quarta-feira, 31 de março de 2010

Ocultando uma parte da verdade

Então, disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás. Jeremias 38:24

Uma senhora foi ao ginecologista queixando-se de que não conseguia ter filhos. Ela queria saber se havia algo de errado com ela. O médico a examinou cuidadosamente e lhe pediu que fizesse ultrassonografia, tomografia computadorizada do abdome e exame genético (cariótipo).

Os exames revelaram que ela possuía gônadas masculinas intra-abdominais (hermafroditismo), ou seja, geneticamente ela era do sexo masculino. O médico, entretanto, sabia que nesses casos jamais deveria dizer a verdade total à paciente, sob pena de arruinar a vida e o casamento dela.

Ele, então, lhe disse que ela apresentava alterações genéticas e morfológicas e, associado a isso, possuía duas massas com potencial de malignidade que a inabilitavam para ter filhos. A resposta estava correta, embora ocultasse aquilo que ela não devia saber para o seu próprio bem.

O profeta Jeremias, certa vez, se deparou com situação semelhante. Acusaram-no de traição, e ele foi açoitado e preso na casa de Jônatas. Depois foi transferido para uma cela no palácio real, jogado dentro de um poço com lama, e daí levado de volta à cela. Então o rei Zedequias mandou trazê-lo, para ter uma conversa secreta com ele. Nessa conversa, Jeremias repetiu o que já lhe havia dito, isto é, que se ele se entregasse ao rei de Babilônia, tanto ele como Jerusalém seriam poupados. Caso contrário, a cidade seria queimada e ele seria preso.

Quando terminou a conversa, Zedequias disse a Jeremias que se algum oficial lhe perguntasse sobre o que haviam conversado, respondesse apenas que lhe havia pedido para não ser levado de volta à prisão da casa de Jônatas. E Jeremias fez exatamente como o rei lhe havia mandado (Jr 38:24-27).

O profeta não tinha obrigação de dizer nada àqueles oficiais. Se contasse tudo, seria morto. Sua obrigação era transmitir ao rei o alerta divino.

Todos nós temos direito ao silêncio, nos casos em que a revelação completa da verdade for danosa a uma das partes: a si próprio ou a outrem. Cristo muitas vezes dizia à pessoa curada: “Olha, não o digas a ninguém”; “acautelai-vos de que ninguém o saiba” (Mt 8:4; 9:30).

Às vezes, a lei do amor é melhor praticada pelo silêncio ou pela revelação parcial de um fato, cuja intenção é aliviar o sofrimento ou salvar, do que pela revelação franca de um fato chocante e brutal.

Peça a Deus sabedoria para escolher a melhor opção.

terça-feira, 30 de março de 2010

Curada de leucemia

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. Tiago 5:14

Andressa estava com apenas nove meses de idade quando teve uma inflamação na garganta, surgindo duas bolhas de pus. A mãe, dona Ana, levou-a ao Posto de Saúde, em Tatuí, SP, e o médico prescreveu-lhe um antibiótico. Apesar do remédio, porém, as bolhas de pus estouraram. Começaram a surgir hematomas no corpo.

Dona Ana levou a filha a um pediatra, o qual declarou que ela apresentava sintomas de leucemia. O exame de sangue que se seguiu revelou que suas plaquetas, que deviam ser de 250.000, estavam reduzidas a apenas 5.000. O médico a encaminhou ao Hospital do Câncer, em Botucatu. O cancerologista passou então a cuidar do caso dela.

Andressa ia três vezes por semana ao hospital e precisou tomar remédios muito caros. Aos cinco anos de idade teve de retirar líquido da espinha, com o qual foi confeccionada uma vacina, que ela tomava todos os dias. O tratamento se prolongou até os nove anos de idade, sem surtir efeito. Suas plaquetas continuavam baixas.

Um dia, ao verificar um exame de sangue rotineiro de sua pequena paciente, o médico notou que suas plaquetas estavam normais. Desconfiado, mandou repetir o exame. Novamente o resultado foi normal. E o mesmo ocorreu no terceiro exame.

Impressionado, o médico perguntou à dona Ana se ela acreditava em Deus. E então ficou sabendo que ela havia pedido orações em várias igrejas, em favor de Andressa, entregando-a inteiramente nas mãos de Deus, já que ele não lhe dera qualquer esperança.

Hoje Andressa tem 25 anos, é casada, e tem vida normal, com muita saúde. Ela acredita que Deus preservou-lhe a vida porque tem um propósito especial para ela.

Deus não mudou. Ele continua operando milagres hoje, da mesma maneira como o fez no passado. O mesmo poder que curou paralíticos, cegos, leprosos e enfermos de toda espécie, pode curar portadores de câncer, Aids ou qualquer outra doença. Mas Ele nem sempre o faz, pois pode usar uma doença como instrumento de correção para esta vida, para produzir fruto, ou tendo em vista o bem eterno do doente (Jo 15:2; 2Co 4:17). O caso do apóstolo Paulo é um exemplo disso. Deus não o curou, mas lhe assegurou: “A Minha graça te basta” (2Co 12:9).

Deus pode nos responder quando oramos pedindo cura. Mas, às vezes, Sua resposta é “não”. Aceitaremos Sua vontade, considerando que Ele sabe o que é melhor para nós?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Amor doentio

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, [...] não procura os seus interesses. 1 Coríntios 13:4, 5

Um rapaz se apaixonou por uma linda moça. E se enamorou dela a ponto de adoecer. Não conseguia mais dormir, emagrecia a olhos vistos, e ficou com a aparência de um doente.

Esse rapaz tinha um primo muito astuto. E este, ao visitá-lo, lhe perguntou: “O que está acontecendo com você, que fica cada dia mais magro? Por que você não me conta?” E o moço lhe contou que estava apaixonado por uma irmã sua, por parte de pai, e não sabia como se aproximar dela, pois ela não saía da casa da mãe.

Então o primo lhe deu uma ideia: “Vá para a cama e finja que está doente. Quando seu pai for visitá-lo, peça-lhe que mande sua irmã preparar-lhe comida. Daí você sabe o que fazer.”

Ele assim fez. Quando a irmã chegou, mandou que todos saíssem e pendurou na porta uma placa: “Não perturbe.” Ela, sem desconfiar de nada, entrou no quarto dele para dar-lhe a comida. Então foi estuprada.

O nome do rapaz era Amnom, filho do rei Davi, e sua irmã se chamava Tamar. A narrativa completa não está nos jornais de notícias populares, mas em 2 Samuel 13, e foi incluída nas Sagradas Escrituras para mostrar as trágicas consequências que os defeitos dos pais trazem sobre os filhos.

Quando Davi soube o que havia acontecido, ficou furioso, mas não teve autoridade moral para punir o crime sexual do filho, pois ele próprio havia dado mau exemplo, sendo culpado de adultério e homicídio. Segundo a legislação, Amnom devia ser morto, mas como filho do rei, possuía “imunidade diplomática”, e o seu crime só não terminou em “pizza” porque Absalão, irmão de Tamar, fez justiça com as próprias mãos, matando Amnom dois anos depois. Posteriormente, Absalão também foi assassinado. E essa sequência de crimes cumpriu a profecia de Natã, de que a espada não se apartaria da casa de Davi (2Sm 12:10).

A história também mostra que o “amor” de Amnom por Tamar não passava de uma paixão doentia, de caráter passageiro, que buscava apenas a gratificação sexual. Tanto é que, logo após conseguir o que queria, Amnom sentiu por ela uma aversão maior do que o amor que lhe votara. E a expulsou à força, cometendo o segundo ato de violência.

A paixão é irracional e dura pouco. O amor é racional e duradouro. Ele restaura, exalta e age com bondade.

domingo, 28 de março de 2010

Somatória de erros

Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. Daniel 6:4

Em 17 de julho de 2007 ocorreu o mais grave acidente da aviação brasileira. O dia estava chuvoso, em São Paulo, e a pista do aeroporto de Congonhas, molhada e escorregadia. Um Air Bus 320, lotado de passageiros, pousou na pista, mas não conseguiu frear. Atravessou a movimentada avenida no extremo oposto, chocou-se contra um prédio e explodiu. Quase 200 pessoas morreram.

Um especialista em aviação, ao ser entrevistado disse: “Um acidente é a somatória de pequenos erros que, isolados, não fariam nada.”

A somatória de pequenos erros pode causar grandes tragédias. Em nossa vida, esses erros podem não ser simultâneos. Talvez ocorram em sequência, ao longo de muito tempo. Um pequeno hábito, por exemplo, pode se transformar em vício, minando aos poucos nossa vida física, mental e espiritual. Nosso grande desafio é não iniciá-lo, ainda que pequeno a princípio, pois sua repetição terá efeito cumulativo com o tempo, e provocará grandes danos no final.

Vejamos um exemplo bíblico de uma sucessão de erros que resultou em tragédia (2Sm 11): (1) Bate-Seba, mulher de Urias, foi se banhar ao ar livre, sabendo que poderia ser vista por alguém do palácio real, que ficava em lugar mais alto; (2) Davi a viu e cobiçou-a; (3); procurou saber quem era ela e mandou trazê-la ao palácio; (5) teve relações sexuais com ela, engravidando-a; (6) mandou Urias para casa, para que ele se deitasse com Bate-Seba e pensasse que o filho era dele; (7) como isso não deu certo, armou um esquema para que Urias fosse morto em combate.

