pessoas, e ele foi convidado a criar um novo programa de televisão para sua igreja. Tudo isso depois que ele perdeu a voz.

Após a tormenta surgiu o arco-íris. Ah, é claro que isso nem sempre acontece. Mas Deus nos prometeu que não seremos tentados além das nossas forças; “pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10:13).

Apeguemo-nos a Deus e confiemos em Suas promessas.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Filho pródigo moderno

Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Lucas 15:14

A vida de Oscar é parecida com a parábola do Filho Pródigo, com a diferença de ser uma história real.

Oscar morava nas proximidades de Porto Alegre e era filho de alfaiates. Seus pais praticamente trabalhavam dia e noite, e costumavam lhe dizer:

– Filho, você não vai precisar trabalhar como nós, pois vamos lhe deixar uma herança muito grande!

Vitimados pelo excesso de trabalho, o pai faleceu ainda cedo, e algum tempo depois, a mãe, deixando-lhe, realmente, uma enorme fortuna. Antes de falecer, a mãe constituiu uma irmã sua como tutora de Oscar, para administrar os bens até que ele atingisse a maioridade. O menino, ciente do patrimônio que lhe estava reservado, ao visitar uns primos, disse:

– Eu tenho vergonha de dizer para os meus amigos que vocês são meus primos, pois eu sou tão rico e vocês tão pobres.

E afirmava que quando ficasse adulto compraria um avião.

Inconformado por não poder lançar mão dos bens imediatamente, e dizendo para si mesmo que a tia o estava querendo roubar, o moço contratou um advogado e conseguiu obter a maioridade antes do tempo determinado pela lei.

E começou a vender os bens, primeiramente para pagar o advogado, e depois, para esbanjar o dinheiro que os pais, com tanto sacrifício haviam juntado. Casas, terrenos e chácara foram vendidos em Esteio, RS, e Porto Alegre. Não aceitou conselhos de ninguém. Dissipou tudo aos poucos, na ilusão de que o dinheiro jamais acabaria.

Despertou tarde demais do seu ignorante sonho. Pouco lhe restava. A fortuna, tão avidamente assenhoreada, escapara-lhe por entre os dedos. De rico, tornou-se quase um mendigo. Foi visto por um parente no mercado de Porto Alegre, alimentando-se dos restos de alimentos que sobejavam em quantidade após a feira. Finalmente vencido pela necessidade de trabalhar, pôs-se a vender quinquilharias. Mesmo assim passou fome e acabou morrendo na miséria.

Oscar não teve sabedoria para administrar a herança. Fez papel de tolo. E o resultado não poderia ter sido outro.

O cristão precisa se convencer de que posses materiais não oferecem segurança e não têm valor permanente. Somos mordomos de Deus, e responsáveis pelo uso dos bens que Ele nos permitiu conseguir.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Lições de um homem cego

Perguntou-lhe Jesus: Que queres que Eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. Marcos 10:51

Eugene era um príncipe rejeitado. Raquítico, feio, pálido, doentio e corcunda. Todos, no castelo de Luís XIV, o ignoravam.

O jovem príncipe circulava em meio às sombras do castelo, despercebido dos nobres que compareciam aos bailes e festas.

Os amigos de Eugene eram os escravos. Ninguém mais queria conversa com ele. Eugene queria ser um soldado, de modo que foi falar com Luís XIV e lhe pediu um posto em seu exército. Luís nem olhou para ele. Este foi um dos maiores erros que o rei francês cometeu.

Eugene escapou do palácio disfarçado de mulher e fugiu para Viena, onde os turcos estavam invadindo a Europa. Lá ele conseguiu entrar no exército austríaco. Agora o príncipe era mais do que uma sombra num castelo – era um soldado, e dos bons. Aos 20 anos se tornou oficial do exército; aos 29, marechal de campo; aos 40, comandante supremo da Áustria. Nos anos seguintes ele foi um tormento para Luís XIV, e mais tarde Napoleão o reconheceu como um dos grandes generais de todos os tempos.

Bartimeu, além de cego, se sentia rejeitado, pois acreditava-se que uma deficiência física era castigo de Deus. Embora cego, era também decidido. Ele não ficaria calado. Quando ouviu o ruído da multidão e soube que Jesus estava vindo, sentiu que sua oportunidade de ser curado se aproximava, e clamou em alta voz: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!”

Jesus parou e mandou chamá-lo. Bartimeu tornou a ver e se tornou um seguidor de Jesus Cristo. E a partir daquele dia não foi mais o mesmo, pois sabia que tinha importância. Sua cura provava isso.

Um jovem africano foi sequestrado e forçado a cruzar o oceano em um navio negreiro. Após passar meses comendo alimentos estragados, em meio a doenças, mau cheiro de dejetos humanos, e vendo muitos morrerem ao seu redor, o jovem chegou à América.

Os comerciantes o empurraram para o local de leilão. Para surpresa de todos, este escravo não pendia a cabeça em humilhação, como a maioria. Mantinha-se ereto, com o peito estufado, o queixo erguido, e o olhar altivo. A multidão, agitada, murmurava. Por que este escravo era tão diferente?

O atravessador de escravos sabia a razão, e disse ao povo: ‘Este jovem é filho de um rei na África, e não consegue se esquecer disso.

Creio que Bartimeu sentiu a mesma coisa após encontrar-se com Jesus: Tal qual você e eu, ele era filho de um Rei, e jamais se esqueceria disso.