Assim, um erro levou a outro, resultando em adultério, homicídio e remorso. Mas Davi se arrependeu, Deus o perdoou e transformou seu erro em bênção, fazendo com que da sua união com Bate-Seba nascesse Salomão, o homem mais sábio que já existiu.

Seríamos presunçosos, evidentemente, se concluíssemos que se Deus compensa nossos erros, podemos errar à vontade. Não. Nosso dever é procurar saber qual é a vontade de Deus, e somente quando a seguirmos da melhor forma possível, é que temos o direito de invocá-Lo para compensar nossos erros.

Se o nosso relacionamento com Deus for tão íntimo como era o de Daniel, talvez não se ache em nós “nenhum erro nem culpa”.

E é isso que Deus quer.

sábado, 27 de março de 2010

Palavra de rei não volta atrás

Entristeceu-se profundamente o rei; mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. Marcos 6:26

Quando Dario, o medo, ocupou o trono de Babilônia e constituiu a Daniel como um de seus três presidentes, alguns homens, movidos por ciúme, prepararam uma cilada para Daniel, o fiel servo de Deus.

Sabendo que Daniel costumava orar abertamente a Deus, três vezes por dia, apresentaram-se diante do rei e o persuadiram, através de lisonjas, a baixar um decreto que proibisse a todos fazer alguma “petição a qualquer deus ou a qualquer homem” (v. 7), fora o rei, pelo espaço de trinta dias. Quem desobedecesse, seria lançado na cova dos leões.

Quando Daniel soube do decreto, logo percebeu o que seus inimigos queriam. Mas não mudou seus hábitos devocionais. Não que fosse teimoso ou quisesse desafiar o governo, e sim porque sua dedicação a Deus estava acima de qualquer proibição ou ameaça. E continuou orando publicamente, como costumava fazer.

Os conspiradores foram correndo contar ao rei que Daniel não dera a mínima importância ao decreto. Só então o rei entendeu que tudo não passara de uma cilada para afastar do governo um homem fiel, no qual não se achava “nenhum erro nem culpa” (v. 4). Penalizado, procurou salvar seu fiel servidor, mas foi avisado pelos conspiradores que “é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto que o rei sancione se pode mudar” (v. 15).

Isso tinha um lado bom: o povo sabia que podia confiar na palavra dos seus governantes. Sabia que o rei não anunciaria num dia o congelamento dos preços, para no dia seguinte pedir o apoio de todos para o aumento no preço da gasolina. O povo aprendera, por experiência própria, que “palavra de rei não volta atrás”.

Por outro lado, uma lei mal formulada, que trouxesse consequências danosas para a população, também teria de ser cumprida. E esse fato deveria ser suficiente para que os reis da época pensassem muito bem antes de emitir um decreto. Mas isso nem sempre acontecia. Dario, envaidecido com a perspectiva de ser adorado como um deus, não desconfiou da proposta de seus assessores. E lavrou o decreto.

Agora, aí estava o resultado: Daniel, um homem a quem o rei admirava e respeitava, teria de ser lançado aos leões por causa de um decreto tolo que não podia ser revogado. Daniel só escapou com vida porque Deus “enviou o Seu anjo e fechou a boca aos leões” (v. 22).

Assuero e Herodes cometeram erros semelhantes (Et 3:13; Mc 6:26). Mas se você não é rei, volte atrás se perceber que está errado.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Raios, relâmpagos e trovões

Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem. Mateus 24:27

Em setembro de 1983, durante um treino de futebol, chovia muito e, de repente, um raio caiu no meio de um grupo de jogadores. Um deles desmaiou, outros três foram derrubados no chão e o técnico da equipe foi atirado a alguns metros de distância. Felizmente, todos se recuperaram.

Caso mais triste aconteceu em janeiro de 1997, com dois adolescentes que rezavam no alto do Morro de Gericinó (Realengo, Rio de Janeiro), durante uma tempestade. O lugar, descampado, é conhecido como Pedra do Avião. Um raio atingiu os rapazes; um deles foi jogado para cima e rolou pedra abaixo, escapando vivo. O outro, no entanto, teve suas roupas e a Bíblia reduzidos a frangalhos e morreu, provavelmente de parada cardíaca.

Cerca de 200 pessoas morrem anualmente no Brasil, atingidas por raios, já que o nosso país é campeão mundial desse fenômeno, onde caem, todo ano, mais de 50 milhões de raios. Quando há chuvas com trovões deve-se adotar algumas medidas preventivas, como evitar locais descampados ou ficar dentro dágua (mar, rios, piscinas, etc.), e não andar descalço. Porém, o mais seguro é ficar dentro de casa ou em veículo fechado.

Trovões e relâmpagos acompanharam a manifestação de Deus no Sinai (Êx 19:16; 20:18), e João viu saírem do trono de Deus relâmpagos, vozes e trovões (Ap 4:5). O salmista, ao descrever a majestade e o domínio de Deus, diz: “O ribombar do Teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo; a Terra se abalou e tremeu” (Sl 77:18).

Essa mesma linguagem é utilizada para descrever o resplendor dos anjos (Ez 1:14, Dn 10:6, Mt 28:3), e especialmente para nos dar um vislumbre da grandiosidade da segunda vinda de Jesus (Mt 24:27). Não haverá arrebatamento secreto, vinda mística ou invisível, segundo as muitas falsas teorias e interpretações existentes por aí.

Ninguém precisará ser avisado que o Mestre chegou, pois “todo olho O verá” (Ap 1:7). E poderíamos acrescentar também que “todo ouvido O ouvirá”, pois além de visível esse evento será audível, “porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus” (1Ts 4:16).

Que ninguém seja enganado ou tomado de surpresa. Prepare-se hoje para o maior evento de todos os tempos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Combatendo o desperdício

Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. João 6:12

Deus não precisou de matéria preexistente para criar os mundos. Mas no caso da multiplicação dos pães e peixes, Jesus usou o material existente – cinco pães e dois peixinhos – para operar esse milagre. Disso se pode concluir que o poder de Deus opera de maneiras variadas, tanto criando algo a partir do nada, como transformando e multiplicando a matéria já existente.

No início de Seu ministério Jesus Se recusou a operar um milagre semelhante – transformar pedras em pães (Mt 4:3). É que, nesse caso, o milagre seria em Seu próprio benefício, e aí está a diferença: Ele não Se valia do poder divino para Seu próprio proveito.

Na multiplicação dos pães e peixes Ele poderia ter alimentado a multidão fazendo surgir o alimento a partir do nada, mas preferiu usar o que havia. E nesse fato há uma lição para nós: Jesus não despreza o que temos para oferecer, por pouco que seja. Ele não só aceita nossa pequena doação, como a transforma e amplia, tornando a dádiva proveitosa para muitas pessoas.

Se depusermos sobre o altar o que temos e somos, será impossível prever o que Cristo poderá fazer por nosso intermédio. Ainda que nossa dádiva seja insignificante, não deixemos de depô-la aos pés de Cristo, pois o pouco se transforma em muito em Suas mãos.

Outra lição desse milagre, é que Cristo combateu o desperdício, ordenando aos discípulos que recolhessem os pedaços que sobraram: “E dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios” (Mt 14:20). Se essa ordem de Cristo fosse seguida no Brasil, cerca de 19 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com três refeições diárias, pois o que se joga fora em restaurantes, mercados, feiras, fábricas, quitandas, açougues, e mesmo dentro de nossa própria casa, chega a 39 mil toneladas diárias. E vai tudo para o lixo.

Deus distribui generosamente Suas dádivas aos homens, para que todos fiquem saciados. Mas não é correto desperdiçar as bênçãos, sejam elas materiais ou espirituais. Ao mandar recolher os pedaços “para que nada se perca”, Jesus estava dando uma lição de economia, tanto para os que viviam em Seus dias como para nós hoje. “Embora tivesse todo o recurso do Céu à Sua disposição, não suportava que nem mesmo uma migalha de pão fosse desperdiçada” (Orientação da Criança, p. 135).

É por não terem aprendido a economizar nas coisas pequenas, que muitas famílias não têm o necessário à vida.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ser amigo é melhor

O olhar de amigo alegra o coração. Provérbios 15:30

Embora seja muito importante pertencer a uma família, ser amigo é melhor do que ser membro de uma família. Porque um amigo se pode escolher. Mas não se pode escolher irmãos, pais, primos, tios e outros parentes. Além disso, irmãos e irmãs, pais e filhos, às vezes discutem, brigam e até se agridem. E não há nada pior do que briga em família.

Vejam o que aconteceu com Caim e Abel. As relações entre os dois se deterioraram a tal ponto que Caim matou o próprio irmão. E o matou por motivo fútil, o que hoje seria considerado homicídio qualificado. O noticiário moderno tem veiculado inúmeros casos de filhos que planejaram a morte dos próprios pais.

Ser amigo também é melhor do que ser namorado. Porque namorados que não são amigos logo se separam. A verdadeira amizade se confunde com o amor verdadeiro. E há um texto bíblico que revela até que ponto pode chegar esse sentimento: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).

Ter amizade cristã é interessar-se o suficiente pelos outros a ponto de tirar tempo para eles. Tirar tempo para ajudar o vizinho. Para visitar um doente. Para socorrer alguém com o carro quebrado à beira da estrada.

A amizade cristã nunca admite que haja na congregação uma única pessoa prestando seu culto a Deus em solidão. E há entre nós rostos solitários, no meio da multidão, que vieram a nós não tanto em busca da doutrina correta, da igreja assinalada pela profecia, mas em busca de uma palavra de carinho, de afeto, de solidariedade, de compreensão, de amizade, de amor. E quando as pessoas não encontram em nosso meio o carinho de que precisam, elas, muitas vezes, vão embora para outra igreja, que poderá oferecer menos doutrina, porém mais amor. Daí muitos irmãos se admiram dizendo: “Como é que pode? Trocou a verdade pelo erro!” O fato é que elas não trocaram a verdade pelo erro. Trocaram a frieza pelo amor.

Quando Deus perguntou a Caim: “Onde está Abel, teu irmão?”, Caim procurou fugir à sua responsabilidade, dizendo: “Sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4:9, ARC). Mas a resposta de Deus a Caim, e a cada um de nós, não deixa dúvida: “Sim, você é guardador do seu irmão!”

O mundo acredita no evangelho do egoísmo, em que cada um deve cuidar de si mesmo. Mas Deus diz: “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6:2). Ele diz que você deve se importar com seu irmão, porque este é o verdadeiro evangelho: o evangelho do amor.

terça-feira, 23 de março de 2010

Prova de anatomia

Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. João 14:26

Gláucio Pinheiro, que estudou medicina no México, conta que no fim do primeiro ano, a classe toda estava muito cansada dos estudos. No último dia de aula haveria o exame oral de anatomia, cujo professor era muito exigente. Nesse dia ele disse aos 64 alunos da classe:

– Eu sei que vocês estão muito cansados.

E daí mostrou um recipiente, dizendo que ali dentro estavam 64 papeizinhos, sendo que 62 continham a letra V, de vacaciones (férias), e apenas 2 com a letra E, de exame. Os alunos que tirassem a letra V receberiam 10 e poderiam sair de férias. Os dois que tirassem E teriam de prestar imediatamente o exame oral, que abrangia a matéria do ano inteiro.

Gláucio orou, dizendo a Deus que havia feito a sua parte, estudando bastante, mas que seria impossível lembrar da matéria toda, caso fosse sorteado para prestar o exame. E pediu que Deus o ajudasse.

Ele foi justamente um dos dois que tirou a letra E. O professor, então, lhe fez uma única pergunta:

– Qual a enervação dos dois terços anteriores da língua?

Gláucio sabia que havia estudado esse item, mas não tinha a mínima lembrança da resposta. Ele não conseguia raciocinar, mas não podia ficar em silêncio. Então abriu a boca, começou a falar, e a resposta saiu automaticamente, sem ele pensar, como se fosse um ato reflexo.

O professor deu nota 10 e lhe desejou boas férias.

É preciso fazer de Deus nosso sócio em tudo: no trabalho, nos negócios, no lazer, e também nos estudos. Se fizermos a nossa parte, ele fará a Sua, fazendo-nos recordar aquilo que se acha escondido nos recônditos da memória. Ele não trará ao consciente o que não tiver sido colocado na mente. Por isso, vadiar durante o ano e depois pedir a ajuda divina, para lembrar o que nunca foi estudado, com certeza será uma oração não atendida.

Assim também acontece com o estudo da Palavra de Deus. Devemos estar sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15).

“Os cristãos que tiverem estudado diligentemente as Escrituras poderão ter a certeza de que o Espírito Santo lhes trará à mente os textos adequados à ocasião” (SDA Bible Commentary, v. 5, p. 1039).

segunda-feira, 22 de março de 2010

A voz do povo

Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Deuteronômio 4:6

Certa vez, um político muito esperto estava realizando um comício, durante sua campanha eleitoral. Em seu discurso, ele contou a história do julgamento de Cristo, e de como o povo teve oportunidade de dar seu voto, escolhendo um dos candidatos a ser libertado.

“Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27:17). O povo, democraticamente, deu seu voto: Barrabás. E assim foi libertado um criminoso e crucificado um inocente.

O político, astutamente se referindo ao seu oponente, concluiu dizendo: “Eu temo que o povo, mais uma vez, escolha Barrabás!”

Não sei se ele foi eleito ou não, mas não há dúvida de que ele usou um argumento forte, mostrando que o povo, muitas vezes, não sabe escolher.

Costuma-se dizer que “a voz do povo é a voz de Deus”, mas na condenação de Jesus, a voz do povo foi a voz de Satanás, pois havia demônios infiltrados em meio ao povo: “Os próprios demônios, em forma humana, achavam-se na turba, e que se poderia esperar, senão a resposta: ‘Seja crucificado’? (Mt 27:22)” (O Desejado de Todas as Nações, p. 733).

Houve uma ocasião, entretanto, em que o povo salvou um inocente de ser condenado. Jônatas, filho do rei Saul, acompanhado do seu escudeiro, subiu à guarnição dos filisteus e ambos mataram perto de vinte homens. Houve grande alvoroço no arraial dos filisteus, e então Saul e todo o povo se uniram à batalha e puseram os filisteus em fuga.

Saul havia ordenado que ninguém comesse algo antes do anoitecer. Mas Jônatas não sabia da ordem do pai e comeu um favo de mel. Quando Saul soube disso, quis matar o próprio filho. Foi nesse instante que o povo interferiu, dizendo a Saul: “Morrerá Jônatas, que efetuou tamanha salvação em Israel? Tal não suceda. Tão certo como vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da cabeça! Pois foi com Deus que fez isso, hoje. Assim, o povo salvou a Jônatas, para que não morresse” (1Sm 14:45).

Nesse caso, o povo evitou que uma injustiça fosse cometida pelo rei. Ora, o povo é constituído por indivíduos. Como povo escolhido e como indivíduos precisamos deixar que Deus nos dirija. Só então a voz do povo será a voz de Deus.

domingo, 21 de março de 2010

O fim do verão

Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos. Jeremias 8:20

Na Palestina, a colheita de cereais começa em abril e termina em junho. A colheita de frutos é feita em agosto ou setembro. Quando a safra de cereais fracassa, ainda resta a esperança de colher uvas, figos, azeitonas, etc., dois ou três meses depois.

Em 15 de janeiro do ano 588 a.C. as forças de Nabucodonosor cercaram Jerusalém, e trinta meses depois a invadiram, provavelmente em 19 de julho de 586 a.C. (SDA Bible Commentary, v. 2, p. 178). Em 2 Reis 25:3, 4 lemos que “aos nove dias do quarto mês, quando a cidade se via apertada da fome, e não havia pão para o povo da terra, então, a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite”. A fome se tornara tão atroz, que “as mãos das mulheres outrora compassivas cozeram seus próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do Meu povo” (Lm 4:10).

Nesse contexto foi que o povo de Judá exclamou: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” Eles lamentavam o fato de que a colheita de cereais havia passado e eles não tinham podido ceifar os campos, pois as tropas inimigas cercavam a cidade e ninguém podia sair.

Até o último instante, o povo preferiu acreditar nos falsos profetas, que prometiam a intervenção divina e o livramento, em vez de acreditarem em Jeremias, que havia profetizado destruição, caso não se submetessem ao rei da Babilônia. Mas a libertação não veio. Veio a fome, o desespero e a morte. Os sobreviventes foram para o cativeiro babilônico.

E o que esses fatos históricos têm a ver conosco? Nossa cidade não está cercada por nenhum exército, e a maioria de nós não está preocupada com o que vai comer amanhã.
Mas a lição que a história nos ensina é que a paciência divina tem limites, e um dia Ele porá fim à impiedade reinante e fará a colheita dos justos.

O verão representa o tempo ideal para a salvação. Se não aproveitarmos essa oportunidade áurea, o que poderemos esperar para o futuro, quando tivermos chegado ao outono ou inverno de nossa vida? Felizmente a porta da graça ainda está aberta. “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).

Que tragédia alguém chegar ao fim de sua existência e exclamar: “Passou o verão e não estou salvo.” O verão termina hoje. Estamos nós salvos? Amanhã talvez seja tarde.

sábado, 20 de março de 2010

É preciso provar para saber

Oh! Provai e vede que o Senhor é bom. Salmo 34:8

Eugene Lincoln conta que em 1820 uma multidão se aglomerou com curiosidade e expectativa ao redor do Palácio da Justiça em Salém, Nova Jersey. Havia ali uma feira, e as pessoas se acotovelavam e empurravam cheias de tensão, pois iriam testemunhar um ato de coragem.

Logo um homem apareceu na escadaria, segurando em uma das mãos um belo fruto vermelho que havia feito parte da decoração da feira. Pessoas no meio da multidão cochichavam com agitação, enquanto o homem erguia o fruto para que todos o vissem.

– Será que ele realmente vai comê-lo? – indagavam alguns com incredulidade.

O homem era o coronel Robert Gibbon Johnson, e o fruto era um tomate, chamado naquele tempo de “maçã do amor” e considerado extremamente venenoso. As maçãs do amor serviam para galanteios ou decorações. Os rapazes as presenteavam às namoradas, as quais usavam depois as sementes em bolsinhas ao redor do pescoço. O fruto era admirado por sua beleza, mas ninguém se atrevia a comê-lo.

A multidão suspirou horrorizada quando o coronel colocou cuidadosamente o tomate na boca e o comeu com visível satisfação. Todos esperaram com a respiração suspensa que ele logo se contorcesse em agonia e morresse ali mesmo, na escadaria do palácio.

Mas nada aconteceu. Ele começou a comer um segundo tomate, explicando, enquanto comia, que os tomates eram uma delícia, tanto crus como cozidos. Elogiou a cor e textura deles. Então convidou os presentes a participar de sua refeição, e alguns dos mais corajosos foram à frente. Logo eles também confirmaram que os tomates eram saborosos.

A notícia se espalhou rapidamente e em pouco tempo os tomates passaram a fazer parte do cardápio no mundo todo.

Se o coronel Johnson não tivesse comido aqueles primeiros tomates, é possível que as pessoas continuassem a admirá-los como “maçãs do amor”, se encolhendo de horror ante o pensamento de ingeri-los.

A vida cristã é muito semelhante. É possível passar a vida toda admirando o amoroso Jesus, sem saber realmente quão bom Ele é, enquanto não experimentarmos o Seu amor. Por isso, Davi conclamou a todos a provar e ver que o Senhor é bom.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Conversão instantânea

Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior. João 5:14

Um homem começou a frequentar reuniões religiosas e disse ao pastor que gostaria de se tornar cristão.

– Muito bem. E qual é o problema?

O homem ficou agitado, e finalmente confessou:

– O problema é que saquei mais dinheiro do que podia – uma maneira polida de dizer que havia roubado.

– Você sacou o dinheiro do seu patrão?

– Sim.

– Quanto?

– Não sei. Nunca fiz as contas.

– Bem, você acha que roubou em torno de cinco mil reais no ano passado?

– É, creio que é mais ou menos isso.

– Então preste atenção: eu não acredito em mudança instantânea. Não roube mais de três mil reais este ano, e no próximo ano não mais de dois mil. No decorrer dos próximos cinco anos vá diminuindo o desfalque até não roubar mais nada. Se o seu patrão o pegar, diga-lhe que você está se convertendo gradualmente.

Vejamos outro exemplo: um homem assistiu às reuniões e admitiu que ficava bêbado e batia na esposa uma vez por semana. Ele desejava se converter. O pregador então lhe deu o seguinte conselho: “Não tenha pressa. Acredito que as coisas devam ser feitas aos poucos. A partir de agora, só fique bêbado e bata na esposa uma vez por mês.” Não seria animador para sua esposa ser nocauteada apenas uma vez por mês, ou doze vezes por ano?

Isso não existe. Essas ilustrações são fantasiosas. A Bíblia diz: “Vai e não peques mais” (Jo 8:11). A mudança tem de ser imediata. A conversão é instantânea e a mudança de vida também. Um homem pode ser criminoso num momento e santo no outro. É verdade que o crescimento espiritual é gradativo, assim como o crescimento físico. A santificação é obra de uma vida inteira. Mas a pessoa passa da morte para a vida tão rápido quanto sua decisão de seguir a Cristo. Quando Zaqueu se converteu, Cristo declarou: “Hoje, houve salvação nesta casa” (Lc 19:9).

Mude já.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O segundo teste

Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida. Jó 2:6
No segundo concílio celestial Satanás não parece impressionado com a fidelidade de Jó, após ter perdido tudo, e diz com desprezo a Deus:

– Ora, isso não é nada! Um homem aguenta qualquer coisa para salvar a vida. Faze-o sofrer um pouco e blasfemará contra Ti na Tua face!

Novamente Deus permitiu que Satanás afligisse Jó ainda mais, com a ressalva de não lhe tirar a vida.
Então Satanás saiu da presença de Deus decidido a causar tanto sofrimento a Jó a ponto de este desejar a morte. Feriu-o “de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” (2:7).

Para garantir sua vitória, Satanás usou também algumas pessoas. Os amigos de Jó, em vez de lhe trazerem conforto, procuraram levá-lo a crer que ele era o culpado de tudo. Sua esposa, que deveria ser a primeira a dar-lhe apoio, aconselhou-o a amaldiçoar a Deus e morrer.

E se Jó, num momento de desespero e fraqueza, amaldiçoasse a Deus, Satanás se proclamaria vitorioso. Então Deus teria de admitir, perante todos os habitantes do Universo, que se enganara a respeito de Jó. O que pensariam eles? Ficariam boquiabertos e diriam: “O Grande Soberano do Universo Se enganou! O Criador cometeu um erro de avaliação! E se isto aconteceu uma vez, não poderia acontecer mais vezes?”

Veja em que situação ficaria a presciência divina. Se Jó falhasse, Deus também falharia! Nós temos duas opções aqui: se acreditamos que Deus não sabia qual seria o resultado desse desafio, teremos de admitir que Ele cometeu uma verdadeira loucura, ao apostar Seu caráter e reputação no comportamento de um homem. A segunda opção é a de acreditar que Deus sabia o resultado, pois Ele conhece o fim desde o princípio. Nesse caso, Ele não Se arriscou, mas teremos de concluir que Ele conhecia Jó tão bem que foi capaz de prever qual seria sua reação em meio ao sofrimento.

Eu fico com a segunda opção. Deus nos conhece perfeitamente, conforme nos diz Sua palavra: “Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci” (Jr 1:5). Deus “conhece os segredos dos corações” (Sl 44:21). Ele nos conhece pelo nome (Êx 33:12). “O Senhor conhece os pensamentos do homem” (Sl 94:11).

Por outro lado, a experiência de Jó mostra que Satanás comete erros de avaliação, pois “não pode ler os nossos pensamentos” (Mensagens aos Jovens, p. 328).

Deus nos deu o livro de Jó para advertir-nos quanto ao poder do maligno. E especialmente para que saibamos que, quando confiamos em Deus e nos entregamos sem reservas a Ele, podemos ser vencedores.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Tudo no mesmo dia

Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. Jó 1:12

O patriarca Jó é descrito em seu livro como o maior de todos os homens do Oriente, sendo possuidor de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas, e um enorme contingente de servos e servas. Além disso, era pai de sete filhos e três filhas.

Entretanto, a mais importante característica de Jó é dada no verso 1, e proclamada pelo próprio Deus: “Homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.” Essa avaliação é vital para a compreensão do drama que se seguiu. Quão digno de confiança era Jó? Seria justificável a absoluta confiança que Deus tinha nele?

Em um concílio celestial Satanás pôs em dúvida os motivos dessa lealdade, insinuando que Deus havia comprado a fidelidade de Jó com bênçãos: “A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra”(1:10). E então o maligno lançou um desafio: “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face” (1:11).

Tal desafio exigia uma completa refutação. Então, para provar a todos os habitantes do Universo que Satanás estava errado, Deus consentiu que uma tremenda injustiça fosse cometida contra um dos Seus santos: “Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão.”

De repente a vida abundante, calma e tranquila de Jó sofreu vários golpes ao mesmo tempo, pois as provações de Satanás são geralmente simultâneas, para, se possível, derrubar de modo irremediável um filho de Deus.

E assim, no mesmo dia, Jó perdeu as jumentas, os bois, camelos, servos, pastores, e o pior de tudo – os dez filhos. Ele agora não tinha mais nada. E como não sabia que estava no meio de um fogo cruzado entre Deus e Satanás, atribuiu resignadamente seus males a Deus, dizendo: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (v. 21).

Muitos santos de Deus, com a alma cheia de dor causada por perdas, têm exclamado como Jó: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou”, mal sabendo que esta é apenas uma meia-verdade, pois o Senhor é quem dá, mas Satanás quem tira.

Jó sobreviveu a este primeiro turno, mantendo intacta sua fé em Deus. Ele é um exemplo de lealdade para todos nós. E então veio o segundo teste, ainda mais cruel.

terça-feira, 16 de março de 2010

Tropeçando em palavra

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo. Tiago 3:2
O que significa “não tropeçar no falar”? Estaria o apóstolo se referindo às pessoas que pronunciam bem as palavras, sem cometer qualquer erro de dicção, como alguns repórteres do noticiário da televisão? Teria ele em mente aqueles que têm perfeito domínio da língua materna, e não cometem erros de concordância ou regência verbal? Os que não dizem palavrões nem usam gíria? Ou será que o texto tem a ver com palavras ríspidas, ofensivas, dirigidas a outrem?

Ora, a palavra é o nosso principal veículo de comunicação interpessoal e tem o poder de influir sobre o nosso estado de ânimo, interferir em nossas emoções e provocar reações físicas. Daí por que as Escrituras dão tanta importância às palavras. Vejamos alguns exemplos:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1). “A morte e a vida estão no poder da língua” (Pv 18:21). “Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o insensato do que para ele” (Pv 29:20).

Tanto os salmistas quanto os profetas suplicaram ao Senhor que pusesse um “guarda” à sua boca e vigiasse “a porta” dos seus lábios (Sl 141:3) para ajudá-los a “não pecar com a língua” (Sl 39:1).

Ao receber o chamado do Senhor, Isaías se lamentou por ser um “homem de lábios impuros”, que habitava “no meio de um povo de impuros lábios” (Is 6:5). Até mesmo Moisés, o homem mais manso que havia sobre a terra, um dia perdeu a paciência com o povo de Israel, em Meribá, e “falou irrefletidamente” (Sl 106:33).

O próprio Cristo encareceu o valor das palavras, ao advertir: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mt 12:36, 37).

Tomando por base tudo o que os autores da Bíblia falaram, conclui-se que a afirmação do apóstolo Tiago, com certeza, não tem por objetivo enaltecer o uso correto do vernáculo, embora isto seja louvável. Ele está falando dos pecados da língua e do dever de refreá-la.

E como se consegue isso? Jesus disse que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6:45). Logo, a primeira coisa que um homem deve fazer é entregar o coração a Deus, pois o controle da língua só será possível quando Cristo controlar o coração.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ouro no cofre

Amo os Teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado. Salmo 119:127

Certa vez, um grupo de índios apaches capturou um cofre do exército americano. O cofre pesava 200 quilos e tinha um segredo – uma combinação de números na fechadura.
Os índios haviam observado o cofre sendo transportado de um posto do exército a outro, e tinham certeza de que havia ouro dentro dele. Mas como abri-lo?

Primeiramente golpearam a fechadura com pedras, esperando que de tanto bater, ela se abrisse. Como isso não adiantou, eles atacaram a porta de aço com suas machadinhas. Depois de destruírem as machadinhas nessa tentativa, eles decidiram testar o cofre no fogo. Acenderam uma fogueira e assaram o cofre durante horas a fio. Mas não conseguiram obter o que queriam, pois o cofre apenas esquentou, mas não se abriu.

Daí os índios arrastaram o cofre pela encosta de uma montanha, e lá de cima o empurraram por um penhasco, esperando que, ao cair pesadamente sobre as rochas lá embaixo, ele se abrisse como uma melancia. Nada. Só as rodinhas do cofre se quebraram e caíram. A seguir, eles apelaram para a tecnologia do homem branco, tentando explodi-lo com pólvora. Mas o cofre resistiu.

Então resolveram deixá-lo de molho dentro do rio, para ver se ele amolecia. Mas uma semana depois, o cofre continuava duro como sempre.

Quando a paz voltou a reinar na região, um ou dois anos mais tarde, o governo enviou uma tropa armada para resgatar o cofre. E eles o encontraram no fundo de um riacho, com o topo para fora dágua, e rodeado de pedaços de troncos. Foi trazido de volta para o forte, e ao ser aberto, ali estavam intactos, 7.000 dólares em moedas de ouro. No século 19 isto era muito dinheiro.

O verdadeiro caráter cristão se assemelha a esse cofre indestrutível. Você pode jogar um indivíduo de caráter como Daniel, numa cova de leões, ou numa prisão, como Paulo, Silas ou José, e eles sairão de lá com o seu tesouro intacto.

José tinha apenas 17 anos e era um moço cheio de energia e sonhos, quando seus irmãos o venderam como escravo para o Egito. No caminho, passaram perto das tendas de seu pai. José tinha tudo para se desesperar. Mas “sua alma fremiu ante a elevada resolução de mostrar-se fiel a Deus” (Patriarcas e Profetas, p. 214).

Tal e qual esse velho cofre, o caráter de José resistiu a todas as provas. E Deus o recompensou, alçando-o da prisão para o palácio de Faraó.

domingo, 14 de março de 2010

Memória curta

Cedo, porém, se esqueceram das Suas obras e não Lhe aguardaram os desígnios. Salmo 106:13

A mídia tem afirmado, com insistência, que a memória coletiva do brasileiro é curta, e as pessoas se esquecem das coisas muito depressa. Um exemplo é o caso do Mensalão, ocorrido em 2005, e que muitos já não se lembram bem. Isso para não falar de outros escândalos, como o dos “anões” do orçamento federal, o escândalo da mandioca, os dólares na cueca, e outros, já relegados ao esquecimento.

O problema da memória curta não é peculiaridade dos brasileiros. A imprensa em Portugal usa o mesmo termo para qualificar muitos dos seus cidadãos. Esta é, na verdade, uma característica da humanidade, cujos registros remontam aos tempos antigos.

Vejam, por exemplo, o caso do copeiro-chefe de Faraó, que teve um sonho, na prisão, e José, após dar a interpretação correta, lhe pediu: “Porém lembra-te de mim, quando tudo te correr bem; e rogo-te que sejas bondoso para comigo, e faças menção de mim a Faraó, e me faças sair desta casa” (Gn 40:14).

Mas tão logo o copeiro foi reintegrado ao cargo, esqueceu-se completamente de José. Só se lembrou dele dois anos depois, quando o próprio Faraó teve um sonho e ficou perturbado.

O povo de Israel foi libertado da escravidão egípcia pelo poder de Deus. Vários milagres foram operados, como a passagem em seco pelo mar Vermelho, a água que saiu da rocha, o maná, a coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo à noite. No entanto, enquanto Moisés se demorava no monte Sinai, recebendo as tábuas da lei e outras instruções, Deus lhe disse após quarenta dias: “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia Eu ordenado” (Êx 32:7, 8).

Memória curta. Depressa se esqueceram das maravilhas operadas por Deus. São inúmeras as referências bíblicas que narram o mesmo fato nas seguintes palavras: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor e se esqueceram do Senhor, seu Deus” (Jz 3:7). “Porém esqueceram-se do Senhor, seu Deus” (1Sm 12:9). “Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação e não te lembraste da Rocha da tua fortaleza” (Is 17:10). “Porque Israel se esqueceu do seu Criador e edificou palácios” (Os 8:14). Por isso são igualmente abundantes as admoestações: “Lembra-te” e “não te esqueças”.

Você também tem memória curta? Pois lembre-se de não esquecer de nem um só dos benefícios divinos.

sábado, 13 de março de 2010

O sábado – deleite ou fardo?

Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. Isaías 58:13, 14

A guarda do sábado é o maior problema que os adventistas enfrentam no mundo. E as dificuldades surgem principalmente em três áreas: serviço militar, estudos e trabalho. Mas há também as pressões e tentações para esportes, música, leitura e lazer indevidos nesse dia.

Entretanto, Deus não instituiu o sábado para ser um fardo para o ser humano. Ao contrário, o sábado deveria ser um dia útil e valioso para a humanidade. E realmente seria, se todos o observassem, não de modo legalista, mas como dia de repouso espiritual e restauração, como uma oportunidade de reflexão e de comunhão pessoal com o Criador.

No entanto, sabem quem foi que rejeitou e finalmente crucificou a Jesus? Foram pessoas que observavam o sábado com todo o rigor, de pôr-do-Sol a pôr-do-Sol! Saduceus, escribas, fariseus, sacerdotes e outros guardadores do sábado rejeitaram e entregaram o Senhor do sábado para ser crucificado pelas mãos dos romanos, já que, legalmente, os judeus não podiam fazer isso.

Esse fato nos mostra que a guarda do sábado não nos coloca automaticamente em uma relação espiritual e amorosa com o Criador. Porque o sábado, em si mesmo, não tem mais valor do que o domingo ou qualquer outro dia da semana, se não for observado como uma resposta de amor a Jesus, O qual disse: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15).

Guardar o sábado, ou qualquer outro mandamento, sem ter amor por Aquele que deu a vida para nos salvar, não tem valor algum. É guardar um símbolo vazio, como fizeram os legalistas do tempo de Jesus. Aceitavam o sábado, mas rejeitavam o Senhor do sábado.

Digamos que você perca um vestibular ou uma oportunidade de emprego por causa do sábado, e fique amargurado por causa disso, dizendo: “Ah, como é difícil ser adventista do sétimo dia! Quantas oportunidades já perdi por causa do sábado!” Se tiver essa atitude, é melhor fazer o vestibular ou trabalhar no sábado, porque você já transgrediu o espírito do sábado. Deus quer que esse dia seja uma bênção, e não uma maldição. Que seja um dia deleitoso, e não de sofrimento. Por isso é essencial que o observemos por amor, e não por obrigação.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O dilúvio vem aí

Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças. Gênesis 19:17

A represa de Saint Francis foi construída de 1924 a 1926, a 64 quilômetros de Los Angeles, próximo à cidade de Santa Clarita. A barragem media 55 metros de altura e 183 metros de largura, e era considerada uma obra-prima da engenharia, mas tinha uma falha da qual ninguém suspeitara: havia sido construída com um tipo de rocha permeável pela água. Em apenas dois anos a água, silenciosamente, atuou sobre a estrutura das pedras até amolecê-las.

Nesses dois anos, várias rachaduras e vazamentos haviam aparecido, mas o engenheiro responsável, William Mulholland, as considerou normais para uma represa de concreto daquele tamanho. No dia 12 de março de 1928 o inspetor da represa descobriu novas fendas e vazamentos e avisou outra vez Mulholland, o qual novamente as considerou normais.

Naquele mesmo dia, faltando apenas três minutos para a meia-noite, a represa se rompeu com um estrondo semelhante a um terremoto, e uma muralha dágua de quarenta metros de altura se projetou sobre o desfiladeiro e então sobre o vale, onde residiam muitos fazendeiros.

Um vigia viu a catástrofe e avisou a polícia, a qual em meio às trevas da noite, procurou avisar os que não possuíam telefone. Além das fazendas, havia muitos acampamentos temporários, de mexicanos, que não falavam inglês. Então o intérprete adiantou-se para receber a mensagem. O oficial bradou: “Fujam para os montes! Aí vem uma inundação!”

Mas o intérprete, que se orgulhava de sua lógica e bom-humor, olhou para o céu, onde brilhavam as estrelas e riu-se dizendo: “Grandes tolos, hoje não vai chover!” E voltaram todos para os seus leitos.

Quarenta minutos depois, uma onda gigantesca varreu o acampamento daqueles infelizes, arrastando-os até o mar. Cerca de 600 pessoas morreram.

O mundo apresenta várias rachaduras, anunciando a catástrofe iminente. Tão certo como o mundo antigo pereceu sob as águas do Dilúvio, o atual está reservado para um dilúvio de fogo, “no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados” (2Pe 3:10).

O povo de Deus, porém, deve ser sábio e prudente para atender aos sinais do fim e abrigar-se na Rocha da Salvação, que é Cristo Jesus.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O evangelho da segunda chance

E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. Lucas 15:20

Um dia, ao ultrapassar um caminhão, li o que estava escrito no parachoque traseiro: “Na estrada da vida não há retorno.”

Uma verdade nua e crua. Muitos gostariam que houvesse retorno. Gostariam de dar marcha-à-ré na roda do tempo, para poderem evitar os erros cometidos no passado, aproveitar oportunidades perdidas, evitar negócios malfeitos, relacionamentos impróprios e tantas outras coisas. Retorno, na estrada da vida, não existe. Mas pode haver uma segunda saída, se você perdeu a primeira.

A Bíblia conta a história de vários personagens que tiveram uma segunda oportunidade na vida. Uma dessas histórias é a do filho pródigo – uma história sublime e maravilhosa, porque deu ao mundo uma nova concepção do inigualável amor de Deus pela humanidade perdida. É um evangelho dentro do evangelho.

E que evangelho é esse? O que foi que o filho pródigo recebeu quando deixou à terra longínqua, onde havia desperdiçado seus bens, e voltou para a casa do pai? Um abraço de boas-vindas! O pai, que estava de plantão, olhando o horizonte, esperançoso de que o filho voltasse, viu, nesse dia, uma figura andrajosa ao longe. Seria o filho esperado?

De repente, o pai o reconheceu. Correu ao seu encontro e lhe perguntou: “Mas onde é que você andou? O que você fez com todo aquele dinheiro que lhe dei? E que cheiro de porco é esse? Filho, faça o seguinte: Vá para casa, tome um bom banho, ensaboe-se bem, ponha umas roupas limpas, e daí a gente conversa.”

Foi isso que o pai fez? Não! Lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Além disso, o filho recebeu perdão total por tudo que havia feito de errado. Foi restaurado à sua condição de legítimo membro da família. E o mais importante: recebeu uma segunda oportunidade para endireitar a vida.

Aqui está o coração do evangelho. Ao constatar o fracasso humano e as trágicas consequências do pecado, Deus provê uma segunda chance para que homens e mulheres possam ter êxito. Esta é a mensagem central da parábola do filho pródigo. Nós servimos a um Deus que nos ama tanto, que apesar dos nossos fracassos, está disposto a nos dar uma segunda e, às vezes, terceira, quarta ou quinta oportunidades de reencontrar o caminho que conduz à vida.

O evangelho da segunda chance é um amoroso convite de Deus para voltarmos à casa paterna.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Preconceito e racismo

Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. João 1:46

De acordo com a Lei nº 9459, de 13 de maio de 1997, basta chamar alguém de “negro”, “preto”, “negão”, “turco”, “judeu”, “baiano”, etc., para que o autor fique sujeito a uma pena de um ano de reclusão, além de multa, se ficar provada a intenção de ofender a honra alheia relacionada com cor, religião, raça ou etnia.

Preconceito é uma opinião formada antes de se conhecerem os fatos. É sempre preconceito aplicar as ações de um ou dois indivíduos a todo um grupo, como por exemplo: “Índio é preguiçoso”, “mineiro é desconfiado”, “gaúcho é papudo”, “judeu é pão-duro”.

O preconceito é tão velho quanto a humanidade. Em Números 12:1 lemos: “Miriã e Arão criticaram Moisés, porque ele tinha se casado com uma mulher cusita” (BV).

Este é um exemplo de preconceito racial, pois os cusitas tinham a pele escura e eram estrangeiros. A punição divina por esse preconceito não se fez esperar: “Miriã achou-se leprosa, branca como neve” (v. 10). Que ironia! Por causa de seu preconceito de cor, Miriã foi castigada com a alvura da lepra!

Vários tipos de preconceito são mencionados na Bíblia. Havia o preconceito contra certas profissões (Gn 46:34), em relação à aparência pessoal (1Sm 16:7), ao lugar (2Rs 5:12, Jo 1:46), à classe social (Lc 18:9-14), e aos aspectos sexual e étnico (Mt 15:21-28, Jo 4:9).

Um exemplo positivo de ausência de preconceito racial foi citado por Jesus na parábola do Bom Samaritano, em Lucas 10. Qual dos três viajantes teve compaixão? Quem demonstrou ser o próximo do homem ferido? Não foi o sacerdote, que representava a liderança religiosa, nem o levita, que era um assistente leigo do sacerdote, mas um samaritano, que era estrangeiro e do qual não se esperava simpatia para com os judeus.

Jesus também foi alvo de preconceitos quanto à Sua origem (Jo 8:19), aparência (Is 53:2, 3), intenções (Lc 7:39; 15:1, 2; 19:7), e pelo fato de ter sido criado em Nazaré. Natanael, um de Seus futuros discípulos, ao ser chamado a seguir o Mestre, reagiu com a pergunta preconceituosa: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”

A resposta que Filipe lhe deu é a melhor que se pode dar a pessoas preconceituosas: “Vem e vê.” Natanael aceitou o convite de Filipe e, ao ver e ouvir a Jesus, reconheceu ser Ele o Filho de Deus.

Antes de julgar os fatos e as pessoas por antecipação, vá até lá e veja. Tome conhecimento da realidade. Só então você poderá ter um conceito. Antes disso, será mero preconceito.

terça-feira, 9 de março de 2010

Importante demais para não ser partilhado

Muitos outros creram nEle, por causa da Sua palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo. João 4:41, 42

A Mercedes-Benz tem, ao longo dos anos, introduzido em seus carros muitos dispositivos de segurança que foram copiados por outros fabricantes e se tornaram comuns nos veículos modernos.

Certa vez perguntaram a um engenheiro da Mercedes-Benz por que eles não exigem que sua patente seja respeitada. Ele respondeu: “Porque há coisas, na vida, que são importantes demais para não serem partilhadas.”

Grande conceito! Importante demais para não partilhar! O mesmo princípio deveria ser aplicado a qualquer outro produto que salve vidas.

Como cristãos, o produto salvador que precisamos partilhar é o evangelho. E hoje quero lhes apresentar uma mulher que se dispôs a fazer isso. Na verdade, as mulheres têm sido grandes evangelistas, mas só recentemente têm recebido reconhecimento na igreja.

Essa mulher, no entanto, não era de boa reputação em sua vila. Seria possível que uma mulher que tivera cinco maridos, e estava agora amasiada com o sexto, se tornasse um instrumento de salvação? A Bíblia diz que sim, em João 4.

Jesus sabia tudo sobre a vida de pecados dessa mulher. Ela se entregara às paixões, mas estas somente lhe deixaram um vazio muito grande. Desprezada pela vizinhança, ela veio ao poço ao meio-dia para não se encontrar com as fofoqueiras de Sicar.

No entanto, Jesus viu grandes possibilidades nessa mulher. E o resultado desse encontro com Cristo, foi que ela, apesar de mal falada, se tornou evangelista. Voltando à cidade, disse aos homens: “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!” (Jo 4:29). E muitos samaritanos creram nEle “em virtude do testemunho da mulher” (v. 39).

Pense nisto: Se Deus foi capaz de usar uma mulher de má reputação para espalhar as boas novas de salvação, não poderia Ele usar pessoas como você e eu? Sim, Ele pode. Basta querermos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Como Jesus tratava as mulheres

Neste ponto, chegaram os Seus discípulos e se admiraram de que estivesse falando com uma mulher. João 4:27

No Oriente, um homem não aborda uma mulher estranha na rua e começa a conversar com ela. Os judeus consideravam extremamente impróprio que um homem, especialmente se se tratasse de um rabi, conversasse com uma mulher em público. Uma de suas regras estipulava que “nenhum homem deveria falar com uma mulher na rua, nem mesmo com a própria esposa”. Daí a surpresa dos discípulos, que, ao voltarem da cidade, encontraram o seu Mestre envolvido em conversação com uma mulher, junto ao poço de Jacó.

Mas Jesus era assim mesmo: Ele não tinha preconceitos, nem contra os samaritanos, nem contra as mulheres, nem contra ninguém. Em Seu grande amor pelos seres humanos, Ele elevou a posição das mulheres de Seu tempo, vítimas de preconceito e discriminação. Os judeus as consideravam seres inferiores, e não permitiam que elas adentrassem o templo além do átrio das mulheres, e menos ainda que tomassem parte ativa no culto, quer falando ou orando em voz alta. Os mais radicais diziam que era melhor queimar a lei do que ensiná-la a uma mulher.

Cristo quebrou esses padrões, tratando as mulheres como iguais, pois nas reuniões em que Ele pregava, tanto homens como mulheres tinham o privilégio de ouvi-Lo. O ensinamento judaico prescrevia também que a mulher ficasse em casa, e só saísse à rua com permissão do marido. No ministério de Jesus, porém, as mulheres acompanhavam o grupo apostólico ao se deslocar de um lugar para outro (Lc 8:1-3). Várias delas foram objeto de Seus milagres e compaixão, como a mulher siro-fenícia, a filha de Jairo, a viúva de Naim e outras.

Ao assim proceder, Cristo estava, na verdade, restituindo à mulher a igualdade com o homem que lhe havia conferido na Criação: “Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como igual, e ser amada e protegida por ele” (Patriarcas e Profetas, p. 46).

Vamos devolver à mulher o seu lugar de honra, não só hoje, o Dia Internacional da Mulher, mas em todos os dias de nossa vida.

domingo, 7 de março de 2010

Convivendo com o barulho

O Senhor, porém, está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra. Habacuque 2:20

O mundo está cada vez mais barulhento. Mesmo em nosso lar pode haver barulho em excesso. Os ruídos combinados dos eletrodomésticos, mais os de cachorros latindo, gatos miando, crianças berrando (e talvez o papagaio também resolva meter o bico na conversa), fazem com que o nível de ruído em nossa própria casa seja muito elevado.

Nas grandes cidades a poluição sonora é ainda maior, em virtude de buzinas, sirenes, marteletes abrindo o asfalto, motos, camelôs anunciando em alta voz os seus produtos, e muitos outros. Mas, embora o barulho esteja muito ligado à vida moderna e aos grandes centros, já existia também na antiguidade, embora em menor proporção.

No primeiro século antes de Cristo, cidadãos de Roma reclamaram tanto contra o barulho das rodas das carruagens romanas, que César proibiu o tráfego noturno dessas carruagens. No décimo sexto século, na Inglaterra, a bondosa rainha Elizabeth promulgou um decreto proibindo que os maridos surrassem as esposas depois das dez horas da noite, por causa da gritaria provocada por essa prática.

Há pessoas que não podem viver sem barulho. A solidão, o silêncio, a meditação são insuportáveis para elas. Precisam falar com alguém, e, se não há com quem falar, ligam o aparelho de som ou a televisão. Parece que o barulho causa dependência, tal e qual as drogas.

Um professor conta que certa vez foi à igreja. O ambiente convidava à meditação. Mas, de repente, os ouvintes foram sacudidos por estridentes acordes vindos do órgão. Era o organista, que executava uma fuga de Bach em volume tão elevado que quase pôs em fuga o auditório. Quando terminou, o orador transmitiu sua mensagem com tal eloquência que o professor, em vez de sair da igreja revigorado espiritualmente, saiu meio zonzo. E ficou se perguntando se a poluição sonora teria se tornado uma parte tão integrante da sociedade moderna, a ponto de invadir até mesmo os momentos de meditação e adoração.

Podemos nos aproximar de Deus quando os decibéis se aproximam dos níveis de tolerância? Será que nossa espiritualidade se eleva paralelamente à elevação do volume de som? É claro que não. Como povo que busca uma comunhão íntima com Deus, precisamos ter períodos de calma e quietude em que possamos ouvir Sua voz falando ao nosso coração. Procuremos encontrar hoje esses momentos para estar a sós e em silêncio com Deus.

sábado, 6 de março de 2010

Becos sem saída

Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias. Hebreus 11:30

Conheci um homem que trabalhava como autônomo, mas nunca quis pagar o INSS, por julgar que seria “dinheiro jogado fora”. Ele simplesmente não acreditava que um dia poderia ter o retorno dessa despesa. Mas o tempo foi passando, a velhice chegou, e ele não pôde mais trabalhar. Sem rendimentos nem aposentadoria, precisou ser amparado por familiares, tornando-se um peso para eles. Havia se metido em um “beco sem saída” devido a sua própria imprevidência.

Muitas vezes cavamos o buraco em que caímos, como consequência de decisões erradas. Mas é possível, também, que, uma vez ou outra na vida, Deus nos leve a uma situação sem saída, do ponto de vista humano, para que invoquemos Seu auxílio, pois “as perplexidades do homem são as oportunidades de Deus” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 297).

O relato bíblico nos dá vários exemplos desse fato. Quando Deus tirou os israelitas do Egito, conduziu-os através de um desfiladeiro rochoso, rumo ao Mar Vermelho. Então o povo viu, horrorizado, atrás de si, o brilho das armaduras dos egípcios. Não havia como escapar por seus próprios recursos. Foi quando Deus deu a ordem a Moisés: “Por que clamas a Mim? Dize aos filhos de Israel que marchem” (Êx 14:15). Moisés estendeu seu bordão, o mar se abriu, e com ele o meio de escape provido por Deus.

E, após 40 anos de murmurações e vagueações pelo deserto, eles chegaram a Jericó, uma das cidades mais fortificadas da região, e impossível de ser conquistada pela força das armas israelitas. E novamente Deus lhes mostrou que, quando o arsenal humano é insuficiente, é preciso apelar para os recursos divinos. Assim, pela fé, eles rodearam a cidade em silêncio por seis dias. No sétimo dia Deus lhes ordenou que tocassem as trombetas e gritassem.

E os muros caíram, não pelas vibrações dos gritos e das trombetas, mas pela fé. Ellen White diz: “Quão facilmente os exércitos do Céu derribaram os muros de Jericó”. E nos dá a seguinte certeza: “Deus fará grandes coisas por aqueles que nEle confiam. [...] Ele auxiliará os Seus filhos crentes em toda a emergência, se nEle puserem toda a confiança, e fielmente Lhe obedecerem” (Patriarcas e Profetas, p. 493).

Um dia, em nossa vida, chegaremos a um beco sem saída humana. Então terá chegado o momento de olhar com fé para cima e aguardar o livramento do Senhor. Ele não falhará.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Brigando por água

Cavaram os servos de Isaque no vale e acharam um poço de água nascente. Mas os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Gênesis 26:19, 20

Gilberto e Eduíno eram dois grandes fazendeiros vizinhos. Um açude dividia suas terras e fornecia água para os arrozais de ambos. Para irrigar melhor seu arrozal, Eduíno resolveu um dia abrir uma brecha na barragem. Gilberto se achou prejudicado e mandou um empregado fechá-la. Eduíno abriu-a novamente. Gilberto mandou fechá-la outra vez. O desentendimento durou anos. Um arrombava a barragem e o outro ia lá e fechava. A situação foi se deteriorando entre eles, e um jurou o outro de morte.

Um dia Gilberto fechou a barragem e Eduíno foi lá com um empregado para reabri-la. Gilberto armou-se com um revólver e foi sozinho até onde estavam os dois. Houve uma discussão acalorada, e o empregado, percebendo que o vizinho ia matar seu patrão, desferiu-lhe vários golpes com uma pá, matando-o. No velório, o filho jurou vingar-se. Cerca de vinte anos mais tarde, conseguiu cumprir sua ameaça, baleando mortalmente Eduíno.

Certamente esses dois fazendeiros não foram os únicos que brigaram por causa de água. Segundo o relato bíblico, os servos de Isaque cavaram um poço, no vale de Gerar. Mas os pastores locais contenderam, alegando que aquela água era deles. Se os servos de Isaque fossem como Gilberto e Eduíno, por certo teriam se envolvido em discussão e luta que poderia haver terminado em morte.

Eles, porém, pacificamente se afastaram e cavaram outro poço! Novamente os adversários reclamaram a posse daquela água. Desta vez aqueles chatos mereciam uns bofetões, não é mesmo? Mas novamente os servos de Isaque foram embora e cavaram o terceiro poço. Eles agora estavam tão longe que os pastores não reclamaram.

Pessoas que “não levam desaforo para casa”, podem pensar que os servos de Isaque tinham “sangue de barata”. Mas não deixa de ser uma prova de sabedoria abrir mão dos próprios direitos em favor da paz. Isaque não resistiu ao mal, pondo em prática um princípio que seria ensinado por Jesus, séculos mais tarde (Mt 5:39). Afastando-se para longe da contenda, evitou hostilidades. E a bênção de Deus o acompanhou.

Gilberto e Eduíno são exemplos modernos a serem evitados. A atitude de Isaque é um modelo antigo a ser seguido.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um país de todos

Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Hebreus 11:16

Você já deve ter visto e ouvido o slogan criado pelos marqueteiros do Governo Federal, e veiculado pelos órgãos de imprensa: “Brasil, um país de todos”. Aparentemente, o governo brasileiro deseja vender a imagem de que o Brasil é um país onde todos têm um lugar ao sol, independentemente de sua origem, raça, credo, etnia ou posição social.

Se isto é verdade na prática, não nos compete analisar aqui. O fato é que o lema pinta um país ideal, desprovido de preconceitos, onde representantes de todos os povos encontram guarida e têm oportunidade de viver uma vida digna.

Esse lema se aproxima bastante do ideal que Deus tinha para Seu povo na Terra. Deus queria que Israel fosse um modelo de país para todos os povos. Para tanto, prometeu-lhe o território mais estratégico do mundo, na confluência de três continentes. Sob a direção divina, Israel se tornaria uma nação poderosa, eventualmente abrangendo o mundo todo, e levando todos os povos a se submeterem de livre e espontânea vontade ao bondoso governo de Deus. Nação após nação, ao observar como a obediência às leis de Deus havia enobrecido e elevado Israel, seria levada a dizer: “Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (Zc 8:23).

Em 1 Reis 10:1-9 temos uma ilustração do que poderia ter ocorrido em escala mundial, caso Israel tivesse se submetido ao governo divino. No tempo de Salomão, a nação israelita havia atingido o auge de sua prosperidade e se tornara um centro de atração. A rainha de Sabá veio de seu país para conhecer Israel. E saiu de lá encantada com tudo o que viu. Ao despedir-se, proferiu uma bênção. Este era o plano de Deus para a nação israelita. Através dela o plano de salvação poderia ter sido levado a todas as pessoas.

Que destino! Que gloriosa oportunidade! No entanto, ao rejeitar Cristo, Israel desprezou sua eleição e colheu, nos séculos subsequentes, amargos frutos (O Grande Conflito, p. 28-35). O grande erro dos judeus foi pensar que a salvação era só para eles, e que sua eleição, como povo escolhido, era incondicional. Eles queriam os privilégios, mas não as obrigações.

Hoje, o povo de Deus se caracteriza não por uma raça ou nação, mas pela igreja de Cristo, à qual foi confiada a missão de pregar o evangelho e aguardar o cumprimento da promessa feita a Abraão, de uma pátria superior e celestial, de um novo céu e uma nova Terra, onde todos serão felizes.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Enquanto há vida, há esperança

E acrescentou: Jesus, lembra-Te de mim quando vieres no Teu reino. Lucas 23:42

Há várias lendas sobre o ladrão arrependido, chamado Dimas. Uma delas o considera uma espécie de Robin Hood judaico, que roubava dos ricos para dar aos pobres. As Escrituras, porém, silenciam sobre sua vida criminosa.

O que teria levado esse criminoso a se arrepender na hora undécima e a clamar a Cristo, reconhecendo-O como Salvador, enquanto seu colega continuava blasfemando contra Ele? Ellen White lança alguma luz sobre esse malfeitor, ao afirmar que ele havia sido companheiro de Barrabás (O Desejado de Todas as Nações, p. 741), mas “não era um criminoso endurecido; extraviara-se por más companhias, mas era menos culpado que muitos dos que ali se achavam ao pé da cruz, injuriando o Salvador. Vira e ouvira Jesus, e ficara convencido, por Seus ensinos, mas dEle fora desviado pelos sacerdotes e príncipes” (ibid., p. 749).

Pendente da cruz, o ladrão arrependido lembra-se de tudo o que ouvira de Jesus e, iluminado pelo Espírito Santo, se convence de que Cristo, não apenas era inocente, mas era também o Filho de Deus. Com um fio de esperança em seu coração, lança ao Salvador um apelo: “Senhor, lembra-Te de mim, quando vieres no Teu reino.” Essa súplica foi um “raio de conforto” para Cristo, após sofrer tantas injúrias e escárnios (ibid.).

Enquanto os discípulos, temerosos, haviam fugido, exclamando com desânimo: “Ora, nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel” (Lc 24:21), este homem rude e cruel, de modo inesperado, manifestou sua fé no Filho de Deus, dEle recebendo a certeza da salvação eterna.

Algumas lições a serem aprendidas com esse ladrão:

1. Nunca é tarde para se arrepender. A salvação oferecida por Cristo vale enquanto o coração bater.

2. Cristo lhe prometeu vida eterna, o que indica que os seus pecados foram perdoados. Mas não o mandou descer da cruz. Os crimes pelos quais havia sido condenado teriam de ser pagos. É como se Cristo lhe tivesse dito: “Olha, Dimas, como você se arrependeu, Eu pago, na Minha cruz, as consequências eternas dos seus crimes e pecados. Mas as consequências temporais, você terá de pagar, na sua cruz!” Dimas, portanto, não ficou impune.

3. O arrependimento que ocorre pouco antes da morte, raramente é genuíno. Na maioria dos casos trata-se de medo da morte e apreensão pelo juízo vindouro.

Enquanto há vida, há esperança. Mas adiar a decisão de se entregar a Cristo para o derradeiro momento é muito arriscado. Não há tempo a perder. Decida-se já. Você talvez não tenha outra chance.

terça-feira, 2 de março de 2010

Quando a santidade faz mal

E por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 1 João 3:12

Meu avô materno, além de dentista, era também plantador de arroz. Toda quarta-feira ele abandonava o consultório e ia em seu calhambeque para o arrozal, distante cerca de 20 quilômetros da cidade. Lembro-me de tê-lo ouvido contar, certa vez, que um de seus empregados costumava dormir, à noite, ao lado do motor que bombeava água para o arrozal. Quando o motor parava, o moço acordava.

O ser humano é assim. Quem se acostuma a dormir com o barulho, acorda com o silêncio. Quem se acostuma com o mau cheiro, estranha o ar puro. Isto acontece especialmente com quem mora perto de curtumes, frigoríficos ou fábricas de papel. Os moradores das redondezas sentem falta do ar fétido quando a empresa está fechada.

Este é o problema. Quem se acostuma com a poluição, se sente mal com a pureza. Quem se habitua com a escuridão, sofre com a chegada da luz. Quem se habitua com o pecado se sente mal com a santidade. Já viram contadores de piadas sujas se calarem na presença de um crente? Eles se sentem mal. Assim como os irmãos de Jesus se sentiam mal na presença dEle, pois Sua vida irrepreensível lhes era uma constante reprovação.

Caim se sentia tão mal na presença de Abel, que, para se livrar desse mal-estar constante, em vez de imitar o bom exemplo de seu irmão, assassinou-o. E por ocasião da segunda vinda de Cristo, os ímpios ficarão tão aterrorizados em Sua santa presença, que rogarão aos montes e rochedos que caiam sobre eles para escondê-los da Sua face (Ap 6:16). “Não é um decreto arbitrário de Deus que exclui os ímpios do Céu; eles ficam do lado de fora por se sentirem inadequados na companhia dos santos. Para eles, a glória de Deus seria um fogo consumidor. Prefeririam que logo viesse a destruição para que não tivessem de enfrentar o encontro com Aquele que morreu para redimi-los” (Caminho a Cristo, p. 18).

Em face disso, cabe perguntar: Como nos sentimos na igreja? Ao ouvir um sermão ou música sacra? Ao ler a Palavra de Deus? Na presença de um genuíno filho de Deus? Bem ou mal?

Se a santidade nos faz mal, devemos repensar nossa vida. Caso contrário, como pretendemos viver, um dia, na presença de um Deus santo? Busquemo-Lo diariamente e, aos poucos, o mal-estar desaparecerá e dará lugar a uma paz que o mundo não conhece – a paz de Deus, que excede todo o entendimento.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Tristeza não tem fim?

Os meus olhos choram, não cessam, e não há descanso. Lamentações 3:49

A letra de um velho samba brasileiro diz: “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Olhando as coisas do ponto de vista estritamente humano e terreno, temos de admitir que essa letra apresenta uma verdade incontestável: enquanto vivermos neste mundo de pecado, teremos como companheiros inseparáveis a tristeza, o sofrimento, a dor, e a sua consequência inevitável: lágrimas, muitas lágrimas. O ser humano nasce, vive e morre chorando. Ninguém passa pela vida sem sofrer.

A Bíblia registra a experiência de muitos de seus heróis, que sofreram e choraram pelos mais variados motivos. Davi jejuou e chorou durante sete dias pelo filho que teve com Bate-Seba, o qual, após adoecer gravemente, morreu, como havia predito o profeta Natã (2Sm 12:15-19). Em outra ocasião, Davi expressou sua angústia mental ao exclamar: “Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago” (Sl 6:6).

Os filhos de Israel choravam de saudades da pátria, “às margens dos rios de Babilônia” (Sl 137:1). Os amigos de Jó, ao saberem do seu infortúnio, foram visitá-lo e choraram. Jacó, Esaú, José, Rute, Orfa, Noemi, Ezequias, Maria (irmã de Lázaro) e tantos outros choraram, cada qual com seus motivos.

É importante salientar que o choro, especialmente entre os homens, não é demonstração de fraqueza, como ensina a cultura machista. É antes uma necessidade para enfrentar uma situação dolorosa e expulsar a tristeza e a dor. O choro traz alívio. Portanto, se você, homem ou mulher, precisar chorar, chore. Sem constrangimento.

Lembre-se de que Cristo, nosso exemplo supremo, chorou em pelo menos duas ocasiões: Quando viu Maria e seus amigos chorarem a morte de Lázaro (Jo 11:33, 35), e em Sua entrada triunfal em Jerusalém (Lc 19:41), quando, com visão profética, contemplou a destruição da bem-amada cidade. Jesus, portanto, chorou em público. Mas se você quiser chorar às escondidas, tudo bem. O importante é não reprimir o poder curativo das lágrimas.

Através de Cristo, que por nós derramou não apenas lágrimas, mas também Seu sangue redentor, podemos ter a certeza de que, quando Ele vier, nosso pranto se converterá em alegria, pois “na Sua salvação exultaremos e nos alegraremos” (Is 25:9) – para sempre!